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Segunda, 22 Setembro 2025 16:14

Assembleia da Adufmat-Ssind encaminha ações sobre propostas de desmembramento de campus da UFMT Destaque

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Em assembleia geral realizada na última sexta-feira, 19/09, docentes sindicalizados a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso - Adufmat-Seção Sindical do Andes Sindicato Nacional debateram e encaminharam ações sobre as tentativas de imposição de desmembramento dos campi de Sinop e Araguaia. A assembleia, que contou com a participação da reitora Marluce Souza e Silva, explicitou que a comunidade acadêmica não partilha da proposta e, muito pelo contrário, teme o que pode ocorrer se esses desmembramentos forem efetivados da forma como estão sendo incentivados.

 

A plenária começou, como de costume, com os informes. Pela Diretoria, o professor Breno Santos falou sobre a semana de mobilização em Brasília, entre 22 e 26/09 contra a ameaça de votação de uma proposta de Reforma Administrativa (confira aqui a agenda completa). Os professores Einstein Aguiar, Maria Luzinete Vanzeler e José Domingues de Godoi Filho representarão o sindicato. Santos falou também sobre a abertura do processo de contratação de profissional de Comunicação (veja aqui), a denúncia de inefetividade das nomeações por cotas na UFMT (leia aqui) e convidou a categoria para o ato contra a PEC da blindagem (número 03/2021, assinada pelo deputado Celso Sabino - PSDB/PA), o Projeto de Lei que concede anistia àqueles que atentaram contra o Estado Democrático de Direito (PL 5064/23, assinado pelo senador Hamilton Mourão - Republicanos/RS), e a ameaça de votação de uma nova proposta neoliberal de Reforma Administrativa, que em Cuiabá ocorreu pela manhã, na Praça Cultural do CPA II – bairro popular localizado na região norte da capital mato-grossense.

 

Pelo Grupo de Trabalho Política e Formação Sindical (GTPFS), a professora Irenilda Santos fez um informe qualificado sobre a reunião nacional realizada no início do mês, cujos principais debates foram sobre a questão da Palestina e a nova ameaça de aprovação de Reforma Administrativa.

 

O professor Aldi Nestor de Souza lembrou que, no dia 19/09, o Brasil comemora o nascimento de Paulo Freire, patrono da educação brasileira e um pernambucano cujas ideias continuam incomodando o capital mesmo quase 30 anos após sua morte. O docente também compartilhou a experiência que viveu ministrando aulas para um curso no Centro de Formação e Pesquisa Olga Benário Prestes (Cecap-MT). “Na maior parte do tempo, nós costumamos trabalhar somente teoria na sala de aula. Foi a primeira vez que eu ministrei um curso para detentores dos meios de produção, pessoas que têm um pedaço de terra, produzem ali e vivem dessa produção. Quando a gente pega uma turma que aplica a teoria, é sensacional. Só me fez perceber mesmo que o que nós temos que fazer, enquanto trabalhadores, é tomar os meios de produção”, afirmou.

 

O estudante da UFMT, Alexandre Peixoto, informou aos presentes que está empenhando esforço pessoal em campanha para salvar o bosque que fica ao lado do Museu de Arte e Cultura Popular (Macp) e do Cine Coxiponés.

 

Por fim, a professora Marluce Souza e Silva falou sobre a reforma em andamento do prédio que abriga os institutos de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) e Geografia, História e Documentação (IGHD), entre outras obras que ficaram cerca de 12 anos paradas na UFMT e foram retomadas.    

 

Seguindo a máxima de que quem erra na análise de conjuntura, erra na tática e na ação, teve início o segundo ponto de pauta da assembleia. A análise de conjuntura foi bastante ampla, mas boa parte das intervenções girou em torno das movimentações mais recentes do Congresso Nacional que, tomado pela extrema-direita, tenta aprofundar ainda mais a pauta neoliberal, removendo direitos e abrindo mais espaço para os interesses econômicos particulares; a grande questão do debate, no entanto, foi como organizar a classe para responder a esses ataques.

 

“Está comprovado que qualquer esperança no governo de conciliação no Brasil já está fracassada. Estamos vivendo uma ofensiva brutal ao fundo público e aos direitos sociais, tudo rapidamente, em regime de urgência, enquanto nós enfrentamos a desmobilização por conta da rotina cada vez mais massacrante. Precisamos retomar o processo de reorganização da classe e os atos convocados para o domingo serão essenciais para isso”, afirmou o diretor geral da Adufmat-Ssind, Breno Santos.

 

A professora Lélica Lacerda concordou, acrescentando que a conjuntura, após a condenação dos golpistas, apresenta um cenário ainda mais polarizado. “O povo não se identifica mais com o Congresso e nós estamos diante de duas narrativas: uma que o considera um espaço desnecessário, que pode fechar - o que facilita uma postura ditatorial -, e uma segunda leitura, que seria a tomada desse espaço pelos trabalhadores. Para onde nós vamos? Precisamos superar o processo de cooptação da classe, porque as alternativas são ou neocolonialismo ou socialismo”, afirmou.

 

O professor Juliano Santos, de Sinop, também falou do esvaziamento dos espaços de luta, e da abertura da própria universidade para a lógica do mercado, além da influência concreta de organizações privadas.

 

Dialogar com a população sobre os efeitos concretos das investidas neoliberais no cotidiano, e também com a própria comunidade acadêmica da UFMT - que tem se deixado mover pela lógica mercadológica - foram as principais ações apontadas durante as intervenções.  

 

Sobre a proposta de desmembramento dos campi da UFMT, especialmente o de Sinop, cujo projeto caminhou na última semana (saiba mais aqui), o diretor-geral do sindicato começou falando que o encaminhamento do projeto do senador Carlos Fávaro causou preocupação, mas não exatamente surpresa, e prosseguiu afirmando que o texto não representa a vontade da comunidade.

 

Os professores da UFMT em Sinop repetiram que não houve diálogo, que a administração local se utiliza da relação contaminada com a Reitoria para fazer campanha pelo desmembramento como se fosse a única solução possível, e que está evidente que os interesses de grupos privados têm impulsionado a ideia de separação.

 

Causou surpresa a intervenção da atual reitora, que afirmou participar da assembleia na qualidade de docente sindicalizada. Ela fez ponderações acerca do pavor gerado no campus após andamento do projeto de lei, afirmando que, mesmo com a propaganda, um eventual desmembramento não deve ser tão simples, nem do ponto de vista econômico, nem do político e nem do jurídico. Segundo a docente, apesar das tratativas internas de 2008, que transformaram o Centro Pedagógico do Norte Mato-grossense em campus e a diretoria local em Pró-reitoria, não é esse o entendimento do próprio Ministério da Educação (MEC). “Nós estamos preparando um relatório para desconstruir toda a narrativa criada em Sinop: vamos comprovar que o campus foi o mais beneficiado nos últimos anos e que suas fragilidades não são causadas pela administração de Cuiabá. Além disso, nós temos resposta do MEC de que não está autorizada a criação de nenhuma universidade esse ano. Pode mudar em 2026? Sim, mas, até do ponto de vista jurídico, não me parece que seja um processo tão simples”, afirmou a reitora, se comprometendo a compartilhar amplamente o documento assim que finalizado.

 

Após longo debate, concluindo que refletir sobre multicampia é refletir sobre o próprio futuro da universidade, os presentes encaminharam: pautar a multicampia a partir de outubro, nos debates preparatórios para a assembleia universitária que marcará os 55 anos da UFMT; atualizar os dados e fazer circular o documento elaborado pelo Grupo de Trabalho Multicampia e Fronteiras da Adufmat-Ssind (leia aqui); levar esse debate, juntamente com os dados levantados pela administração e pelo próprio GT para eventos presenciais também nos campi de Sinop e Araguaia; realizar uma assembleia da Adufmat-Ssind em Sinop na segunda quinzena de outubro, com a presença de docentes de Cuiabá, Várzea Grande e do Araguaia; estabelecer parceria entre o GT Multicampia e Fronteiras e Reitoria para elaboração da Resolução de Multicampia (que ainda não existe na UFMT); solicitar à administração da universidade que reforce o pedido de publicização das agendas das representações dos campi junto a políticos, para identificar eventuais solicitações de desmembramento à revelia da comunidade.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Ler 30 vezes Última modificação em Segunda, 22 Setembro 2025 16:21
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