Sexta, 05 Setembro 2025 15:58

 

Para compreender um pouco mais do estágio atual do genocídio do povo palestino e o que significa o movimento de Israel de declarar a ocupação da cidade de Gaza, o ANDES-SN entrevistou a docente palestina Muna Muhammad Odeh, 2ª vice-presidenta da regional Planalto do ANDES-SN. Para a professora, a declaração de tomar a cidade de Gaza representa a continuidade e o aprofundamento dos planos do governo israelense de seguir com o genocídio do povo palestino em Gaza e a limpeza étnica do território. Confira a íntegra da entrevista realizada para composição da matéria "Israel intensifica ofensiva em Gaza e usa fome como arma de guerra", publicada no InformANDES de agosto.

 

Muna Muhammad Odeh durante visita do ANDES-SN à Embaixada da Palestina em Brasília (DF), em agosto deste ano. Fotos: Eline Luz / Imprensa ANDES-SN

 

ANDES-SN: Como você avalia a declaração de Israel dos planos de tomar a Faixa de Gaza, ocupando a cidade de Gaza? O que representa essa ocupação?

Muna Muhammad Odeh: A declaração de tomar a cidade de Gaza representa a continuidade e o aprofundamento dos planos do governo israelense de seguir na efetivação dos dois crimes que anseia implementar, há 22 meses, e que seguem em curso: primeiro, o genocídio contra o povo palestino em Gaza, e que se materializa no assassinato de mais de cem pessoas por dia, incluindo as que são assassinadas na busca de comida; além de milhares de pessoas feridas, muitas das quais vivem a morte lenta, uma vez que o regime israelense destruiu todo o sistema de Saúde, inclusive executando e sequestrando profissionais de Saúde, bem como o bombardeio do sistema de Saneamento Básico, e com isso expondo as pessoas a condições que favorecem a morte, e não a recuperação de uma ferida, de uma amputação; também pela ausência de remédios e outros insumos proibidos de entrar à Gaza por Israel. Por isso, precisamos nos atentar a essa dimensão crítica de mortes lentas entre a população. Segundo, ocupar a cidade de Gaza significa a expulsão de em torno de 1 milhão de habitantes, para torná-las reféns dentro de um espaço geográfico altamente restrito, um real e concreto campo de concentração, no qual será possível vigiar e controlar, criando uma área militarmente cercada e onde toda necessidade humana - alimentar-se, ir e vir, se apoiar no que restou de laços familiares -, tudo será hermeticamente selado com o único propósito de continuar o projeto sionista elementar, que é a limpeza étnica do povo palestino.

Já ouvimos declarações do próprio premiê Netanyahu esclarecendo que, após ocupar a cidade de Gaza será possível a ‘saída voluntária’ das pessoas, termos que procuram o engano, a distorção, a hasbara [explicação] costumeira do apartheid israelense, pois em efeito está se falando de a limpeza étnica de Gaza. Netanyahu e o amplo acreditando que depois de destruir de todas as condições de vida e de sobrevivência, o povo palestino de Gaza será obrigado, não tendo outra opção a não ser desistir e sair.

ANDES-SN: A escalada da violência e do uso da fome como arma de guerra por Israel parece ter despertado a atenção mundial para o genocídio na Palestina. Algumas nações estão reconhecendo Palestina como Estado e manifestações de rua em diversos países, inclusive em Israel, pedem o fim da guerra. Como você avalia essa reação?

Muna Muhammad Odeh: Importante iniciar constatando que a política de usar a fome como arma de controle e de subjugação do povo palestino foi instituída há anos em Gaza, por meio do embargo imposto em 2007, interditando um gama de produtos vitais, inclusive alimentares, mas tem sido exacerbada nos últimos 22 meses.

Foi implementada de forma gradual, não somente pelo controle de entrada de alimentos. Desde outubro de 2023, foram sistematicamente destruídas as regiões agrícolas em Gaza, incluindo a produção de gado, frango e outras fontes de proteína animal. Com isso, a infraestrutura da segurança alimentar de Gaza foi aniquilada, por bombardeio e outros meios belicistas.

Palestina é reconhecida como Estado pela grande maioria dos países membros das Nações Unidas, ou seja 149 do total de 193, isto é 75%. Quem ainda não reconhece são principalmente países europeus, os Estados Unidos, Canadá, Austrália e outros aliados de Israel que, não por coincidência, têm legados de colonialismo, racismo e apartheid contra povos indígenas. As reações destes países à essa altura, evidentemente bem tardias como demonstram as consequências do genocídio, chegam curiosamente, e diria desumanamente, condicionadas, pois colocam regras em cima do povo palestino sob ocupação e demandam que este seja ‘dócil e calado’ quando impõe exigências à vítima e não ao opressor, colonizador e genocida Estado de Israel. Ademais, esse reconhecimento não é imediato, malgrado a situação crítica e desastrosa em Gaza, ficou estipulado para setembro de 2025. Na essência, falta seriedade em termos de respostas à altura dos crimes que Israel continua a cometer, com total impunidade, por parte dos governos de peso e de hegemonia. De toda forma, o reconhecimento por si só não é suficiente, é preciso que esses países de poder e hegemonia política, militar e econômica deem a garantia para a viabilidade e a soberania de um tal Estado Palestino que desejam reconhecer. Também, é questão chave que esse reconhecimento não seja uma forma de contornar o processo de julgamento de Israel e de sua responsabilidade pelo genocídio, pela fome imposta em Gaza, pelo apartheid na Cisjordânia e por outros crimes que vem cometendo com total impunidade. Portanto, e à luz da recorrente blindagem feita à Israel por parte desses países ocidentais, é preciso que fiquemos, nós que zelamos pelo direito à vida, à dignidade e à autodeterminação de todos os povos, atentos e insistindo no julgamento de Israel em todos os possíveis foros de Justiça, quer sejam institucionalizados, por exemplo, o ICJ e o ICC, ou da sociedade civil - Hind Rajab Foundation e outros - bem como dos movimentos populares.

Quanto à situação em Israel, as pesquisas mais recentes, inclusive israelenses, seguem reafirmando que a maioria da população israelense não se opõe ao genocídio, nem à limpeza étnica, e tampouco irá protestar em massa significativa contra o uso da fome como arma de repressão, dominação e subjugação contra o povo palestino. É preciso encarar essa realidade e dizer que os protestos de ruas dos israelenses tratam essencialmente de outros assuntos e de conflitos internos: a libertação dos prisioneiros israelenses em Gaza, o recrutamento militar de grupos religiosos judeus, a questão da separação entre poderes do Estado e assim por diante.

ANDES-SN: Como as nações e a população podem se colocar para pressionar pelo fim do genocídio em Gaza?

Muna Muhammad Odeh: Preciso dizer, em primeiro lugar, que tudo gira em torno da força e da contínua resistência do povo palestino e a inabalável crença na justiça da sua causa ao longo de uma história de luta anticolonial, que se estende há mais de 100 anos, quando o poder imperial britânico foi o precursor para a criação de uma outra entidade colonial que é Israel.  Essa força e resistência contínua do povo palestino inspirou os movimentos de solidariedade em todo o globo, nas palavras da militante acadêmica Angela Davis: "Nós depositamos nossos sonhos na Palestina".

Vimos protestos semanais de milhares de pessoas ocupando as ruas de capitais dos países ocidentais - Londres, Paris, Amsterdam, Berlin e outros, cujos governos têm mostrado incondicional apoio a Israel militar, econômica e diplomaticamente. Nesses países, os protestos têm trazido importantes resultados, incluindo congelar a exportação de armas e de produtos específicos; restrições nos convênios comerciais, impactos nas relações diplomáticas dentro outras visíveis mudanças, que têm levado ao questionamento do princípio da impunidade de Israel como vítima, uma falácia até então dominante e pouco questionada.

É preciso entender aqui que o retrato de Israel, enquanto continuidade do colonialismo europeu e branco, foi o veículo para justificar seus crimes desde 1948 até os dias de hoje, de forma assimétrica e distorcida.  As novas gerações desses países ocidentais se encontram perante as contradições que vivem sistemas de neoliberalismo e do capitalismo, que cada vez têm exacerbado a pobreza e a desigualdade internamente, fazendo com que esses jovens se vejam descrentes e críticos do imperialismo e do colonialismo. As pesquisas, no caso, demonstram que Israel vem perdendo apoio significativamente em países ocidentais de centro e sendo considerado como um país pária.

A solidariedade tem sido resumida a atos de repúdio nas ruas, em questionar lideranças políticas para incriminar Israel, em ajuda concreta de envio de profissionais de Saúde em particular, sendo que muitos são filhos e filhas de migrantes advindos do Sul Global, o que estabelece novas realidades na solidariedade da Saúde global, de forma a descolonizar essa área de conhecimento e de prática. Por fim, seguir e implementar o chamado palestino para o BDS - Boicote, Desinvestimento e Sanções, movimento que tem realizado importantes conquistas, cujo objetivo é criar pressão suficiente para o fim do colonialismo de Israel, o direito de retorno dos palestinos e palestinas que passaram pelo crime de limpeza étnica executado por Israel e pelo fim do apartheid israelense.  

Nos países do Sul global temos vistos ações similares e com impactos mais significativos na esfera de reconhecimento do genocídio em Gaza em nível dos governos - Brasil, Colômbia, dentro outros -, bem como os protestos, atos de repúdio, boicote acadêmicos e dezenas de outras ações que têm mobilizado discussões e gerado, em alguns casos, enfrentamentos com alguns grupos evangélicos da direita, historicamente aliados ao apartheid de Israel.

Importante dizer que essas vozes e movimentos solidários chegam e são ouvidos e muito apreciados pelo povo palestino, que vive o cerco, o genocídio, a limpeza étnica e o colonialismo brutal de Israel. Faz-se necessário não abandonar a Palestina nessa conjuntura crítica, faz-se importante não normalizar os crimes que Israel comete todo dia e faz-se imperativo que as pessoas entendam que a solidariedade com um povo que luta pela sua vida e sua autodeterminação é um ato de autovalorização da própria pessoa que solidariza. 

Portanto, cada um e cada uma, conforme sua capacidade de atuar, pode se engajar em atos de repúdio, de protesto e de BDS e de continuar a falar sobre a Palestina e sobre o fim do colonialismo e do apartheid imposto por Israel.   

ANDES-SN: O assassinato de uma equipe da agência de notícias Al Jazeera [em 10/8] chamou também atenção para o grande número de jornalistas já assassinados por Israel, considerado o maior de todas as recentes guerras. O que motiva essa guerra também contra a imprensa?

Muna Muhammad Odeh: O histórico do colonialismo de Israel contém vários casos de assassinato de jornalistas, por exemplo, em Gaza durante a Marcha de Retorno de 2018. Sobre isto, o Repórteres Sem Fronteira disse o seguinte: "No quarto aniversário da morte do jornalista palestino Ahmed Abu Hussein pela bala de franco-atirador israelense que o feriu fatalmente enquanto cobria um dos protestos da "Grande Marcha de Retorno" perto da fronteira israelense na Faixa de Gaza, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anuncia que registrou mais de 140 violações israelenses contra jornalistas palestinos desde que esses protestos semanais começaram em março de 2018". Israel-Palestina: Quatro anos de violência contra jornalistas palestinos que cobriam os protestos da "Marcha do Retorno" | RSF

Vimos também o caso de Shireen Abu Aklah, jornalista palestina de Al Jazeera morta em 11 de maio de 2022, enquanto cobria o período de ataques militares na Cisjordânia. Como sempre, Israel mentiu e deu uma versão fabricada de que ela teria sido morta por tiros palestinos e, um longo período depois, admitiu o assassinato dizendo que foi por engano, sempre contando com a impunidade de um poder colonial blindado pelo ocidente do centro. 

 

 
 
A diretoria do ANDES-SN esteve na Embaixada da Palestina, em agosto, para discutir ações de solidariedade e troca com o povo Palestino.

Em todos os casos, fica evidente que Israel desejava o silenciamento da voz de jornalistas palestinas e palestinos, e que é sempre melhor que a verdade sobre seus crimes e as atrocidades sejam ocultados do mundo, pois é um Estado nada democrático e muito longe de ser, como deseja transmitir ao mundo, o fator ‘civilizatório’ naquela região. 

Na atual guerra de Israel contra o povo palestino de Gaza, a intensificação da violência contra o corpo de jornalistas reflete ainda mais o desespero de Israel de encobertar a verdade, de barrar e apagar a transmissão do genocídio, da limpeza étnica, da matança de crianças e da sua mutilação, do bombardeio e da destruição de tudo que é vida em Gaza. Eis uma situação inusitada, de profissionais de jornalismo sendo os únicos testemunhos a gravar e a transmitir tudo o que acontece em Gaza. Na falta deles e delas, não teríamos tido o registro do genocídio de Gaza, de forma mais precisa, corajosa e profundamente ética, pois são profissionais que se recusaram a se silenciar, deixando passar os crimes de Israel sem que o mundo saiba, sem que o mundo também seja testemunho.

Israel não permitiu a entrada de jornalistas internacionais, achando que, com isso, não teria evidências críveis, desde uma perspectiva racista de que não tem credibilidade o que sai de notícia pelo jornalismo palestino. A cada assassinato, Israel acreditava que iria intimidar jornalistas em Gaza, no entanto, isso não ocorreu e continuamos a ouvir, a ver e a se indignar perante os crimes cometidos por Israel diariamente em Gaza.

Comentaristas na área notam que jornalistas e profissionais da área de mídia de Gaza evoluíram em formas de transmissão de notícias e de providenciar trabalhos profissionais que desafiam os contextos de genocídio e de limpeza étnica as quais eles próprios são vítimas. Num cenário desses, quando a fome se exacerba em Gaza, assistimos a uma reportagem da médica que tem fome, atende pacientes feridos e com fome, sendo tudo isso filmado e reportado por uma jornalista e sua equipe, também com fome. Tais realidade têm comovido o mundo, aprofundado a solidariedade com a luta do povo palestino ao mesmo tempo que aumentando, exponencialmente, o repúdio contra o apartheid israelense e seus crimes.

Leia aqui o InformANDES de agosto com matéria sobre a ofensiva de Israel em Gaza e o assassinato de mais de 240 jornalistas.

Fonte: Andes-SN | Fotos: Eline Luz

Quinta, 08 Maio 2025 15:22

 

O gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou, na última segunda-feira (5), um novo plano que prevê a expansão da ocupação da Faixa de Gaza, com a possibilidade de manter tropas em todo o território palestino.

Segundo agências internacionais, autoridades israelenses indicaram que a ofensiva busca controlar integralmente Gaza, promovendo a expulsão e deslocamento da população civil para o sul do enclave.

Em publicação nas redes sociais, Netanyahu afirmou que o gabinete decidiu por uma “operação enérgica em Gaza”, mas evitou divulgar detalhes do plano. Durante o fim de semana, Israel convocou milhares de reservistas do Exército.

Em uma conferência virtual, promovida por grupos pró-colonos, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, foi direto: “Finalmente vamos conquistar Gaza. Não temos mais medo da palavra ‘ocupação’.”

O ministro também defendeu que Gaza seja “limpa e mantida” até que o Hamas seja “subjugado ou destruído”, e criticou duramente a entrada de ajuda internacional: “Cada caminhão que chega ao Hamas em Gaza prolonga a guerra, fortalece o Hamas e coloca nossos combatentes em risco.”

O bloqueio total à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza continua desde 2 de março. O cerco israelense está sendo julgado na Corte Internacional de Justiça (CIJ), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU). Paralelamente, Tel Aviv anunciou a aprovação de um novo plano para retomar o envio de ajuda humanitária ao território, porém com o controle feito por empresas privadas, e não mais por organizações humanitárias ou agências da ONU.

Desde o fim do frágil cessar-fogo em 18 de março, Israel intensificou os bombardeios e as incursões terrestres na Faixa de Gaza. De acordo com o Ministério da Saúde palestino, nas últimas 24 horas, 40 palestinas e palestinos foram mortos e 125 ficaram feridos. No total, desde 7 de outubro de 2023, mais de 52 mil pessoas foram mortas no território. 

ANDES-SN em luta

O ANDES-SN tem uma longa trajetória de solidariedade ao povo palestino e de condenação às ações do Estado de Israel na região. Em 2018, aderiu à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS). No 42º Congresso, em 2023, aprovou a moção "Não é guerra, é genocídio!", e no 67º Conad, em 2024, decidiu lutar pelo rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Israel.

Em novembro do ano passado, representantes da Diretoria Nacional do ANDES-SN participaram de uma reunião no Itamaraty, onde cobraram a ruptura das relações diplomáticas, comerciais, militares e acadêmicas do Brasil com Israel. No 43º Congresso do ANDES-SN, realizado no final de janeiro, a categoria docente reafirmou a solidariedade ao povo palestino, o compromisso com a autodeterminação palestina e a denúncia das violações cometidas contra esse povo.

Fonte: Agência Brasil e agências internacionais (com edição e acréscimos de informações do ANDES-SN)

Quarta, 09 Outubro 2024 16:58

 

Neste 7 de outubro, completou um ano desde o ataque do Hamas a Israel. A ação desencadeou uma resposta militar sem precedentes do governo israelense contra a população palestina na Faixa de Gaza, que tem sido massacrada por operações militares. Além das vidas ceifadas, casas, hospitais, universidades, supermercados e lojas foram destruídos, agravando ainda mais a crise humanitária.

Para contextualizar o conflito, o ANDES-SN lançou a série "Palestina Livre" nesta segunda-feira (7) em seu canal no YouTube, como parte da denúncia do genocídio contra o povo palestino. A série, composta por três vídeos, apresenta entrevistas com a professora da Universidade de Brasília (UnB), Muna Muhammad Odeh, palestina residente no Brasil há 32 anos.

A produção explora a história do território palestino, o impacto do imperialismo no Oriente Médio e a violência contínua que afeta a região, destacando as raízes e as consequências do conflito para a população palestina.

De acordo com dados da Al Jazeera, pelo menos 41.909 palestinas e palestinos foram mortos e 97.303 ficaram feridos em ataques israelenses em Gaza, desde outubro de 2023. Em Israel, 1.139 pessoas foram mortas nos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro e mais de 200 pessoas foram feitas prisioneiras.

O ANDES-SN tem uma longa história de apoio à luta palestina, iniciada em 2003, com ações de solidariedade e boicote ao Estado de Israel. Em 2018, aderiu à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS). No 42º Congresso, em 2023, aprovou a moção "Não é guerra, é genocídio!", e no 67º Conad decidiu lutar pelo rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Israel.

Acesse aqui a série "Palestina Livre"

Leia mais sobre a causa palestina aqui na edição de agosto do Informandes

E também aqui a entrevista com a Muna Muhammad Odeh publicada em 2023 no jornal

 

Fonte: Andes-SN

Segunda, 30 Setembro 2024 15:38

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Valfredo da Mota Menezes*

Deve haver alguma explicação psicológica ou mesmo psiquiátrica para entender o porquê de um grupo étnico, que sofreu racismo, foi humilhado, quase dizimado, conseguir, ao alcançar uma posição de poder, transformar-se em algoz e passar a ter o mesmo comportamento racista e a mesma aspiração supremacista daqueles que o maltratou, repetindo os mesmos atos com outro grupo étnico.
 
Em 1933 a população judaica na Europa era de 15,3 milhões. Desde a invasão da Áustria em março de 1938 até o fim da guerra em maio de 1945 (86 meses), foram mortas, aproximadamente, um milhão de crianças. O massacre de Israel contra o povo palestino repete essas mesmas ações dos nazistas. Acredito que, se for feito um levantamento desde o início, desde a NAKBA e contando apenas com os períodos de exacerbações e ataques gratuitos, como os de Sabra, Shatila e outros, teremos algum número parecido com o do holocausto. Só agora, nesse último ano, e só na Faixa de Gaza, com uma população de cerca de dois milhões, já foram assassinadas, em apenas 11 meses, mais de 40 mil palestinos, desses, cerca de 17.000 eram crianças (mais de 1500 crianças por mês) e 11.088, mulheres. Em dois dias, nessa nova ofensiva no Líbano, foram mortas mais 40 crianças. Esse massacre é cíclico e configura verdadeiramente genocídio. As crianças são as mais afetadas. É um verdadeiro extermínio do futuro. Além das mortas, mais de 27 mil estão órfãs ou desamparadas. Toda a infraestrutura de Gaza foi devastada. “Metade das escolas foi atingida ou danificada, 88.300 casas foram destruídas, 35 hospitais e 55 centros de saúde foram atacados. Não há mais sistemas de esgoto. A falta de medicamentos, alimentos e água provocada pelo bloqueio sionista, põe em risco toda a população”. As Nações Unidas estimam “que mais de 5% da população de Gaza foi morta, ferida ou está desaparecida. Além disso, mais de um milhão de pessoas foram deslocadas internamente, algumas delas forçadas a mudar de residência várias vezes. Estima-se que 75% das vítimas tinham menos de 30 anos e 69% eram mulheres e crianças.  “Entre os mortos, 885 eram profissionais de saúde, 79 membros da defesa civil, 168 jornalistas e 500 trabalhadores da saúde. Além disso, há cerca de 10 mil desaparecidos e 82.627 feridos, dos quais 11 mil necessitaram viajar com urgência para receber tratamento no exterior. Sete valas comuns foram encontradas em hospitais, somando 520 corpos”.

Os ataques israelenses têm sido condenados internacionalmente, sendo considerados crimes contra a humanidade por organizações de direitos humanos e pela ONU. A Comissão de Inquérito das Nações Unidas acusou Israel de usar a fome como estratégia de guerra, além de causar deliberadamente um alto número de vítimas civis.

O exército sionista mantém a ofensiva sem dar nenhuma importância às resoluções internacionais. Sabe que tem o apoio e a cumplicidade dos EUA. Israel parece ser um “estado” dos EUA. O próprio Joe Biden disse: “Se não houvesse um Israel, os Estados Unidos da América teriam que inventar um Israel para proteger seus interesses na região”.
 
A situação em Gaza representa uma das maiores crises humanitária já vivida na historia da humanidade. Estamos assistindo ao vivo. Entretanto, o que tem sido feito por todos os Estados que consideram essa atrocidade um genocídio? NADA. A ONU virou uma piada. Nenhuma retaliação, nenhuma sanção, nenhuma suspensão de relação diplomática, nenhum boicote às atividades comerciais ou esportiva, como por exemplo, foi feito com a África do Sul do Apartheid. O governo brasileiro continua exportando petróleo para Israel. O Ministério da Defesa (...dos militares) continua negociando a compra de tanques (os mesmos que são usados para matar civis) e o ministro diz que suspender a compra seria “uma decisão ideológica”. NÃO! É uma decisão HUMANITÁRIA! Em relação aos eventos esportivos, ao contrário do boicote, todo apoio tem sido dado aos sionistas, até mesmo colocar Israel como “Nação Europeia” na “UEFA EURO”, ou time de Israel fazer parte da Liga Europeia (Maccabi Tel-Aviv FC).  

Nota: a maioria das informações estatísticas relatadas aqui foi buscada em revistas, jornais e/ou “sites” de notícias.

*Médico, professor Associado/UFMT (aposentado), Doutor em Medicina Interna e Terapêutica.

Sexta, 19 Julho 2024 13:47

 

O Ministério da Educação e Ensino Superior da Palestina afirmou, nessa terça-feira (16), que 9.241 estudantes foram mortos e 15.182 ficaram feridos desde o início dos ataques israelenses, em 7 de outubro, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. A informação foi divulgada pela Agência de Informação e Notícias Palestina (Wafa).

Foto: Agência de Informação e Notícias Palestina (Wafa)

 

De acordo com o ministério, o número de estudantes mortos na Faixa de Gaza ultrapassou 9.138, e os feridos alcançaram 14.671. Enquanto na Cisjordânia, 103 estudantes morreram e 505 ficaram feridos e cerca de 360 já foram detidos. O órgão ainda informou que 497 docentes e administradores escolares foram mortos e 3.426 ficaram feridos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Cerca de 353 escolas governamentais, universidades, prédios universitários e 65 pertencentes à Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) foram bombardeados e vandalizados na Faixa de Gaza, o que levou a danos severos em 139 delas e à destruição completa de 93. Outras 133 escolas governamentais também foram usadas como centros de abrigo na Faixa de Gaza. Ao mesmo tempo, 69 escolas e cinco universidades na Cisjordânia foram invadidas e vandalizadas.

Segundo o Ministério da Educação palestino mais de 620.000 estudantes na Faixa de Gaza ainda estão privados de frequentar suas escolas desde o início da agressão, e 88.000 estudantes também estão privados de frequentar suas universidades. A ocupação também privou 39.000 estudantes da Faixa de Gaza de fazer o exame de conclusão do ensino médio.

Conforme a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados palestinos (UNRWA), desses estudantes, 300.000 eram alunos e alunas da UNRWA antes da guerra genocida.

Autoridades de saúde locais confirmaram que 38.713 palestinos e palestinas já foram mortos devido aos ataques israelenses e 89.166 feridos. A maioria das vítimas são mulheres e crianças, segundo organizações palestinas e internacionais. Além disso, pelo menos 10.000 pessoas estão desaparecidas, presumivelmente mortas sob os escombros de suas casas em toda a Faixa.

ANDES-SN em defesa do povo palestino

Há anos, o ANDES-SN tem se posicionado em defesa da liberdade e autodeterminação do povo palestino. Em 2018, docentes aprovaram em congresso a adesão à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra o Estado de Israel e incentivou as suas bases a prestar solidariedade internacional à luta palestina. Durante o 42º Congresso da entidade, realizado em fevereiro deste ano em Fortaleza (CE), foi aprovada, por unanimidade, a moção de repúdio “Não é guerra, é genocídio!”.

Em diversas situações, o Sindicato Nacional tem se manifestado pelo cessar-fogo imediato, em defesa do povo palestino e pela autodeterminação. E também cobrado a suspensão de relações diplomáticas, comerciais e acadêmicas com Israel e as instituições daquele país.

Fonte: Andes-SN (com informações da Agência de Informação e Notícias Palestina - Wafa).