Terça, 13 Abril 2021 15:16

 

Araraquara (SP) adotou lockdown total por 10 dias e viu casos reduzirem

 

Enquanto o governo Bolsonaro segue afirmando que “não vai ter lockdown”, mesmo diante do completo descontrole da pandemia no Brasil e escalada de mortes, é cada vez maior o coro de especialistas e instituições sanitárias que aponta que a medida é a única forma de deter a disseminação da Covid-19.

 

A Fiocruz voltou a afirmar nesta semana que o Brasil precisa adotar imediatamente um lockdown nacional por, pelo menos, duas semanas, para deter a escalada da pandemia no país. Segundo a instituição, só a restrição total na circulação de pessoas pode interromper a disseminação da Covid-19.

 

Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz alerta que o mês de abril pode ser pior que março, o mês mais fatal desde o início pandemia, que teve mais de 66 mil óbitos registrados.

 

Esta semana, ultrapassamos a marca de 345 mil óbitos e foi registrado mais um recorde macabro de mortes diárias, com 4.211 vidas perdidas nesta quinta-feira (8). Atualmente um em cada três mortos pela doença no mundo é brasileiro (a).

 

O levantamento da Fiocruz mostra que o vírus Sars-CoV-2 e suas variantes permanecem em circulação intensa em todo o país. Segundo os pesquisadores, foi observado ainda um novo aumento da taxa de letalidade, de 3,3% para 4,2%. Este indicador se encontrava em torno de 2,0% no final de 2020.

 

Os pesquisadores da Fiocruz avaliam que esse crescimento pode ser consequência da falta de capacidade de se diagnosticar, correta e oportunamente, os casos graves, somado à sobrecarga dos hospitais.

 

Outros especialistas

 

A mesma posição vem sendo expressada por diversos especialistas nos últimos dias. O infectologista norte-americano Anthony Fauci, responsável pela força-tarefa dos EUA contra a Covid, em entrevista à BBC News, disse que “não há dúvida de que medidas severas de saúde pública, incluindo lockdowns, têm se mostrado muito bem-sucedidas em diminuir a expansão dos casos” e que o Brasil precisa avaliar a medida.

 

“Você não precisa fazer um lockdown sem prazo pra acabar, mas, se restringir a circulação e garantir que todos usem máscara, você não terá pessoas se reunindo em ambientes fechados como em restaurantes e bares, e isso diminui o número de casos”, disse.

 

O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e um dos fundadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que por várias vezes já defendeu a medida, concordou com o especialista norte-americano. “Tenho plena concordância com o doutor Fauci, ele está correto ao propor que este momento, enquanto nós esperamos as vacinas, é um momento precioso que nós não podemos perder de vista. Temos que conseguir fazer o possível para que as medidas de afastamento e isolamento social ocorram para diminuir o número de casos, nós temos um número explosivo de casos e esse número terá consequências terríveis”, avalia o sanitarista em entrevista à agência de notícias Sputnik Brasil, que alerta ainda que em até três meses o país pode alcançar o número de 500 mil mortos.

 

O médico epidemiologista César Victora, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), também emitiu a mesma opinião, lembrando que o fechamento rígido gerou resultados positivos em outros países.

 

Conselho Nacional de Saúde vai ao STF por lockdown

 

Entidades de saúde, que compõe o Conselho Nacional de Saúde (CNS), recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que um lockdown nacional por 21 dias ainda este mês, acompanhado por auxílio emergencial “adequado para a população”, seja decretado pelo governo Bolsonaro.

As entidades ajuizaram uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) em que alegam a inação do governo federal “em adotar as medidas restritivas necessárias ao enfrentamento da crise sanitária”, atribuindo a esse fato “a escalada do número de mortes em todo o território nacional e ao completo colapso do sistema de saúde”.

 

Desde o ano passado, a CSP-Conlutas vem defendendo que a adoção do lockdown, com garantia de auxílio emergencial aos trabalhadores e pequenos empresas, é fundamental para controlar a proliferação do novo coronavírus.

 

Para a Central, o negacionismo de Bolsonaro, mas que também é seguido por vários governadores e prefeitos, é o responsável pelo genocídio e pela crise econômica no país. Mesmo os poucos governos que determinaram medidas de restrições ainda está muito aquém do necessário, pois são medidas parciais que não resolvem o problema.

 

Em resoluções da Coordenação Nacional e no Programa Emergencial dos Trabalhadores, elaborado pela Central, a defesa é para que todas as atividades não-essenciais sejam paralisadas para deter a circulação da Covid-19, juntamente com outras medidas como vacinação gratuita pelo SUS para todos(as), já; quebra das patentes; estabilidade no emprego; entre outras medidas.

 

Em março, o epidemiologista Gonzalo Vecina participou da reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas e falou sobre o tema. Clique aqui e Confira.

 

 

Fonte: CSP-Conlutas

 

Sexta, 26 Março 2021 18:19

 

 

 

Nesta quarta-feira (24), o país totalizou 300 mil mortes por Covid-19, consolidando a lamentável posição de epicentro mundial da pandemia. Os números são alarmantes e não deixam margem para qualquer dúvida sobre o descontrole da disseminação do vírus no Brasil.

 

A média diária de casos e mortes é recorde há várias semanas e a escalada de casos fatais demonstra a velocidade com que a doença está se espalhando e matando.

 

Do primeiro caso registrado oficialmente em 12 de março de 2020, passaram-se 149 dias para que alcançássemos 100 mil mortes. Para registrar 200 mil vidas perdidas transcorreram 152 dias. Já a assombrosa marca de 300 mil óbitos foi alcançada apenas 76 dias depois.

 

Segundo o mais recente Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 Fiocruz, ocorreram, em média, 73 mil casos diários e 2 mil óbitos por dia na última semana epidemiológica analisada (14 a 20 de março de 2021). O número de casos cresce a uma taxa de 0,3% ao dia e o número de óbitos aumentou para 3,2% ao dia, um ritmo ainda maior do que o das semanas anteriores.

 

“O cenário é preocupante, pois indica que pode estar havendo uma situação de desassistência e falhas na qualidade do cuidado prestado para pacientes com quadros graves de Covid-19”, comentam os especialistas.

 

“A incapacidade de diagnosticar correta e oportunamente os casos graves, somado à sobrecarga dos hospitais, em um processo que vem sendo apontado como o colapso do sistema de saúde, pode aumentar a letalidade da doença, dentro e fora de hospitais”.

 

A instituição destaca que o cenário nacional não é apenas de crise sanitária, mas também humanitária, considerando todos os seus impactos, com aumento da miséria.

 

 

É urgente adoção de lockdown por 14 dias

 

A Fiocruz orienta a adoção imediata de medidas rígidas de bloqueio no Brasil, com restrição de todas as atividades não-essenciais, o lockdown, por 14 dias. O prazo é considerado como o tempo mínimo para a redução efetiva das taxas de transmissão e da pressão sobre os sistemas de saúde.

 

Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, o coordenador do Observatório Covid-19 Fiocruz, o professor Carlos Machado, alertou que se o lockdown de 14 dias não for adotado de forma coordenada por todas as esferas, o país chegará à 5 mil mortes por dia no final de abril. Segundo o especialista, o lockdown, para ser eficiente, tem que durar de 14 a 21 dias.

 

“Esse é o tempo que demora, em média, para os sintomas se manifestarem de forma clara e evidente e, no caso dos casos mais graves, que haja a evolução da doença. Ou seja, se fecharmos tudo hoje, nos próximos 15 dias ainda teremos casos surgindo porque as pessoas já tinham se infectado. A experiência em Araraquara [que decretou lockdown] nos mostra que cinco dias após o fechamento, ainda havia aumento de 12% nos casos de internação. Eles só conseguiram reduzir em 40% a transmissão do vírus no 17º dia do lockdown. Essas medidas deram certo também em outros países. Mas precisa de tempo para funcionar. Se adiarmos mais uma semana, aumentaremos muito o número de mortes”, afirmou.

 

Ampliação do auxílio emergencial e lockdown já

 

Diante do colapso no país e pressionado, Bolsonaro faz cena de uma suposta mudança de postura, mas segue mentindo descaradamente como fez no pronunciamento em rede nacional de TV na última terça-feira, dizendo que seu governo “sempre combateu a pandemia”.

 

A CSP-Conlutas defende o lockdown e que a medida seja garantida com pagamento de auxílio emergencial de um salário mínimo para trabalhadores desempregados, informais e autônomos, bem como apoio aos proprietários de pequenos negócios.  “É preciso que os governos garantam renda para que, de fato, a população fique em casa”, disse o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da Central Atnágoras Lopes.

 

“Ao mesmo tempo, é preciso pressão para que o governo Bolsonaro, de fato, atue para garantir vacinas em doses suficientes para imunizar toda a população brasileira imediatamente”, disse.

 

“Somente a mobilização popular pode derrotar a política genocida deste governo e defender a vida e os empregos”, afirma o dirigente.

 

Fonte: CSP-Conlutas

Segunda, 01 Março 2021 10:20

 

 

Em defesa da Vacina Pública e Gratuita para todo(a)s

Contra o retorno presencial das Escolas, Universidades, Institutos Federais e Cefet sem prévia vacinação de todo(a)s

 

Ao completar um ano desde o primeiro caso registrado de Covid-19, o Brasil teve as maiores médias móveis de óbito e casos de toda a pandemia. Desde o início de 2021, a situação da pandemia no país só piora, em contraste com os resultados efetivos que estão sendo atingidos na maior parte do mundo. Em 1º de janeiro, na média móvel semanal, o Brasil tinha 5.9% dos casos e 6.3% dos óbitos mundiais (o que já era excessivo, para um país que tem 2.8% da população mundial e conta com um Sistema Único de Saúde que poderia nos colocar em condições radicalmente distintas). Hoje o Brasil concentra 13.5% dos casos e 12.5% dos óbitos mundiais. A média móvel de óbitos diários é de 1.150, a mais alta desde o início da pandemia. Sabemos, ademais, que a pandemia atinge de forma desigual a população, afetando mais intensamente as parcelas periféricas, majoritariamente o(a)s negro(a)s e pardo(a)s. Simultaneamente, muito(a)s do(a)s que propagam discursos negacionistas são aquele(a)s menos exposto(a)s aos riscos e que contam com mais recursos.

Esta situação trágica não é fruto do acaso, mas resultado lógico de um conjunto de políticas negacionistas, de opções deliberadas do governo Bolsonaro, que estimula a contaminação, utilizando-se dos mais diversos recursos: disseminação de inverdades, restrição dos testes, minimização dos riscos, propagação de medicamentos comprovadamente ineficazes, comemoração dos “recuperado(a)s” e omissão das sequelas, desestímulo ao uso de máscaras, sabotagem das medidas de contenção, estímulo a aglomerações, e muitos outros absurdos. Isto se comprova em inúmeras pesquisas recentes, como a do Lowy Institute (Austrália), que concluiu que o governo brasileiro é o pior do mundo no combate à pandemia, e o relatório Direitos na Pandemia (Conectas/FSP-USP), que demonstra que Bolsonaro executou uma política deliberada de propagação do vírus. Esta política nitidamente genocida foi desenvolvida em nome da “proteção à economia”, pretendendo atingir a “imunidade coletiva” impulsionando a contaminação da maior parte da população. Na realidade, a transmissão descontrolada não gerou imunização coletiva, mas, ao contrário, produziu mutações potencialmente mais transmissíveis e possivelmente mais letais, como é o caso da variante P1. A continuidade desta política é uma ameaça à vida do(a)s brasileiro(a)s e também uma ameaça planetária, já que coloca em risco todo o esforço mundial de imunização.

Neste contexto, é compreensível que exista muita confusão, dúvida e angústia. As medidas de mitigação (colocadas em prática por governos estaduais e municipais no início da pandemia e retomadas parcialmente agora) são fragmentadas e insuficientes, e não configuram efetivamente um lockdown. Pior, muitas vezes restringem-se à administração da pandemia, limitando-se a buscar uma redução momentânea dos contágios enquanto se ampliam os leitos hospitalares. É necessário ter uma política de contenção efetiva. Nenhum país do mundo teve êxito no combate à pandemia sem uma política nacionalmente coordenada. Não é possível seguir tolerando um governo negacionista, que banaliza a morte.

Existem inúmeras experiências que mostram que um lockdown efetivo, nacionalmente organizado, é capaz de impedir a transmissão comunitária. É o caso de inúmeros países, como China, Taiwan, Nova Zelândia, Austrália, Tailândia e muitos outros. Isto inclui até mesmo países com muito menos recursos econômicos do que o Brasil, como é o caso do Vietnã, que com uma população que é quase a metade da brasileira, registra apenas 35 óbitos, tem um índice de mortes por milhão três mil vezes menor que o brasileiro.

A superação da pandemia só é possível por meio da imunização coletiva produzida pela vacinação em massa. No entanto, as desastrosas opções políticas do Ministério da Saúde tornam este objetivo cada vez mais distante. É urgente que novos contratos de compra de vacina sejam firmados, que se defenda a quebra das patentes das vacinas e que se acelere o processo de vacinação. Mas não é possível esperar. No ritmo atual da vacinação, levaríamos 2 (dois) anos para vacinar apenas os grupos emergenciais estabelecidos no Plano Nacional de Vacinação (77.219.259). A imunização só é efetiva se o ritmo de vacinação for mais rápido do que a contaminação! Do contrário, o mais provável é que surjam novas variantes que inclusive podem tornar as vacinas existentes ineficazes.

O retorno às aulas sem a prévia vacinação é um completo absurdo. Em poucos dias, são nítidos os efeitos desastrosos da reabertura de uma parte das escolas, ainda que tenham ocorrido especialmente em escolas privadas, supostamente mais preparadas para “seguir os protocolos”. Não apenas registram-se inúmeros óbitos de professore(a)s, mas mais do que isto, a reabertura das escolas atinge estudantes e familiares, e por isto é imprescindível interromper a transmissão comunitária antes. O Ministério da Educação, alinhado com a perspectiva do negacionismo e com a cumplicidade de interventore(a)s colocado(a)s em reitorias, pretende impor a retomada das aulas sem controle prévio da pandemia, como evidencia a Portaria nº 1.038 de 7 de dezembro de 2020.

Estamos à beira do colapso generalizado da saúde, com 15 estados com mais de 90% de ocupação hospitalar. Não é possível esperar um dia a mais, é necessário estabelecer imediatamente um rigoroso lockdown nacionalmente coordenado. Isto significa o estabelecimento de rigorosas medidas voltadas à redução da circulação, em todo o território nacional e por tempo suficiente para produzir uma radical diminuição do número de casos ativos. Para que tais medidas sejam viáveis e efetivas, é indispensável que sejam acompanhadas pela prorrogação da Renda Emergencial e sem a redução dos valores, de forma a garantir a sobrevivência com dignidade de todo(a)s o(a)s brasileiro(a)s.

 

Fora Bolsonaro e Mourão!

Vacina Pública e Gratuita para todo(a)s! 

Lockdown já!

 

 

Brasília (DF), 27 de fevereiro de 2021.

Diretoria Nacional do ANDES-SN