Quinta, 31 Outubro 2024 16:48

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Texto de autoria da Profª Clarianna Martins Baicere Silva.



Assédio institucional
Ocorre nas instituições privadas e públicas
Em todas as esferas
Federal, estadual e, especialmente, na municipal
Os gestores conhecem todo mundo, a fofoca corre solta e o famoso "manda quem pode" é normal
Pode afetar a coletividade, mas é sentida em primeira pessoa,
No individual.
É uma coisa muito dura
Está infiltrada em toda a estrutura
O abuso de poder, a sociedade machista, racista e patriarcal
Vamos meter a colher nessa cumbuca
Trazer à luz o debate
Entendendo que o problema é estrutural.
Os abusadores vão dizer que é complicado
Que é mi-mi-mi
Que é arapuca
Não tenha medo, tudo que é novo assusta!
Não tem nenhum mistério
Precisamos assumir que a violência institucional é um problema sério
Que adoece a vítima
Que apodrece a instituição
Que, por problemas de gestores e de gestão, acaba caindo em descrédito por incapacidade para lidar com a situação
Vou lhe explicar, preste atenção!
A violência institucional ou praticada pela instituição
Se dá pela negação à justiça ou reparação, tratamento desigual ou discriminação,
Omissão ou negligência,
Por falta de protocolos, política institucional de enfrentamento, 
Canais de denúncia que funcionem com eficiência
Reafirmando aos abusadores sua intangibilidade por falta de jurisprudência
É uma pouca vergonha essa omissão por conveniência
E a coitada da vítima, 
Esgotada, adoecida e injustiçada,
De tanta dor, acaba do mundo desacreditada
Porque pelo abusador foi violentada, pela instituição, revitimizada e, pelos pares, julgada.
Só pelos pares, mesmo, porque a Justiça...
Reforçando nela a crença de que denunciar não adianta de nada
É melhor ficar isolada, aguentar tudo calada
Porque eu tive muito trabalho e acabei exposta e mal falada.
Até de louca fui chamada
Minhas amigas, de porta recado utilizadas
Como diz o velho ditado: "para bom entendedor meia palavra basta!"
Quero ir embora sem olhar para trás, mas não posso.
Cheguei até a pensar na própria vida dar um fim
Até que um dia encontrei um lugar para mim.
Achei outras que, como eu, foram violentadas
Compartilhamos nossas dores
Ainda não estamos curadas
Mas estamos organizadas
Ressignificando a injustiça e a raiva
Lutando para que ninguém mais passe por tamanha desgraça
Queremos não apenas justiça, mas reparação histórica nessa bagaça!
Não vamos recuar um milímetro, porque a fé noutra realidade possível é meu escudo, a dor é a minha couraça e a minuta que construímos, minha espada.
Chega de violência, chega de ser revitimizada!
Enquanto gritamos "nenhuma a menos"
Os conselhos não falam nada.
Coloca a minuta em pauta:
Esse silêncio é violência institucionalizada.

Clarianna Martins Baicere Silva

Segunda, 02 Setembro 2024 15:13

 

A Adufmat-Ssind convida toda a comunidade acadêmica para o debate “Então tá, vamos conversar sobre assédio na UFMT?”, que será realizado na próxima quarta-feira, 04/09, a partir das 14h. O encontro será híbrido, presencialmente no auditório da Adufmat-Ssind e também pelo GoogleMeet (assista aqui).

As convidadas para debater o tema são a advogada, mestranda em Política Social da UFMT e presidenta da Associação de Pós-graduandos da instituição (APG-UFMT), Priscila Stella, a professora da UFMT e diretora da Adufmat-Ssind, Clarianna Martins da Silva, e também a professora Thiélide Pavanelli, diretoria da Associação dos Docentes da Unemat (Adunemat- Seção Sindical do Andes-Sindicato Nacional).

O debate abordará as propostas que estão sendo debatidas no âmbito da construção de uma política para combater todos os tipos de assédio dentro da universidade. Também serão ponto de pauta da próxima assembleia do sindicato, já convocada para a quinta-feira, 05/09.

Não perca, participe e contribua!

Sexta, 01 Julho 2016 13:07

 

 

O saguão do Instituto de Linguagens (IL) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) sediou, na manhã de terça-feira, 28/06, uma roda de conversa sobre assédio moral e institucional. A atividade foi organizada pelo Grupo de Trabalho de Política e Formação Sindical (GTPFS) da Adufmat-Seção Sindical do ANDES-SN, como parte de uma agenda prévia para a construção de uma campanha contra o assédio moral na universidade.

 

Convidada para facilitar o diálogo, a professora Marluce Sousa e Silva, do Departamento de Serviço Social, falou um pouco sobre as experiências de estudantes do curso que pesquisam o tema. Depoimentos coletados pelo grupo demonstram que os casos de assédio envolvendo docentes podem estar relacionados a situações com outros colegas, mediante relação hierárquica ou não, bem como com discentes e técnicos administrativos.  

 

A lógica capitalista de competitividade é uma das grandes responsáveis pelos casos de assédio entre colegas na UFMT. “As relações de trabalho, também dentro da universidade, são temerosas. Há uma grande desconfiança entre os pares. Um grupo de pesquisa pode significar uma ameaça a outro grupo de pesquisa, porque conseguiu publicar e o outro não”, criticou a docente. As forças políticas dentro da instituição também são marcas geradoras de conflitos.

 

O encontro para debater assédio moral também foi motivado pela proposta de alteração à Resolução do Consepe 158/10, que dispõe sobre as normas para distribuição de encargos didáticos segundo o regime de trabalho dos docentes. “Nós elaboramos e aprovamos no Consepe um calendário para debater as alterações na Resolução 158. Essa atividade, que a Adufmat-Ssind realiza hoje, é necessária para nos ajudar a pensar como direcionar as discussões sobre distribuição dos encargos, de forma que essa Resolução não sirva como mais um instrumento de opressão na universidade”, disse Silva.

 

As estudantes que participam da pesquisa, orientadas pela docente, relataram que boa parte dos casos de assédio afetam as mulheres. Geralmente os abusos começam com pequenos comentários, que ao longo do tempo se tornam insuportáveis para as vítimas. Em decorrência dessas relações, a busca por atendimento médico e psicológico é bastante grande. Entre os homens, a vergonha de reconhecer a condição de assediado dificulta o registro da violência.       

 

Membro do GTPFS da Adufmat-Ssind, a professora Vanessa Furtado falou que muitos docentes acabam recorrendo ao álcool ou a outros tipos de drogas para fugir das violências sofridas cotidianamente no ambiente de trabalho. “Eu sou do Departamento de Psicologia, e sei o quanto é comum as pessoas individualizarem esse sofrimento. Mas uma das coisas que a gente precisa começar a pensar é: por que não coletivizar essa dor, se ela é provocada aqui, nesse ambiente coletivo?”, questionou a docente.

 

Para o professor Luiz Alexandre Freitas, também do Departamento de Psicologia, para cada caso notificado de assédio moral registrados na pesquisa, outros dez devem estar ocultos, no mínimo. Estudioso da área, Freitas também acredita que a solução para essas práticas está no enfrentamento coletivo, e não na individualização. “O receio de falar, o medo e a vergonha de se expor transforma um problema que é coletivo em individual”, afirmou.

 

Ainda sobre o medo e a vergonha de denunciar o assédio, Freitas mencionou o que seria uma “ideologia da vergonha”, que funciona como mecanismo de submissão, e recitou um poema de Maiakovski: Na primeira noite, eles se aproximam, roubam uma flor do nosso jardim, e não dizemos nada; na segunda noite já não se escondem, pisam nas flores, matam nosso cão, e não dizemos nada; até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E aí já não podemos dizer mais nada. “A ideologia da vergonha nos arranca nossa voz, que é um dos mecanismos de luta mais importantes que nós temos”, concluiu o professor.

 

O docente registrou, ainda, atos de censura que não eram tão diretos nem durante a ditadura militar no Brasil. Como exemplo, relatou a história de um docente que foi chamado por colegas para “explicar” por que estava utilizando bibliografia de conteúdo marxista no curso.          

 

Além dessa roda de conversa, o GTPFS da Adufmat-Ssind trabalha outras ações relacionadas ao tema para auxiliar no levantamento de informações sobre os casos de assédio dentro da UFMT. Uma delas é a disposição de um questionário, que pode ser preenchido sem a identificação do participante. Para responder o questionário, clique aqui.    

             

Acompanhe o canal da Adufmat-Ssind no youtube e assista, na íntegra, esse e outros debates promovidos pelo sindicato com temas de interesse dos docentes e demais trabalhadores.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind