Segunda, 13 Março 2023 13:42

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Aldi Nestor de Souza*


 

 

Há quem diga que a parte mais importante de um congresso, seja qual for o congresso, é a que se dá nos bastidores: as conversas de café, os intervalos,os encontros casuais. Essa é a parte viva dos eventos, o motor de ideias novas, o formulador de novas pautas, o combustível da transformação. Não sei se isso é verdade. De todo modo, começo o repasse, que dividirei em três partes, do 41º Congresso do Andes –SN, que aconteceu em Rio Branco, no Acre, de 6 a 10 de fevereiro de 2023, justamente pelo relato de uma conversa de bastidor.

Um papo com um velho amigo, antigo professor, que me deu aula na graduação, lá em Mossoró-RN e que estava no 41º Congresso, durou todo o congresso. E ainda dura. Foi uma alegria sem tamanho encontra-lo. À base de muito café e de várias e longas conversas, atualizamos um pouco os assuntos da terra do sal e que expulsou Lampião, da capital do agronegócio e da fila do osso, da conjuntura nacional. Em meio a isso, ele, que aprendeu álgebra na USP e capotaria no bairro Auto São Manuel em Mossoró, perguntou se eu poderia ler e opinar sobre um artigo que acabara de escrever. Disse que sim.

Álgebras de Colombeuau é o abrigo geral onde vive a especificidade de sua pesquisa. Colombeau é francês, vive no Brasil e trabalha na USP há alguns anos. Os reflexos de suas álgebras podem ser notados em diversas regiões do Brasil. De Mossoró, passando por Campina Grande, São Paulo, Interior de Minas, Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sul e Sudeste, enfim, todas as regiões do Brasil estão impregnadas por elas.

Mas foi ali, no calor da terra de Chico Mendes, numa terra marcada pelas mais abissais contradições, numa terra em que quase 80 por cento das pessoas votaram em Bolsonaro, que tive meu primeiro, inesquecível  e irreparável contato com elas.

Em entrevista concedida à UNICAMP, em 2016, Jean-François Claude Colombeau disse, não conseguindo esconder um certo orgulho e felicidade, (ver os minutos 19:40 a 21:40 da entrevista a seguir) https://www.facebook.com/watch/?v=1807003736284419, que suas álgebras, particularmente no que se refere a Multiplicação de Distribuições, foram usadas no início dos anos de 1980, pelo exército francês, para melhorar a qualidade de seus blindados. Disse ainda, na mesma entrevista, que um novo tipo de tiro havia sido desenvolvido naquele período e que tinha a potência de ultrapassar qualquer blindado com até 50 cm de espessura. Esse tipo de tiro, sentenciou,“tinha o poder de fazer com que todos os blindados do exército soviético fossem jogados na lata do lixo”. Colombeau ainda acrescentou que sua teoria seria utilizada pela marinha francesa, especificamente para a melhoria dos submarinos.

A sensação foi a de um turbilhão à queima roupa. O ANDES se divorciando da CSP Conlutas, instrumento de luta que ajudou a construir, e as álgebras de Colombeau, que muito provavelmente influenciaram no destino da guerra fria, lado a lado, disputando cada minuto de minha atenção e capacidade de compreensão e reflexão.

O estudo do meu colega, como acontece com toda pesquisa em matemática pura, é sorrateiramente atemporal, sem sujeito, sem lugar, sem sociedade, sem crise, sem guerra, sem tiro. É uma álgebra com qualquer outra. Uma estrutura matemática com cara de neutra.

Como diz Alfred SohnRethel no seu Trabalho Intelectual e Trabalho Espiritual, no capítulo A Matemática Como Limite entre Cabeça e Mão,

“ pela matematização a ciência do novo tempo comparte sua qualificação com o conceito de valor da economia das mercadorias, a cujos interesses ela serve direta e indiretamente. Como sua igualdade de origem com o capital e seu modo de produção está completamente obscurecida para os detentores da ciência, estes se regozijam pela independência imaginária da motivação de seu pesquisar em sua era clássica com base na universalidade de sua forma conceitual e sua distância ideal do capital.”

Diversas questões se levantaram desse episódio. Por exemplo, Quão profunda foi a valorização do valor que essas álgebras proporcionaram aos aliados da França  na guerra fria? Terá sido esse um golpe de misericórdia no conflito? Como um capoteiro, um homem que recuperava sofás velhos na periferia de Mossoró, tem acesso e contribui com o aprimoramento dessas álgebras? Os descendentes de Colombeau, espalhados de Norte a Sul do Brasil tem ideia da bomba que carregam nas mãos? É a matemática a rainha da alienação?

O 41º congresso do ANDES aprovou ajuda financeira para o povo Yanomami, que há décadas sofre com o avanço da mineração e do desmatamento em seu território. As notícias mais recentes sobre esse povo sãos as de morte por fome sendo transmitidas ao vivo, em rede nacional. Um horror. Além da doação, o 41º Congresso fez também um caloroso debate sobre o tema. As álgebras de Colombeau, por óbvio?, não participaram do debate. Mas acho que deveriam fazê-lo. Porque, afinal de contas, os temas são inseparáveis. De nada adianta doar uma quantia em dinheiro para um povo indígena que perece de fome e dar de bandeja uma pesquisa de ponta, publicada em inglês e numa revista internacional, para fortalecer ainda mais o capital dos impérios que nos sufocam.

Disse a meu colega que o que acontece com a ciência em geral e a matemática em particular, para gente como nós, habitantes da periferia do mundo, é algo digno de muito cuidado. A quem servimos? Qual a finalidade de nossas pesquisas? O que pesquisamos ajuda a entender nossa posição nesse mundo? Nunca é demais lembrar que o Brasil, como bem disse Darcy Ribeiro, é um moinho de moer gente.


*Aldi Nestor de Souza é professor do Departamento de Matemática da UFMT-CUIABÁ e membro do GTPFS-ADUFMAT; e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

Sexta, 17 Fevereiro 2023 20:39

 

 

Na última sexta-feira, 10/02, o Andes – Sindicato Nacional encerrou as atividades do 41º Congresso da categoria, realizado em Rio Branco – AC. Para as seções sindicais como a Adufmat-Ssind, no entanto, o trabalho está apenas começando. Após toda a discussão a aprovação das lutas destacadas para este ano, há uma série de ações que, agora, precisam ser colocadas em prática.    

 

Além das centenas de propostas de atuação para todos os setores – diretorias e todos os grupos de trabalho que funcionam na base do Andes-SN e das seções - a plenária final do evento aprovou 24 moções. Elas representam a posição dos congressistas com relação a temas de interesse da categoria, como repúdio à administração da UFPE pela suspensão de novas bolsas, à ação de despejo impetrada pela reitoria da UFMS contra a Seção Sindical de Docentes da UFMS (Adufsm SSind); e à instauração do Processo Administrativo Disciplinar, movido pelo MEC, contra docentes da Universidade Federal Fluminense (UFF), por votarem a favor do reenquadramento de Técnicos Administrativos em Educação da UFF; repúdio ao descumprimento sistemático da Lei 12.990/14 (reserva de vagas para a população negra em concursos públicos); repúdio ao leilão de imóveis da UFRJ e à contaminação do meio ambiente pelos agrotóxicos nas aldeias da Reserva Xerente (TO).

 

Não só as direções das associações docentes, mas os grupos de trabalho voltados à comunicação e arte (GTCA), história do movimento docente (GTHMD), assuntos de aposentadoria e seguridade social (GTSSA), formação política e sindical (GTPSF), políticas de classe para questões de gênero, etnicorraciais e diversidade sexual (GTPCEGDS), política educacional (GTPE), carreira (GT Carreira), ciência e tecnologia (GTC&T), políticas agrárias, urbanas e ambientais (GTPAUA), verbas (GTVerbas) e fundações (GTFundações) também tiveram encaminhamentos direcionados, incluindo a realização de eventos, cartilhas, entre outros.      

 

O 41º também foi de encontros e possíveis despedidas, especialmente para a Adufmat-Ssind. Enquanto a professora Loana Cheim, atual diretora sociocultural da seção sindical, deu seus primeiros passos no maior espaço deliberativo de sua categoria, o professor Waldir Bertúlio, militante histórico e um dos fundadores da Adufmat-Ssind, avaliou se já não é hora de reduzir a carga de trabalho.  

 

Primeira vez no Congresso

 

Sindicalizada desde 2009, mas pela primeira vez à frente do sindicato, a professora Loanda Cheim destacou a dinâmica de trabalho do 41º Congresso do Andes como uma das principais experiências, pois estava temerosa. “A dinâmica de trabalho é muito fácil de se assimilar e o comprometimento de quem veio é impressionante. É cansativo, mas quem veio está de dedicando em tempo integral, até o momento que for necessário. Os temas em debate eu nem preciso ressaltar a importância, não é? Eu vim temerosa em relação a não conseguir acompanhar as atividades. Mas a dinâmica é trabalhosa e cansativa, mas não tem nada de complexo. E a partir do momento que você está aqui e se dedica às atividades, ela é fácil de acompanhar”.

 

Para a docente, a oportunidade é de aprendizado. “Estou tendo uma oportunidade de avançar muito politicamente, amadurecer para poder contribuir”.

 

A preocupação, no entanto, passou de um nível a outro. O trabalho, agora, será implementar o que foi discutido e aprovado, considerando a rotina pesada dos encargos didáticos e outras funções que a categoria assume para além do ensino, pesquisa, extensão, como gestão e representações diversas.

 

 

“Quem está no sindicato, como representante do sindicato ou atuante nas ações do sindicato, não tem esse trabalho reconhecido. Então, na nossa rotina, realmente é complexo esse processo de você contribuir, dar prosseguimento a tudo que é discutido aqui e implementar. Envolve dedicação, tempo e energia. Sobrecarrega mais ainda porque somos um grupo pequeno na prática, atuando, apesar de mais de 1300 sindicalizados, no caso da Adufmat-Ssind. O que eu já observo com pouco tempo de sindicato como representante, é que são as mesmas pessoas, salvo algumas que vêm por interesse em determinado tema”, pontuou.

 

A docente destaca, ainda, que um grande desafio é aproximar a base. “Nesses momentos a gente pode demonstrar o quanto o sindicato precisa da participação da categoria. Se há mais pessoas atuando, mesmo que fazendo críticas sobre o que pode ser diferente, esse movimento só vai contribuir. E só é possível mudar a partir do momento que cada um vier trabalhar naquilo que quer propor. Eu espero ser uma dessas pessoas”, afirmou Cheim.

 

Questionada sobre que recado daria aos docentes que ainda não se aproximaram do sindicato, a professora é direta: o sindicato está aberto à participação de todos. “Muitas pessoas argumentam que é um grupo fechado, sempre o mesmo grupo, mas é um grupo receptivo para coisas novas. Eu sei que quem não está presente de forma frequente pode sentir receio de não ser recebido, mas o sindicato tem pessoas em níveis diferentes, politicamente. Eu sou um exemplo disso. Tenho muito ainda para amadurecer, mas quando você demonstra vontade de trazer algo que vai contribuir, isso vai ser muito bem recebido”, concluiu.

  

Uma vida inteira de dedicação

 

Waldir Bertúlio tem 75 anos. Seu primeiro Congresso do Andes-SN foi em 1991 (10º), em Curitiba, não porque estava ingressando naquele momento no magistério superior, mas porque havia sido exonerado do cargo, perseguido pela ditadura militar.

 

“Em Curitiba nós propusemos a criação do GT de Etnias. Foi o primeiro criado e naquele congresso, em 1991. Fizeram a proposição, inclusive com o nome de um professor da Universidade de Santa Maria, que também era militante do Movimento Negro, como eu. Nós tínhamos participado da fundação do Movimento Negro Unificado em 1978, os antecedentes já eram bastante expressivos dentro da luta contra o racismo. E o GT prossegue. Veio nessa caminhada com um grupo de homens e mulheres e custou um bom tempo para que a gente pudesse ter uma consolidação da sua formatação”, lembrou.

 

Bertúlio era professor da Universidade Federal de Mato Grosso e foi um dos fundadores da Adufmat-Ssind em 1978. Na época, embora houvesse interesse de toda a categoria em criar uma entidade que defendesse seus direitos, a defesa da democracia, contra a ditadura militar, não agradava a todos.

 

 

“Nós retornamos depois da anistia, mas eu fui contra, porque nós não estávamos cometendo crime algum. Participei praticamente de todos os congressos do Andes. Essa escalada veio em função de uma luta política consequente eticamente mantida dentro dos limites do que defendemos como universidade pública, gratuita, leiga, de qualidade. E isso que construiu a nossa caminhada dentro da Associação de Docentes”, afirma.  

 

No Acre, o professor completou 31 participações em Congressos do Sindicato Nacional e demonstra disposição para a luta, fazendo parte, inclusive, de uma das chapas inscritas para disputar a direção da entidade. “A vinda ao Acre foi extremamente importante, principalmente acontecendo em um momento de bastante baixa participação dos docentes nas agendas do sindicato, que é um fenômeno nacional. É certo que há dificuldade de professores novos adentrarem à luta sindical, mas nesse momento nós tivemos alguns professores novos, como já vem acontecendo recentemente, vindo para os congressos e condenados, mas especialmente para os congressos. Eu entendo que os embates resultam de uma disputa de forças estruturadas em redor da estrutura de poder do Andes. O que nos preocupou e preocupa muito a perspectiva do que nós defendemos com o princípio desde os tempos iniciais da luta, da luta sindical, do movimento docente, que é a autonomia a governos, a partidos. Isso é essencial”, comentou.

 

O docente destacou ainda a luta salarial deste ano, já em andamento, e a importância de articular com movimentos sociais, como foi indicado em diversas aprovações, inclusive pelas disputas políticas com a parte majoritária do agronegócio destrutivo, que tem imposto políticas ambientais regressivas que o governo Bolsonaro não só estimulou, como também agiu, desativando ou anulando órgãos estratégicos de fiscalização.

 

“Nós vencemos a ultradireita na eleição, cerca de 14 a 18% da população brasileira que se aliou a Bolsonaro. Estivemos junto com o Lula, mas nós temos uma história política desde a entrada dos governos do PT, que já em 2003 causou um confronto muito grande por conta da primeira Reforma da Previdência. Depois, em 2013 novamente, e outros fatos que ocorreram nesse percurso, que o Sindicato Nacional que as organizações docentes estiveram no enfrentamento daqueles que retiravam direitos não só da categoria, mas de toda a população brasileira”, disse.

 

Mas após três décadas de atuação, Bertúlio avalia, agora, se já não é hora de reduzir a participação presencial nos eventos. “Vou trabalhando agora os limites de uma doença que me afeta, que é a artrite reumatoide. Eu tenho que ter um cuidado extremamente rigoroso. Minha família, minha companheira, todos ficam muito preocupados quando eu viajo, porque se eu não seguir com rigor as recomendações que são necessárias, desde a alimentação, eu posso ter problemas. É um desgaste mesmo, natural. Tomei todos os cuidados necessários, mas, de repente, pode aparecer uma crise, e aí me dificulta muito. Eu teria que nem mais participar das atividades. Eu gostaria muito de continuar na luta política, e com certeza na base da Adufmat-Ssind eu vou estar permanentemente. A minha perspectiva de participar desses eventos é de poder ver gente retomando a participação do professorado, trazendo gente nova”.

 

Tal qual a companheira de profissão de delegação no 41º Congresso do Andes-SN, Loanda Cheim, com diferentes experiências políticas, os olhares se entrelaçaram. Os dois diagnósticos dialogam: é preciso envolver a categoria na luta do sindicato.

 

Como Cheim, Bertúlio deixa seu recado aos docentes que ainda não se aproximaram da luta sindical. “Nós temos que ceder lugar e somos responsáveis para que nasçam novas lideranças, o que não tem ocorrido a nível nacional. É preciso que nós tenhamos isso como um horizonte político extremamente importante, tanto que eu tenho feito questão de vir sempre como observador. Eu não me escrevo para ser delegado. Eu acho que a competência da gente é trazer quanto mais gente jovem conosco. É essa geração que vai garantir a continuidade da nossa luta”.

 

GALERIA DE IMAGENS DO 41º CONGRESSO DO ANDES-SN

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 17 Fevereiro 2023 10:48

 

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Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Alair Silveira
Profa. Depto. Sociologia e Ciência Política
Profa. PPGPS/ICHS
Membro MERQO/CNPq
Membro GTPFS/ADUFMAT/ANDES-SN
 

 

            De longínquos tempos, ensina o ditado popular que uma andorinha não faz verão.O ANDES-SN, apesar dos seus mais de 40 anos, parece ter regredido quanto à compreensão das consequências da solidão sindical. Afinal, no 41º Congresso Nacional, realizado em Rio Branco/AC, entre os dias 06 e 10 de fevereiro/2023, ratificou decisão do 14º CONAD Extraordinário; isto é, deliberou pela desfiliação da CSP-Conlutas. Placar de 262 votos favoráveis, 167 contrários e 07 abstenções.
            Mais do que um balanço da atuação da CSP durante o período em que o ANDES-SN esteve filiado à Central, os delegados do 41º Congresso nortearam suas críticas sob uma contraditória argumentação que oscila entre declarações sobre uma experiência que [supostamente] se esgotou, acusações de erros sobre política nacional e internacional, e rechaços quanto ao radicalismoisolacionismo e hegemonismo.
            Como o GTPFS foi pródigo na recuperação da história, das disputas políticas em torno da CSP e nos esclarecimentos quanto aos instrumentos de luta dos trabalhadores ao longo da Série Organização e Filiação Sindical, além da análise que publiquei recentemente no Espaço Aberto n. 01/2023 (02/02/2023), irei me ater somente aos episódios evidenciados no 41º Congresso.
            Primeiramente, há que se registrar a profunda contradição entre a acusação de isolacionismo da Central e a decisão congressual, na medida em que o ANDES-SN, a partir da saída da CSP, torna-se um sindicato bastante sui generisa) aprova uma longa e abrangente pauta de reivindicações, mas, ao mesmo tempo, delibera por manter-se sem vínculo a qualquerCentral durante tempo indeterminado;b) reclama do hegemonismo do PSTU, mas, ao mesmo tempo, reflete as disputas partidárias organizadas dentro do Sindicato; c) declara acúmulo de discussões sobre o assunto e, ao mesmo tempo, aprova a desfiliação para fazer a discussão com a based) reafirma seu compromisso e solidariedade de classe, mas, ao mesmo tempo, reclama da organização popular e sindical da classe dentro da Central; e) denuncia a estrutura organizativa da CSP, mas, ao mesmo tempo, também foi protagonista do seu Estatuto e tem assento na Coordenação Geral; f) rechaça a política nacional e internacional aprovada em Congresso da Conlutas, mas, ao mesmo tempo, é criterioso quanto ao cumprimento dos ritos e deliberações congressuais do próprio ANDES-SN; g) defende a democracia, mas, ao mesmo tempo, evidencia dificuldades em conviver com o resultado das decisões com as quais têm diferenças; h)proclama a luta das ruas, mas, ao mesmo tempo, demostra particular preferência pelas lutas institucionais; enfim...
            Não bastasse o isolamento organizacional objetivo a partir dessa decisão congressual - enquanto discute amadurece os rumos do Sindicato -, o ANDES-SN também aprofundou determinadas práticas e tendências que remetem a uma espécie de refundação: 1)o recurso da ADUFMAT (aprovado em Assembleia) contra a expulsão de Reginaldo Araújo sequer foi para discussão em Plenária, apesar de pedido de esclarecimento à Mesa da Plenária (alertando para a gravidade e ineditismo do processo);2) as manifestações pautadas pelo identitarismo tomaram proporções impressionantes, numa avalanche que desconsidera princípios básicos do classismo e da democracia.
            Em ritmo acelerado, o ANDES-SN tem se transformado em um Sindicato intolerante, retoricamente classista, objetivamente discriminador e politicamente persecutório. De maneira sintética, esse Congresso se transformou na síntese dos três ‘T’: Terrível, Triste e Trágico.
            Para sustentar minha análise (para além do que já expus em diversas oportunidades), registro quatro ocasiões deploráveis: (a) no Tema I (Conjuntura), um companheiro de longa data (e luta) iniciou sua intervenção pedindo desculpas àquelas/es que, de alguma forma, tivesse ofendido no 40º Congresso[1]. Apesar da intervenção ter iniciado com o pedido de desculpas, algumas mulheres se levantaram e viraram as costas, em clara manifestação de repúdio. Na sequência, inúmeras mulheres e homens seguiram-nas, em profundo desrespeito ao companheiro, desconsiderando não somente o direito de expor seu ponto de vista, mas expondo sua profunda intolerância para com o contraditório e a divergência.
            Qual o fundamento da hostilidade? “Assediador”. Por que? Porque exigiu retratação de uma “mulher”. Não por acaso, a mesma mulher que no 65º CONAD foi denunciada, publicamente, por assédio a outra companheira. Essa denúncia, entretanto, não prosperou.
            Na abertura de outro turno de atividades, homens fizeram uma manifestação, empunhando cartazes contra o machismo e o assédio. Para essa manifestação também não faltaram mulheres reclamando o lugar de fala...
            Sob algumas circunstâncias, o ANDES parece ajustar-se mais ao nome de OLHES, dada a intensidade com que olhares hostis e/ou constrangidos se expressam contra aqueles/as que julgam “inimigos” da pauta de luta contra as opressões.
            Triste, Trágico, Terrível! Vamos nos esfacelando aos poucos...
            Assim foi, inclusive, quando da informação, em Plenária, sobre(b) supressão do TR da ADUFMAT. Embora a expulsão seja inédita na história do ANDES-SN e o processo que redundou em punição tenha sido eivado de problemas (especialmente pelos procedimentos e elucidação dos fatos), a exclusão do companheiro Reginaldo Araújo foi ratificada sem qualquer discussão! Mesmo assim, euforia e palavras de ordem contra machistas e assediadores foram entoadas na Plenária. Puxadas, inclusive, por companheiras que atuam na própria Seção Sindical que aprovou Recurso em Assembleia Geral.
            Mas, as tragédias não encerraram aí: outros dois episódios lamentáveis compõem esse Relatório. No último dia, (c) outro sindicalizado experimentou a revolta de muitos, após usar uma expressão inadequada e infeliz, típica do seu tempo histórico. Objeto de muitas manifestações furiosas e emocionadas, o professor precisou se comprometer em usar seu tempo para retratação (exigência da Mesa) para poder fazer uso da palavra. Inaugurando uma prática inadmissível sob qualquer ótica democrática (em que a Mesa arbitra a concessão da palavra mediante censura prévia), o docente não apenas pediu desculpas pela expressão infeliz, mas, também, esclareceu que ele próprio é homossexual. Seu questionamento tinha por objetivo, tão somente, discutir a recomendação para composição de chapas, nas Seções Sindicais, observando representação de gênero, raça, LBGTQIAP+ etc.
            Desta forma, um dos primeiros organizadores do Movimento Gay na Bahia (muitos anos atrás) foi – mais uma vez – julgado sem qualquer diálogo, tolerância ou respeito às trajetórias políticas pessoais. Trata-se da consolidação de uma prática sindical que interdita a fala divergente, é intolerante com aquele que pensa e/ou manifesta-se fora dos padrões linguísticos estabelecidos pelos movimentos militantes, desconhece a história e a dedicação sindical dos companheiros e, por fim, tem um senso persecutório inacreditável.
            Nesse processo de descolamento da história e de presunção de inovação pelo engajamento pessoal, o ANDES-SN vai cindindo-se e, por óbvio, se fragilizando e se desconhecendo. Mais grave ainda: vai perdendo a capacidade de se reconhecer como categoria que compõe uma classe heterogênea, cujos inimigos não estão na classe, mas fora dela.
            Para coroar esses eventos terríveis, trágicos e tristes, próximo do encerramento do 41º Congresso, (d) uma professora denunciou ter sido assediada por um homem. Esse homem, no caso, era um estudante indígena da UFAC. Descontrolado, esse estudante provocou situações graves e constrangedoras.
            O impressionante, contudo, foi a reação de uma diretora bastante atuante nas causas identitárias contra opressões. Diferentemente das posturas habituais para com quaisquer denúncias e intervenções, a Diretora não apenas defendeu uma posição educativa e não punitivaem razão do estudante ser indígena, senão que sugeriu que aqueles que o retiraram do ambiente buscavam uma espécielixamento, classificando a demanda por chamar a Polícia como uma atitude escravagista. Mais uma vez, repetiu-se a lógica dos dois pesos e duas medidas.
            No mais, o 41º Congresso Nacional do ANDES-SN aprovou uma extensão pauta de lutas, majoritariamente reiterou expectativas no Governo Lula e, por fim, apresentou as quatro chapas em disputa para as eleições à Direção Nacional, que ocorrerão na primeira quinzena de maio/2023.

 

[1] No 40º Congresso, em POA, DilenoDustan foi encaminhado para Comissão de Ética ao exigir retratação da ex-dirigenteEblinFarage (após intervenção desta, que foi considerada por ele desrespeitosa para com companheiros/as sobre a pandemia).

Quinta, 16 Fevereiro 2023 16:08

 

O Acre acolheu o 41º Congresso do ANDES-SN entre os dias 6 e 10 fevereiro de 2023, num momento ímpar para fortalecer a luta em “Defesa da Educação Pública e a Garantia dos Diretos da Classe Trabalhadora”.

O que conhecemos hoje como Estado do Acre surge para o sistema mundo europeu ocidental, dentro do conceito de expansão fronteiriça, na segunda metade do século XIX. Para o colonialismo euro/brasileiro, essa parte da Amazônia era vista como terra a ser conquistada, sendo a natureza e os humanos que a habitavam como obstáculos a serem removidos. Nossa historiografia trata como desbravadores, conquistadores, pioneiros, aqueles que movidos pela ganância, pela motivação de acumular riquezas, trouxeram o ecocídio e o genocídio para a natureza e as populações originárias da região.

A resistência permitiu que cem anos depois, nas décadas de 1970/1980 do século XX, as populações originárias remanescentes se juntassem a seringueiros, coletores de castanhas, ribeirinhos, mateiros, caçadores, pescadores e pequenos produtores que também foram submetidos à exploração de suas forças de trabalho pelo capitalismo expansionista. Dessa união surgiram os “povos da floresta”, articulação necessária para fortalecer suas lutas e manterem-se vivendo como gostam de viver.

A conquista de demarcação de terras indígenas e a criação de Reservas extrativistas são frutos desses processos, contudo, o capital mantém seus capatazes atentos para não parar os processos de destruição. Em sentido contrário, a luta para manter conquistas é também uma luta pela sobrevivência. A construção da unidade dessas diversas categorias, até aqui, permitiu sua existência, ainda que permanentemente ameaçada, especialmente no último período.

Assim, é fundamental reconhecer a importante derrota do Governo fascista nas urnas, num contexto de avanço da extrema direita mundialmente, que é funcional e atrelada ao projeto do Capital.

Aqui no Brasil não é e nem será diferente. O desafio de mobilizar e organizar as e os trabalhadores é imenso para barrar a ofensiva do capital e do fascismo. Espraia-se em todos os cantos e políticas, atenta contra a vida na materialidade da indissociabilidade entre a exploração e as opressões. No Brasil, o desafio para revogar as contrarreformas, a limitação do teto dos gastos sociais, o processo de privatização da Educação em curso, a reforma do ensino médio, o REUNI digital, somam-se a tantas outras, como a de garantir a exoneração do(a)s interventores(as) nas IES  o que fere de morte a democracia e autonomia universitárias.

Aprovamos o Plano de Luta Geral e dos Setores, com a continuidade da construção da campanha pela recomposição salarial a partir da avaliação de conjuntura e movimento docente debatidos em Plenária. Nas questões organizativas e financeiras destacaram-se a aprovação de ajuda humanitária ao povo Yanonami e a desfiliação do ANDES-SN da CSP-Conlutas.

Neste Congresso aprovamos o regimento eleitoral para a direção do próximo biênio (2023/2025). Foram lançadas quatro Chapas para concorrer à Direção do ANDESSN, que se realizará nos próximos dias 10 e 11 de maio do corrente ano. Momento especial, decisivo para qualificar as propostas e o debate de como enfrentaremos os desafios aprovados pela base neste Congresso e fortalecermos a unidade na luta.

E, nesse sentido, falando em desafios, permitam que essa Carta retrate os do último período. Este é o último congresso em que a atual direção estará junta. Atravessamos, até então, um dos períodos mais dramáticos de nossa histórica recente. Iniciamos essa gestão no decurso da pandemia de COVID-19 e num contexto de avanço da extrema direita, do negacionismo, de fake news bem como de aprofundamento de todo o tipo de preconceito, discriminação, perseguição, violência e ameaça de golpe. Setecentas mil pessoas morreram, amigos e amigas, familiares, colegas, alguns e algumas dele(a)s estariam aqui entre nós, com certeza. Não esqueceremos! Tivemos medo, adoecemos, trabalhamos em condições precárias. Não esqueceremos! Perdemos nosso amigo e funcionário do ANDES-SN, Marcos Goulart! Presente!!! Vivemos uma tragédia. Não podemos esquecer! Sobrevivemos e vamos honrar a memória de quem foi vitimado por um governo genocida! Não esqueceremos…

Lutamos pela vida, pelo direito à vacina! Enfrentamos e engavetamos, por ora, com nossa mobilização, a PEC 32 em unidade com outras categorias; mobilizamo-nos pela recomposição salarial! Estivemos e protagonizamos a campanha Fora Bolsonaro nas ruas e nas urnas, nacionalmente e nos estados. Organizamos a luta contra as intervenções nas IES, realizamos duas Campanhas Nacionais: “Em Defesa da Educação Pública” e “Universidades Estaduais e Municipais: quem conhece, defende”.

Contribuímos para eleger Lula no 2º turno e garantir a democracia, a vida e o direito de lutar. Mas, sabemos o quanto será necessário ficar atentos(as) e fortes! Revogar as contrarreformas e avançar em nossas pautas e agenda de lutas exigirá unidade, força e mobilização de nossa base.

Importante lembrar que neste período aprovamos realizar CONADs Extraordinários e reuniões deliberativas dos setores para que a democracia interna fosse assegurada durante o necessário isolamento social. A atual diretoria reuniu-se virtualmente por quase um ano antes do 40º Congresso, realizado em Porto Alegre (RS), quando muitos e muitas de nós pudemos nos conhecer e nos abraçar.

Aqui registramos o abraço a funcionárias e funcionários do ANDES-SN por toda a dedicação e apoio durante esse processo, bem como às seções que abraçaram nossos eventos nacionais. À ADUFAC, que nos acolheu com tanta responsabilidade e cuidado no 41º Congresso, nosso profundo agradecimento.

As cartas constituem-se como um registro histórico do contexto em que deliberamos nossa agenda de lutas e deixar esse reconhecimento é muito importante.

Por fim, o chamamento do 41º Congresso é o de reafirmarmos o lugar do ANDESSN de onde nunca saiu: das ruas, da independência e autonomia classista, contra todas as formas de exploração e opressões, em defesa da democracia, da educação pública e do trabalho docente.

Viva a luta da classe trabalhadora!

Viva a luta antirracista, antimachista, antilgbtqiap+fóbica, antifascista, viva a luta dos povos originários. Precisamos avançar muito!!!

 

VIVA O ANDES-SN

 

Rio Branco (AC), 10 de fevereiro de 2023

 

Segunda, 13 Fevereiro 2023 16:51

 

No plenária do Tema IV – Questões Financeiras e Organizativas do Andes  Sindicato Nacional, debatido na última semana durante o 41º Congresso, docentes de todo o país decidiram pela desfiliação da Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas), doação de R$ 200 mil ao povo Yanomami, regimento eleitoral para direção da entidade, entre outros temas. No evento, os presentes também conheceram as chapas candidatas para disputar o pleito.     

 

O debate sobre a saída ou permanência na CSP-Conlutas tomou boa parte do tempo. Foram 18 inscrições, entre favoráveis e contrários à permanência na central, cuja construção também ocorreu pelas mãos do Andes-SN.

 

De um lado, os favoráveis à permanência afirmaram que a saída significaria uma tragédia histórica, pois a iminência seria retornar para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), considerada traidora dos trabalhadores por não atuar como deveria em diversos momentos, com destaque para a as reformas da Previdência aprovadas por Lula (2003) e Dilma (2013).

 

Observador pela Adufmat-Ssind, o professor Waldir Bertúlio foi um dos inscritos para fazer a defesa da Central. Após contar sobre as perseguições políticas que viveu nas décadas de 1960 e 1970, afirmou que a CSP Conlutas nasceu do enfrentamento a peleguismos e perseguições, e que as críticas poderiam ser superadas na luta conjunta para a construção de uma central sindical autônoma.

 

Já os defensores da saída da central alegaram que a entidade se tornou segmentária e não dialoga efetivamente com a base, tomando posições que comprometem o avanço da luta. “Aos que estão prevendo o que ocorrerá com este sindicato nacional após a saída da CSP-Conlutas, o que eu tenho a dizer é que, se isso acontecer, este sindicato irá ou não para onde quiser, porque a decisão será da base”, afirmou o professor André Martins (SindoIF-SSind).

 

Ao final, foram 262 a favor da desfiliação, 127 contrários e 7 abstenções. Em seguida, a plenária aprovou que o Andes-SN deve realizar a edição de uma síntese de Seminário sobre Reorganização da Classe trabalhadora.

 

Outra questão importante da plenária foi a ajuda ao povo Yanomami. Além da importância de denunciar a situação causada pelas políticas neoliberais de ataques aos povos originários, a categoria aprovou a doação de R$ 200 mil.

 

Após a discussão e aprovação do Regimento Eleitoral das eleições sindicais deste ano, quatro chapas se inscreveram para disputar o pleito e, como de costume, foram apresentadas à plenária. A Chapa 1 será “Andes pela base: ousadia para sonhar, coragem para lutar, com o triunvirato formado por Gustavo Seferian (presidente), Francieli Rebelatto (secretária geral) e Jennifer Susan Webb Santos (1ª tesoureira). A Chapa 2, de nome “Andes-SN Classista e de Luta” apresentou os professores André Rodrigues Guimarães (presidente), Celeste Pereira (secretária geral) e Welbson do Vale Madeira (1º tesoureiro). A Chapa 3, denominada “Renova Andes”, tem nos principais cargos os docentes Luís Antonio Pasquetti (presidente), Eleonora Ziller Camenietzki (secretária geral) e Erika Suruagy (1ª tesoureira). Por fim, a Chapa 4, “Andes-SN classista: romper com a capitulação para lutar por salários, direitos e pelo socialismo” apresentou os professores Soraia de Carvalho (presidente), Raphael Góes Furtado (secretário geral) e Gisele Cardoso Costa (1ª tesoureira).

 

 Quatro chapas se apresentam para disputar a direção do Andes - Sindicato Nacional em 2023. Foto: Nattércia Damasceno 

 

Com relação à exclusão do professor Reginaldo Silva de Araújo, professor da UFMT e ex-dirigente da Adufmat-Ssind, sob acusação de assédio, o debate não foi realizado em plenária, pois o recurso da Adufmat-Ssind solicitando a reconsideração da decisão e formação de nova comissão para apuração dos fatos foi suprimido em todos os grupos mistos, enquanto o contrarrecurso da diretoria do Andes-SN, mantendo a exclusão indicada pelo 65º Conad, foi aprovado em todos os grupos. O estatuto do sindicato nacional prevê que, nestes casos, a proposta segue rejeitada/ aprovada direto, sem debate.

 

A delegada da Adufmat-Ssind, Alair Silveira, perguntou à mesa sobre a possibilidade de reconsideração da dinâmica, por se tratar de um caso relevante para a seção sindical, que aprovou o recurso em assembleia geral realizada em 28/07. A mesa, no entanto, reafirmou a aplicação estatutária. 

 

A plenária do Tema IV aprovou, ainda, a sede do próximo congresso. Os docentes do Ceará apresentaram a candidatura, que foi aclamada pela plenária. A Universidade Federal do Ceará (UFCE) será a anfitriã do 42º Congresso do Andes-SN, em 2024.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

 

Sexta, 10 Fevereiro 2023 21:45

 

Os docentes do ensino superior que estão reunidos em Rio Branco-AC desde segunda-feira, 06/02, para o 41º Congresso do Andes-SN, definiram o plano de lutas do setor das federais nesta quinta-feira (09).

 

As discussões em plenárias foram retomadas na tarde de quarta-feira, após um dia e meio de debates nos grupos mistos.

 

Entre os encaminhamentos aprovados para o Plano de Lutas dos Setores (debate do Tema II), mais especificamente do Setor das Federais, está a realização de uma campanha de “revogaço”, com início no mês de abril, para anular todas as medidas destrutivas de direitos da classe trabalhadora estabelecidas pelo Governo Bolsonaro, bem como as políticas neoliberais dos governos que atacam os serviços e servidores públicos, a exemplo das contrarreformas trabalhista e previdenciária. A campanha deverá ser articulada com os movimentos sindical, popular e da juventude, e promover a construção de ações de rua, redes, plebiscitos, panfletagens, paralisações, entre outras ações de mobilização.

 

Outros pontos importantes aprovados foram a priorização e intensificação das lutas pela revogação da Emenda Constitucional 95/16 - que estabelece um teto de gastos sociais, e pelo arquivamento da PEC 32, também em articulação com outras entidades dos servidores públicos e demais categorias de trabalhadores e estudantes. A indicação é de que seja construído um Dia Nacional de Luta no mês de março.

 

Com relação à pauta específica da categoria, o 41º Congresso aprovou a intensificação da luta pela recomposição orçamentária da educação pública federal para realização plena do Ensino, Pesquisa e Extensão, bem como a permanência dos estudantes. A revogação imediata da nomeação de todos os reitores interventores que não foram eleitos pelas suas comunidades acadêmicas e o fim da lista tríplice também são encaminhamentos aprovados pelos docentes. Para isso, o Andes-SN fará uma ampla campanha, com material gráfico e audiovisual, além de um encontro nacional das universidades sob intervenção ainda no primeiro semestre de 2023, estimulando o envolvimento de todas as seções sindicais nesta luta e articulando o encontro com ato e audiência no Ministério da Educação.      

 

Foram definidos, ainda, os eixos da campanha salarial deste ano, que já está em curso: reposição emergencial imediata das perdas salariais decorrentes da corrosão inflacionária, tomando como base o índice de 26,94%; recuperação das perdas históricas; política salarial permanente com valorização do salário-base e a incorporação das gratificações; definição da data-base em 1º de maio; valorização dos serviços e servidores públicos com reforço orçamentário, especialmente aos setores responsáveis pela formulação e promoção das políticas sociais.       

 

Outros encaminhamentos foram a atualização dos cadernos sobre precarização das condições de trabalho nas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) com o processo de sufocamento e contingenciamento orçamentários, o avanço do trabalho remoto, a plataformização do trabalho docente, as condições sanitárias, de saúde mental e de trabalho na realidade pós-pandemia e a retomada das atividades presenciais; mesa de negociação para revogação da Portaria do MEC 2117/2019 que define 40% da carga horária de Ensino à Distância para cursos presenciais em todas as áreas; lutar pela autorregulamentação do exercício do direito de greve e negociação coletiva entre servidores e órgãos governamentais atendendo às convenções internacionais das quais o Brasil é signatário; priorizar e intensificar a ação organizativa e de luta com os demais servidores federais, buscando construir uma pauta articulada com trabalhadores dos serviços públicos das três esferas federadas, incluindo trabalhadores estatais e terceirizados; pressão aos conselhos universitários para revogação das resoluções sobre desenvolvimento na carreira que retiram direitos docentes de acordo com suas especificidades, exigindo também que promoções e progressões sejam a partir da data em que se completa o interstício em termos financeiros e administrativos - inclusive no sentido de acúmulo de interstícios (progressões múltiplas) - para fins de concessão de progressão funcional em mais de um nível por vez incluindo retroativos, bem como a anulação dos efeitos resultantes destes atos normativos.         

 

Atos e visitas

 

 

O penúltimo dia do 41º Congresso do Andes-SN foi marcado por manifestações e visitas.

 

Logo no início da tarde, militantes do Movimento Negro realizaram um ato reafirmando a necessidade da luta antirracista e pela reserva de vagas a docentes negros em concursos públicos. A principal crítica é de que ainda não há representatividade, inclusive nos espaços sindicais.     

 

Em carta lida no auditório, o Movimento afirmou: “[Cuidar da pauta racial é tarefa e responsabilidade de todas, todos e todes intelectuais brasileiros que defendem a democracia, sobretudo aqueles que atuam na luta sindical. O antirracismo é condição de coerência. [...] Reivindicamos o compromisso político de cada um dos coletivos que compõem o ANDES para compor chapas eleitorais consoante a representatividade do povo brasileiro: - 58% de negros, 38% de brancos e 4% de indígenas, segundo o IBGE. Uma estratégia de reparação e superação do racismo estrutural aqui explicitado”. Na mesma plenária, os docentes aprovaram propostas para fortalecimento da luta pelas cotas nos concursos públicos e nas chapas que disputam a diretoria do sindicato nacional.  

 

 

 

Os congressistas também receberam a visita da governadora do Acre Mailza Gomes e do secretário de Estado de Cultura Minoru Kinpara (ex-reitor da UFAC). Ambos afirmaram apoio à Educação Pública e à valorização dos servidores públicos, no entanto, deixaram o auditório ouvindo manifestações contra a anistia dos bolsonaristas envolvidos na destruição do patrimônio público no dia 08/01, em Brasília, e contra o próprio Bolsonaro, candidato apoiado por Gomes nas últimas eleições.

 

 

 

Mais tarde, a visita foi de Ângela Mendes, filha do seringueiro e sindicalista Chico Mendes, assassinado em dezembro de 1988 como retaliação pela sua luta em defesa da floresta e seus povos. Aclamada pela plenária, a convidada saudou a todos e demonstrou ter herdado do pai a paixão pelas lutas sociais. “Esse ano vamos comemorar 35 anos do legado de Chico Mendes. Sim, comemorar. Fazem 35 anos que ele foi assassinado, mas é como dizem, quem atirou em Chico Mendes errou o alvo, porque ele continua mais vivo do que nunca”.       

 

 Veja aqui a Galeria de Imagens do 41º Congresso do Andes-SN. 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind  

Terça, 07 Fevereiro 2023 18:26

 

Durante a plenária de abertura do 41º Congresso do ANDES-SN, na segunda-feira (6), foi lançada a edição 71 da Revista Universidade e Sociedade, com o título “As contrarreformas no Brasil: a educação pública na resistência aos ataques neoliberais”. A publicação semestral é um importante instrumento de divulgação e formação do Sindicato Nacional.

A revista, distribuída a todas e todos participantes e disponível também em versão digital, traz artigos contemplando temas como o novo Ensino Médio; políticas neoliberais, trabalho remoto; habitação popular no Brasil; análises sobre a dimensão da participação social; pandemia, negacionismo e fake news; ação solidária na pandemia. A revista conta ainda com um texto sobre o pintor e ilustrador José Lanzellotti, com uma fotorreportagem com imagens da luta da categoria docente, ilustrações e poemas.

Foto: Nattércia Damasceno 

Jennifer Webb Santos, 3ª tesoureira do ANDES-SN e integrante da comissão editorial da publicação, afirma que a revista é um instrumento de luta do sindicato. “Essa revista é do ANDES-SN e também de todos e todas nós. É nossa responsabilidade dar a ela qualidade acadêmica e colocá-la no centro das nossas produções, das nossas pesquisas e do que produzimos na universidade. Precisamos valorizar a nossa produção”, disse.

Também fazem parte da diretoria executiva deste número, Elizabeth Barbosa, 1ª vice-presidenta da Regional Rio de Janeiro; Luiz Blume, 3º secretário do Sindicato Nacional; e Neila de Souza, 1ª vice-presidenta da Regional Planalto.

41º Congresso

O 41º Congresso do ANDES-SN começou na segunda-feira (6), em Rio Branco (AC), com o tema central "Em defesa da educação pública e pela garantia de todos os direitos da classe trabalhadora". Até sexta-feira (10), as e os mais de 600 docentes participantes irão debater e deliberar sobre as ações e pautas que orientarão as lutas da categoria no próximo período.

O evento ocorre na Universidade Federal do Acre (Ufac), sob a organização da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac - Seção Sindical). Pela primeira vez, o congresso do Sindicato Nacional acontece na capital acreana.

Acesse aqui a edição 71 da Revista Universidade e Sociedade e outras edições

 

Fonte: Andes-SN

Terça, 07 Fevereiro 2023 16:23

 

 

A terra de Chico Mendes é a sede do 41º Congresso do Andes – Sindicato Nacional em 2023, que começou nessa segunda-feira, 06/02, em Rio Branco - AC. Com o tema “em defesa da educação pública e garantia dos direitos da classe trabalhadora”, o evento, maior espaço de debate e deliberação da categoria docente, tem o objetivo de nortear as lutas que serão travadas neste novo ano.

 

No primeiro dia, os quase 650 participantes anunciados pela organização abriram o congresso trazendo suas perspectivas de debates, instalaram oficialmente o evento a partir do estabelecimento das principais regras, e refletiram sobre a conjuntura política nacional e internacional.

 

Para André Valuch, do Fórum Sindical e Popular da Juventude, um evento do tamanho do 41º Congresso, com mais de 600 participantes se deslocando até a região Norte do país, demonstra que a categoria está mobilizada para enfrentar uma das principais lutas deste ano: a recomposição salarial dos servidores públicos federais, cuja mesa de negociação será aberta oficialmente nesta terça-feira, 07/02.

 

Outros representantes que fizeram parte da mesa de abertura avaliaram que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi uma grande vitória da classe trabalhadora contra o bolsonarismo, mas isso não significa que o novo governo será, de fato, simpático às demandas dos trabalhadores. Como o próprio presidente eleito afirmou já nos primeiros dias do seu novo mandato, será preciso pressioná-lo para obter qualquer avanço.

 

“Ainda é preciso enfrentar o bolsonarismo e pressionar o novo governo para impor as pautas da nossa classe, como a revogação do Teto de Gastos, do Novo Ensino Médio e a recomposição imediata das bolsas Capes e CNPq. Todas as pessoas que produzem ciência neste país, que constroem conhecimento, devem ser consideradas trabalhadoras”, disse a representante estudantil Amanda Dornelles, do Movimento por uma Universidade Popular (MUP).

 

A representante das mulheres seringueiras do Acre, primeira a presidir um sindicato de trabalhadores rurais do Brasil, no município de Xapuri, foi ainda mais direta: “não podemos ter qualquer ilusão, não há governos de esquerda dentro do capitalismo”, defendeu.

 

Margarida Aquino Cunha, reitora da Universidade Federal do Acre (UFAC), local onde o evento foi realizado, destacou que o novo governo já oferece, ao menos, uma abertura ao diálogo com as universidades, o que não ocorria desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016.

 

O representante da CSP-Conlutas - central a qual o Andes-SN é filiado e deve decidir sobre a permanência ou desfiliação neste congresso -, Paulo Barela, destacou o cenário de efervescência política, reconhecendo a derrota de Bolsonaro nas urnas como fato importante, mas também evidenciando alguns dos desafios. “Há que se comemorar a derrota do genocida, mas manter a autonomia frente a governos na defesa dos nossos direitos, como salários, redução do importo de renda para os trabalhadores e aumento para os grandes conglomerados econômicos, além da revogação de todas as contrarreformas, trabalhistas e previdenciária, inclusive as realizadas anteriormente, como a de 2003, feita pelo primeiro Governo Lula”.       

 

A presença da população indígena foi forte na abertura do 41º Congresso do Andes-SN. Além das apresentações culturais, promovidas pelo grupo Canto e Encantos, das mulheres indígenas Yawanawa da Terra Indígena do Rio Gregório, entre outros, a professora Nedina Luiza Yawanawa, deu boas-vindas aos participantes. “Estou feliz de compartilhar de um congresso tão grande, onde se pode refletir sobre a educação. O caminho para se destruir uma sociedade é, antes, a destruição da educação. Nós vivemos agora um momento de esperança, mas não está resolvido”, afirmou, declarando em seguida a satisfação com a possibilidade inédita de participação institucional direta da população indígena nas decisões de um governo.       

    

A presidente do Andes-SN, Rivânia Moura, iniciou seu discurso declamando um poema de Chico Mendes. “No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”. Em seguida, contextualizou o aprofundamento dos ataques ao meio ambiente e aos povos originários dos últimos quatro anos, citando os casos de total abandono do povo Yanomami e do último indígena da etnia Tanaru, que morreu isolado em 2022 – ambos na região amazônica.   

 

Moura lembrou das várias lutas da categoria que enfrentou, nos últimos anos, uma pandemia e a falta de respeito de um governo que não demonstrou qualquer disposição para dialogar. “O Andes-SN construiu todas as lutas do último período. Nós fomos a primeira categoria a voltar para as ruas em 2021, ainda na pandemia. Amanhã será instalada uma mesa de negociação, que não é pouca coisa depois de um período em que não houve sequer o respeito de receber os servidores, mas essa mesa exige mobilização”, enfatizou.

 

Os servidores públicos federais reivindicarão uma recomposição de 27% em caráter emergencial. O percentual inclui apenas as perdas dos últimos quatro anos. “Nossa categoria tem diversas perdas históricas e diferenciadas, que em alguns casos ultrapassam o 40%”, disse a presidente do Andes-SN, acrescentando que o site do sindicato nacional disponibilizou uma ferramenta para que cada professor realize seu cálculo (clique aqui).  

 

A Adufmat-Ssind está presente no 41º Congresso do Andes-SN com 10 delegados e cinco observadores: Leonardo Santos (indicado pela Diretoria), Clarianna Silva (indicada por Sinop), Paula Gonçalves (indicada pelo Araguaia) e, pela ordem de votação em assembleia geral realizada no dia 15/12, Alair Silveira, Maria Clara Weiss, Loanda Cheim, Maelison Neves, Aldi Nestor de Souza, Maria Luzinete Vanzeler e José Domingues de Godoi, como delegados, e Onice Dall’Oglio, Haya Del Bel, Marlene Menezes, Waldir Bertúlio e Breno dos Santos, como observadores.

 

No período da tarde, os presentes refletiram sobre a conjuntura nacional e internacional a partir de textos propostos por diferentes grupos políticos na Plenária do Tema I.

 

Nos três períodos desta terça-feira, 07/02, os trabalhos estão sendo realizados em grupos mistos, divididos em 15, sobre os temas II e III (Planos de Lutas dos Setores e Plano Geral de Lutas, respectivamente), também pautados pelos textos enviados ao Caderno de Textos (leia aqui) e Caderno Anexo (leia aqui). O tema IV, Questões Organizativas e Financeiras, serão debatidos nos grupos mistos na manhã de quarta-feira (8). O resultado dos debates realizados nos grupos será novamente debatido nas plenárias, que serão retomadas na tarde de quarta-feira.

 

Clique aqui para ver a Galeria de Imagens do 41º Congresso do Andes-SN.  

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind  

Quinta, 02 Fevereiro 2023 16:49

 

Evento com mais de 600 pessoas acontecerá de 6 a 10 de fevereiro na Universidade Federal do Acre (Ufac) 

 

A cidade de Rio Branco (AC) receberá a partir da próxima segunda-feira (6) o 41º Congresso do ANDES-SN. O evento acontecerá até dia 10 de fevereiro na Universidade Federal do Acre (Ufac), sob a organização da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac - Seção Sindical). Essa é a primeira vez que o congresso do Sindicato Nacional é realizado na capital acriana. 

Com o tema central “Em defesa da educação pública e pela garantia de todos os direitos da classe trabalhadora”, o encontro deve reunir ao menos 600 professoras e professores de universidades federais e estaduais, institutos federais e cefets de todo o Brasil.

Instância máxima de deliberação da categoria docente, o 41º Congresso tratará de pautas importantes da categoria como carreira e reajuste salarial, financiamento das Instituições Públicas de Ensino, adoecimento docente, ensino remoto, entre outras, além de temas da conjuntura nacional e internacional da luta da classe trabalhadora.

Neste 41º Congresso, também serão apresentadas e inscritas as chapas que disputarão o processo eleitoral para a próxima diretoria do ANDES-SN. A votação ocorrerá nos dias 10 e 11 maio, em todo o território nacional. As professoras e professores eleitos estarão à frente da entidade durante o biênio 2023/2025.

Arte e cultura

Além do debate político e das deliberações que orientarão a luta da categoria docente para o próximo período, o 41º Congresso também apresentará aos e às docentes de todo o país a arte e cultura da região Norte. O encontro terá atrações como o grupo "Cantos e Encantos Yawanawa", composto por mulheres do povo Yawanawa, originárias da Terra Indígena do Rio Gregório; as exposições de artes visuais “Fábulas das Ilusões Felizes” e “Vestígios inversos e poéticas das ilusões felizes”, do artista Danilo De S’Acre; a mostra fotográfica "O trabalho a céu aberto na Amazônia pandêmica", das professoras Letícia Helena Mamed e Eurenice Oliveira de Lima, da Ufac; entre outras. 

Acompanhe a cobertura do 41º Congresso do ANDES-SN, a partir de segunda (6), nas redes sociais e no site do Sindicato Nacional.

 

Saiba mais

ANDES-SN divulga anexo do Caderno de Textos do 41º Congresso

 

Fonte: ANDES-SN

Quarta, 01 Fevereiro 2023 14:15

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