Quarta, 05 Julho 2023 16:56

 

 

Os sindicatos da Educação estadual estão denunciando nova prática persecutória e antissindicalista do governador Mauro Mendes. Após a paralisação e a Marcha Estadual do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de MT, realizadas pelos trabalhadores no dia 28/06, cerca de 70 servidores foram afastados de funções de Gestão Escolar.  

 

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso, o ato se deu de forma unilateral, sem quaisquer motivações e sem direito a ampla defesa e contraditório.

 

“Os ataques a Gestão Democrática é um marca do Governo Mauro Mendes que, cotidianamente, pelas medidas arbitrárias do Governo, desde sua primeira gestão em 2019 suspendeu e de  assalto tirou o direito da comunidade escolar na escolha do diretor escolar, como estabelecido na lei VÁLIDA de Gestão Democrática (Lei nº 7040/1998), sustentando no  falacioso discurso de que se tratava de determinação judicial e amplamente denunciado pelo Sindicato de que a forma de acesso por meio de prova não tem relação alguma com gestão democrática do ensino e da democracia nas unidades escolares. Esse golpismo leva a práticas antidemocráticas por gestores que se utilizam das funções, seja nas DRE, NRE e nas unidades escolares para implementação de medidas arbitrárias, autoritárias da atual gestão estadual, como é o caso do vergonhoso Web Ponto”, afirmou o sindicato, em nota.

 

Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o episódio demonstra a intenção do governador de punir aqueles que protestam. "A CNTE lamenta o desrespeito e o autoritarismo. É direito das pessoas se manifestarem livremente e se filiarem a um sindicato. Nenhum profissional deixa de cumprir suas obrigações, todos têm o compromisso de fazer a reposição das aulas. O governador agiu de forma arbitrária”, disse a Secretária de Assuntos Educacionais da entidade, Guelda Andrade.

 

A Adufmat-Ssind declarou solidariedade aos colegas servidores e sindicalistas. “Nós da Adufmat-Ssind prestamos nossa solidariedade aos companheiros e companheiras, professores e professoras da rede estadual, e ao Sintep-MT por essa agressão bárbara e gratuita e nos colocamos à disposição para mobilizar e fazer protestos conjuntos contra essa arbitrariedade do Governo do Estado que muito nos preocupa diante de um quadro de precarização do trabalho docente ao mesmo tempo em que nega os espaços democráticos de defesa dos direitos de professores e professoras. É importante que nós, da rede federal, estadual e municipal, assim como o serviço público como um todo, trabalhadores da Educação, estejamos juntos nas nossas demandas específicas, que estejamos nos fortalecendo. Fica nosso apoio e nosso empenho em lutar contra mais essa arbitrariedade, assim como fica nossa indignação diante de um Governo de estado que se propõe a tamanho ataque contra servidores, trabalhadores do Estado. Nossa luta, além da defesa dos servidores é também em defesa do serviço público, da qualidade dos serviços públicos, e a qualidade da Educação do estado é fundamental para a gente”, afirmou o diretor geral da entidade, Leonardo Santos.

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 27 Junho 2023 14:37

 


Nesta segunda-feira (26), representantes da diretoria da Adunemat estiveram na sede da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG-MT), localizada em Cuiabá, para cobrar a realização efetiva de uma reunião com o secretário da pasta, Basílio Bezerra.

A diretoria cobra uma resposta do governo do estado à pauta de reivindicações dos docentes para 2023, cujo ponto principal é a realização de concurso público para docentes da Unemat e a recomposição das perdas inflacionárias. Esta é a terceira vez neste ano que o sindicato tenta agendar uma reunião.

Estiveram na Seplag os professores Domingos Sávio, Leni Hack e Thiélide Pavanelli, além da professora Clariana Martins. Vale lembrar que o concurso não está previsto no PLDO 2024, o que demanda ainda mais mobilização.

 

 

Fonte: Adunemat

 

 

Sábado, 23 Outubro 2021 12:41

 

O Governo Mauro Mendes apresenta um grande paradoxo com relação à educação pública: está sempre mandando fechar ou abrir escolas, nos momentos mais inoportunos, e sem explicações convincentes. Depois da recente polêmica sobre a “municipalização” ou fechamento de escolas importantes para o estado, o Governo decidiu que o ensino 100% presencial deveria retornar a partir da última segunda-feira, dia 18/10. Sem tempo e condições para organizar o retorno, o que se viu nas escolas durante essa semana foi confusão e insegurança.   

  

“A decisão de retorno presencial para as escolas nesse momento foi arbitrária, veio de cima para abaixo. O governador Mauro Mendes e o secretário de Educação, Alan Porto, tomaram uma decisão sem debater com a categoria dos profissionais da Educação e com a comunidade escolar. Então as famílias dos estudantes não puderam dizer o que pensam, não foram ouvidas. Muitas têm nos procurado para dizer que não concordam com o retorno e consultar sobre a possibilidade dos seus filhos continuarem com o ensino remoto. Isso demonstra que muitas famílias ainda não têm segurança para mandarem seus filhos para as escolas”, diz a professora Patrícia Acs, que trabalha na Escola Estadual Historiador Rubens de Mendonça.

 

Acs lembrou ainda que as escolas enfrentam ausência de profissionais indispensáveis para manter a biossegurança dentro e fora das salas de aula. “Muitos lugares têm déficit de profissionais da limpeza, assim como outros profissionais da merenda escolar e, inclusive, professores, uma vez que o Estado determinou o retorno presencial, mas não liberou contratações de profissionais que ainda estavam em falta dentro das escolas. Na nossa leitura, esse retorno é extremamente precipitado, e não são 40 dias de aulas presenciais vão salvar o ano letivo desses estudantes, que farão a diferença que eles precisavam. A questão é que a proteção social para esses estudantes, as condições necessárias para que eles tivessem um ensino remoto mais digno, ou para que tivessem um retorno para as escolas mais digno, não foi ofertada. O Governo determinou o retorno sem uma avaliação coletiva das escolas”, reclamou.

 

Para o professor Alex Beber, que leciona em três escolas estaduais em Várzea Grande, as unidades enfrentam diferentes realidades durante esse retorno, e ainda há dificuldade para encontrar os estudantes que não conseguiram acompanhar o ensino remoto ou híbrido.

 

“Cem por cento nós não retornamos ainda, mas se observa um aumento da semana passada para essa. Podemos dizer que dobrou o número de alunos. Parece que eles estão confiantes, vários já tomaram ao menos a primeira dose da vacina, mas poucos dos que realmente faziam as atividades das apostilas voltaram dizendo que realmente não estavam vindo por conta da insegurança, por medo de se contaminarem, e agora voltaram devido ao anúncio da obrigatoriedade do retorno. Outros relataram que estavam trabalhando em um período e preferiam fazer as atividades em casa. No entanto, entre 10 e 20% dos estudantes nós não sabemos onde estão, não respondiam às atividades e também não voltaram”, destaca.

  

Com relação à higienização das escolas, o servidor diz que as pessoas responsáveis estão realizando a limpeza entre um horário e outro, e fazendo a reposição de álcool em gel sempre que necessário. No entanto, cada escola enfrenta de forma diferente a situação. “Algumas escolas estão melhores, outras nós sabemos que não têm estrutura. Numa delas, por exemplo, o Refeitório é ao lado do bebedouro, que é do lado do banheiro, então gera certa aglomeração. Nessa mesma escola a sala de professores é minúscula e é obrigatório cumprir a hora atividade na escola. Também é difícil segurar a onda dos alunos, porque eles estão se reencontrando, se abraçando, acabam formando os grupos dentro da sala. Exigir a sala certinha, com todo mundo distanciado, não dá. Ainda mais lidando com adolescente, que acha que sabe de tudo, que já passou o pior da pandemia”.  

 

Outra questão que gerou confusão durante a pandemia e no retorno presencial, segundo Beber, foi a disponibilização do material didático. “Nós estamos em mais um bimestre, é o quinto bimestre de 2021, e os professores já estão bem exaustos. Finalmente chegou uma apostila para o Ensino Médio, só agora uma primeira apostila elaborada pelo Estado. Estou utilizando, mas as escolas já haviam pedido que fosse elaborado um roteiro de estudos em cima de outro material, alguns utilizavam livros, outros já tinham preparado outro material. Então virou uma última confusão do ano, porque acabou chegando um monte de coisa junto com o retorno 100% presencial”, reclama o servidor, destacando que a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) não reconhece que ela mesma gerou confusões a partir das “decisões lá de cima”.

 

A princípio, a Seduc havia decidido promover aulas pela televisão, mas os professores reclamaram que a proposta não conseguiu se encaixar aos objetivos, à realidade de cada escola, ao quadro de profissionais disponíveis – pois o Estado não havia distribuído a aulas e estava faltando vários professores. Além disso, houve a ausência de material didático e a publicação de vários documentos, normativas, editadas em curtos períodos, sem dar tempo para preparação e debate entre os professores, que tentavam se adaptar e readaptar, diante das incertezas sobre mudar ou não o planejamento a cada nova determinação.

 

“O retorno fica em cima da cobrança para que o professor cumpra os horários, que os alunos cumpram as aulas dentro da sala. A rotina da escola está bastante modificada, porque tinha, por exemplo, a cultura do horário do recreio, e cada escola pensa isso de um jeito. Vamos trazer a merenda para a sala, tirar os alunos? Outras escolas tem refeitório, só que esse horário do intervalo é difícil planejar, acaba acontecendo no meio da aula. Aí todo mundo tem que merendar, depois ir ao banheiro, é muita dificuldade para manter os protocolos. Ainda mais num período de queda da pandemia, em que as pessoas têm confiança de que não vão se contaminar. Então, está todo mundo bem cansado com essa pressão para ter energia e fazer esse bimestre ser bom. Vai ser feito o que se pode, na verdade”, finalizou Beber.

 

Diferentemente do Governo do Estado, na opinião dos professores, o retorno deveria ser mais planejado, após a conclusão do ciclo vacinal dos profissionais e estudantes. Até lá, seria possível manter o modelo híbrido, no qual os alunos que retornaram já respondem com relação às apostilas e atividades. Preocupados com os alunos que não participaram do processo e não retornaram às atividades presenciais, alguns profissionais avaliam se o ideal não seria fazer algum tipo de levantamento para que voltassem ao modelo presencial apenas os estudantes que não estavam tendo acesso à internet ou tendo alguma dificuldade de acompanhar o conteúdo.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 28 Setembro 2021 16:32

 

Na contramão das necessidades da população, que são sempre mais acesso a direitos constitucionais, como à Educação, o Governo Mauro Mendes segue fechando escolas em Mato Grosso. Desde o ano passado seu Governo anuncia, com base em um “redimensionamento”, a extinção ou a municipalização de escolas em Cuiabá, Tangará da Serra, Jauru, Barão de Melgaço e Várzea Grande.

 

Em janeiro de 2020 a capital mato-grossense viu, com profundo pesar, a escola Nilo Póvoas fechar as portas, após 50 anos de história. Na ocasião, a Secretaria de Estado de Mato Grosso (Seduc) utilizou o argumento de que o espaço estava “ocioso”. No entanto, não é sempre essa desculpa que o Governo do Estado pode dar para justificar o fechamento ou a municipalização das escolas. Em Várzea Grande, por exemplo, a Escola Licínio Monteiro da Silva está na lista de “municipalização”, mas é uma das 10 maiores do estado, com cerca de 1.635 alunos matriculados.

 

Além do ensino fundamental, a escola também oferece educação de nível médio voltada para jovens e adultos, atendendo, inclusive, muitos alunos adultos portadores de deficiência. Assim, ao contrário do que tenta fazer parecer o Governo do Estado, a ideia de municipalizar a escola – que seria delegar ao município a responsabilidade de oferecer apenas o ensino fundamental no local, transferindo os outros estudantes - prejudicará muitos desses alunos, alterando sua rotina e dificultando o acesso.   

 

Em 2018, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou Mato Grosso como o estado com a maior taxa de analfabetismo da região Centro-Oeste: 7,5% da população com faixa etária igual ou superior a 15 anos. O índice é maior do que a taxa nacional de 6,8%.

 

De acordo com o estudo “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil – um alerta sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na Educação”, lançado este ano pela UNICEF e o Cenpec Educação, com a pandemia, esses números, que já eram ruins, tendem a piorar. A pesquisa demonstra que a exclusão escolar já afetava, antes mesmo da pandemia, a população em situação mais vulnerável, e o Centro Oeste já figurava como a região com a segunda maior taxa de exclusão escolar do Brasil (3,5%), perdendo apenas para a região Norte (4,3%), e seguido pelas regiões Nordeste e Sul (2,7%) e Sudeste (2,1%).

 

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação, divulgada em julho de 2020, o Brasil ainda tem 11 milhões de pessoas de 15 anos ou mais que, pelos critérios do IBGE, não são capazes de ler e escrever informações das mais simples e, por isso, são consideradas analfabetas. 

 

Para a servidora de Apoio Educacional do Licínio Monteiro da Silva, Renata Moura, o Governo do Estado tenta desviar o foco do debate real e dos problemas que causará quando diz que não vai fechar a escola. “O caso é bem sério. Eles negam que vão fechar a escola, dizem que tem uma demanda do município, mas não conseguem nos responder para onde vão mandar os alunos adultos e as pessoas com deficiência. Os alunos regulares eles dizem que vão mandar para a Pedro Gardes e para a Adalgisa de Barros, que são escolas extremamente lotadas, que não têm mais condições de receberem novos alunos. É uma falácia que vão mandar os estudantes para outras escolas, porque os alunos adultos vão ficar sem ter para onde ir. Nós estamos batendo duro porque estudar também é um direito desses alunos. Os que estudam no Licínio a noite são trabalhadores, trabalham durante o dia e estudam a noite. É muito comum que estejam ainda de uniforme, porque vêm direto. Eles não vão ter condições de chegar nos bairros. São vários problemas que a gente precisa discutir”, afirmou a servidora.

 

A comunidade escolar está fazendo uma série de denúncias e protestos contra as ações do Governo Mauro Mendes, que se recusa a abrir qualquer tipo de diálogo. Após manifestações no bairro e na porta da escola, estudantes, pais e funcionários planejam ir, ainda essa semana, à Assembleia Legislativa e à Câmara de Vereadores de Várzea Grande.

 

Entre as denúncias feitas pela comunidade, está o caráter autoritário da decisão do Governo Mauro Mendes. O Conselho Deliberativo da Escola publicou uma carta narrando a surpresa e indignação ao receberem a notícias. “No dia 08 de setembro de 2021 a gestão escolar da EEDIEB Licínio Monteiro da Silva reuniu-se com o Secretário Adjunto e o responsável pelo Microplanejamento, no intuito de saber a real situação de nossa escola, frente às visitas constantes de órgãos que estavam realizando tratativas. Com espanto, recebeu-se a notícia de que o Licínio será cedido para a Prefeitura Municipal de Várzea Grande. E, pasmem, sem nenhum espaço para diálogo com a Comunidade Escolar, pois, segundo eles, trata-se de uma decisão discricionária, ou seja, puramente administrativa”, afirma o documento.

 

Além disso, a comunidade afirma que a escola não atende aos critérios da própria Secretaria para cessão. “No que tange essa decisão, apesar de ser competência da mantenedora Seduc, salientamos que ela não seguiu os próprios documentos legais para desativação de atividade da unidade escolar. Segundo sua própria Instrução Normativa nº 009/2020/GS/SEDUC/MT, publicada no diário oficial em 26/10/2020, existem critérios a serem observados para criação, escolha e mudança de denominação, extinção e desativação de unidades da Rede Pública Estadual de Ensino de Mato Grosso, critérios esses reafirmados no Orientativo 021/2020/GS/SAGE/SEDUC, publicado em 14 de dezembro de 2020 e encaminhado as unidades escolares. Dentro de tais critérios, se faz necessário observarmos o Artigo 11, que estabelece que a unidade escolar em extinção deve estar com todos os seus atos autorizativos regularizados, o que não se enquadra à unidade Licínio Monteiro, pois com o fechamento do CEJA foi necessário solicitar um novo credenciamento de regularização ao Conselho Estadual de Educação, e essa solicitação se encontra em andamento” (leia a íntegra da carta aqui).  

    

No desespero, o diretor da escola, José Cícero da Mota, chegou a iniciar uma greve de fome como forma de protesto, mas a pedido do Coletivo de Lutas criado para defender a unidade, suspendeu o ato. O Coletivo criou um canal na internet para divulgar suas ações, clique aqui para acessar e saber como ajudar.

 

Além das escolas Nilo Póvoas (Cuiabá), Laura Vieira de Souza (Tangará da Serra), Francisco Salazar (Jauru), Virgínio Nunes (Barão de Melgaço), e das escolas do campo Marechal Cândido Rondon, Cláudio Aparecido Paro e Ernesto Che Guevara - todas em Tangará da Serra, que já passaram pelo processo de extinção ou municipalização no ano passado, continuam na lista de “redimensionamento”, além da Licínio Monteiro da Silva, as escolas Demetrio de Souza, Heróclito Leôncio Monteiro, Manoel Correia de Almeida - todas em Várzea Grande.

 

Em 2020, a então secretária estadual de Educação chegou a declarar que o fechamento das escolas fazia parte de um planejamento do Governo do Estado para economizar recursos. No entanto, no estado berço do Agronegócio, taxar a autointitulada “indústria-riqueza” do país seria uma alternativa muito mais justa para obter recursos do que retirar de crianças, jovens e adultos o direito de se alfabetizarem, de estudarem, de transformarem suas vidas por meio da Educação. Mato Grosso deixa de arrecadar do Agronegócio na casa de bilhões de reais todos os anos por causa da Lei Kandir, que isenta da comercialização de produtos primários ou semiacabados a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias, Bens e Serviços (ICMS).

 

Como o direito à Educação é constitucional, as comunidades escolares de Mato Grosso continuam afirmando que fechar escolas é crime, e que haverá resistência e reações às políticas que beneficiam alguns poucos em detrimento dos interesses da grande maioria da população.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind  

Quarta, 05 Agosto 2020 23:48

Nessa sexta-feira, 07/08, a Adufmat-Ssind convida para uma análise de conjuntura voltada para o estado de Mato Grosso. As participantes, Tipuici Manoki (cientista social e liderança indígena) e Alair Silveira (cientista política e professora da UFMT), serão responsáveis por provocar o debate a partir do tema "Para quem governa Mauro Mendes?". 

A Live da Adufmat-Ssind será às 19h, na página oficial do sindicato no Facebook. Os participantes poderão enviar perguntas às convidadas pelos comentários. 

 

Participe! 

 

Link direto para a página oficial da Adufmat-Ssind: https://www.facebook.com/ADUFMAT-SSIND-211669182221828/

Quarta, 05 Agosto 2020 23:35

Imagem: O Livre/ Mauro Mendes em evento com empresários de MT 

 

Há alguns anos, pairava entre a população a ideia de que os representantes políticos deveriam ser obrigados a frequentar os mesmos espaços públicos que administram, junto à população. A ilusão da liberdade capitalista, por óbvio, tratou de abafar rapidamente a proposta, pois o público e o privado só podem se encontrar quando a proposta é administrar o bem público, mas quando o assunto é desfrutar dos resultados dessa administração, a coisa muda.

 

Poucos dias depois de tentar desqualificar análises científicas sobre a Covid-19 em Mato Grosso e liberar a reabertura do comércio em todo o estado, alegando que é preciso “aprender a conviver com o vírus”, o governador Mauro Mendes foi internado em um Hospital de São Paulo. Segundo a imprensa, a causa é uma pneumonia, provavelmente consequência da própria Covid-19, que contraiu um junho.

 

Ao mesmo tempo em o político era atendido por uma equipe de profissionais do Sírio Libanês, um dos melhores hospitais particulares do país, servidoras da Saúde Pública administrada por ele retiraram a própria vida, no município mato-grossense de Rondonópolis. Para o sindicato dos servidores públicos da saúde do estado, a pressão do atendimento direito a pacientes com Covid-19 e a perda de colegas para a doença é agravada pela falta de condições de trabalho que perdura há anos. Não só a Covid-19, mas as doenças que comprometem a saúde mental ameaçam os trabalhadores da saúde.

  

Nessa quarta-feira, 05/08, Mato Grosso atingiu a triste marca de duas mil mortes atribuídas ao coronavírus. No Brasil, a gripezinha de Bolsonaro já matou mais de 97 mil pessoas. Enquanto isso, tanto Mauro Mendes quanto Bolsonaro, representantes do capital na administração pública, seguem rifando a vida dos trabalhadores para que empresários garantam seus lucros, pois a melhor forma de tomar péssimas decisões é justamente não sofrer suas consequências.

 

“Os governantes brasileiros sucateiam o Sistema Único de Saúde para abrir mercado para o setor privado, mas quando adoecem, voam com jatinhos particulares aos hospitais privados. Já vimos outros políticos de Mato Grosso fazendo a mesma coisa nessa pandemia. A linha de corte do ‘salve-se quem puder’ pelo mercado é muito alta e significa o genocídio dos pobres, negros, quilombolas e indígenas”, destaca a diretora de Imprensa da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind.), Lélica Lacerda.

 

A diretora critica os ataques recentes proferidos pelo governador aos pesquisadores da UFMT. "Pelas políticas implementadas pelo governo de Mato Grosso, não precisa ser mãe Dináh nem cientista para saber o que vai acontecer. Quem vai sofrer é a população, porque quem tem dinheiro pode ter a tranquilidade de se internar no Sírio Libanês”, destaca.

 

Os sindicatos de trabalhadores comprometidos com a vida continuam na luta, realizando atividades para arrecadar doações e distribuir entre os desempregados e desamparados pelo Estado, fazer debates que ajudem a classe trabalhadora a se proteger e reorganizar, e denunciar a irresponsabilidade dos governos que se mostram genocidas durante a pandemia.

 

A Adufmat-Ssind, organizada, junto a outras entidades, na Frente Popular em Defesa do Serviço Público e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19, arrecadou mais de mil cestas básicas na última semana, que serão distribuídas em bairros da periferia de Cuiabá. Desde abril, o grupo já garantiu cerca de 35 toneladas de alimentos, além de material de limpeza e higiene para trabalhadores que não têm com quem contar nesse momento.  

 

As entidades reafirmam que a única alternativa para a classe trabalhadora é a luta coletiva por políticas públicas capazes de superar a crise econômica, ambiental e sanitária. Nesse sentido, a construção da greve geral se mantém no horizonte, como passo fundamental da virada da correlação de forças em favor dos trabalhadores.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quinta, 23 Julho 2020 14:01

 

Para muitos governantes, o menosprezo pelo conhecimento e pela pesquisa é a forma fácil para justificar suas (in)ações como primeiros-mandatários. Alguns “receitam” remédios milagrosos à revelia de opinião médica, outros apegam-se aos preceitos místicos. Como a ciência exige método, disciplina e rigor, o desrespeito desses governantes ao conhecimento científico somente revela sua pequenez diante da responsabilidade do cargo que ocupam.

 

As manifestações do governador Mauro Mendes (DEM) sobre o estudo nomeado “Evolução da Covid-19 em Mato Grosso: panorama atual e projeções para as regiões de saúde”, realizado por professores-pesquisadores dos departamentos de Matemática, Saúde Coletiva e Geografia da UFMT, são deploráveis sob todos os aspectos.

 

Ao questionar a credibilidade do estudo científico, comparando-o às previsões da vidente Mãe Dináh, o Governador não somente expôs seus limites como homem público, mas revelou desconhecer o conteúdo do trabalho (se leu, não compreendeu), assim como dos Boletins que a própria Secretaria Estadual de Saúde divulga regularmente. Primeiro porque a aplicação do modelo matemático foi feita a partir dos dados da Secretaria sob a responsabilidade do Governo Mauro Mendes, e, como alertaram os próprios pesquisadores, “a confiabilidade de tais modelos depende fortemente da confiabilidade das fontes de informação”. Não bastasse isso, como qualquer graduando mediano sabe, pesquisas trabalham com evidências, não com vidências, portanto, traduzem tendências que “são aproximações da realidade” e servem aos governantes qualificados como recursos excelentes para prover políticas públicas adequadas à preservação da vida e da saúde pública.

 

Em segundo lugar, porque levantamento feito pelo Olhar Direto (21/07/2020) corrobora a proximidade dos estudos realizados pelo Informe Epidemiológico da UFMT com os números divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde, em que pese esses números, muitas vezes, apresentarem discrepâncias incompreensíveis, como no caso comparado dos dias 10 e 15 de julho, quando o número de óbitos foi reduzido em 16 municípios, apresentando subtração de 24 mortes no total. Parece-nos que nem o espírito de Mãe Dinah explicaria essas discrepâncias por parte da Secretaria subordinada ao Governador Mauro Mendes.

 

Desta maneira, a Associação dos Docentes da UFMT – Seção Sindical do ANDES Sindicato Nacional não somente parabeniza aos professores-pesquisadores que produziram este Estudo e repudia as declarações de Mauro Mendes, mas sugere ao Governador mais respeito pelo conhecimento científico e, se possível, um pouco de sabedoria para utilizar-se das pesquisas que a Universidade Pública tão competente e gentilmente coloca à sua disposição para ajudá-lo na sua gestão.

 

 

Associação dos Docentes da UFMT

Cuiabá, 22/07/2020