Entrevista: Muna Muhammad Odeh analisa a intensificação da ofensiva de Israel em Gaza
Para compreender um pouco mais do estágio atual do genocídio do povo palestino e o que significa o movimento de Israel de declarar a ocupação da cidade de Gaza, o ANDES-SN entrevistou a docente palestina Muna Muhammad Odeh, 2ª vice-presidenta da regional Planalto do ANDES-SN. Para a professora, a declaração de tomar a cidade de Gaza representa a continuidade e o aprofundamento dos planos do governo israelense de seguir com o genocídio do povo palestino em Gaza e a limpeza étnica do território. Confira a íntegra da entrevista realizada para composição da matéria "Israel intensifica ofensiva em Gaza e usa fome como arma de guerra", publicada no InformANDES de agosto.

ANDES-SN: Como você avalia a declaração de Israel dos planos de tomar a Faixa de Gaza, ocupando a cidade de Gaza? O que representa essa ocupação?
Muna Muhammad Odeh: A declaração de tomar a cidade de Gaza representa a continuidade e o aprofundamento dos planos do governo israelense de seguir na efetivação dos dois crimes que anseia implementar, há 22 meses, e que seguem em curso: primeiro, o genocídio contra o povo palestino em Gaza, e que se materializa no assassinato de mais de cem pessoas por dia, incluindo as que são assassinadas na busca de comida; além de milhares de pessoas feridas, muitas das quais vivem a morte lenta, uma vez que o regime israelense destruiu todo o sistema de Saúde, inclusive executando e sequestrando profissionais de Saúde, bem como o bombardeio do sistema de Saneamento Básico, e com isso expondo as pessoas a condições que favorecem a morte, e não a recuperação de uma ferida, de uma amputação; também pela ausência de remédios e outros insumos proibidos de entrar à Gaza por Israel. Por isso, precisamos nos atentar a essa dimensão crítica de mortes lentas entre a população. Segundo, ocupar a cidade de Gaza significa a expulsão de em torno de 1 milhão de habitantes, para torná-las reféns dentro de um espaço geográfico altamente restrito, um real e concreto campo de concentração, no qual será possível vigiar e controlar, criando uma área militarmente cercada e onde toda necessidade humana - alimentar-se, ir e vir, se apoiar no que restou de laços familiares -, tudo será hermeticamente selado com o único propósito de continuar o projeto sionista elementar, que é a limpeza étnica do povo palestino.
Já ouvimos declarações do próprio premiê Netanyahu esclarecendo que, após ocupar a cidade de Gaza será possível a ‘saída voluntária’ das pessoas, termos que procuram o engano, a distorção, a hasbara [explicação] costumeira do apartheid israelense, pois em efeito está se falando de a limpeza étnica de Gaza. Netanyahu e o amplo acreditando que depois de destruir de todas as condições de vida e de sobrevivência, o povo palestino de Gaza será obrigado, não tendo outra opção a não ser desistir e sair.
ANDES-SN: A escalada da violência e do uso da fome como arma de guerra por Israel parece ter despertado a atenção mundial para o genocídio na Palestina. Algumas nações estão reconhecendo Palestina como Estado e manifestações de rua em diversos países, inclusive em Israel, pedem o fim da guerra. Como você avalia essa reação?
Muna Muhammad Odeh: Importante iniciar constatando que a política de usar a fome como arma de controle e de subjugação do povo palestino foi instituída há anos em Gaza, por meio do embargo imposto em 2007, interditando um gama de produtos vitais, inclusive alimentares, mas tem sido exacerbada nos últimos 22 meses.
Foi implementada de forma gradual, não somente pelo controle de entrada de alimentos. Desde outubro de 2023, foram sistematicamente destruídas as regiões agrícolas em Gaza, incluindo a produção de gado, frango e outras fontes de proteína animal. Com isso, a infraestrutura da segurança alimentar de Gaza foi aniquilada, por bombardeio e outros meios belicistas.
Palestina é reconhecida como Estado pela grande maioria dos países membros das Nações Unidas, ou seja 149 do total de 193, isto é 75%. Quem ainda não reconhece são principalmente países europeus, os Estados Unidos, Canadá, Austrália e outros aliados de Israel que, não por coincidência, têm legados de colonialismo, racismo e apartheid contra povos indígenas. As reações destes países à essa altura, evidentemente bem tardias como demonstram as consequências do genocídio, chegam curiosamente, e diria desumanamente, condicionadas, pois colocam regras em cima do povo palestino sob ocupação e demandam que este seja ‘dócil e calado’ quando impõe exigências à vítima e não ao opressor, colonizador e genocida Estado de Israel. Ademais, esse reconhecimento não é imediato, malgrado a situação crítica e desastrosa em Gaza, ficou estipulado para setembro de 2025. Na essência, falta seriedade em termos de respostas à altura dos crimes que Israel continua a cometer, com total impunidade, por parte dos governos de peso e de hegemonia. De toda forma, o reconhecimento por si só não é suficiente, é preciso que esses países de poder e hegemonia política, militar e econômica deem a garantia para a viabilidade e a soberania de um tal Estado Palestino que desejam reconhecer. Também, é questão chave que esse reconhecimento não seja uma forma de contornar o processo de julgamento de Israel e de sua responsabilidade pelo genocídio, pela fome imposta em Gaza, pelo apartheid na Cisjordânia e por outros crimes que vem cometendo com total impunidade. Portanto, e à luz da recorrente blindagem feita à Israel por parte desses países ocidentais, é preciso que fiquemos, nós que zelamos pelo direito à vida, à dignidade e à autodeterminação de todos os povos, atentos e insistindo no julgamento de Israel em todos os possíveis foros de Justiça, quer sejam institucionalizados, por exemplo, o ICJ e o ICC, ou da sociedade civil - Hind Rajab Foundation e outros - bem como dos movimentos populares.
Quanto à situação em Israel, as pesquisas mais recentes, inclusive israelenses, seguem reafirmando que a maioria da população israelense não se opõe ao genocídio, nem à limpeza étnica, e tampouco irá protestar em massa significativa contra o uso da fome como arma de repressão, dominação e subjugação contra o povo palestino. É preciso encarar essa realidade e dizer que os protestos de ruas dos israelenses tratam essencialmente de outros assuntos e de conflitos internos: a libertação dos prisioneiros israelenses em Gaza, o recrutamento militar de grupos religiosos judeus, a questão da separação entre poderes do Estado e assim por diante.
ANDES-SN: Como as nações e a população podem se colocar para pressionar pelo fim do genocídio em Gaza?
Muna Muhammad Odeh: Preciso dizer, em primeiro lugar, que tudo gira em torno da força e da contínua resistência do povo palestino e a inabalável crença na justiça da sua causa ao longo de uma história de luta anticolonial, que se estende há mais de 100 anos, quando o poder imperial britânico foi o precursor para a criação de uma outra entidade colonial que é Israel. Essa força e resistência contínua do povo palestino inspirou os movimentos de solidariedade em todo o globo, nas palavras da militante acadêmica Angela Davis: "Nós depositamos nossos sonhos na Palestina".
Vimos protestos semanais de milhares de pessoas ocupando as ruas de capitais dos países ocidentais - Londres, Paris, Amsterdam, Berlin e outros, cujos governos têm mostrado incondicional apoio a Israel militar, econômica e diplomaticamente. Nesses países, os protestos têm trazido importantes resultados, incluindo congelar a exportação de armas e de produtos específicos; restrições nos convênios comerciais, impactos nas relações diplomáticas dentro outras visíveis mudanças, que têm levado ao questionamento do princípio da impunidade de Israel como vítima, uma falácia até então dominante e pouco questionada.
É preciso entender aqui que o retrato de Israel, enquanto continuidade do colonialismo europeu e branco, foi o veículo para justificar seus crimes desde 1948 até os dias de hoje, de forma assimétrica e distorcida. As novas gerações desses países ocidentais se encontram perante as contradições que vivem sistemas de neoliberalismo e do capitalismo, que cada vez têm exacerbado a pobreza e a desigualdade internamente, fazendo com que esses jovens se vejam descrentes e críticos do imperialismo e do colonialismo. As pesquisas, no caso, demonstram que Israel vem perdendo apoio significativamente em países ocidentais de centro e sendo considerado como um país pária.
A solidariedade tem sido resumida a atos de repúdio nas ruas, em questionar lideranças políticas para incriminar Israel, em ajuda concreta de envio de profissionais de Saúde em particular, sendo que muitos são filhos e filhas de migrantes advindos do Sul Global, o que estabelece novas realidades na solidariedade da Saúde global, de forma a descolonizar essa área de conhecimento e de prática. Por fim, seguir e implementar o chamado palestino para o BDS - Boicote, Desinvestimento e Sanções, movimento que tem realizado importantes conquistas, cujo objetivo é criar pressão suficiente para o fim do colonialismo de Israel, o direito de retorno dos palestinos e palestinas que passaram pelo crime de limpeza étnica executado por Israel e pelo fim do apartheid israelense.
Nos países do Sul global temos vistos ações similares e com impactos mais significativos na esfera de reconhecimento do genocídio em Gaza em nível dos governos - Brasil, Colômbia, dentro outros -, bem como os protestos, atos de repúdio, boicote acadêmicos e dezenas de outras ações que têm mobilizado discussões e gerado, em alguns casos, enfrentamentos com alguns grupos evangélicos da direita, historicamente aliados ao apartheid de Israel.
Importante dizer que essas vozes e movimentos solidários chegam e são ouvidos e muito apreciados pelo povo palestino, que vive o cerco, o genocídio, a limpeza étnica e o colonialismo brutal de Israel. Faz-se necessário não abandonar a Palestina nessa conjuntura crítica, faz-se importante não normalizar os crimes que Israel comete todo dia e faz-se imperativo que as pessoas entendam que a solidariedade com um povo que luta pela sua vida e sua autodeterminação é um ato de autovalorização da própria pessoa que solidariza.
Portanto, cada um e cada uma, conforme sua capacidade de atuar, pode se engajar em atos de repúdio, de protesto e de BDS e de continuar a falar sobre a Palestina e sobre o fim do colonialismo e do apartheid imposto por Israel.
ANDES-SN: O assassinato de uma equipe da agência de notícias Al Jazeera [em 10/8] chamou também atenção para o grande número de jornalistas já assassinados por Israel, considerado o maior de todas as recentes guerras. O que motiva essa guerra também contra a imprensa?
Muna Muhammad Odeh: O histórico do colonialismo de Israel contém vários casos de assassinato de jornalistas, por exemplo, em Gaza durante a Marcha de Retorno de 2018. Sobre isto, o Repórteres Sem Fronteira disse o seguinte: "No quarto aniversário da morte do jornalista palestino Ahmed Abu Hussein pela bala de franco-atirador israelense que o feriu fatalmente enquanto cobria um dos protestos da "Grande Marcha de Retorno" perto da fronteira israelense na Faixa de Gaza, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anuncia que registrou mais de 140 violações israelenses contra jornalistas palestinos desde que esses protestos semanais começaram em março de 2018". Israel-Palestina: Quatro anos de violência contra jornalistas palestinos que cobriam os protestos da "Marcha do Retorno" | RSF
Vimos também o caso de Shireen Abu Aklah, jornalista palestina de Al Jazeera morta em 11 de maio de 2022, enquanto cobria o período de ataques militares na Cisjordânia. Como sempre, Israel mentiu e deu uma versão fabricada de que ela teria sido morta por tiros palestinos e, um longo período depois, admitiu o assassinato dizendo que foi por engano, sempre contando com a impunidade de um poder colonial blindado pelo ocidente do centro.

Em todos os casos, fica evidente que Israel desejava o silenciamento da voz de jornalistas palestinas e palestinos, e que é sempre melhor que a verdade sobre seus crimes e as atrocidades sejam ocultados do mundo, pois é um Estado nada democrático e muito longe de ser, como deseja transmitir ao mundo, o fator ‘civilizatório’ naquela região.
Na atual guerra de Israel contra o povo palestino de Gaza, a intensificação da violência contra o corpo de jornalistas reflete ainda mais o desespero de Israel de encobertar a verdade, de barrar e apagar a transmissão do genocídio, da limpeza étnica, da matança de crianças e da sua mutilação, do bombardeio e da destruição de tudo que é vida em Gaza. Eis uma situação inusitada, de profissionais de jornalismo sendo os únicos testemunhos a gravar e a transmitir tudo o que acontece em Gaza. Na falta deles e delas, não teríamos tido o registro do genocídio de Gaza, de forma mais precisa, corajosa e profundamente ética, pois são profissionais que se recusaram a se silenciar, deixando passar os crimes de Israel sem que o mundo saiba, sem que o mundo também seja testemunho.
Israel não permitiu a entrada de jornalistas internacionais, achando que, com isso, não teria evidências críveis, desde uma perspectiva racista de que não tem credibilidade o que sai de notícia pelo jornalismo palestino. A cada assassinato, Israel acreditava que iria intimidar jornalistas em Gaza, no entanto, isso não ocorreu e continuamos a ouvir, a ver e a se indignar perante os crimes cometidos por Israel diariamente em Gaza.
Comentaristas na área notam que jornalistas e profissionais da área de mídia de Gaza evoluíram em formas de transmissão de notícias e de providenciar trabalhos profissionais que desafiam os contextos de genocídio e de limpeza étnica as quais eles próprios são vítimas. Num cenário desses, quando a fome se exacerba em Gaza, assistimos a uma reportagem da médica que tem fome, atende pacientes feridos e com fome, sendo tudo isso filmado e reportado por uma jornalista e sua equipe, também com fome. Tais realidade têm comovido o mundo, aprofundado a solidariedade com a luta do povo palestino ao mesmo tempo que aumentando, exponencialmente, o repúdio contra o apartheid israelense e seus crimes.
Leia aqui o InformANDES de agosto com matéria sobre a ofensiva de Israel em Gaza e o assassinato de mais de 240 jornalistas.
Fonte: Andes-SN | Fotos: Eline Luz
ANDES-SN vai à Embaixada da Palestina reafirmar solidariedade e apresentar resoluções do 68º Conad
Empossada em 11 de julho passado, a nova diretoria do ANDES-SN esteve, na manhã da última quinta-feira (14), na Embaixada da Palestina para reafirmar o compromisso de solidariedade com o povo palestino e se apresentar, formalmente, ao Embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben. Também foram levadas ao embaixador as resoluções mais recentes da categoria docente relativas à causa palestina, aprovadas no 68º Conad realizado no mês passado, em Manaus (AM).

O Sindicato Nacional foi representado pela encarregada de Relações Internacionais e 1ª vice-presidenta, Caroline Lima, pelo encarregado de Imprensa e 2º tesoureiro, Diego Marques, pelo 2º secretário, Herrmann Muller, pela 2ª vice-presidenta da Regional Planalto, Muna Muhammad Odeh, e pela 1ª vice-presidenta da Regional Rio de Janeiro, Raquel Vega.
“Nós apresentamos as resoluções que aprovamos nesse último Conad, principalmente aquelas relacionadas aos estudantes refugiados que estão vindo para o Brasil. O debate foi muito importante porque o embaixador trouxe elementos políticos sobre o acolhimento a esses e essas estudantes, e como o Brasil não tem uma política de imigração, não tem uma política de Estado para atender refugiados e refugiadas”, disse Caroline Lima.
Conforme a encarregada de Relações Internacionais, o representante da Palestina afirmou que o governo brasileiro tem disposição de acolher as e os imigrantes, mas não tem uma política de Estado que garanta a permanência, principalmente para estudantes que virão para as universidades públicas. “Esse elemento foi importante porque nós colocamos, inclusive, para o embaixador Ibrahim Alzeben, o papel das universidades, IFs e cefets no debate sobre a construção de uma política de Estado para receber refugiados e refugiadas. Um outro elemento que nós debatemos é a construção, em diálogo com a embaixada e com o povo palestino, de políticas sindicais para que possamos avançar, no setor da Educação, pensando a luta contra o genocídio do povo palestino”, explicou.
Caroline avaliou que a reunião foi muito importante para abrir um canal de diálogo formal com a embaixada para diversas articulações, inclusive no Legislativo e Executivo, bem como para espaços formativos. “Nós findamos com uma solicitação do embaixador de levarmos para o MEC, e para os espaços deliberativos do ANDES-SN, uma discussão de intercâmbio entre docentes brasileiras e brasileiros e professores e professoras palestinos e palestinas, considerando a história da América Latina e da sua resistência, como também da resistência do povo palestino, a partir de uma perspectiva decolonial, reafirmando a necessidade do debate classista”, contou a docente.
A embaixada da Palestina também confirmou participação na reunião do Grupo de Trabalho de Política de Formação Sindical (GPFS) do ANDES-SN, que será realizada nos dias 5 e 6 de setembro. “No dia 5, nós vamos conversar sobre a rede de pesquisadores palestinos, tanto brasileiros e brasileiras que estudam Oriente Médio e o povo palestino, quanto professores e professoras palestinas que estão aqui no Brasil. Ficamos muito felizes com essa possibilidade. A embaixada informou que vai se fazer presente nessa atividade, para contribuir não só com a discussão, mas para fortalecer esse elo com o movimento sindical no Brasil e com o ANDES-SN”, acrescentou a 1ª vice-presidenta do Sindicato Nacional.
68º Conad
Além de buscar mecanismos de solidariedade e apoio a estudantes palestinos no Brasil, o 68º Conad também aprovou que o Sindicato Nacional incentive as Seções Sindicais a adotarem iniciativas para concretizar as deliberações em relação ao Boicote, Desenvolvimento e Sanções (BDS).
Para intensificar a denúncia da guerra contra a Palestina, foi indicado, ainda, às seções sindicais que, junto à campanha BDS, realizem manifestações, palestras e debates que possam ajudar na propaganda em defesa do povo palestino. Também reafirmaram a luta para fazer das Instituições de Ensino Superior (IES), dos institutos federais e cefets territórios livres de apartheid.
Fonte: Andes-SN
O governo brasileiro anunciou que está em "processo final" para aderir à ação que acusa o Estado de Israel de genocídio contra o povo palestino na Faixa de Gaza. A ação movida pela África do Sul pede à Corte Internacional de Justiça – órgão judicial da Organização das Nações Unidas (ONU) - que declare que Israel violou, no conflito contra o Hamas, obrigações previstas na Convenção para a Prevenção e Repressão ao Crime de Genocídio.
Em 24 horas, segundo dados da rede de notícias Al Jazeera, divulgados na sexta-feira (25), os hospitais de Gaza registraram nove mortes por fome e desnutrição, elevando o número total de mortes por fome para 122, de acordo com o Ministério da Saúde. Desde os ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, mais de 59,6 mil palestinas e palestinos já foram mortos por Israel na Faixa de Gaza, e 143,9 mil pessoas foram feridas.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o governo brasileiro expressa indignação em meio a recorrentes casos de violência contra a população civil na Palestina. A nota, publicada no dia 23 de julho, afirma que os massacres de civis, a maior parte dos quais mulheres e crianças, se tornaram cotidianos durante a entrega de ajuda humanitária em Gaza.
“A decisão fundamenta-se no dever dos Estados de cumprirem com suas obrigações de Direito Internacional e Direito Internacional Humanitário frente à plausibilidade de que os direitos dos palestinos de proteção contra atos de genocídio estejam sendo irreversivelmente prejudicados, conforme conclusão da Corte Internacional de Justiça, em medidas cautelares anunciadas em 2024”, diz um trecho do texto.
O processo foi aberto há dois anos pela África do Sul. Mas, no início do mês, o país sul-africano apresentou uma nova petição após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciar um plano para expulsar as palestinas e os palestinos de Gaza, por meio da criação de uma suposta cidade humanitária.
Em novembro de 2024, representantes da Diretoria Nacional do ANDES-SN participaram de uma reunião no Itamaraty, na qual cobraram a ruptura das relações diplomáticas, comerciais, militares e acadêmicas do Brasil com Israel.
ANDES-SN em luta
O ANDES-SN tem uma histórica atuação em defesa da liberdade e autodeterminação do povo palestino, com deliberações desde 2003, como o engajamento em comitês de solidariedade e o boicote ao Estado de Israel. Em 2018, o sindicato aderiu à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), fortalecendo a solidariedade internacional à causa.
Em 2024, durante o 42º Congresso da entidade, foi aprovada a moção "Não é guerra, é genocídio!", reforçando o apoio à luta palestina. No mesmo ano, no 67º Conad, foi decidido que o ANDES-SN lutará pelo rompimento das relações diplomáticas e comerciais entre o Brasil e Israel, destacando a relação entre os acordos militares de Israel e a militarização das periferias no Brasil.
Este ano, no 43º Congresso e no 68º Conad, a categoria docente reafirmou a solidariedade ao povo palestino, o compromisso com a autodeterminação palestina e a denúncia das violações cometidas contra esse povo. Foi aprovado que o ANDES-SN incentive as seções sindicais a tomarem iniciativas para concretizar as deliberações em relação ao BDS, com o objetivo de fortalecer a luta contra o genocídio na Palestina, promovido pelo Estado sionista de Israel, e ampliar a solidariedade do povo palestino. A categoria também reforçou a luta para fazer das instituições de ensino superior (IES), dos institutos federais e cefets territórios livres de apartheid.
Fonte: Andes-SN
Acadêmicos mexicanos fazem greve de fome exigindo o rompimento das relações com Israel
Docentes de várias universidades mexicanas e defensores dos direitos humanos realizaram, no último fim de semana (24 e 25), um protesto para exigir que o governo do México rompa as relações diplomáticas, políticas, econômicas e militares com o Estado de Israel, acusado de cometer genocídio contra o povo palestino, especialmente na Faixa de Gaza.

As e os manifestantes participaram de um jejum de 24 horas pela vida e contra o genocídio do povo palestino, iniciado na tarde de sábado (24) e encerrado no domingo (25), na Cidade do México. Em manifesto lido durante o protesto, o grupo questionou o Estado mexicano: "Como o governo mexicano quer ser lembrado? Como o país que defendeu a livre autodeterminação de seus povos, ou como um daqueles que permaneceram em silêncio diante da barbárie?".
As e os participantes destacaram que parlamentos e governos europeus já adotaram medidas mais duras contra Israel, incluindo apelos por sanções econômicas e a suspensão de relações comerciais, em resposta às ações militares que têm causado milhares de vítimas civis palestinas e desencadearam uma grave crise humanitária.
Além disso, o grupo pediu à presidenta do país, Claudia Sheinbaum, que revise completamente toda a colaboração com Israel. Também exigiu que as universidades mexicanas rompam os laços acadêmicos com instituições israelenses. "Na situação atual, as instituições israelenses empregam tecnologias de controle, hipervigilância e exclusão, justificando a desumanização e o extermínio do povo palestino", denunciou.
Teresa Rodríguez de la Vega, integrante do coletivo Acadêmicos com a Palestina Contra o Genocídio e organizadora da manifestação, enfatizou a urgência de "o governo mexicano endurecer sua postura em relação ao genocídio em Gaza e passar de declarações a ações que possam de alguma forma influenciar o fim dessa barbárie".
Também foi feito um apelo direto à representação mexicana nas Nações Unidas para que promova sanções internacionais contra Israel e contra países que, por meio da venda de armas ou do silêncio diplomático, permitam que o conflito continue.
O jejum contou com o apoio de professoras e professores da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), da Universidade Autônoma Metropolitana (UAM) e da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM), além de membros de organizações de direitos humanos.
Educação básica em greve
Docentes da educação básica mexicana estão em greve desde 15 de maio, data que marca o dia dos professores e professoras no México. A paralisação nacional é organizada pela Coordenação Nacional de Trabalhadores(as) da Educação (CNTE) e reivindica reposição salarial, considerando perdas recentes e históricas, revisão da Lei da Previdência (ISSSTE) de 2007, garantindo aposentadoria digna; além da revogação da Lei do SICAMM, que afeta a estabilidade de trabalho e impede a participação sindical.
Em todo o país, a categoria realiza manifestações, bloqueios de estradas e também um acampamento em frente ao Palácio do Governo para conseguir diálogo com o governo da presidenta Claudia Sheibaum.
Fonte: Andes-SN (com informações da teleSUR-CC, La Jornada e El Universal)
Israel viola cessar-fogo e retém 602 prisioneiras e prisioneiros palestinos
O governo de Israel suspendeu a libertação de mais de 600 prisioneiras e prisioneiros palestinos, prevista para ocorrer no último sábado (22), como parte do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, iniciado em 19 de janeiro. O pacto incluía a libertação de seis reféns israelenses, realizada no mesmo sábado pelo Hamas.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu informou, no último domingo (23), que as cerimônias organizadas pelo Hamas para a entrega dos reféns teriam violado o acordo com Israel. “À luz das repetidas violações do Hamas, incluindo as cerimônias que humilham nossos reféns e a exploração cínica de nossos reféns para fins de propaganda, foi decidido adiar a libertação de terroristas que estava planejada para ontem até que a libertação dos próximos reféns seja garantida, e sem as cerimônias humilhantes”, declarou o governo israelense em comunicado.
As cerimônias de libertação das e dos reféns pelo Hamas têm irritado as autoridades de Tel Aviv. Nesse sábado, um dos reféns beijou a cabeça de dois soldados da resistência palestina.
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) condenou o atraso na libertação das prisioneiras e dos prisioneiros palestinos, considerando-o uma violação do acordo de cessar-fogo. “A alegação da ocupação de que ‘a cerimônia de entrega é humilhante’ é uma desculpa infundada e fraca, projetada para evitar o cumprimento dos termos do acordo. Esses protocolos cerimoniais não humilham os prisioneiros, mas refletem o tratamento humano e digno deles”, afirmou o grupo palestino, em nota.
O Hamas acrescentou que as detidas e os detidos palestinos têm sido libertados com mãos amarradas e olhos vendados, enquanto suas famílias são ameaçadas de punição caso celebrem a chegada das e dos parentes. “Apelamos aos mediadores e à comunidade internacional para que assumam a responsabilidade e exerçam pressão sobre a ocupação para implementar o acordo e libertar os detidos sem mais delongas”, completou o Hamas.
A primeira fase do acordo de cessar-fogo se encerra em março, mas ainda há incertezas sobre a viabilidade da segunda fase, que poderia pôr fim ao genocídio israelense em Gaza. O acordo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza previa, entre outras medidas, a troca das sequestradas e dos sequestrados israelenses no 7 de outubro de 2023 por prisioneiras e prisioneiros palestinos feitos por Israel.
Desde o início da trégua, 29 reféns israelenses – quatro deles já sem vida – foram entregues a Israel em troca da libertação de mais de 1.100 palestinas e palestinos. De acordo com o Hamas, que governa Gaza desde 2007, resta ao grupo apenas a entrega de quatro corpos de reféns a Israel antes do fim da primeira fase do acordo.
Após acordo, o Hamas devolverá os corpos dos quatro reféns israelenses na noite desta quarta-feira (26), por volta das 23 horas do horário local (18 horas em Brasília), em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos por Israel, informaram tanto porta-voz do Hamas quanto um oficial israelense.
Cisjordânia
Em meio a tensões relacionadas ao adiamento da libertação de prisioneiras e prisioneiros palestinos, no domingo (23), as Forças de Defesa de Israel (IDF) invadiram a Cisjordânia na cidade de Jenin com tanques militares. A ofensiva resultou em pelo menos 27 mortes, dezenas de feridos e mais de 160 detenções, além da destruição de infraestrutura local. O ministro da Defesa, Israel Katz, anunciou que as e os militares esvaziaram três campos de refugiados no norte da Cisjordânia, expulsando 40 mil palestinas e palestinos dos campos de refugiados de Jenin, Tulkarm e Nur Al-Shams.
Fonte: Andes-SN (com informações de Agência e Brasil de Fato)
Israel teria que repartir US$ 524 bi em receita de combustíveis se Estado Palestino fosse criado, afirma agência da ONU
Israel teria que repartir US$ 524 bilhões em receitas de petróleo e gás com palestinos, caso o Estado Palestino independente fosse oficializado. Atualmente, a exploração de ricos campos de gás natural no Mar Mediterrâneo, em frente à Faixa de Gaza, é feita exclusivamente por Israel.

A Agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) estimou que as reservas de gás natural na Bacia do Levante, em frente à Faixa de Gaza, possuem 122 trilhões de pés cúbicos de gás natural a um valor líquido de US$ 453 bilhões (a preços de 2017) e 1,7 bilhão de barris de petróleo recuperável a um valor líquido de cerca de US$ 71 bilhões. Ao todo, são meio trilhão de dólares em combustíveis que deveriam ser compartilhados com os palestinos.
“Isso significa que esta bacia é um dos recursos de gás natural mais importantes do mundo. Elas são recursos comuns compartilhados, cuja exploração por qualquer parte diminui a participação das partes vizinhas. A ocupação continua a impedir os palestinos de desenvolver seus campos de energia para explorar e se beneficiar de tais ativos”, afirmou a Unctad.
De acordo com o relatório da Agência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, o período em que as descobertas de gás natural foram feitas no mar da Faixa de Gaza coincidiu com crises políticas, indo da 2ª intifada - revolta palestina contra a ocupação israelense iniciada em 2000 - até o isolamento e o bloqueio de Gaza a partir de 2007.
Em 1999, a companhia BG Group (BBG) assinou um contrato de 25 anos de exploração de gás com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que atualmente controla apenas 18% da Cisjordânia, mas na época controlava também Gaza. No entanto, em 2003, Israel proibiu que os recursos fossem para a ANP afirmando que eles poderiam ser usados para apoiar o terrorismo.
“A BGG tem lidado com o governo de Israel efetivamente ignorando a autoridade governante em Gaza com relação aos direitos de exploração e desenvolvimento sobre os campos de gás natural”, afirma o relatório da Unctad, acrescentando que “os campos de gás natural de Gaza foram, em violação ao direito internacional, de fato integrados às instalações offshore de Israel, que são contíguas às da Faixa de Gaza”.
A agência da ONU destaca também o controle que Israel assumiu sobre o campo de petróleo e gás natural de Meged, localizado dentro da Cisjordânia na área administrada por Israel. “Meged foi descoberto na década de 1980 e começou a produção em 2010. Suas reservas são estimadas em cerca de 1,5 bilhão de barris de petróleo, bem como algum gás natural”, afirmou.
Israel proíbe agência da ONU de operar no país
O parlamento de Israel, o Knesset, aprovou na última semana (28/10) projetos de lei que impedem o trabalho da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) dentro de Israel, o que deve impactar no trabalho da organização nos territórios palestinos ocupados.
A UNRWA é a principal agência humanitária que atende os refugiados palestinos e atua na região há 70 anos. Ela emprega 20 mil pessoas e oferece educação, saúde e assistência social e humanitária à população palestina em diversos países. A legislação aprovada pelo Knesset deve dificultar o trabalho da agência na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, ao proibir qualquer contato das autoridades israelenses com os representantes da UNRWA.
A medida foi criticada pelo chefe da organização, Philippe Lazzarini, que afirmou que a votação viola a Carta da ONU e as obrigações de Israel com o direito internacional, sendo essa mais uma campanha para desacreditar a agência.
Lazzarini argumentou que acabar com a UNRWA não pode tirar o status de refugiados dos palestinos e que esse é um status protegido por resolução da Assembleia Geral da ONU. “Esses projetos de lei aumentam o sofrimento dos palestinos e nada mais são do que uma punição coletiva”, completou.
Fonte: Agência Brasil (com edição do ANDES-SN)
ANDES-SN lança série "Palestina Livre" denunciando um ano de extermínio na Faixa de Gaza
Neste 7 de outubro, completou um ano desde o ataque do Hamas a Israel. A ação desencadeou uma resposta militar sem precedentes do governo israelense contra a população palestina na Faixa de Gaza, que tem sido massacrada por operações militares. Além das vidas ceifadas, casas, hospitais, universidades, supermercados e lojas foram destruídos, agravando ainda mais a crise humanitária.
Para contextualizar o conflito, o ANDES-SN lançou a série "Palestina Livre" nesta segunda-feira (7) em seu canal no YouTube, como parte da denúncia do genocídio contra o povo palestino. A série, composta por três vídeos, apresenta entrevistas com a professora da Universidade de Brasília (UnB), Muna Muhammad Odeh, palestina residente no Brasil há 32 anos.
A produção explora a história do território palestino, o impacto do imperialismo no Oriente Médio e a violência contínua que afeta a região, destacando as raízes e as consequências do conflito para a população palestina.
De acordo com dados da Al Jazeera, pelo menos 41.909 palestinas e palestinos foram mortos e 97.303 ficaram feridos em ataques israelenses em Gaza, desde outubro de 2023. Em Israel, 1.139 pessoas foram mortas nos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro e mais de 200 pessoas foram feitas prisioneiras.
O ANDES-SN tem uma longa história de apoio à luta palestina, iniciada em 2003, com ações de solidariedade e boicote ao Estado de Israel. Em 2018, aderiu à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS). No 42º Congresso, em 2023, aprovou a moção "Não é guerra, é genocídio!", e no 67º Conad decidiu lutar pelo rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Israel.
Acesse aqui a série "Palestina Livre"
Leia mais sobre a causa palestina aqui na edição de agosto do Informandes
E também aqui a entrevista com a Muna Muhammad Odeh publicada em 2023 no jornal
Fonte: Andes-SN
Israel tortura trabalhadores da Saúde palestinos, denuncia organização humanitária
Trabalhadores da Saúde palestinos foram detidos, arbitrariamente, e torturados pelas forças israelenses. A denúncia é feita pela organização Human Rights Watch (HRW), que divulgou um relatório que documenta os abusos de Israel contra profissionais de Saúde em Gaza, desde outubro de 2023.
A detenção de profissionais de Saúde no contexto dos repetidos ataques militares israelenses a hospitais em Gaza contribuiu para a degradação catastrófica do sistema de saúde do território sitiado.
Médicos, enfermeiros e paramédicos libertados descreveram à HRW os maus-tratos que sofreram sob custódia israelense, incluindo humilhação, espancamentos, posições de estresse forçadas, prolongado uso de algemas e vendas, e negação de atendimento médico. Eles também relataram tortura, incluindo ameaças de estupro e abuso sexual por parte das forças israelenses, negação de cuidados médicos e condições precárias de detenção para a população geral de detidos.
"O tratamento abusivo do governo israelense aos profissionais de Saúde palestinos continuou nas sombras e precisa parar imediatamente", disse Balkees Jarrah, diretor interino para o Oriente Médio da Human Rights Watch. "A tortura e outros maus-tratos a médicos, enfermeiros e paramédicos devem ser investigados a fundo e devidamente punidos, inclusive pelo Tribunal Penal Internacional (TPI)”, afirmou Jarrah.
Entre março e junho de 2024, a organização entrevistou oito trabalhadores da Saúde palestinos que foram levados pelo exército israelense de Gaza entre novembro e dezembro de 2023 e detidos sem acusação por períodos que variaram de sete dias a cinco meses. Seis foram detidos no trabalho, após cercos israelenses a hospitais ou durante evacuações hospitalares que, segundo eles, haviam sido coordenadas com o exército israelense. Nenhum dos profissionais de saúde disse ter sido informado sobre o motivo de sua detenção ou acusado de algum crime. A Human Rights Watch também conversou com sete pessoas que testemunharam soldados israelenses detendo profissionais de Saúde enquanto eles desempenhavam suas funções.
A Human Rights Watch enviou uma carta ao exército israelense e ao Serviço Prisional de Israel com as conclusões preliminares em 13 de agosto, mas não recebeu resposta.
Todos os profissionais de saúde entrevistados forneceram relatos semelhantes de maus-tratos sob custódia israelense. Após estarem em Gaza, foram deportados para centros de detenção em Israel e na Cisjordânia ocupada. Todos disseram que foram despidos, espancados, vendados e algemados por várias semanas consecutivas e pressionados a confessar serem membros do movimento Hamas, sob diversas ameaças de detenção indefinida, estupro e assassinato de suas famílias em Gaza.
Um cirurgião disse que estava "vestindo uniforme médico e Crocs" quando as forças israelenses o detiveram durante o cerco ao Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia, Gaza, em dezembro. "Éramos 50 trabalhadores da Saúde, incluindo enfermeiros e médicos", disse ele. "O soldado no microfone ordenou que homens e meninos com mais de 15 anos evacuassem o hospital... Quando nos tiraram do hospital, nos mandaram despir e ficar de roupa íntima", contou.
O Ministério da Saúde de Gaza relatou que as forças israelenses detiveram pelo menos 310 profissionais da Saúde palestinos desde 7 de outubro. A Healthcare Workers Watch-Palestine, uma organização não governamental, documentou 259 detenções de profissionais da saúde e coletou 31 relatos que descrevem tortura e outros abusos por parte das autoridades israelenses, incluindo o uso de posições de estresse, privação de alimentação e água adequadas, ameaças de violência sexual e estupro, e tratamento degradante. A Healthcare Workers Watch-Palestine ajudou a Human Rights Watch a entrevistar os profissionais da Saúde libertados.
Os relatos dos profissionais de saúde são consistentes com relatórios independentes, incluindo o do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), da mídia israelense e de grupos de direitos humanos, que documentam dezenas de relatos de detidos sobre detenções incomunicáveis, espancamentos, violência sexual, confissões forçadas, eletrocussão e outras torturas e abusos de palestinos sob custódia israelense.
A Human Rights Watch descobriu que as autoridades israelenses há décadas não fornecem responsabilização credível para tortura e outros abusos contra detidos palestinos. Segundo estatísticas oficiais israelenses, entre 2019 e 2022, 1.830 queixas de abuso foram abertas contra oficiais do Serviço Prisional de Israel, sem que nenhuma resultasse em uma condenação criminal. As autoridades israelenses não permitiram que agências humanitárias independentes tivessem acesso a detidos palestinos desde o início da guerra de Israel.
“Os governos devem apoiar os esforços internacionais de justiça para tratar dos abusos israelenses contra detidos palestinos e responsabilizar os culpados. Os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha e outros países devem pressionar Israel a acabar com suas práticas abusivas de detenção, que formam um aspecto da opressão sistemática subjacente aos crimes contra a humanidade de apartheid e perseguição cometidos pelas autoridades israelenses contra os palestinos”, afirma a HRW.
De acordo com a organização, o Tribunal Penal Internacional está considerando pedidos de mandado de prisão contra altos funcionários israelenses por graves crimes internacionais e deve garantir que sua investigação aborde abusos contra detidos palestinos. Os aliados de Israel devem pressionar o governo a permitir urgentemente o monitoramento independente das instalações de detenção.
“A tortura de trabalhadores da saúde palestinos é uma janela para o problema muito maior do tratamento dado pelo governo israelense aos detidos em geral”, disse Jarrah. "Os governos devem pedir publicamente às autoridades israelenses que libertem os trabalhadores da saúde detidos ilegalmente e acabem com os maus-tratos cruéis e as condições de pesadelo para todos os detidos palestinos”, cobrou o diretor da Human Rights Watch.
Fonte: Human Rights Watch (com tradução e edição do ANDES-SN)
Mais de 9 mil estudantes palestinos já foram mortos pelos ataques de Israel na Faixa de Gaza
O Ministério da Educação e Ensino Superior da Palestina afirmou, nessa terça-feira (16), que 9.241 estudantes foram mortos e 15.182 ficaram feridos desde o início dos ataques israelenses, em 7 de outubro, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. A informação foi divulgada pela Agência de Informação e Notícias Palestina (Wafa).

De acordo com o ministério, o número de estudantes mortos na Faixa de Gaza ultrapassou 9.138, e os feridos alcançaram 14.671. Enquanto na Cisjordânia, 103 estudantes morreram e 505 ficaram feridos e cerca de 360 já foram detidos. O órgão ainda informou que 497 docentes e administradores escolares foram mortos e 3.426 ficaram feridos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Cerca de 353 escolas governamentais, universidades, prédios universitários e 65 pertencentes à Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) foram bombardeados e vandalizados na Faixa de Gaza, o que levou a danos severos em 139 delas e à destruição completa de 93. Outras 133 escolas governamentais também foram usadas como centros de abrigo na Faixa de Gaza. Ao mesmo tempo, 69 escolas e cinco universidades na Cisjordânia foram invadidas e vandalizadas.
Segundo o Ministério da Educação palestino mais de 620.000 estudantes na Faixa de Gaza ainda estão privados de frequentar suas escolas desde o início da agressão, e 88.000 estudantes também estão privados de frequentar suas universidades. A ocupação também privou 39.000 estudantes da Faixa de Gaza de fazer o exame de conclusão do ensino médio.
Conforme a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados palestinos (UNRWA), desses estudantes, 300.000 eram alunos e alunas da UNRWA antes da guerra genocida.
Autoridades de saúde locais confirmaram que 38.713 palestinos e palestinas já foram mortos devido aos ataques israelenses e 89.166 feridos. A maioria das vítimas são mulheres e crianças, segundo organizações palestinas e internacionais. Além disso, pelo menos 10.000 pessoas estão desaparecidas, presumivelmente mortas sob os escombros de suas casas em toda a Faixa.
ANDES-SN em defesa do povo palestino
Há anos, o ANDES-SN tem se posicionado em defesa da liberdade e autodeterminação do povo palestino. Em 2018, docentes aprovaram em congresso a adesão à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra o Estado de Israel e incentivou as suas bases a prestar solidariedade internacional à luta palestina. Durante o 42º Congresso da entidade, realizado em fevereiro deste ano em Fortaleza (CE), foi aprovada, por unanimidade, a moção de repúdio “Não é guerra, é genocídio!”.
Em diversas situações, o Sindicato Nacional tem se manifestado pelo cessar-fogo imediato, em defesa do povo palestino e pela autodeterminação. E também cobrado a suspensão de relações diplomáticas, comerciais e acadêmicas com Israel e as instituições daquele país.
Fonte: Andes-SN (com informações da Agência de Informação e Notícias Palestina - Wafa).
Cuiabá recebe jornalista Breno Altman para o lançamento do livro “Contra o Sionismo: Retrato de uma Doutrina Colonial e Racista” - 04/06, às 19h
Cuiabá recebe o jornalista Breno Altman para o lançamento do livro “Contra o Sionismo - Retrato de uma Doutrina Colonial e Racista” no dia 04 de junho, às 19h, no auditório da Adufmat, na UFMT.
Aberto ao público, o evento de lançamento contará com um bate papo sobre o livro e a história do sionismo na Europa e nas terras palestinas, onde a doutrina chegou à sua maior representação: o genocídio em curso do povo palestino.
Com mediação do fotógrafo e jornalista Ahmad Jarrah, a mesa conta com a presença da professora doutora do Departamento de História da UFMT, Ana Maria Marques, e do diretor da Sociedade Beneficente Muçulmana de Cuiabá, Assan Salim.
Será uma oportunidade para ampliar os conhecimentos sobre a história da colonização da Palestina pelo estado sionista de Israel, ouvir relatos de quem vivenciou o apartheid na Palestina ocupada, e adquirir uma cópia da obra de Breno Altman.
>>>> Mais informações pelo Instagram @comitepalestinamt
Fonte: Divulgação