NOTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE AO SINTEP MT: QUEM LUTA, EDUCA - Vinícius dos Santos
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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Publicamos a pedido do professor Vinícius Machado Pereira dos Santos.
Em resposta ao espaço aberto que mostra uma foto de um grupo de pessoa em uma plantação de soja celebrando uma visita a uma fazenda de um dos maiores Latifundiários do Brasil, encaminho a Nota do MST em apoio a greve dos Professores do Mato Grosso.
PS: A foto mostra uma plantação de soja bem verdinha, coisa que só se encontra no estado até o final de dezembro, portanto é uma fake news?!
NOTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE AO SINTEP MT: QUEM LUTA, EDUCA
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST de Mato Grosso, vem, por meio desta nota, reafirmar apoio e solidariedade aos/as trabalhadores/as da educação pública do Estado de Mato Grosso que estão em luta há quase dois meses, pelos direitos do povo de MT, especialmente da classe trabalhadora, para que se possa ter uma educação pública, gratuita e de qualidade, e para isso é necessário que tenhamos escolas dignas e que os/as trabalhadores/as da educação sejam respeitados/as e valorizados/as.
O Governador Mauro Mendes e seu vice, Otaviano Pivetta, através de suas intransigências e intolerâncias, tem se mostrado verdadeiros protótipos do governo Bolsonaro quando se trata das leis que protegem os trabalhadores/as. A Secretária da Educação, Senhora Marioneide, nada mais tem sido do que “a cereja do bolo” (desde quando estava no governo anterior) servindo apenas de enfeite, pois todos nós sabemos que são os dois Senhores feudais dos tempos modernos que negociam para comandar a pasta da educação, conforme os seus interesses privados, os interesses dos empresários da educação e do agronegócio. Estes Senhores não têm demonstrado nenhuma intransigência quando se trata de conceder e concordar com os privilégios aos privilegiados de Mato Grosso.
Estes Senhores feudais modernos são entreguistas, antipatriotas, capatazes das empresas estrangeiras que levam toda a nossa riqueza, deixando aqui apenas a destruição ambiental, o envenenamento do solo, da água, do ar, da fauna e flora que ainda resistem. E ainda, deixam aqui os miseráveis do campo e das cidades nas filas do desemprego, amontoados em bairros e comunidades rurais precários ou nas cadeias, quando não morrem pelas mãos do agronegócio, do tráfico organizado ou pelas mãos armada do Estado.
Este Senhores feudais modernos do Governo de Mato Grosso têm sido covardes ao usar de recursos públicos para financiar a imprensa, jornais e programas de televisão, utilizando, de forma mais baixa, mentiras relacionadas à greve, a dados de salários dos professores e maquiando as contas públicas para falsear a arrecadação do Estado e dizer que estamos em crise. Este Estado nunca esteve tão bem na economia. O fato é que eles continuam dando privilégios a eles mesmos e seus pares. Continuam sugando os cofres públicos através de incentivos fiscais para os privilegiados, que são as empresas estrangeiras do agronegócio (empresas dos venenos), os fazendeiros (Pivetta, Maggi e outros), as empresas de mineração (Mauro Mendes e outros) e tantos outras empresas que se enriquecem com a exploração do povo mato-grossense e acabando com as nossas riquezas naturais, como o cerrado, a amazônia e o pantanal.
Aos/as combatentes em greve, saibam que estamos orgulhosos de vocês. Estão dando uma das melhores aulas de suas vidas para a sociedade de Mato Grosso, especialmente para os demais servidores públicos que estão na tática de ficar quieto achando que não serão atingidos pelas políticas dos protótipos do governo Bolsonaro.
Nossos/as professores/as estão dando uma bela aula de enfrentamento ao Estado/agronegócio, com as mais variadas formas de lutas na tentativa de sensibilizar este governo que não tem mostrado nenhuma sensibilidade com os/as trabalhadores/as da educação pública e para com todos os estudantes e suas famílias que estão sendo atingidas pela greve devido a arrogância deste Governo de negar direitos adquiridos. Isso é típico de uma burguesia que governa com a cabeça nos EUA e Europa e de costas para o Brasil, fazendo aqui as suas merdas.
Estimados/os companheiros/as, QUEM LUTA, EDUCA, pois coloca a nu os problemas que não são mostrados pela maioria da imprensa mercenária que temos em MT. Uma imprensa que aceita o papel de alienar o povo, colocando cortinas de fumaça para que o povo não veja os responsáveis por sua miséria. Esta é a melhor aula de nossas vidas pois mostra quem de fato oprime o povo.
Conclamamos a toda sociedade mato-grossense a se unir e apoiar a greve dos professores/as e pressionar este governo de Senhores feudais modernos, pois o que está em jogo são os direitos da população mais pobre de MT e os direitos das futuras gerações.
Mais uma vez, o MST reafirma sua total solidariedade ao SINTEP, a todos/as grevistas e a todas as formas de lutas que estão sendo travadas.
Companheiros e Companheiras, o futuro à classe trabalhadora pertence.
Basta de ataques aos/as trabalhadores/as.
Educação não é mercadoria.
Todos juntos rumo ao dia 13 de agosto.
Pátria Livre! Venceremos!
Direção Estadual do MST - MT
Cuiabá, 24 de julho de 2019.
TECLAS AO ESCRITOR - Roberto Boaventura
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP
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A quem ainda não sabia, assim como o professor, a empregada doméstica etc., o escritor também tem seu dia no calendário: 25 de julho. Por isso, hoje, falarei da importância desses, seres, potencialmente, imortais.
Pois bem. Para comemorar a dada, em idos tempos, o título mais adequado a este artigo seria “Penas ao Escritor”. Todavia, as antigas “penas” já foram, há muito, substituídas pelos teclados das máquinas de escrever e, mais recentemente, pelas teclas dos computadores; aliás, os teclados inseridos em telas touch screen, que são as baseadas em sensores, como que de forma mágica, fazem aparecer e desaparecer as próprias teclas.
A despeito de tantas mudanças tecnológicas, ocorridas ao longo do tempo, que certamente impuseram a muitos escritores a necessidade de atualização, a importância do escritor à sociedade – mesma àquelas que não veem o menor significado a essa atividade, genuinamente humana – é de absoluta relevância, pois suas obras podem ser verdadeiros registros de identidade de um povo.
Nesse sentido, a título de reflexão, algumas breves perguntas: teria a Grécia Antiga, ainda hoje, a mesma importância, caso Aristóteles, Platão, Sócrates et alii não tivessem existido?
A despeito da força do império romano, mas, em perspectiva mais ampla, a Roma Antiga teria o mesmo peso ao Ocidente, não fossem as presenças de Virgílio, Cícero, Ovídio...
Na entrada da Idade Moderna, sem Camões, quem saberia das façanhas de Portugal, que, como poucos povos, soube “navegar por mares nunca dantes navegados”?
E o que seria da Inglaterra sem o brilhantismo de William Shakespeare? Da Espanha, se Miguel de Cervantes não tivesse existido?
No caso doméstico, destaco a importância da obra de um Gregório de Matos. No séc. XVII, o “Boca do Inferno”, como era conhecido, deu verdadeiras aulas de economia e política em sonetos, como o “Triste Bahia”, que pode nos remeter a uma “fotografia social” da decadência de seu tempo.
Do mesmo séc., como não se encantar com o Sermão da Sexagésima, que trata da arte da pregação, do Padre Vieira?
No séc. XVIII, é no mínimo necessário reverenciar a irreverência dos escritores tidos, pela Coroa Portuguesa, como inconfidentes.
Pouco adiante, um conjunto de romancistas românticos, mesmo atrelados aos modelos europeus, mostrou um Brasil por diferentes vieses. Assim, foi-nos possível, p. ex., conhecer os índios, os regionalistas, os urbanos de Alencar, as peripécias de um Leonardo Pataca de Manoel Antônio de Almeida...
Mais para o fim do mesmo século, sem desconsiderar as páginas de um Cortiço de Aluísio de Azevedo e outros tantos, como não se inquietar com as personagens de Machado, que, como poucos, ironizou o cinismo e a mediocridade da sociedade burguesa?
Por falta de espaço, vou encerrando essas pinceladas sobre a importância que tantos escritores têm para todos nós. Antes, convido indistintamente à leitura de obras de um Castro Alves, Lima Barreto, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Drummond, os três Andrades, Vinícius, Cecília, Cabral...
No plano regional, também há belos expoentes, tanto no verso, quanto na prosa. Nesta, para nossa felicidade, temos Felipe Holloway, que, há bem pouco, ganhou uma premiação nacional promovida pelo SESC. Assim, com o Legado de nossa miséria, título de seu romance premiado, presto minha homenagem/reverência a todo escritor que, arraigado ao seu tempo, mas universalizado em sua escritura, se dispõe a desnudar a alma de seu povo, compartilhando-a sem fronteira alguma a todos os seres humanos.
PESQUISADOR DA UFMT REALIZA VISITA NA FAZENDA TUCUNARÉ, DE PROPRIEDADE DA AMAGGI, PARA CONHECER BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS - Ailton Terezo
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Publicamos a pedido do prof. Ailton José Terezo
O professor Ailton Terezo, do Departamento de Química/ICET, realizou uma vista a Fazenda Tucunaré, de propriedade da AMAGGI, com objetivo de conhecer as boas práticas agrícolas adotadas pela companhia.
Durante a visita, além conhecer os processos, também foram discutidas melhorias quanto à estabilidade dos ingredientes ativos e das práticas para aplicação de defensivos agrícolas para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
A visita contou com o acompanhamento do diretor da AMAGGI Agro, Pedro Valente; de um dos acionistas da empresa, Blairo Maggi; além de gestores e outros colaboradores da empresa.
Na ocasião, também, foi apresentada a Rede MT-NanoAgro, Rede mato-grossense de P,D&I em Nanotecnologia para Agricultura (www.redemtnanoagro.com.br) e os projetos com potencial de aplicação futura no campo.
Segundo o professor, a visita foi uma oportunidade para divulgar os trabalhos em desenvolvimento na UFMT, bem como contribuir com sugestões para melhorar a eficiência de alguns processos no campo.
O professor Terezo acredita que entender e controlar as características físico-químicas dos defensivos agrícolas, por exemplo, pode ser muito vantajoso em termos de ganhos em eficiência do processo.
Além disso, Terezo lembra que no cenário atual de dificuldades para manutenção básica das IFES, buscar parcerias é importante para manter as atividades de pesquisa e inovação tecnológica, visando garantir a formação de recursos humanos qualificados, para além do ensino restrito às salas de aulas.
O acionista Blairo Maggi destacou a importância da disseminação do conhecimento por parte da UFMT e também o valor da troca de conhecimento entre o meio acadêmico e o setor produtivo.
Fonte: Divulgação
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Roberto de Barros Freire*
Cada dia que passa, mais visível vai ficando o ditador na pele de presidente. Bolsonaro quer determinar que filmes devemos ver ou produzir, que os dados dos organismos de pesquisas que informam a todos a realidade das ocorrências – fome no Brasil e aumento do desmatamento na Amazônia (que de forma mentirosa o presidente diz ser uma mentira) – sejam submetidos ao seu escrutínio, permitindo ou não que tais informações atinjam a todos. Ele quer “filtrar” – censurar, proibir, perseguir – as informações que podemos ou devemos ter. Se considera o único detentor da verdade: nem organismos científicos reconhecidos internacionalmente, nem pesquisas realizadas com todo rigor possível e desejável, mas a sua opinião, ou seu julgamento, enfim, ele está acima de tudo e de todos, e quer determinar o que é certo, o que realmente ocorre, o que é verdadeiro ou falso. Que filmes podem ou não serem realizados.
Isso é inadmissível numa democracia, suas opiniões preconceituosas contra pessoas e organismos, seu julgamento raso, estúpido, ignorante, rústico e rasteiro está levando esse país para um descrédito internacional, denigrindo nossa imagem que já não é lá muito confiável, pelas constantes tentativas de nossos governantes de imporem suas idiossincrasias a todos, de negarem a realidade, como se pudessem enganar os estrangeiros, quando muito só ludibria os nacionais mais tolos.
Contra o aumento do desmatamento, sua proposta é o fim ou a censura a pesquisa que revela o fato, enfim, quer jogar fora o termômetro ao invés de erradicar a febre. Com a fome, apenas nega sua existência e acredita que com isso está encerrado o problema. Tem alguma proposta para mitigar a fome ou o crescimento do desmatamento? Sobre isso nada fala, fala contra os pesquisadores que levantaram esses dados, sobre a imprensa que só pega coisa negativa do seu governo, ou ainda resmunga pelo fato de ter sido o último a saber, como se fosse marido traído, quando os organismos estão alertando para o aumento do desmatamento no governo Bolsonaro desde o início, pois que liberou geral: não há mais multa, não mais investigação, não há mais problemas com os desmatamentos, há apenas pessoas que precisam aparentemente sobreviver da natureza, arrasando tudo que está a sua frente. O fato é que nada fez com os dados diariamente atualizado, ignorou solenemente enquanto pode, e negou o fato depois de não mais se poder esconder do público, pois que pertencem ao domínio público como ocorre nas democracias.
Ao invés de nos mostrar o que pretende fazer para diminuir o desmatamento, o que pretende fazer para acabar com a fome, como pretende melhorar nossos índices que não se alteram só com o seu discurso raivoso contra a verdade dos fatos, ocorre um silêncio, ou então começa a berrar seus preconceitos contra alguma outra coisa, por exemplo, contra os nordestinos, contra repórteres, contra professores, contra setores sociais. Ofender e maldizer é o que mais faz, depois de ficar flauteando pelo mundo e pelo Brasil com verbas federais participando de comemorações. Quando vai começar a trabalhar????
Ora, o sonho de todo tirano como Bolsonaro é exatamente censurar e controlar as informações que não pertencem apenas ao presidente, pois que são informações de interesse de todos e não apenas dos governantes. Todos nós temos direito a informações verdadeiras e corretas, realizadas por organismos competentes e reconhecidos. Bolsonaro sempre teve acesso privilegiados a essas informações, o que ele fez, foi solenemente ignorar e amaldiçoar os organismos de pesquisas, achando que sabe mais do que todos a verdade da Amazônia.
Só há uma forma de mostrar ao mundo que estamos realmente preocupados com o meio ambiente, quando mostramos ações protegendo-o, quando Bolsonaro só apresenta liberações e modificações na legislação ambiental para permitir a ampliação do desmatamento. Eis o que é claro e cristalino em suas ações. Quem mais combate o meio ambiente inclusive é o ministro do meio ambiente, alguém com processo ambiental nas costas.
Creio que nada é mais simbólico de uma tirania do que o fato dos governantes quererem determinar os produtos culturais, o que censurarão e o que permitirão que ocorra. O fato de Bolsonaro querer interferir no cinema nacional revela o ditador medíocre que o habita, que tenta disfarçar, mas que reaparece a todo momento, quando emite suas opiniões atrasadas e preconceituosa.
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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CADÊ A ESQUERDA? - Roberto de Barros Freire
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Por Roberto de Barros Freire*
Que saudade da esquerda.... dela nada se ouve, pouco se sabe e se espera. Quais são suas propostas para a triste situação nacional? Que projeto defendem? Quando muito se sabe o que atacam, de forma fraca, inconsistente e quase sem repercutir pela sociedade.
Não! Não desejo a volta do PT ao poder, mas sinto falta daquele discurso defendendo escola, saúde e emprego, aquela luta pelo fim da desigualdade, aquela ideia utópica de igualdade de todos. Ainda que em grande parte possa ser tudo uma bobagem, acho importante que as diversas vozes sejam manifestadas, mesmo vozes equivocadas, pois a multiplicidade dos dizeres, tornam a fala de todos mais interessante. Hoje só se fala de previdência.....
E não vejo problema em haver vozes majoritárias, mas há problemas quando há apenas um discurso frequentando a praça. Há problemas quando pessoas se movimentam para impedir que outras pessoas se manifestem e que outras pessoas possam compartilhar dessa manifestação.
Naturalmente, a direita vitoriosa e sentindo a fraqueza da esquerda, se aproveita do momento e ocupa os espaços públicos, se não calando, inibindo bastante as antigas vozes esquerdistas. No entanto, ainda que possa haver uma pressão forte da direita para calar a esquerda, o fato é que a esquerda se calou, pois que falava até na ditadura, quando aí sim havia um forte motivo para se calar.
Parece não ter proposta, nem projeto, nem fins, nem princípios. Não deveria ter iniciado um movimento contra a perseguição de ideia ocorrida na FLIP ou agora em Santa Catarina? Não deveria encabeçar uma luta pela liberdade de ideias, afirmando o princípio da dignidade humana de poder manifestar sua opinião? Ora, uma coisa é ser contra uma ideia, outra muito diferente é tentar impedir que a pessoa se manifeste e impedir que outras pessoas queiram compartilhar dessa opinião.
Suas vozes hoje sussurradas parecem envelhecidas, esgarçadas. Defendem algo antigo que parece não caber mais num mundo onde as relações de trabalho e as formas de participação política já não correspondem mais aos seus tipos ideais. Ou ainda, combatem uma economia imoral quando ela é antes amoral, cria inimigos imaginários e não percebem seus reais adversários, enfim, vivem e agem como se ainda estivessem no século XX, quando o século XXI está a exigir pessoas com atitudes, mais do que engajadas em partidos políticos.
A imprensa pouco fala dos partidos de oposição, cada vez mais suas falas, suas percepções e sua opinião é menos consultada. Pouco ou quase nada podem fazer no Congresso, onde se tem propostas, elas não aparecem. Sem força política, também não tem competência para criar fatos ou motivar obstruções as posições majoritárias.
Temo que os partidos de esquerda se reduzirão ao ponto de se tornarem insignificantes. Sem falarem com os demais, voltados apenas para seus militantes e área de influência, não conseguem ultrapassar seus redutos, nem convencer os não convencidos, como fez a direita oportunamente sobre a triste repetição de antigas ladainhas da esquerda.
*Roberto de Barros Freire
Professor o Departamento de Filosofia/UFMT
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JORNADA SEM RETORNO - Juacy da Silva
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JUACY DA SILVA*
A jornada pode ser curta ou longa, pode demorar pouco ou durar muito tempo, mas toda ela deve ser percorrida, não existem atalhos que possam ser palmilhados como novas alternativas, alguns dizem que isto é um “carma”.
Cada pessoa tem uma cruz, que lhe é exclusiva para carregar, uma travessia que precisa fazer sozinha/sozinho, muitos fantasmas que precisam ser espantados, muitas miragens que precisam se aproximar.
O ocaso da existência humana não é nada fácil, mesmo que algumas pessoas teimem em dizer que esta fase pode ser denominada de “melhor idade”, esta forma de pensar ou se referir `a última etapa de uma caminhada que, quase sempre é complicada e triste, para se dizer o mínimo.
A fase final da vida, da existência humana é caracterizada, na maioria das vezes, pelo abandono, por parte de parentes, amigos, amigas, vizinhos; muitos e muitas das quais já se foram.
A solidão, a perda da consciência, as doenças debilitadoras, crônicas, degenerativas, a perda das funções vitais, as demências, a perda da consciência de sua própria identidade revelam um lado triste, amargo, cruel para quem, um dia foi ativo/ativa, tinha muita energia física, mental e emocional e espiritual, indicam que a jornada está caminhando por uma estrada sem luz, com muita escuridão.
Muitas pessoas ao cruzarem com quem esta caminhando rumo ao ocaso da existência, nem imaginam quem foram esses caminheiros, o que fizeram, o que sonharam e o quanto contribuíram para suas comunidades, afinal, depois de tanto percorrem os caminhos da vida, para muitos mais se parecem com “trapos humanos”, vegetando longe do que podemos dizer “dignidade humana”.
Basta visitarmos alguns hospitais, sanatórios, UTIs, albergues, casas de idosos ou mesmo muitos que vivem nas ruas e praças de nossas cidades, sem nenhum apoio, respeito ou consideração.
Os olhares desses viajantes solitários, ao se aproximarem da linha da chegada, cansados, exauridos pelo tempo e pela dureza da vida vivida, já perderam o brilho que os caracterizavam quando jovens, cheios de energia, sonhos, esperanças e vontade de lutar, vencer e parecem se perder no infinito, tão sombrio quanto os próprios desígnios da existência humana!
Assim milhões de pessoas, por este mundo afora, estão dando adeus à própria existência. Enquanto isso, o mundo não para, mais se parecendo com uma grande engrenagem que vai moendo impiedosamente todos nós.
De nada adianta beleza, vaidade, poder, dinheiro, cartões de credito, tratamento ”vip”, opulência, riqueza, badalações; um dia cada um de nós vamos nos defrontar com a linha da chegada e , quem ainda tiver consciência de sua própria existência, vai perceber que nosso destino comum é o mesmo: o fim da linha chegou!
A jornada terminou, a festa acabou e vamos alçar novos voos, como os pássaros, rumo ao infinito, desconhecido e por todos tanto temido, mas que inexoravelmente chegou!
Este será o momento da despedida, do adeus final, pois a jornada acabou, não poderá ser prorrogada e nem adiada! Quando iremos prestar contas do que fizemos, deixamos de fazer, como vivemos, por que e para que vivemos!
Pense nisso, caro leitor, prezada leitora! Reflita um pouco mais profundamente sobre seu presente e seu futuro, não se atemorize se já estiver vendo ou percebendo que a linha de chegada está bem ali, praticamente na esquina da vida! Nem tente correr para trás, isto é impossível! A vida vai terminar ou já terminou!
*JUACY DA SILVA, professor universitário, sociólogo, mestre em Sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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Por Roberto Boaventura da Silva Sá*
Senhor Governador,
Na condição de professor do Curso de Letras do Instituto de Linguagens da UFMT, espaço em que tenho a honra de ser seu atual diretor, dirijo-me a V. Ex.ª para me inserir no diálogo sobre a greve da Educação do nosso Estado. Manifesto, assim, a minha solidariedade aos colegas em luta por dignidade profissional.
Como a greve em pauta está envolta ao seu 50° dia, posso inferir que o assunto não seja o mais agradável; todavia, até pela gestão positiva do mandato de V. Ex.ª na Prefeitura de Cuiabá, o que certamente ajudou na eleição de V. Ex.ª a governador, deixar uma greve da Educação se alongar por tanto tempo, não me parece razoável, por mais difícil que seja a situação econômica do Estado.
Ademais, ninguém faz greve sem motivos. Antes disso: a greve está assegurada como um dos direitos preservados neste país, mesmo em tempos de tantas subtrações, principalmente dos concernentes à classe trabalhadora; por isso, a greve não é abusiva.
Diante dessa obviedade, e como esse direito ainda está em vigor, cortar/suspender os salários (rigorosamente baixos) de alguém em greve, além da crueldade naturalmente embutida no ato, fere o direito em si.
Mas para além da desconsideração de direitos e da crueldade desse ato, o corte/suspensão dos salários não me pareceu opção inteligente e profícua. Meus colegas de profissão, mesmo passando por necessidades ainda maiores do que as que os baixos salários já lhes impõem no cotidiano “normal” de suas existências, estão resistindo bravamente; e, na última assembleia da categoria, a resistência se manifestou por unanimidade: vozes da rua!
Outro detalhe que me parece importante ser destacado: as greves na educação sempre pressupuseram reposições das aulas não ministradas. Motivo: qualquer atividade no campo do aprendizado está no arcabouço da apropriação dos bens simbólicos por parte dos seres humanos, não no das mercadorias e serviços explicitamente conhecidos como tais; portanto, os cortes/suspensões salariais já executados são, por princípio, ineficazes. O único resultado concreto desse ato de “força” seria a retaliação ou a tentativa de estabelecer a humilhação social ao outro. Mas isso seria muita perversidade. Não quero crer que V. Ex.ª agisse assim movido.
Dito isso, reafirmo: os professores não estão mesmo em greve sem motivos. De nada adiantará o trabalho de espalhar fake news, fazendo os veículos da mídia comercial, sempre dependentes das verbas que o erário reserva a propagandas governamentais, compartilhá-las, principalmente em programas televisivos de perspectiva sensacionalista, todos maléficos em termos de educação do cidadão.
Infelizmente, isso ocorreu em um “Comunicado” do Governo. Nele, foi dito que a greve dos professores é abusiva; que tais professores recebem R$ 5.800 reais, materializando-se no terceiro melhor salário do país.
A primeira informação sequer chega a ser meia-verdade, pois ela só tem valor a uma parcela mínima de colegas que já concluíram o mestrado (categoria D3 da Carreira), e que atuam há mais de seis anos no magistério. O salário inicial/básico de um professor da educação de Mato Grosso, na real, é de R$ 1.617,92.
Sendo assim, ao ser lembrado de que MT é o terceiro estado que melhor paga seus professores, eu só posso lamentar pelos demais, e apelar para que sejamos, pelo menos, o primeiro da Federação.
Para tanto, convicto de que não há abuso algum na greve da Educação, apelo a V. Ex.ª que, urgentemente, faça de tudo para facilitar o diálogo com os professores em greve; que, de imediato, solicite o pagamento dos salários já cortados/suspensos; que já comece a pensar, junto com a categoria, em um calendário de reposição dos dias parados, pois os mais atingidos são filhos dos trabalhadores.
É o que espero. É o que todos esperamos.
Saudações.
*Roberto Boaventura da Silva Sá
Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP
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REFLEXÕES SOBRE A MENTIRA - Juacy da Silva
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JUACY DA SILVA*
As relações em sociedade, principalmente na perspectivas da civilização do amor e da sociedade do bem viver, devem ser fundadas na verdade, na dignidade, na transparência e no respeito mútuo, só assim estaremos construindo relações sólidas, duradouras e benéficas para todos/todas.
A mentira é a mãe da decepção e gera a infelicidade alheia, esfria e destrói qualquer relacionamento, seja entre casais, entre colegas de trabalho ou na vida comunitária.
A mentira é um tapa na cara de quem confia na pessoa que mente de forma corriqueira e que acaba enleada nas teias de sua própria simulação. Tem pessoas que mente que estão doentes quando não estão; ou que estão ema puros quando isto não e verdade; mentem quando dizem que amam e estão traindo a confiança da outra pessoa.
A mentira é o oposto da verdade e da gratidão, por isso se diz que quem mente não reconhece quem ajuda, quem pratica a solidariedade.
A mentiras é obra de satanás, do demônio e deriva do espirito do mal, mesmo que quem costuma mentir possa até se dizer uma pessoa religiosa e temente a Deus. Por isso é um pecado e uma agressão contra a pessoa que o mentiroso ou a mentirosa deseja ludibriar.
A mentira é como uma facada no coração da vítima do engodo, da falsidade e pode levar à morte sonhos, esperanças de um futuro melhor, de um mundo melhor, seja a dois, no caso de um casal ou de mais pessoas, como no caso das famílias, comunidades, igrejas e da sociedade em geral.
A mentira fecha qualquer e todas as portas para um amor verdadeiro e abre a porta para a desconfiança e o medo do futuro, podendo até mesmo gerar a violência, como acontece entre casais. Quem mente não ama, não respeita e nem gosta da pessoa vítima da mentira e que foi ou esta sendo enganada.
A mentira é um ato desleal, acaba com a confiança e gera dúvidas quanto `a sinceridade de quem costuma e gosta de mentir, por mais angelical que esta pessoa ( mentirosa) possa ser ou pretender aparecer.
A mentiras destro o amor entre as pessoas, destro as pontes do entendimento e cria fossos instransponíveis, as vezes para sempre. É por isso que a mentira faz verter lágrimas e sofrimento de quem foi ou está sendo enganado ou enganada, ludibriado ou como se diz, “passado para traz” e gera ciúmes, destruindo qualquer relação.
As pessoas que mentem são frias, calculistas, manipuladoras, dissimuladoras; não amam nem a si próprias e muito menos a pessoa ou pessoas que foram vitimas de suas mentiras. Por isso os dias das pessoas que mentem constantemente, a vida toda, são conturbados, tristes, solitários e acabarão perdendo amigos, companheiros, companheiros, as vezes para sempre.
A pessoa que mente costumeiramente pode apresentar uma personalidade distorcida e estar a beira de ser classificada como uma psicopata, pois pretende criar uma realidade falsa como sendo verdadeira. Neste sentido, a mentira também é uma doença tanto psicológica quanto espiritual, que afeta o caráter e a personalidade e, por isso, precisa ser tratada enquanto é tempo. Isto exige humildade e o ato de reconhecer seus próprios erros e, se ainda tiver tempo, pedir perdão a quem foi ludibriado/ludibriada ou está sendo vítima da mentira.
Cuidado com as pessoas mentirosas, lembre-se de que “quem vê cara, não vê coração e nem a alma alheia”. Nenhuma relação pode ser fundada na mentira, por isso Cristo afirmou de forma categórica: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, só a verdade nos liberta da mentira e de suas terríveis consequências.
*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular, aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de diversos veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
O DIREITO DA DIREITA - Roberto Boaventura
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Roberto Boaventura da Silva Sá
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Nos últimos anos, a “esquerda” brasileira (leia-se PT/PCdoB) tanto aprontou – com mensalões, petrolões, além da aposta errada nas eleições/2018 – que ajudou a alavancar a direita até dentro das universidades.
Conforme noticiado pela Folha de São Paulo (03/07/2019 – B7), “Professores de direita querem se unir em associação”. Para tanto, entre os dias 03 e 04 pp., reuniram-se em quinze cidades.
Na matéria mencionada, é dito que “...sempre houve um ônus ao se posicionar contra a esquerda na universidade. Docentes da direita e que apoiam o atual governo relatam que são alvos de piadas, fofocas e críticas”.
Embora as verdades sejam outras, reconheço o direito desses colegas formarem seus grupos. Assim, não sem lamentar e, acima de tudo, me opor às suas ideias e práticas, esse reconhecimento vai no mesmo sentido de quando professores de uma (mal)dita “esquerda”, já identificada acima, fizeram algo semelhante, mas durante os governos Lula e Dilma.
Logo após o PT ter assumido a presidência, iniciou-se a cooptação da CUT, MST e UNE, além da subjugação das reitorias das federais aos programas dos governos petistas, que distribuíam benesses aos colegas acessíveis. Estes atuavam como agentes partidários, empunhando bandeiras de grupos sociais, mas com roupagem, muitas vezes, de verniz acadêmico, fosse por dissertações, fosse por teses; consequentemente, contrariou-se a noção mais ampla de classe social, defendida pela esquerda de origem.
A “intervenção petista” nas federais se dava a partir do MEC, capitaneado, de início, por Tarso Genro. Naquele momento, colegas de “esquerda” abraçaram o neoliberalismo absorvido pela cúpula do lula-petismo, e formaram o PROIFES, uma aglomeração de pelegos, que passou a se opor ao Sindicato Nacional dos Docentes (ANDES-SN).
Muitos desses colegas, quando em momentos de greves nos governos do PT, uniram-se aos docentes endireitados desde o berço e a pia batismal para a desestabilização do Movimento Docente e manutenção do conforto de seus presidentes-ícones.
A troco de interesses pessoais, mas tudo discursivamente articulado para aparentar agenda positiva por “políticas de inclusão”, que as lutas fragmentadas por grupos sociais tão bem favorecem, diversos colegas da dita esquerda, sem pudor e temor do futuro, nadaram de braçada.
Esse passado recente ajudou a despertar colegas da direita. Agora, inspirados no belicoso Bolsonaro, docentes desse campo ideológico já se articulam para dominar as federais, seja do jeito que for.
Mas por que me oponho a esses colegas da direita?
Por conta da concepção de universidade que têm. Eles não defendem a universidade pública, gratuita, laica e socialmente referenciada, como fazem os sindicalizados ao ANDES-SN; ademais, como os medievos e os falsos moralistas, ainda são patrulhas de comportamento social.
Tais professores, de mentes privatizadas desde o nascedouro, são, há décadas, agentes da agenda neoliberal dentre nós, pois apostam no império da lógica de mercado, em detrimento das demandas sociais; também não se opõem a pagamentos de mensalidades nas federais.
Mesmo assim, reconheço o direito de disputarem espaços. Contudo, não aceito que em uma foto de lançamento político desse grupo, em Cuiabá, dos vinte e dois em cena, cinco posassem com o gesto característico de empunhar armas.
Aí não! Esse gesto – feito repetidas vezes por Jair, que exala ódio até em seu sorriso travado – os iguala a delinquentes do crime organizado; também por tais comportamentos, o futuro das federais poderá entrar em completa instabilidade.
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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
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Por Roberto de Barros Freire*
Sou um pacifista, favorável ao desarmamento de todos em todas as partes do mundo. Armas e guerras para mim são arcaísmos que trazemos dos séculos passados, que já deveriam ter sido abandonados pela humanidade por serem frutos de um entendimento acanhado, estreito, atrasado, pequeno e tirânico.
Mas, apesar de ser contrário às armas, longe de mim querer proibi-las. Proibições geram o mercado clandestino, o crime e inúmeras transgressões. As armas precisam ser abandonadas por decisão própria, por uma consciência alargada, tiradas da vida por uma atitude advinda de uma racionalidade humanista. Deve ser um passo para a paz, que cada um de nós precisa voluntariamente deliberar.
O fato é que os exércitos se tornaram instituições obsoletas e caras. Desde o fim da segunda guerra mundial, não ocorrem mais guerras de anexação, a comunidade internacional não permite mais tais ocorrências. Nesse sentido, os exércitos já não são necessários, pois não se sofre ameaças dos vizinhos ou de povos distantes a quererem invadir e tomar territórios. Logo, gasta-se fortunas para se preparar para uma guerra que nunca ocorrerá, armando os exércitos com armamentos sofisticados, caros e perigosos, que mais nos ameaçam do que nos protegem.
Para mim, os exércitos deveriam ser transformados numa guarda nacional para distúrbios sociais, e numa força nacional contra cataclismas climáticos: enchentes, desmoronamento, queda de pontes etc.
Por outro lado, é preciso que se diga que as armas são os instrumentos dos medrosos e covardes, pessoas primitivas, que por medo de não ter competência de se impor perante a comunidade dos homens, quer aniquilar qualquer adversidade. Além disso, nada mais equivocado e falso, do que achar que pessoas de “bem” (sic!) devem ter o direito de portar armas. Em primeiro lugar, pessoas de bem não andam armadas, nem possui armas, pois nunca são uma ameaça em potencial aos demais, o que toda pessoa armada é. Em segundo lugar, o direito a legítima defesa, que está instituído na constituição, mas que existe independente da lei, pois é um direito natural qualquer criatura viva lutar pela sua sobrevivência, não dá o direito de matar alguém para isso: uma coisa é lutar para viver, muito diferente de matar para tanto. Em terceiro lugar, cada pessoa que exerce seu direito à arma, diminui meu direito à vida, pois qualquer pessoa armada pode resolver usá-la por algum motivo fútil e banal, ou ainda por incompetência no uso, atingir-me.
Devemos começar a nos preparar para um mundo sem armas, onde se deixe de gastar tanto na destruição de pessoas e bens materiais dos homens. Devemos ir paulatinamente nos desarmando também espiritualmente, tomando uma atitude menos bélica e agressiva contra todos, e deixemos de ser ameaça aos outros. Uma cultura de paz deve começar a ser introduzida nas nossas escolas, desenvolvendo uma ética humanitária, onde o humano na sua multiplicidade seja percebido como possibilidades, e que nenhuma de suas facetas merece perseguição ou guerra.
Falta um salto moral para a violência diminuir. Não é uma questão de armar mais a sociedade, de aumentar polícias, leis ou prisões, mas de pacificar os espíritos das pessoas para a convivência, antes do que para o conflito. A humanidade precisa crescer, perder velhos medos e se portar como um adulto responsável, que enfrenta os desafios ao invés de aniquilar supostos adversários. O fato é que matar os supostos maus, não nos torna bons, mas tão mal quanto.
*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filsosofia/UFMT
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