Sexta, 19 Setembro 2025 08:31

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Ciências da Comunicação/USP

 

             Mesmo ciente de que a última “Semana da Pátria” e seus dias subsequentes tenham tido significado inaugural em nossa história, posto que, pela primeira vez, um ex-presidente da República foi condenado por diversos crimes, como tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado de Direito, eu não planejava escrever sobre isso. Entendia que muito do que eu compartilharia já havia sido dito no calor dos acontecimentos. De repente, mudei de ideia. Motivo: o “bando de pé de chinelo”, lembrado por Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, que confirmou, em evento no dia 13 pp., que a decisão do STF precisa ser respeitada. Elementar. Admitiu ainda que houve planejamento para o golpe de Estado. De novo, elementar; aliás, também por isso, a condenação exemplar; e não apenas ao nosso país!
            Na sequência, Valdemar completou:
            "O grande problema nosso (da direita e da extrema direita) é que teve aquela bagunça no 8 de janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe... um bando de pé de chinelo (grifo meu) quebrando lá na frente e eles falam que aquilo é golpe”.
            Dos pés de chinelo da extrema direita, lembro que aquela turba ignara – municiada 24 horas por fake news e (des)norteada pelo cínico lema Deus/Pátria/Família – tinha um mentor: um ex-capitão, hoje, usando tornozeleira e preso preventivamente. Em idos tempos, o ex-capitão usara as botinas do Exército; e destas dependia para o golpe pretendido.
            Pois bem. Daqui pra diante, mesmo tudo parecendo estar no seu lugar, optei por tratar, agora, de alguns versos de duas composições musicais engajadas, mas não panfletárias, que dialogam com tópicos relevantes de nossa contemporaneidade política. Este meu exercício almeja se somar à necessária e constante prevenção contra novas incursões golpistas.
            A primeira das canções é de Jonathan Silva, surgida no clima eleitoral de 2018. Em tom profético, trata-se do cadenciado “Samba da Utopia” (https://www.youtube.com/watch?v=KDXX7m3iBzc). Com alusões ao estilo autoritário de ser e estar na política por parte do então candidato Jair Bolsonaro, na canção, é dito que:
            Se o mundo ficar pesado/ Eu vou pedir emprestado/ A palavra poesia// Se o mundo emburrecer/ Eu vou rezar pra chover/ Palavra sabedoria// Se o mundo andar pra trás/ Vou escrever num cartaz/ A palavra rebeldia// ...Se acontecer afinal/ De entrar em nosso quintal/ A palavra tirania// Pegue o tambor e o ganzá/ Vamos pra rua gritar/ A palavra utopia”.
            Desse samba, destaco que, por bem pouco, a “tirania” não entrou pra ficar e arrebentar o “nosso quintal”, pois o golpe cívico-militar foi planejado e tentado. 
            A segunda canção é “Pedrada” (https://www.youtube.com/watch?v=qfWoph8jxz0)  de Chico César, constante do álbum “O Amor é um Ato Revolucionário”, de 2024. De maneira enfática, ela dialoga com o fantasma do fascismo, sempre presente na história. Eis alguns de seus versos:
            “Cães danados do fascismo/ Babam e arreganham os dentes/ Sai do ovo a serpente/ Fruto podre do cinismo...// Ê, república de parentes, pode crer/ Na nova Babilônia eu e você/ Somos só carne humana pra moer/ E o amor não é pra nós// Mas nós temos a pedrada pra jogar/ A bola incendiária está no ar/ Fogo nos fascistas...”
            No início do texto, quase tudo parece literal na tarefa de sintetizar o ser fascista como violentíssimo na produção dos males que produzem às sociedades que subjugam. Autoritário por excelência, esse tipo está sempre a serviço dos seus interesses ou dos de seus clãs; daí, em nosso caso, a expressão “república dos parentes” surgir, na canção, ultrapassando a lógica da já limitada “República das Bananas”. As ações do filho 03 do clã apeado do poder –  hoje, incitando os EUA contra o Brasil – são exemplos sínteses e abomináveis, pois, na ânsia de contemplar interesses familiares, se lixam para a totalidade daquilo que chamam Pátria.
            Na vida política, tais tipos são sedutores na oratória, mesmo que a essência de seus discursos seja das mais rasas de que se possa ter conhecimento; assim, tais sujeitos, aproveitando-se de uma ignorância coletiva, construída ao longo do tempo, mesclada com a decepção e o ódio ao adversário político mais imediato, não se constrangem de usar e manipular até discursos religiosos para obtenção de seus interesses; assim, o “Deus acima de tudo” não passa de um jargão tão balofo quanto cínico, pois é emitido por despossuídos de humanidade. Como um de tantos exemplos, faço lembrar daquela imitação de pacientes que morriam da Covid, buscando um pouco de ar para respirar. Lembram-se disso? Estarrecedor.
            Como resposta a esse tipo desprezível de político, o texto de Chico César sugere as fortes metáforas da pedrada a ser jogada, bem como a do fogo a ser ateado, queimando qualquer resquício de atos fascistas.  Na junção dessas metáforas, uma leitura possível desses versos pode ser a do revide nas urnas – eletrônicas, obviamente – em momentos eleitorais.
            Em suma, metaforicamente, significa esmagar e transformar em cinzas qualquer pretensão autoritária de poder, pois isso é o maior símbolo do atraso da humanidade que se pensa evoluída pelo simples fato de se encontrar no atual milênio da história. Na essência, a “Pedrada” de Chico César pretende ser um verdadeiro réquiem, tanto às botinas quanto aos pés de chinelo, que adoram lamber botas de golpistas vis.

 

Quarta, 17 Setembro 2025 09:24

 

 

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Juacy da Silva*

 

Desde o dia 01 deste mês de setembro, estamos vivenciando e celebrando o TEMPO DA CRIAÇÃO, que termina no dia 04 de outubro, Dia de São Francisco de Assis — não apenas o defensor da natureza e padroeiro da Ecologia, mas também um PROFETA que revolucionou, com seus gestos simples, mas de cunho extremamente transformador e até mesmo revolucionário (daí a importância da EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA OU REVOLUCIONÁRIA), tanto a percepção, a visão quanto as ações que devemos promover em nossas relações com a natureza, com o universo, conosco mesmos e com o Criador.

Todas as pessoas sabem que é importante a gente estudar, observar, refletir, dialogar sobre as questões socioambientais e os desafios ecológicos que estão colocados para a humanidade, e que estão se agravando sobremaneira e de forma rápida ultimamente.

Diante disso, além de tudo o que já foi mencionado, as nossas AÇÕES são importantes. Costuma-se dizer que só as ações transformam, revolucionam a realidade, mas, para tanto, são precisos alguns pressupostos, como o despertar da consciência crítica e libertadora, a vontade de mudar, o aprofundamento na compreensão da dinâmica que existe não apenas no planeta, na natureza, mas nos efeitos que os diferentes modelos e sistemas de produção e de relações de trabalho e de consumo produzem tanto na natureza quanto na apropriação que cada pessoa e classe social fazem dos frutos do crescimento econômico, do desenvolvimento social, econômico e político.

Precisamos cuidar da natureza, do planeta, não como um objeto de adoração, mas para que tanto as atuais quanto as futuras gerações possam desfrutar, para seu bem-estar, dos frutos do “progresso”, do desenvolvimento da ciência e da tecnologia, do crescimento econômico e do desenvolvimento integral, sustentável e integrado.

Diante disso, ao longo do ano, diversos momentos (dias, semanas ou meses) são criados para servirem como pontos de referência para uma reflexão mais profunda, crítica e criadora sobre a situação da saúde do planeta, a partir de cada dimensão dessa realidade, a partir de “nossos quintais”, ou seja, dos territórios nos quais vivemos, sofremos e também sonhamos e cultivamos a esperança e a paz — enfim, a harmonia com todas as obras da criação.

Voltando ao início desta reflexão: se estamos ainda no TEMPO DA CRIAÇÃO, até o dia 04 de outubro próximo, seria interessante observarmos o que o CALENDÁRIO ECOLÓGICO reserva nessas três semanas, ou poucos dias a mais, como oportunidade para, tanto refletirmos quanto, fundamentalmente, AGIRMOS — por um mundo melhor, por uma economia solidária, por uma produção agroecológica, uma agricultura realmente sustentável, uma economia circular, com menos consumismo, menos desperdício, menos degradação, menos poluição, menos voracidade diante dos biomas e ecossistemas; por mais justiça social, justiça climática, com mais respeito aos direitos humanos, de uma forma ampla, que inclua também o direito que todas as pessoas têm a um meio ambiente saudável, sustentável e inclusivo.

Vejamos o que este Calendário Ecológico nos reserva para as próximas semanas:

Restante deste mês de setembro:

  • 16: Dia Internacional de Luta para a Preservação da Camada de Ozônio

  • 19: Dia Mundial de Luta pela Limpeza das Águas (ver também 22 de março)

  • 21: Dia da Árvore (ver também 21 de março e 17 de julho)

  • 22: Dia Nacional em Defesa da Fauna

  • 25: Dia da Bandeira dos ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

  • 29: Dia Internacional de Conscientização sobre Perda e Desperdício de Alimentos (Dia Internacional do Desperdício Zero – ver também 30 de março)

  • 29: Dia Mundial dos Rios

Outubro:

  • 01: Dia do Vegetarianismo

  • 03: Dia Nacional da Agroecologia

  • 04: Dia de São Francisco de Assis

  • 04: Encerramento do Tempo da Criação

  • 04: Dia da Natureza

  • 04: Dia dos Animais

Como podemos perceber, temos diversos momentos (dias) em que somos chamados para um despertar profundo, uma reflexão sobre aspectos e desafios fundamentais para buscarmos uma correção de rumo em nossas relações com a natureza e relações humanas e sociais, enquanto pessoas, cidadãos, cidadãs e também como governantes e empresários responsáveis pelo que estamos fazendo e contribuindo — tanto para a crise climática, que tantos efeitos perversos tem causado no mundo todo, inclusive no Brasil, quanto para a correção de rumo, através de políticas públicas e também mudanças de hábitos, estilos de vida e sistemas produtivos.

Isto é o que o Papa Francisco sempre insistia em seus pronunciamentos, encíclicas e exortações apostólicas, quando fala sobre a CONVERSÃO ECOLÓGICA — tanto individual quanto coletiva ou comunitária.

Todas as ações na defesa da ecologia integral, por mais simples que sejam, fazem a diferença. Mas as ações coletivas, comunitárias, têm um impacto muito maior. Por isso, precisamos estar unidos, juntos, nesta cruzada na defesa e em um melhor cuidado com o meio ambiente, com o nosso Planeta, que “sofre e geme” ao ser tão maltratado!

Pense nisso. Reflita sobre o que você está fazendo, deixando de fazer (omitindo-se) ou pode fazer para mudar o rumo desta catástrofe socioambiental anunciada!

 

*Juacy da Silva, professor fundador, tiular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em Sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral – Região Centro Oeste, E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.; Instagram @profjuacy 

 

Terça, 16 Setembro 2025 16:26

 

 

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Por Danilo de Souza*

 

            Se o fogo foi a primeira grande conquista energética dos Sapiens, permitindo cozinhar, iluminar e proteger, e a fotossíntese domesticada pela agricultura foi a segunda, construindo as bases para civilizações sedentárias, e se a terceira veio com a domesticação da força animal, que multiplicou a capacidade de trabalho dos Sapiens, a quarta revolução energética pode ser entendida como o domínio dos fluxos naturais. Refiro-me aqui sobretudo aos fluxos do vento e da água, que passaram a ser apropriados de modo sistemático para gerar movimento, trabalho mecânico e, em última instância, para ampliar a produtividade e transformar a organização social.
            O vento, que por milênios foi apenas uma manifestação climática associada a fenômenos naturais e religiosos, tornou-se força útil quando os Sapiens aprenderam a dominá-lo e a convertê-lo em trabalho. Um dos marcos dessa conquista foi a navegação à vela, que permitiu explorar mares e rios de maneira mais eficiente. As embarcações movidas pelo vento conectaram territórios, ampliaram o comércio, permitiram expedições de exploração e guerra, e criaram um novo horizonte de mobilidade. A navegação, além de unir comunidades distantes, também consolidou impérios, transformou economias e abriu caminho para a globalização incipiente. O vento, ao encher as velas, moveu exércitos, mercadores e aventureiros, alterando o curso dos Sapiens (Casson, 1959).


 

Paralelamente, em terra firme, os moinhos de vento começaram a desempenhar um papel fundamental na conversão da energia cinética dos ventos em movimento rotativo. Esses moinhos, inicialmente simples, foram aperfeiçoados em diferentes regiões do mundo, assumindo formas e técnicas variadas, mas todos voltados à mesma finalidade: substituir o esforço humano ou animal pela força da natureza. O moinho de vento, seja para moer grãos, bombear água ou serrar madeira, representou uma libertação parcial do peso do trabalho físico cotidiano. Ele também significou a possibilidade de acumular excedentes, de aumentar a produção de alimentos, de reduzir o tempo despendido em tarefas básicas e, assim, de abrir espaço para outras atividades econômicas e culturais (Langdon, 2004).

 


 

Enquanto o vento se tornava motor de barcos e moinhos, a água se convertia em uma das mais poderosas fontes de energia mecânica. O princípio da roda d’água, que transforma a energia potencial e cinética dos rios em movimento rotativo, foi um divisor de águas na história tecnológica. Estima-se que uma roda d’água vertical pudesse gerar entre 2 e 5 kW, equivalentes ao trabalho contínuo de 40 a 100 homens (Smil, 2017). Da mesma forma, um moinho de vento bem projetado podia substituir a força de 30 a 50 trabalhadores em tarefas como moagem de grãos e bombeamento de água (Gies; Gies, 1994). No mar, as velas multiplicaram ainda mais essa capacidade, permitindo que embarcações do período moderno deslocassem centenas de toneladas de carga apenas com o aproveitamento da energia eólica (Cipolla, 1965). Essa constância e escala permitiram estabelecer oficinas e centros de produção em torno das correntes de água, criando núcleos de atividade econômica que, em muitos casos, foram embriões de cidades industriais.
            Nesse cenário, a importância da energia hidráulica não se limitava à produção material. O controle das águas tinha também dimensão política e simbólica. Povos e reinos que dominavam as margens de rios caudalosos, além de possibilitar o cultivo de alimentos e o desenvolvimento do transporte, também disponibilizada de produzir trabalho mecânico, a partir da energia cinética e potencial dos rios. Assim como os ventos impulsionavam caravanas marítimas, as águas moviam moinhos e ferrarias, transformando paisagens e fortalecendo as relações de dependência entre a natureza e a sociedade, que estão acopladas.
            A quarta revolução energética, portanto, ampliou a capacidade humana de gerar trabalho mecânico sem depender exclusivamente da força muscular, seja de homens ou animais. Esse avanço, embora técnico em sua essência, teve profundas implicações sociais. Com mais energia disponível, a produtividade aumentou. O tempo antes destinado a tarefas repetitivas pôde ser redirecionado para o artesanato, o comércio, a ciência, a arte e a guerra. As sociedades tornaram-se mais complexas, com maior especialização de funções e maior diferenciação social.
            Esse domínio dos fluxos também introduziu uma nova mentalidade. Ao perceber que o vento e a água podiam ser domesticados e colocados a serviço da produção, os Sapiens desenvolveram uma visão mais instrumentalizada da natureza. Se no início o fogo parecia dom da divindade e a agricultura dependia de rituais para garantir fertilidade, agora os fluxos eram interpretados como recursos que podiam ser explorados de forma racional, com técnicas e cálculos.
            Ao mesmo tempo, os limites dessa revolução eram claros. Nem todos os lugares dispunham de ventos constantes ou de rios caudalosos. A distribuição geográfica da energia natural criava desigualdades entre regiões. Locais com abundância de ventos ou cursos d’água tinham vantagens comparativas, podiam produzir mais e com menor esforço, enquanto outros permaneciam dependentes da força animal e do trabalho humano. Isso explica, em parte, a concentração de atividades econômicas e a formação de polos de desenvolvimento em determinadas regiões.
            Na Antiguidade, os romanos exploraram rodas d’água em larga escala no complexo de Barbegal, próximo a Arles, no sul da Gália, enquanto na China o uso de rodas hidráulicas se difundiu ao longo do rio Amarelo. Na Idade Média, entre os séculos XI e XIV, cidades como Londres, Paris e Milão prosperaram com moinhos d’água, enquanto Amsterdã e outras regiões dos Países Baixos se destacaram pelos moinhos de vento usados no bombeamento e na produção agrícola. No Mediterrâneo, Veneza e Gênova ampliaram seu poderio com a navegação à vela, e, a partir do século XV, a energia renovável dos ventos nas velas impulsionou a expansão marítima principalmente de portugueses, espanhóis e ingleses por todo o mundo.
            Assim, apesar das limitações, a quarta revolução energética teve impacto duradouro. Ela inaugurou a lógica que se manteria nas revoluções seguintes: a busca por converter forças naturais em trabalho útil, armazenável e aplicável em larga escala. O vento e a água, transformados em movimento por moinhos e rodas, foram precursores diretos das turbinas modernas. As turbinas eólicas e hidrelétricas que hoje geram grande parte da eletricidade mundial são descendentes diretas desses primeiros dispositivos. O que antes movia pedras de moer hoje alimenta redes elétricas inteiras.
            É significativo notar também o aspecto simbólico dessa etapa. O vento, invisível, mas palpável em sua força, sempre esteve associado a divindades e mitos de liberdade, movimento e transformação. Esse domínio dos fluxos pode ser visto como um elo entre as primeiras formas de energia controlada e a era industrial. Sem moinhos e rodas d’água, dificilmente os Sapiens alcançariam a mecanização em grande escala. Eles representaram uma etapa intermediária, desde antes da Idade Média, até uma pré-industrialização, em que a energia natural começava a ser convertida em trabalho de forma cada vez mais sistemática.
            A quarta revolução energética, portanto, pode ser entendida como a etapa em que os Sapiens aprenderam a dominar os principais fluxos da natureza para transformar o movimento invisível do ar e o curso incessante da água em trabalho produtivo. Essa conquista aumentou a capacidade de gerar excedentes e consolidar sociedades mais complexas, e lançou as bases para a modernidade energética.

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CASSON, Lionel. The Ancient Mariners: Seafarers and Sea Fighters of the Mediterranean in Ancient Times. Londres: Victor Gollancz, 1959.
 
CIPOLLA, Carlo M. Guns, Sails and Empires: Technological Innovation and the Early Phases of European Expansion, 1400–1700. New York: Pantheon, 1965.
GIES, Frances; GIES, Joseph. Cathedral, Forge, and Waterwheel: Technology and Invention in the Middle Ages. New York: HarperCollins, 1994.
 
LANGDON, John L. Mills in the Medieval Economy: England 1300–1540. Oxford: Oxford University Press, 2004.
SMIL, Vaclav. Energy and Civilization: A History. Cambridge, MA: MIT Press, 2017.
VAN RUISDAEL, Jacob. The Windmill at Wijk bij Duurstede. c. 1670. Óleo sobre tela. Rijksmuseum, Amsterdã. Disponível em: https://www.rijksmuseum.nl/en/collection/SK-C-211. Acesso em: 7 set. 2025.
VAN RUISDAEL, Jacob. Water mill near a farm [Landscape with a watermill and men cutting reed]. c. 1653. Óleo sobre madeira de carvalho, 37,6 × 44 cm. Museum Boijmans Van Beuningen, Roterdã. Disponível em: https://collectie.boijmans.nl/en/object/2520OK. Acesso em: 7 set. 2025.
 

Coluna publicada mensalmente na revista - "O Setor Elétrico".

*Danilo de Souza é professor na FAET/UFMT e pesquisador no NIEPE/FE/UFMT e no Instituto de Energia e Ambiente IEE/USP.

Segunda, 15 Setembro 2025 11:20

 

 

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José Domingues de Godoi Filho
UFMT/Faculdade de Geociências

 

            A sempre importante defesa da soberania nacional não pode esconder as práticas da exploração do trabalho e a continuidade do  desmonte do Estado, pelas políticas neoliberais adotadas por todos os últimos governos, de direita ou de esquerda.Neste cenário se enquadra a reforma administrativa, retomada pelo Congresso Nacional, com a conivência do poder Executivo.
            Resistir e retomar a luta vitoriosa  que o ANDES-SN, suas seções sindicais e demais entidades representativas dos servidores públicos federais fizeram contra a PEC 32/20, em 2021, é fundamental e urgente.
            Desde junho de 2025 está instalado o Grupo de Trabalho (GT) da Reforma Administrativa na Câmara dos Deputados, com o objetivo de produzir e aprovar uma nova emenda constitucional, um projeto de lei complementar e um projeto de lei ordinária, para  viabilizar um conjunto de mais de 70 medidas relacionadas a organização e funcionamento da administração e dos serviços públicos. O atual  presidente da Câmara anunciou, no início de setembro, a intenção de apressar a tramitação dessa contrareforma, que considera como prioridade neste segundo semestre.
            O ANDES-SN , contribuindo com a luta, divulgou e vem distribuindo o que denominou as principais razões pelas quais afirma que a reforma administrativa é ruim para o serviço público e péssimo para o Brasil, isto é:

1. Precarização generalizada.
As propostas apresentadas até o presente momento incluem uma tentativa de modificar o Art. 37 da Constituição para remover a expressão "excepcional interesse público" quanto às contratações temporárias. O objetivo é criar um Cadastro Nacional de Contratos Temporários, generalizando o trabalho precarizado, sobretudo em estados e municípios. Na prática, isso significa o fim dos concursos públicos para efetivos e um desmonte dos serviços públicos.
2. Foco na quantidade, não na qualidade.
Outra proposta já tornada pública é a de estabelecer um sistema de metas por órgão da administração pública, no qual todas as esferas da administração teriam 180 dias a cada ciclo de gestão para estabelecer quais os objetivos a serem alcançados. Além disso, o atendimento das metas seria considerado nos programas de gestão de desempenho (PGDs) das servidoras e servidores. Na prática, isso significa desconsiderar as principais necessidades da população em diferentes regiões ou as peculiaridades de cada serviço público prestado, colocando todo o foco na quantidade de atendimentos e não na qualidade.
3. Estabilidade fragilizada, apadrinhamentos fortalecidos.
A instituição de programas de gestão de desempenho (PGDs) em todas as esferas da administração e dos sistemas de metas por órgão vai permitir que mesmo servidoras e servidores no topo das carreiras venham a ser demitidos, caso não consigam atingir os objetivos individuais estabelecidos. A soma dessa nova realidade com a generalização dos contratos temporários significa que as servidoras e servidores terão cada vez menos autonomia no exercício do interesse público e que haverá ainda mais espaço para os apadrinhamentos políticos e para o assédio moral.
4. Mais arrocho nos salários, mais ataques às aposentadorias.
Vinculada à instituição dos programas de gestão de desempenho (PGDs), há uma proposta de converter parte dos salários de servidoras e servidores em bônus de desempenho, constituídos em parte pela avaliação individual e em parte pela avaliação do sistema de metas dos órgãos. Essa proposta vem acompanhada da intenção de instituir uma "tabela única" salarial para as carreiras e um possível achatamento salarial generalizado, que vai prejudicar a renda geral das servidoras e servidores, afetando a economia brasileira. Além disso, não há previsão de que os bônus sejam extensíveis às servidoras e servidores aposentados, o que vai gerar ainda mais deterioração das aposentadorias.
5. Prejuízos para todos, privilégios para poucos
No serviço público civil da esfera federal, mais de 36% das servidoras e servidores recebem entre 2 e 6 salários mínimos. A situação é ainda mais grave nos estados e municípios, onde as médias salariais são ainda mais baixas. Todas essas servidoras e servidores serão afetados se as medidas já anunciadas pelo GT forem efetivamente aprovadas. Apesar disso, os parlamentares ligados ao GT têm feito enorme propaganda da reforma como necessária para acabar com supersalários e privilégios que só se aplicam a menos de 0,3% das servidoras e servidores, notadamente na magistratura e no MPU. Com isso, justifica-se o prejuízo para todos, omitindo que haverá manutenção de privilégios para poucos, como no caso das Forças Armadas e alguns outros poucos setores.
            A atual proposta de Reforma Administrativa que vem sendo discutida pelo GT da Câmara, sob a coordenação do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), coloca em risco direitos adquiridos pelos servidores públicos e abre espaço para desmontar o que está definido pela Constituição de 1988, em seu artigo 37, que  estabelece as regras para a Administração Pública, direta e indireta, de todos os níveis de governo, determinando que ela deve seguir os princípios fundamentais de legalidadeimpessoalidademoralidadepublicidade e eficiência
            Frente a atual conjuntura, não resta outra alternativa à ANDES-SN e demais entidades representativas dos servidores públicos, que não a obrigatória e urgente  luta contra a Reforma Administrativa do GT da Câmara e as  demissões ou flexibilização de direitos, Da mesma forma que conseguimos enfrentar a PEC 32/2020, resistindo e lutando venceremos mais esta batalha. Todos à luta imediatamente.


 
 

Segunda, 08 Setembro 2025 14:27

 

 

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Juacy da Silva*

O Dia Nacional do Cerrado, a ser comemorado em 11 de setembro de cada ano, foi instituído pelo Decreto de 20.8.2003, assinado pelo presidente Lula em seu primeiro ano do primeiro mandato, há 22 anos e, desde então, a destruição deste bioma ganhou proporções assustadoras.

O objetivo da criação do Dia Nacional do Cerrado em 2003 foi conscientizar a sociedade e os governantes sobre a importância da preservação do bioma Cerrado, um dos mais ricos em biodiversidade e, ao mesmo tempo, um dos mais ameaçados do Brasil, incentivando a criação de estratégias para a sua proteção, conservação e exploração racional e sustentável.

A data serve como um alerta sobre a destruição da biodiversidade, incluindo a perda de vegetação nativa devido ao desmatamento e à extinção de várias espécies animais, e busca mobilizar a sociedade para práticas sustentáveis, enquanto é tempo.

No Senado, está em análise, a passos de tartaruga, na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), o PL – Projeto de Lei 5462/2019, de autoria do senador Jacques Wagner, do PT/BA, que cria a política de desenvolvimento sustentável do Cerrado brasileiro.

“Povos, saberes e natureza do Cerrado: resistência à crise climática” é o tema da V Semana Nacional do Cerrado (V SENACER), que será realizada no período de 8 a 13/09/2025, abrangendo o Dia Nacional do Cerrado (11 de setembro).

Este será um evento coordenado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Campus Senador Canedo/GO. Este ano, será elaborada a Carta de Repúdio ao Ecocídio no Cerrado, destinada aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e à coordenação da COP 30 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima), que acontecerá em Belém/PA (10 a 21/11/2025).

Oxalá diversas outras instituições, como universidades federais, institutos federais de ensino, ONGs, igrejas e também organismos públicos federais, estaduais e municipais, bem como entidades representativas dos diversos setores econômicos situadas nos estados que integram o bioma Cerrado, também pudessem refletir e despertar a consciência para esta tragédia já bem conhecida, enfim, um desastre anunciado sobejamente.

Tendo em vista que a destruição do Cerrado afeta todos os demais biomas, creio também que diversos eventos deveriam ser realizados não apenas no território do Cerrado, mas também em outras localidades pelo Brasil afora por diversas instituições públicas e não governamentais, na tentativa de despertar a opinião pública para as consequências da destruição do Cerrado, incluindo a destruição das nascentes, a poluição das águas, dos solos e do ar; a destruição de sua rica biodiversidade animal e vegetal, a questão da degradação dos solos e, também, para o aumento médio da temperatura, que a cada dia tem se elevado muito.

Aqui estão algumas informações para entendermos a importância do Cerrado para a ECOLOGIA INTEGRAL, diante do papel que o mesmo tem para a biodiversidade brasileira, o clima e as águas, tendo em vista que o Cerrado é considerado o “berço das águas”, onde estão as nascentes das bacias do Prata (Paraná, Paraguai), Amazônica (rios Xingu, Araguaia, Tocantins etc.), do São Francisco e do Parnaíba.

Lamentavelmente, o CERRADO está sendo destruído implacavelmente pela ganância de uns poucos, em detrimento da natureza e dos brasileiros, e também afetando a crise climática nacional e mundial, pelo desmatamento, pelas queimadas, pelos garimpos, pela mineração inconsequente e pelos agrotóxicos.

Conforme dados do MAPBIOMAS e IPAM, mencionados por Camila Santana, “de 1985 a 2023, foram desmatados 38 milhões de hectares no Cerrado, uma área maior que o Estado de Goiás. Isso representa uma redução de 27% na vegetação original do bioma, que hoje tem quase metade de sua área (48,3%) alterada por atividades humanas. A outra metade, que ainda permanece em pé, corresponde a 101 milhões de hectares, representando 8% de toda a vegetação nativa do Brasil. No período analisado, a pastagem e a agricultura foram os usos que mais se expandiram no bioma, com aumentos de 62% e 529%, respectivamente. Atualmente, 26 milhões de hectares do Cerrado estão ocupados pela agricultura, dos quais 75% são destinados ao cultivo de soja. O bioma responde por quase metade da área cultivada com o grão no Brasil, totalizando 19 milhões de hectares. Os dados são do levantamento realizado pelo MapBiomas, uma rede colaborativa da qual o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental) faz parte”.

E esta devastação coloca o Cerrado como o bioma e ecossistema mais vulnerável no momento, tendo em vista que, tanto em 2024 quanto em 2025, este bioma é o mais destruído no Brasil, pelo 2º ano consecutivo. Só em 2024, foram desmatados nada menos do que mais de meio milhão de ha, ou seja, 652.197 hectares, e esta saga destruidora não tem limites, razão pela qual precisamos refletir quais as consequências futuras, a curto, médio e longo prazos, se nada for feito para impedir esta destruição.

Além do desmatamento e suas consequências, o Cerrado também tem sido vítima das queimadas, incluindo as queimadas criminosas. Conforme matéria publicada pela CNN Brasil há um ano, em 11 de setembro de 2024, “Embora possua tipos de vegetação que evoluíram para lidar com queimadas, o aumento das secas e das temperaturas extremas, aliado ao uso indiscriminado de queimadas, tem agravado os incêndios no bioma, colocando em risco sua biodiversidade”.

A mesma reportagem informava que “Considerado um dos cinco grandes biomas do Brasil, o Cerrado sofreu com a devastação de 88 milhões de hectares nos últimos 39 anos, segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) nesta quarta-feira (11). Entre 1985 e 2023, a média anual de área queimada foi de 9,5 milhões de hectares”.

A situação do Cerrado é extremamente grave e, mesmo assim, parece que pouco ou quase nada tem sido alterado para conter este processo de degradação. Os dados sobre a destruição do Cerrado são alarmantes. “Incêndios devastam 88 milhões de hectares no Cerrado em 39 anos”, diz pesquisa recente, chamando a nossa atenção para o fato de que a área queimada equivale a 43% de toda a extensão do bioma e supera o território de países como Chile e Turquia, sendo maior do que alguns estados brasileiros.

Outra questão importante para nossas reflexões sobre a degradação ambiental no Brasil e que está presente de uma forma intensa no Cerrado é a degradação dos solos. O Brasil encontra-se diante do desafio de mais de 100 milhões de ha de áreas degradadas, e o Cerrado é campeão nesta triste estatística.

Conforme revelado por Lucas Geraldo, em publicação do IPAM em 5 de julho de 2024, “A área de vegetação nativa remanescente que pode estar degradada no Cerrado está entre 18 milhões e 43 milhões de hectares. Essa é a maior área de vegetação degradada dentre todos os biomas – corresponde a 19% e 45% de toda a vegetação nativa do bioma, respectivamente. Os dados foram levantados de forma inédita em iniciativa coordenada por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e lançada nesta sexta-feira (05) para compor o leque de módulos disponibilizados pela rede MapBiomas”.

Tudo isso é muito contraditório diante da massificação sobre a COP30, a ser realizada dentro de apenas dois meses em Belém, evento que tem mobilizado todos os organismos públicos federais, estaduais e municipais, bem como o mundo empresarial, e também as organizações não governamentais e até mesmo igrejas e religiões diversas, incluindo a Igreja Católica, que estará presente, bem como movimentos sociais, sindicais e representações de povos originários, ribeirinhos e agricultores familiares e, ao mesmo tempo, a saga da destruição ecológica continua a todo vapor. Parece que a destruição do Cerrado nada tem a ver com os temas que serão debatidos na COP30.

Diante desta sanha destruidora que afeta drasticamente três biomas importantes para o presente e o futuro de nosso país e do planeta (Amazônia, Cerrado e Pantanal), dias especiais como este dedicado ao CERRADO, da mesma forma que há poucos dias “celebramos” o Dia da Amazônia e, em 12 de dezembro, será o Dia do Pantanal, devem servir para o despertar da consciência coletiva e chamar a atenção também da opinião pública nacional para a urgente necessidade de mudarmos profundamente os paradigmas, os modelos e os sistemas produtivos e de relações de trabalho e também de nossas relações com a natureza, que tem seus direitos e limites, bem como o direito das próximas gerações a um ambiente equilibrado e sustentável.

Isto só pode ser atingido no contexto da justiça ambiental, justiça climática, justiça intergeracional e também justiça social, considerando que os desequilíbrios, a degradação e a destruição socioambiental afetam, como tem sido sobejamente conhecido, principalmente os pobres e excluídos, como tanto sempre enfatizou o Papa Francisco e, atualmente, o Papa Leão XIV também tem chamado a atenção mundial para a necessidade de um melhor cuidado com a nossa Casa Comum, ou seja, o Planeta Terra.

Esta, pois, deve ser a mensagem neste DIA NACIONAL DO CERRADO.

 

*Juacy da Silva, professor funndador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em Sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral – Região Centro Oeste. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.; Instagram @profjuacy

Sexta, 05 Setembro 2025 14:45

 

 

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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Juacy da Silva*

“Chorai com os que choram e regozijai-vos com os que se alegram” Romanos 12:15.

Olá, amigas e amigos, como cristãos formamos uma grande comunidade de fiéis ao redor do mundo: mais de 2,64 bilhões de pessoas, das quais 1,4 bilhão de católicos e católicas, tendo como elemento que nos identifica e nos une como irmãos e irmãs, além de nossa fé, também nossa caminhada unida por uma Igreja Sinodal, Samaritana e profética.

Como cristãos, somos chamados, vocacionados e predestinados a curar as dores do mundo, e isto envolve diferentes formas de praticarmos nossa fé em Cristo Ressuscitado, tanto pelas nossas orações quanto por nossas ações sociotransformadoras e de mobilização profética, através das ações pastorais.

Da mesma forma que, na Igreja primitiva, São Paulo, na Carta aos Romanos, exorta os cristãos daquela época, e que viviam em um território determinado, a serem solidários entre si, apoiando uns aos outros tanto na alegria quanto no sofrimento; também hoje, no mundo todo e em nossas Igrejas locais, precisamos cultivar a fraternidade, a solidariedade, o amor verdadeiro ao nosso próximo, o profetismo e a esperança.

Por isso, a evangelização, inclusive através das ações das diversas pastorais, é importante como nossa característica identitária em todas as dimensões da vida, presentes em todas as obras da Criação, cujo Tempo da Criação estamos celebrando até o próximo dia 04 de outubro, Dia de São Francisco de Assis, o Padroeiro da Ecologia Integral.

Como irmãos e irmãs, unidos e unidas em uma Igreja que também coloca o Cuidado com a Ecologia Integral, chamando-nos à responsabilidade em relação à necessidade de uma conversão ecológica individual e também comunitária, em que a Pastoral da Ecologia Integral cumpre ou deve cumprir um papel fundamental que demonstre nossa responsabilidade como cristãos católicos.

Há aproximadamente dois meses e meio, nos dias 22 e 23 de junho último (2025), quatro pessoas, integrantes da PEI da Arquidiocese de Cuiabá (Olindina Bezerra, a nossa Coordenadora da Pastoral da Ecologia Integral; o Luiz Eduardo; a Mônica Oliveira, Agentes da PEI; e eu – Juacy, Articulador e Assessor), estivemos, a convite do Pe. Divino, Coordenador de Pastorais Sociais da Diocese de Primavera do Leste/Paranatinga, assessorando uma formação para capacitar agentes que pudessem organizar e coordenar a Pastoral da Ecologia Integral naquela diocese.

Há alguns dias, o Pe. Divino solicitou-me informações e modelos de logomarca para a PEI; percebi que algo maravilhoso estava para acontecer e, realmente, aconteceu.

Hoje (04 de setembro), em mensagem, o Pe. Divino informou-me o seguinte: “Já tivemos 2 reuniões para alinhar nossas atividades e marcar o dia oficial da criação da pastoral na paróquia para dia 3 de outubro, na abertura da novena de Nossa Senhora Aparecida, e dia 4 assumirmos, juntos com as pastorais sociais, a novena no dia de São Francisco”.

Seguindo o conselho de São Paulo em sua Carta aos Romanos, estamos realmente felizes com os irmãos e irmãs da Diocese de Primavera do Leste/Paranatinga por esta notícia tão auspiciosa.

Mais uma Pastoral da Ecologia Integral está surgindo no território do Regional Oeste 2 da CNBB (MT), graças às “Sementes de Paz e de Esperança” que temos semeado ao longo dos últimos cinco ou seis anos, como o Papa Francisco escolheu para ser o tema do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação e do Tempo da Criação deste ano de 2025, e que coube ao Papa Leão XIV elaborar sua mensagem para essas celebrações voltadas à ecologia integral, exortando-nos a continuar como semeadores de paz no mundo: paz com a natureza e paz com a humanidade e entre os povos, ou seja, substituirmos todas as formas de violência pela cultura da paz e, ao mesmo tempo, plantarmos também as sementes da esperança de um mundo mais humano, mais solidário, justo, inclusivo e sustentável.

Isto nos conforta e nos anima muito, principalmente por sabermos que, mesmo a “messe sendo grande e os trabalhadores poucos”, com certeza o “Senhor da messe, o Criador” nos fortalece sempre, até mesmo nos momentos de tristeza, sofrimento e desânimo, para continuarmos a nossa caminhada sempre confiantes, mesmo diante de tantos obstáculos, do negacionismo ecológico, às vezes presente até mesmo dentro da Igreja Católica ou das Igrejas Evangélicas e outras religiões. Sabemos que cada semente de paz, de esperança e de libertação que plantarmos, se caírem “em solo fértil”, se conseguirmos despertar a consciência ecológica individual e comunitária, com certeza dentro de algum tempo a PEI estará presente em muitas ou talvez na maioria esmagadora das Arquidioceses, Dioceses, Prelazias, Paróquias e Comunidades Eclesiais deste nosso imenso Brasil, que continua enfrentando tantas agressões à ecologia integral, incluindo a natureza e os seres humanos.

Com certeza a Igreja (composta pela hierarquia eclesiástica e pelos fiéis, leigos e leigas engajadas/engajados, ou seja, o Corpo de Cristo) estará na linha de frente, cumprindo o seu papel, sendo “Sal da terra e Luz do mundo” nesta cruzada em prol da Casa Comum, da Ecologia Integral, da saúde do planeta e da Justiça Social.

 

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em Sociologia, ambientalista e articulador da Pastoral da Ecologia integral. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.; Instagram@profjuacy 

Segunda, 01 Setembro 2025 11:09

 

 

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Publicamos a pedido do professor Anderson Reis

 

Entre 14 e 16 de agosto de 2025, foi realizada, na praça do Restaurante Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, a Feira Estadual da Reforma Agrária – um evento de culminância da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA). A atividade foi um sucesso e parabenizamos aqueles que se esforçaram para sua organização, em particular ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela articulação de todas as regiões de Mato Grosso com assentamentos da reforma agrária. 

O evento contou com a presença de setenta feirantes, milhares de participantes, a venda de cinco toneladas de alimentos, o lançamento estadual do Plano Safra da Agricultura Familiar e a participação de importantes autoridades nacionais e estaduais. Além disso, o Festival da Cultura reuniu várias atrações e movimentou as noites para celebrar os trinta anos da organização do MST em Mato Grosso.

Apesar disso, representantes da extrema direita tentaram causar tumulto para criar vídeos visando destilar ódio na internet. Do mesmo modo, tivemos ataques diretos à UFMT e ao MST em perfis nas redes sociais. Essas iniciativas geraram uma sensação de insegurança em função das ameaças que se avolumaram – uma tentativa de intimidação à indispensável relação entre os movimentos populares e a universidade.

Mais grave ainda foram as agressões da Polícia Militar, que, na noite do dia 14 de agosto, encerrou o evento antes do previsto, sob alegação de “perturbação do sossego”. No dia seguinte, 15 de agosto, o cenário se agravou ainda mais. Houve uma batida policial truculenta, com armas apontadas para estudantes que estavam na praça do RU, próximo ao local onde estava a Tenda da Saúde e a ciranda para o cuidado das crianças que foram à Feira.

O Departamento de História vem a público repudiar veementemente os ataques que esse importante projeto de extensão sofreu. Sobretudo as ações da PM que ferem a autonomia da UFMT e violentam de maneira descabida os estudantes dentro do espaço universitário federal. Isso é inadmissível e, com isso, convidamos toda comunidade acadêmica a discutir qual é a política de segurança que desejamos. Certamente não é uma que ameaça com a violência do Estado o trabalho de técnicos, docentes e estudantes. 

 

 

Quinta, 28 Agosto 2025 10:03

 

 

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Juacy da Silva*

 

 

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, tem expressado, em diversas ocasiões, consistentemente, a necessidade de os países controlarem as big techs e regulamentarem a tecnologia, particularmente a inteligência artificial (IA). Ele argumenta que essas empresas têm uma "responsabilidade desproporcional" pelos danos que seus produtos causam ou podem causar, e que os modelos de negócio que lucram com a desinformação e o ódio devem ser não apenas controlados, mas expressamente coibidos, principalmente em nome dos direitos humanos e da saúde coletiva, marcadamente das crianças, adolescentes e jovens, ou até mesmo das pessoas idosas, que são grupos extremamente vulneráveis em todos os países e que mais sofrem as consequências dessas ações e negócios, como se estivessem em um mundo sem leis e normas de convivência.

Neste sentido, a postura de Guterres reflete a crescente preocupação global sobre o poder dessas big techs e a falta de regulamentação das grandes empresas de tecnologia, especialmente em relação ao impacto de suas plataformas na sociedade e à rápida evolução da IA.

A ONU tem buscado promover o diálogo e a cooperação entre governos, empresas e sociedade civil para enfrentar esses desafios e garantir que a tecnologia seja usada de forma ética, responsável e que garanta os direitos humanos e a dignidade humana.

Além do Secretário-Geral da ONU, também o Papa Leão XIV já, em diversas ocasiões, tem enfatizado que tanto a inteligência artificial quanto o uso das redes sociais e das plataformas digitais, bem como o espaço de atuação das big techs — enfim, o “mundo” tecnológico e digital e os próprios meios de comunicação — precisam estabelecer limites para as suas ações e, neste sentido, a dimensão ética e de respeito aos direitos humanos é o ponto central. Esses limites não podem ser apenas através da chamada “autorregulação”, que nem sempre atende aos princípios já amplamente aceitos como base para a atuação dessas corporações transnacionais.

As big techs são grandes empresas de tecnologia (grandes conglomerados econômicos transnacionais) que dominam o mercado digital global, mundial, como, por exemplo, Google, Apple, Amazon, Microsoft e Meta, e centenas de outras mais, e têm um impacto significativo nas sociedades e nas economias de todos os países.

As big techs são proprietárias das chamadas plataformas e “redes sociais”, que têm bilhões de usuários mundo afora, inclusive no Brasil, tais como Facebook, Instagram, LinkedIn, YouTube e outras mais.

O número de usuários das redes sociais no mundo, em 2024, era superior a 5,24 bilhões de pessoas, empresas e, inclusive, organismos públicos. As big techs/redes sociais têm o maior arquivo de dados de pessoas e instituições do planeta, maior do que qualquer país possa conseguir. Isso nos aproxima da figura do “Big Brother”, descrito por George Orwell no livro 1984, publicado em 1948, que também foi transformado em um filme, alertando o mundo quanto ao uso da tecnologia para servir de base para regimes autoritários e totalitários, em detrimento das liberdades individuais das pessoas.

Por exemplo, em janeiro de 2024, o Brasil tinha cerca de 144 milhões de usuários ativos em redes sociais, o que representava 66,3% da população do país, de acordo com o relatório DataReportal. Este dado reflete a crescente importância da internet e das plataformas digitais na vida dos brasileiros, com grande parte do tempo online sendo dedicado às redes sociais e outras atividades na internet.

Conforme Juliana Diana, professora de Biologia e Doutora em Gestão do Conhecimento, as redes sociais são espaços virtuais onde grupos de pessoas ou empresas se relacionam através do envio de mensagens, da partilha de conteúdos ou como consumidores dos mais variados serviços públicos ou privados, entre outros.

Mesmo que a adesão das pessoas a essas plataformas e redes seja feita de forma gratuita e voluntária, razão pela qual têm uma grande massa de usuários no mundo, as big techs usufruem deste uso e ganham muito dinheiro. A cada ano ampliam seus lucros e domínios econômicos, tecnológicos, financeiros, sociais e políticos. São grandes corporações transnacionais que geralmente julgam-se acima do bem e do mal, inclusive querem estar acima da soberania dos países e de seus ordenamentos jurídicos, e resistem a serem controladas e fiscalizadas.

Só para termos uma ideia do poder dessas big techs, apenas as cinco maiores delas representam, em termos de valor de mercado, valor superior ao PIB de centenas de países juntos.

O valor de mercado das cinco maiores big techs, no final de janeiro de 2024, era de US$ 10,5 trilhões, ou seja, se essas empresas fossem um país (valendo ressaltar que todas são empresas norte-americanas), este valor seria o quarto maior PIB mundial, perdendo apenas para os Estados Unidos, cujo PIB nominal em 2023 foi de US$ 27,0 trilhões; para a China, que vem a seguir em segundo lugar com um PIB de US$ 17,8 trilhões; e para a União Europeia (27 países), com US$ 15,8 trilhões.

A seguir, vejamos o tamanho do PIB de alguns países: Alemanha, o terceiro país entre as dez economias mundiais, com US$ 4,4 trilhões; Japão, em quarto lugar com US$ 4,2 trilhões; Índia, em quinta posição com US$ 3,7 trilhões; e o Brasil, na nona posição, com US$ 2,1 trilhões.

O valor de mercado das cinco maiores big techs, no final de janeiro de 2024, era o seguinte:

  • Apple: US$ 3,0 trilhões

  • Microsoft: US$ 3,0 trilhões

  • Google: US$ 1,9 trilhão

  • Amazon: US$ 1,6 trilhão

  • Meta (Facebook): US$ 1,0 trilhão

As dez maiores big techs têm um valor de mercado simplesmente impressionante. Em 2024, a soma chegava a US$ 18,9 trilhões, valor maior do que o PIB da China, o segundo maior do planeta naquele e neste ano também.

Vale ressaltar que, no final de 2023, apenas 19 países tinham PIB acima de US$ 1 trilhão. Ou seja, 175 países e territórios autônomos tinham PIB nominal (Produto Interno Bruto) menores do que o valor de mercado da quinta colocada no ranking das big techs.

Impressionante, por exemplo, é que o PIB do Brasil, que é a nona maior economia do planeta, com mais de 213 milhões de habitantes, representa apenas 20% do valor de mercado dessas cinco big techs. Isto é algo para refletirmos sobre o domínio e a hegemonia não apenas desses grandes conglomerados transnacionais, mas, principalmente, sobre o poder dos países onde elas estão situadas e quais as implicações geopolíticas e geoestratégicas no contexto das relações internacionais — e o que tudo isso tem a ver com a soberania de cada país, seja em termos de comércio internacional, de organização e ordenamento jurídico, de poderio militar e de ingerência nos “negócios” internos de cada nação.

Esta é uma relação totalmente assimétrica (desigual), que nem mesmo o direito internacional e as ações de organismos internacionais como a ONU e suas agências especializadas conseguem estabelecer normas e formas de convivência civilizada e democrática no contexto internacional — razões maiores para a falência do multilateralismo diante das ações e decisões de quem se julga, muitas vezes, ou na maior parte das vezes, acima dos demais países e sempre pode mais.

Diante disso, a regulamentação e o estabelecimento de limites às plataformas digitais, redes sociais e big techs são uma necessidade em todos os países, antes que os regimes democráticos sucumbam diante deste “poder invisível”, porém concreto, que tem donos bem conhecidos e que lucram bilhões e bilhões de dólares todos os anos, aumentando seus poderes e dando-lhes a ideia de que estão — e devem estar — acima das leis nacionais e do direito internacional.

Diante do avanço científico e tecnológico em curso, inclusive com o avassalador poder da inteligência artificial, podemos concluir, com toda a certeza, sem sombra de dúvida, que a divisão do mundo, a partir de agora e no futuro, será entre quem tem domínio nessas áreas e quem passará a ser apenas usuário de tais tecnologias.

Com este avanço, podemos concluir que estamos diante de uma verdadeira “guerra” tecnológica, cujo poder é imensamente maior do que todas as armas e artefatos militares, onde as big techs substituirão boa parte das atribuições “tradicionais” das Forças Armadas e estarão cada vez mais a serviço dos interesses e objetivos dos países hegemônicos. Esta já é — e será — uma nova forma de “colonização” e de domínio nas relações internacionais, e uma questão geopolítica fundamental.

Por isso, tanto no Brasil quanto em outros países, a regulação das big techs e das redes sociais, para que tenham limites dentro do ordenamento jurídico nacional, é fundamental para o fortalecimento das instituições democráticas em nosso país e faz parte da nossa SOBERANIA!

 

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em Sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral – Região Centro Oeste. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.; Instagram @profjuacy 

Quinta, 28 Agosto 2025 10:00

 

 

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Juacy da Silva*

 

“Queridos irmãos e irmãs! O tema para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação deste ano, escolhido pelo nosso amado Papa Francisco, é “Sementes de Paz e de Esperança”. No décimo aniversário da instituição deste Dia de Oração, que coincidiu com a publicação da Encíclica Laudato Si, encontramo-nos em pleno Jubileu, “peregrinos de Esperança”. E é precisamente neste contexto que o tema adquire todo o seu significado.” Papa Leão XIV – Mensagem, Vaticano News, 30 de junho de 2025.

Essas serão as primeiras celebrações alusivas ao Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação e do Tempo da Criação que o Papa Leão XIV deverá participar e poder transmitir aos mais de 1,4 bilhão de fiéis católicos romanos espalhados pelos quatro cantos da Terra, além de mais de 300 milhões de católicos ortodoxos, além de 800 milhões de evangélicos, bem como 1,9 bilhão de fiéis não cristãos, sua mensagem alusiva a essas duas celebrações voltadas para um melhor cuidado com a natureza e com as pessoas, principalmente os pobres, oprimidos, injustiçados e excluídos tanto pelos problemas climáticos/ecológicos quanto pela ganância de uns poucos que tentam se apropriar de tudo o que é produzido pelos sistemas econômicos extremamente concentradores de renda, riqueza e propriedade.

Conforme o Movimento Laudato Si, “O Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação acontece no dia 1º de setembro. Ele celebra o Deus Criador e o grande mistério da criação do cosmos, ao mesmo tempo que nos incentiva a curar nossa relação com a criação. É um dia que nos ajuda a refletir sobre o próprio ato da criação, mistério fundacional da nossa fé. Inspirado em ricas tradições, este dia também é conhecido como Dia da Criação ou Festa da Criação, e foi adotado pela Igreja Ortodoxa em 1989, o Conselho Mundial de Igrejas em 2008, a Comunhão Anglicana e a Igreja Católica em 2015. Este dia de oração alimenta o TEMPO DA CRIAÇÃO mais abrangente, que flui a partir dele e vai de 1º de setembro a 4 de outubro, festa de São Francisco.”

Coube ao Papa Francisco, na esteira de seu Magistério voltado para a Ecologia Integral, quando sempre enfatizou que “tudo está interligado, nesta Casa Comum”, incluir oficialmente no calendário da Igreja, em 2015, não apenas este dia especial, mas estendendo essas celebrações e reflexões sobre a saúde do planeta (a nossa Casa Comum), como oportunidade para as Igrejas locais, de uma forma ecumênica e inter-religiosa, não apenas refletirmos sobre o sentido e o significado dessas celebrações, mas também encontrarmos caminhos comuns que nos levem às ações sociotransformadoras e de mobilização profética para a restauração do que já foi destruído e, também, caminhos que representem mudanças profundas em nossos hábitos e práticas degradadoras do meio ambiente, respeitando, inclusive, o direito que as próximas gerações têm em relação a um mundo ambientalmente sustentável e com mais inclusão, equidade e dignidade humana.

Antes de ter sido internado e falecer, o Papa Francisco, no início deste ano, já havia definido o tema e os objetivos para orientar essas duas celebrações, principalmente o Tempo da Criação que vai de 1º de setembro até 4 de outubro, Dia de São Francisco de Assis, o Patrono da Ecologia Integral e dos animais, de quem Jorge Mario Bergoglio, ao ser eleito Papa, tomou o nome (Papa Francisco).

Assim, coube ao Papa Leão manter as decisões e grande parte das preocupações de Francisco, como os aspectos básicos de sua mensagem de 30 de junho último, dirigida inicialmente à Igreja Católica Romana, da qual Ele é o Pastor, e também às demais Igrejas e Religiões, para que, unidas, as diversas religiões possam ser uma força transformadora de resgate, restauração dos biomas e ecossistemas que já foram e ainda estão sendo destruídos, mas também inserir essas preocupações e exortações nos contextos da Justiça Social, da Doutrina Social da Igreja e da Justiça Climática, dimensões fundamentais para que mudanças profundas possam também acontecer em nossos sistemas econômicos, de relações de trabalho e de produção, e a garantia dos direitos humanos, único caminho para uma paz verdadeira, que o Papa Leão denomina de PAZ DESARMADA.

Assim, a mensagem do Papa Leão XIV para o Tempo da Criação de 2025, com o tema "Sementes de Paz e Esperança", é bem clara e não deixa dúvidas quanto à responsabilidade dos cristãos em geral e dos católicos romanos em particular, sendo, pois, um apelo claro e direto à ação contra a destruição ambiental e a injustiça social, convidando os fiéis a serem sementes de transformação e a defenderem a justiça ambiental e a solidariedade para construirmos um futuro sustentável, especialmente no contexto do Jubileu de 2025 (Peregrinos de Esperança).

Nesta mensagem, Leão XIV insere exortações, deixando ver tanto a importância da Justiça Climática em meio às consequências que a destruição dos biomas, dos ecossistemas, enfim, da biodiversidade, das águas, dos solos, das florestas, do ar impõe sofrimento e morte, principalmente aos pobres e excluídos, que são os mais afetados.

Para sarar, curar o nosso planeta, nossa Casa Comum, são necessárias ações concretas e não apenas orações — importantíssimas, claro —, mas fazendo ver que as transformações ocorrem a partir das ações concretas e da mobilização profética.

Vejamos um trecho desta mensagem de Leão XIV: “A justiça ambiental — implicitamente anunciada pelos profetas — já não pode ser considerada um conceito abstrato ou um objetivo distante. Ela representa uma necessidade urgente que ultrapassa a mera proteção do ambiente. Trata-se verdadeiramente de uma questão de justiça social, econômica e antropológica. Para os que creem em Deus, além disso, é uma exigência teológica, que para os cristãos tem o rosto de Jesus Cristo, em quem tudo foi criado e redimido. Num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das alterações climáticas, do desflorestamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade.”

Em outro trecho da mensagem, seu apelo e exortação são bem claros e não deixam dúvida de que cuidar da natureza, respeitar os limites da natureza e também mudar os sistemas econômicos e relações de trabalho é um imperativo para os cristãos em geral e para os católicos em particular. Diante disso, a OMISSÃO perante os pecados ecológicos, ou seja, os crimes ambientais e práticas que promovem a degradação ambiental e a exclusão social, a exploração dos trabalhadores, além de injustiça social, é também injustiça climática.

Esta exortação é bem clara ao enfatizar que: “Chegou verdadeiramente o tempo de dar seguimento às palavras com obras concretas. «Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã» (ibid., 217). Trabalhando com dedicação e ternura, muitas sementes de justiça podem germinar, contribuindo para a paz e a esperança. Por vezes, são precisos anos para que a árvore dê os primeiros frutos, anos que envolvem todo um ecossistema na continuidade, na fidelidade, na colaboração e no amor, sobretudo se este amor se tornar um espelho do Amor oblativo de Deus.”

Neste TEMPO DA CRIAÇÃO de 2025 que se avizinha, imagino que caberia à Igreja local no Brasil, presente em todo o território nacional, diante de tantos desafios socioambientais e diante de eventos importantes que ainda estão para acontecer, como a COP30, em que a Igreja estará presente “levando” sua mensagem e abrindo espaço de diálogo com organismos públicos e também inúmeras organizações da sociedade civil que também se preocupam e lutam por Justiça Ambiental e mudanças nos paradigmas desta ECONOMIA DE MORTE, como tanto nos dizia o Papa Francisco, com a visão posta em novos paradigmas que embasem uma ECONOMIA DA VIDA e da Esperança, é fundamental que também esta mesma Igreja “faça o seu dever de casa”, que fiéis e a hierarquia eclesiástica passem por um processo concreto e real de conversão ecológica, individual e, principalmente, comunitário, demonstrando adesão a práticas e ações concretas sociotransformadoras e muita MOBILIZAÇÃO PROFÉTICA, visando agir junto aos poderes constituídos para a definição e implementação de políticas públicas voltadas para um melhor cuidado com a Casa Comum, neste território chamado Brasil, a partir de cada território eclesiástico.

A parte final da Mensagem do Papa Leão XIV não deixa dúvida quanto a um dos fundamentos de nossas ações sociotransformadoras e de mobilização profética ao mencionar que: “A Encíclica Laudato Si acompanha a Igreja Católica e muitas pessoas de boa vontade desde há dez anos: que ela continue a inspirar-nos, e que a ecologia integral seja cada vez mais escolhida e partilhada como caminho a seguir. Assim se multiplicarão as sementes de esperança, a serem “guardadas e cultivadas” com a graça da nossa grande e indefectível Esperança, Cristo Ressuscitado. Em seu nome, envio a todos vós a minha bênção.”

Além da mensagem do Papa Leão XIV para orientar a Igreja em suas celebrações globais e também locais (relembrando o “mantra” da importância de “pensarmos globalmente, mas agirmos localmente”), temos também o Calendário Ecológico que nos indica diversos momentos/dias também importantes para a realidade socioambiental em nosso país.

Durante os 40 dias do TEMPO DA CRIAÇÃO teremos diversos momentos especiais em que as Igrejas locais podem e devem refletir sobre a realidade socioambiental/ecológica em seus territórios, conforme podemos observar:

SETEMBRO
1º de setembro a 4 de outubro: Tempo da Criação
01 - Festa da Criação e momento de abertura do Tempo da Criação
01 - Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação
03 - Dia do Biólogo
05 - Dia da Amazônia
07 - Dia da Independência do Brasil
07 - Dia Mundial do Ar Limpo (Combate à poluição do ar)
11 - Dia Nacional do Cerrado
16 - Dia Internacional de Luta para a Preservação da Camada de Ozônio
19 - Dia Mundial de Luta pela Limpeza das Águas (ver também 22 de março)
21 - Dia da Árvore (ver também 21 de março e 17 de julho)
22 - Dia Nacional em Defesa da Fauna
25 - Dia da Bandeira dos ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
29 - Dia Internacional de Conscientização sobre Perda e Desperdício de Alimentos (Dia Internacional do Desperdício Zero). Ver também 30 de março
29 - Dia Mundial dos Rios

OUTUBRO
01 - Dia do Vegetarianismo
03 - Dia Nacional da Agroecologia
04 - Dia de São Francisco de Assis
04 - Encerramento do Tempo da Criação
04 - Dia da Natureza

Como podemos perceber, temos muitos momentos relacionados à necessidade de aprofundarmos tanto as nossas reflexões quanto as nossas práticas, através de ações das diferentes pastorais, movimentos e organismos da Igreja, com destaque para a importância de que, em todos os territórios eclesiásticos (Arquidioceses, Dioceses e Comunidades Eclesiais de Base), a Pastoral da Ecologia Integral, que é uma pastoral de conjunto, uma pastoral transversal, possa estar devidamente presente, estruturada e promovendo essas ações sociotransformadoras, mobilização profética e também fortalecida pela espiritualidade ecológica tão enfatizada pelos Papas Francisco e, agora, Leão XIV.

Antes de concluir esta reflexão, gostaria de destacar parte da mensagem bem recente e ao mesmo tempo uma exortação de Leão XIV dirigida ao cardeal Pedro Ricardo Barreto Jimeno, presidente da CEAM - Conferência Eclesial da Amazônia, uma organização que reúne, além do episcopado, também leigos, agentes pastorais, mulheres e indígenas, bem como a todos os que recentemente estiveram reunidos em Bogotá, Colômbia, em que fica clara a responsabilidade da Igreja, não apenas no território amazônico, mas em todos os territórios do Brasil em que a mesma esteja presente: “Leão XIV convida todos os participantes do encontro que estão em Bogotá a refletirem sobre três dimensões que estão interconectadas na ação pastoral dessa região: a missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os homens, o tratamento justo aos povos que ali habitam e o cuidado da Casa Comum.”

Oxalá tais “sementes” de esperança e de transformações profundas em nossos hábitos consumistas, de desperdício e de egoísmo possam ser transformadas profundamente, e nós, como cristãos, católicos, evangélicos e não cristãos, possamos parar um pouco e constatarmos que os desafios socioambientais, principalmente a crise climática e suas consequências, precisam ser enfrentados de forma efetiva e não apenas com palavras, belos discursos ou documentos que acabam apenas enfeitando arquivos.

Este é o único caminho que nos resta. O chamado “ponto do não retorno” já está presente neste momento; só não percebe quem não quer ver ou quem faz do negacionismo ecológico/ambiental sua “filosofia de vida” — e de morte!

 

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em Sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral – Região Centro Oeste. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.; Instagram @profjuacy 

Segunda, 25 Agosto 2025 11:16

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Juacy da Silva*

 

 

“Para o Papa Leão XIV, a Igreja é a comunidade de fé fundada em Jesus Cristo e unida por uma fé comum, com um compromisso com a unidade dos cristãos, a reconciliação e a luta pela justiça social. Ele a vê como um instrumento de evangelização, promovendo a Boa Nova de Cristo e cuidando dos pobres, e também como uma instituição que deve cultivar o pensamento crítico e a compaixão. A Igreja também é um símbolo de unidade e continuidade da tradição apostólica.”

Muita gente imagina ou pensa que, com a morte do Papa Francisco, as preocupações e compromissos da Igreja em relação aos cuidados com a ecologia integral seriam “esquecidos”, diante de novos enfoques em seu magistério.
Todavia, em diversas ocasiões, o mesmo tem não apenas reforçado a importância da caminhada ecológica da Igreja na defesa da ecologia integral, mas também inserido essa caminhada em seu magistério.

Assim, “o Papa Leão XIV, ao discutir o compromisso da Igreja no cuidado com o meio ambiente, tem enfatizado a necessidade de um olhar contemplativo que transforme a relação da humanidade com a criação. Ele recordou que ‘somente um olhar contemplativo pode transformar esta relação com a criação e nos fazer sair da crise ecológica, cuja causa é a ruptura das relações com Deus, com o próximo e com a terra’. Além disso, Leão XIV destacou a importância de uma liturgia que celebre a Eucaristia como um ato de agradecimento ao Senhor e um meio de cuidar da criação, inspirando a conversão e a transformação da sociedade em direção ao bem-estar humano e à dignidade humana. A Igreja, segundo o Papa, deve ser um exemplo de cuidado e responsabilidade social, refletindo os princípios da Encíclica Laudato Si, promovendo a proteção ambiental e a dignidade humana.”

Fonte: site Vaticano News.

Olá, amigas e amigos. Como algumas pessoas costumam dizer, “o tempo voa” e, quando menos percebemos, o ano já está quase terminando e ainda não realizamos tudo o que havíamos planejado no início deste ano — e percebemos quantas coisas importantes deixamos para trás.
Outro dizer popular nos acorda, enfatizando que “o passado já passou”; o importante agora é o momento presente, que também passa rápido, e o futuro que está batendo às nossas portas, como querendo dizer: “Acorda! O tempo de realizar as coisas, de mudar, de transformar a realidade está chegando!” Não se omita. Não deixe que a passividade, a procrastinação, o desalento e a alienação tomem conta de sua caminhada, como na canção/música de Geraldo Vandré, “Pra não dizer que não falei das flores”, escrita e interpretada em pleno 1968 (ano do AI-5, início dos anos de chumbo no Brasil), quando diz: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

Em se tratando de Ecologia Integral, nunca é demais enfatizar que a luta pelo cuidado do Planeta, de nossa Casa Comum, está assentada em três pilares ou fundamentos: a espiritualidade ecológica, as ações sociotransformadoras e a mobilização profética. Sem isso, nada é transformado e os desafios ecológicos apenas aumentam dia após dia, como temos observado com a crise climática, que tem se agravado sobremaneira nos últimos tempos.

Isto significa que, conforme tanto enfatizou o Papa Francisco ao longo de seus 13 anos de magistério, voltado profundamente para o resgate das deliberações e definições do Concílio Vaticano II, por meio das encíclicas Laudato Si’ e Fratelli Tutti, e das exortações apostólicas Querida Amazônia e Laudate Deum, em relação aos cuidados com as obras da criação e também às relações sociais, econômicas e políticas, é fundamental combater a destruição do planeta, do meio ambiente e o desrespeito à justiça social, aos direitos humanos, à justiça climática e o resguardo do planeta também para as futuras gerações (justiça intergeracional).

Da mesma forma, resguardando o legado do Papa Francisco e também o legado do Papa Leão XIII, ao publicar a encíclica Rerum Novarum, em 15 de maio de 1891, estabelecendo as bases da Doutrina Social da Igreja (DSI), o Papa Leão XIV também tem insistido que a Igreja deve ser sempre sinodal, mas também profética, samaritana e encorajada a lutar por uma paz desarmada, cuidando das pessoas — principalmente dos pobres, oprimidos, famintos, injustiçados e, claro, sem descurar seu compromisso (da Igreja) com a defesa da ecologia integral, das obras da criação — e que isto só é realizado, não com palavras, mas sim com ações concretas, inclusive com mobilização profética.

Cabe ressaltar que, quando falamos em calendário ecológico, no momento atual, além de inúmeras celebrações, reflexões, ações sociotransformadoras e mobilização profética que podemos e devemos realizar nos diversos territórios onde a Igreja esteja presente, está também em curso uma série de providências, sob a mística “A Igreja rumo à COP30”, como forma de preparar a participação da Igreja no que é considerado o maior evento climático anual do planeta e que, neste ano, em novembro, será realizado em Belém, estado do Pará.

Diante disso, precisamos estimular não apenas as reflexões e ações, e a mobilização profética voltadas para transformações profundas em nossas relações com a natureza, mas também nossas relações com nossos semelhantes e com o Criador, buscando transformações profundas, inclusive quanto aos sistemas econômicos e às relações de trabalho e de produção. Vale dizer: substituir os paradigmas de uma economia da morte, como atualmente existem em nosso país e no restante do planeta, por uma economia da vida, como tanto nos exortou o Papa Francisco.

É neste contexto que precisamos observar o calendário ecológico, seguindo também o método da Igreja: ver, julgar e agir/celebrar, a partir das realidades concretas de cada território eclesiástico — arquidioceses, dioceses, paróquias e comunidades eclesiais de base — e tendo como “pano de fundo” a máxima que nos exorta a “pensarmos globalmente, mas agirmos localmente”. Só assim iremos promover a conversão ecológica (individual e comunitária), para atingirmos um novo patamar de realidade, que denominamos de cidadania ecológica.

Por isso, devemos sempre nos lembrar da máxima do Papa Francisco, quando ele tanto insistia, ao referir-se aos desafios ecológicos:
“Tudo está interligado, nesta Casa Comum.”

Este é o caminho, em tempos de crise e também de esperança, para ainda podermos lutar por um mundo melhor, com justiça, equidade, solidariedade, amor e paz desarmada, como tanto vem enfatizando o Papa Leão XIV.


SEGUE CALENDÁRIO ECOLÓGICO DOS MESES DE SETEMBRO E OUTUBRO DE 2025

SETEMBRO

1º de setembro a 4 de outubro: Tempo da Criação

01 – Festa da Criação e momento de abertura do Tempo da Criação
01 – Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação
03 – Dia do Biólogo
05 – Dia da Amazônia
07 – Dia da Independência do Brasil
07 – Dia Mundial do Ar Limpo (Combate à Poluição do Ar)
11 – Dia Nacional do Cerrado
16 – Dia Internacional de Luta para a Preservação da Camada de Ozônio
19 – Dia Mundial de Luta pela Limpeza das Águas (ver também 22 de março)
21 – Dia da Árvore (ver também 21 de março e 17 de julho)
22 – Dia Nacional em Defesa da Fauna
25 – Dia da Bandeira dos ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
29 – Dia Internacional de Conscientização sobre Perda e Desperdício de Alimentos (Dia Internacional do Desperdício Zero) – ver também 30 de março
29 – Dia Mundial dos Rios

OUTUBRO

01 – Dia do Vegetarianismo
03 – Dia Nacional da Agroecologia
04 – Dia de São Francisco de Assis
04 – Encerramento do Tempo da Criação
04 – Dia da Natureza
04 – Dia dos Animais
07 – Dia Mundial do Habitat
12 – Dia do Engenheiro Agrônomo / Engenheira Agrônoma
15 – Dia do Educador Ambiental
16 – Dia Mundial da Alimentação (Fome Zero)
17 – Dia da Agricultura
31 – Dia Mundial das Cidades

 

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em Sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral – Região Centro Oeste. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.; Instagram @profjuacy