Sexta, 13 Abril 2018 14:47

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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                                                                          Benedito Pedro Dorileo

 

A partir da década de 1970, Mato Grosso passa a emergir do imobilismo secular, dotado de força da sua vastidão territorial para oferecer ao País alternativas de grandes áreas notáveis pela potencialidade de sua agregação ao complexo produtivo nacional. Caracterizado como unidade periférica do processo civilizatório do Centro-Sul, sendo supridor de matérias primas e consumidor menor dos produtos acabados, gerados pelo processo industrial nacional.

Até, então, Cuiabá isolada tinha o Rio Cuiabá e o telegrama de Rondon como meios de comunicação, com parcas rodovias sem pavimentação asfáltica. A estrada de ferro do século XIX da Noroeste teve projeto desviado para transportar o minério da irmã Corumbá. Novo projeto trouxe-a até Rondonópolis, recentemente, sem atingir a capital mato-grossense.

O mérito de Rondonópolis: com a divisão de Mato Grosso pela Lei Complementar nº 31 de 11 de outubro de 1977, a Universidade Federal de Mato Grosso recebe a primeira unidade fora da sua sede, o Centro Pedagógico Estadual de Rondonópolis, criado em 2 de dezembro de 1974, através da lei n° 375, pelo governador José Fragelli. Não havia campus, os cursos distribuíam-se em espaços de colégios, até ser conseguida área para a sua construção. Foi embate do governo federal, povo de Rondonópolis e ação da UFMT. Dá saudade das primeiras colações de grau no cinema da Avenida Marechal Rondon, onde eu sentia, como reitor, a palpitação incontida do povo estuante por progresso.

Rondonópolis tem população estimada em 222.316 habitantes (IBGE, 2017) , com IDHM, em dados do PNUD de 2010, em 0,755, acima da média estadual de 0,725no mesmo período. O IDHM-E, ou seja referente à educação com 0,698, acima da média estadual, também em 2010. Possui o segundo PIB do Estado – a segunda economia estadual.

A cidade pela localização geográfica desponta, fortemente, no salto industrial, segundando a vocação inicial de ‘capital do algodão’, a agricultura. Basta visitar o maior polo de esmagamento, refino e envase de óleo de soja do País, polo destacado de misturador de fertilizante do interior brasileiro. Lidera em nível estadual a produção de ração e suplementos animais. Tem frigoríficos com padrões internacionais e avança para tornar-se competidor polo têxtil do Centro-Oeste. E começa a receber investimento no setor de metalurgia. Boa hora em que a UFMT lá criou o curso de Engenharia Mecânica. O escoamento está fortalecido com a chegada da Ferronorte, em localização privilegiada, no entroncamento das rodovias BR 163 e BR 364 .

Do povoamento, em 1902, inicia-se a história nas margens do Rio Vermelho. Em 1918, o tenente agrimensor Otávio Pitaluga conclui o projeto de medição e alinhamento. Em 1920, Rondonópolis transforma-se em distrito de Santo Antônio de Leverger. Em 1938, como distrito de Poxoréo que se elevava pelo diamante a município. Emancipa-se, gloriosamente, em 1953, no dia 10 de dezembro. Considera a sua fundação, em 10 de agosto de 1915, com 103 anos neste 2018.

Avantaja-se, intensamente, na Educação com redes de ensinos infantil, fundamental e médio. A UNEMAT, em 2017, passa a oferecer cursos de Ciências da Computação e Direito, em organização. Conta com a presença da Universidade de Cuiabá, UNIC. Os da Anhanguera Educacional. Cursos virtuais, além de outros do EAD.

Antes, como campus avançado da UFMT, com cursos de licenciaturas, outros de bacharelados, como Administração, Biblioteconomia, Ciências Contábeis, Econômicas, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Mecânica, Medicina, Enfermagem e Psicologia, Zootecnia e outros.

 A Universidade poderia ter nascido com personalidade jurídica de Fundação, o que lhe valeria adequada autonomia como confere a Constituição Federal em seu artigo 207. A lei de sua criação retoma a natureza jurídica de Autarquia, retroagindo depois de luta aguerrida desde a UnB com Darci Ribeiro e JK, em 1960. E, em 1966, com a criação do Conselho de Reitores, liderada por Pedro Calmon, e, ainda, com a Reforma Universitária, lei n° 5540 de 28 de novembro de 1968, há 50 anos.

Gáudio para os rondonopolitanos pela emancipação da UFMT, por, agora, possuírem, através da lei n° 13.637 de 20 de março de 2018, a Universidade Federal de Rondonópolis, por certo o seu Dia de Confraternização Universitária para sempre.

Sexta, 23 Março 2018 12:27

 

O governo federal oficializou na terça-feira (20) a criação de três novas instituições: a Universidade Federal de Jataí (UFJ) e a Universidade Federal de Catalão (UFCAT), desmembradas da Universidade Federal de Goiás (UFG), e a Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), desmembrada da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Os desmembramentos foram publicados por meio das leis 13634/18, 13635/18 e 13637/18, respectivamente. 

 

Os desmembramentos já haviam sido definidos em 2016, ainda no governo de Dilma Rousseff, mas só foram votados na Câmara dos Deputados e no Senado Federal entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018. A criação de novas instituições é uma reivindicação histórica do movimento docente de Jataí, Catalão e Rondonópolis. Maurício Couto, 2º secretário da Regional Pantanal do ANDES-SN, ressalta que a criação da UFR era uma reivindicação do movimento docente de Rondonópolis há anos, e que essa batalha foi abraçada pela comunidade acadêmica local.

 

“Foram realizadas diversas lutas para garantir o funcionamento das regionais da UFG localizadas no interior. A falta de infraestrutura, recursos materiais e humanos sempre esteve na pauta de luta da Associação dos Docentes da UFG – Campus avançado Catalão (Adcac) e Associação dos Docentes da UFG – Campus avançado Jataí (Adcaj). O desmembramento tem como aspectos positivos a descentralização da gestão e a autonomia financeira. Entretanto, existe uma preocupação sobre as efetivas condições para o pleno funcionamento das novas universidades diante do cenário de limitações orçamentárias, intensificado após a aprovação da Emenda Constitucional (EC) 95/2016 e diante das demais políticas de ajuste fiscal e de desmonte das universidades públicas. O movimento docente deve acompanhar de perto o desmembramento para garantir a qualidade do ensino e condições de trabalho”, comenta Jacqueline Rodrigues Lima, 1ª vice-presidente da Regional Planalto do ANDES-SN. 

 

A diretora do ANDES-SN ressalta que há um grande desafio em relação à organização sindical, que é o de garantir à categoria docente o direito de escolher sua representação sindical nas novas universidades. “O movimento docente, liderado pela Adcac e Adcaj tem um histórico de luta e resistência nessas localidades. Essas associações sofrem, atualmente, perseguições e os dirigentes têm seu direito de representar seus associados tolhido”, critica Jacqueline, citando, por exemplo, o fato de que, nessa quarta (21), a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Goiás, Campus Avançado de Jataí (Adcaj – Seção Sindical do ANDES-SN) teve que desocupar sua sede no interior da universidade por conta de ação movida por outra entidade sindical e pela falta de vontade política dos gestores em exercer a autonomia universitária.

 

“Uma assembleia geral realizada em Goiânia no ano de 2015, com aproximadamente 200 professores e 600 “procurações”, desrespeitando disposições estatutárias do ANDES-SN, decidiu sobre a representação sindical dos docentes de Jataí e de Catalão. Isso ocorreu antes do desmembramento, e os docentes não podem ser penalizados por uma decisão tomada em nome deles, a quilômetros de distância, quando ainda eram docentes da UFG. Os docentes da UFCAT e da UFJ devem ter autonomia para decidir sua representação sindical”, completa Jacqueline Rodrigues Lima.

 

Fonte: ANDES-SN