Terça, 04 Julho 2023 16:23

  

Evento reunirá universidade e movimentos sociais para debater a reforma agrária popular, em defesa da natureza e de alimentos saudáveis. 

 

A Universidade Federal de Mato Grosso realizará nos dias 6 e 7 de julho a sexta edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA).  A Jornada reunirá o público acadêmico, comunidade e movimentos sociais populares para debater o tema: REFORMA AGRÁRIA POPULAR: EM DEFESA DA NATUREZA E DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS!

 

O evento será realizado ao longo dos dois dias, a partir das 8 horas e seguindo até as 22 horas. A maior parte da programação estará concentrada no auditório da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis - FACC (próximo à piscina), com algumas mesas também no auditório da “Madeirão”, da Faculdade de Engenharia Florestal.

 

Um dos destaques da JURA 2023 é a 2ª Feira SABERES & SABORES DA TERRA, com a comercialização de produtos da reforma agrária, agricultura Familiar (agroecológicos e em transição agroecológica) e da Economia Solidária, além de atividades culturais. A feira começa na quinta (6/07) às 15h e segue também na sexta-feira, instalada nas proximidades da FACC.

 

Outro destaque da jornada é o debate do modelo de produção agroecológica. Sobre esse tema, duas mesas vão ser realizadas no auditório Madeirão. Uma delas, no dia 06/07, a partir das 13h30, apresentará o tema do “Pastoreio Racional Voisin e os processos agroecológicos voltados à agricultura familiar”, com a presença de uma das maiores autoridades sobre o tema, o professor Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, da Universidade Federal de Santa Catarina e também com a professora Maria Fernanda Queiroz, do curso de Zootecnia da UFMT, tendo a médica veterinária Amandla Souza como coordenadora da mesa.  A outra mesa que será realizada no auditório “Madeirão” no dia 07/07 às 13h30 - “Diálogo entre Universidade e Reforma Agrária a partir das experiências agroecológicas nos estados do MT e RJ”, com a presença de pesquisadores de ambos os estados falando sobre o tema, como o Dr. Henderson Nobre, pesquisador da UFMT e as pesquisadoras Luisa Ferrer Pinheiro e Ana Renata Borges, ambas do Rio de Janeiro e participantes da Articulação Nacional de Agroecologia/ ANA.

 

Já no auditório da FACC estarão concentradas as demais atividades. No dia 6/07, de manhã, será apresentado o tema das “Plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos e seu uso no SUS” com o farmacêutico Devanil Fernandes, do projeto FITOVIVA da prefeitura de Cuiabá. Também haverá a  “Roda de conversa com cuidadores tradicionais indígenas de MT”, com a participação dos indígenas Pajé Racide Matuawa (povo Bakairi) e Kolareene Enawene (povo Enawene).  Já a mesa “Água  e energia: reflexões sobre os direitos humanos e da natureza” , contará com a participação de Herman Hudson de Oliveira, do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento - FORMAD, de Vanda Santos e Isidoro Salomão que são do Comitê Popular do Rio Paraguai/Pantanal e de Jefferson Nascimento, do Movimento dos Atingidos por Barragens de Mato Grosso / MAB.

 

O debate da terra na perspectiva das mulheres também estará presente com  a mesa “Protagonismo das mulheres indígenas, quilombolas, urbanas e Sem Terra  na defesa dos seus territórios”, com a participação de Gloria María Muñoz, Alessandra Alves Arruda “Guató”, da Associação de Mulheres indígenas Takiná, Maria Helena Tavares Dias, quilombola da comunidade São José do Baixio -  Barra do Bugres, Catarina Lima, do MST e Evanilda Santos (Tina),  educadora financeira do Coletivo de Mulheres Essência, de Várzea Grande.

 

Ainda no dia 06/07, às 19h, haverá a palestra e lançamento do livro “Agroecologia no território do agronegócio: experiência do MST no estado de Mato Grosso” , de Vanderly Scarabeli, do MST, e do professor Bernardo Mançano Fernandes, da UNESP.

 

O evento segue na sexta, dia 07/07, começando de manhã,  no auditório da FACC,  com a mesa “Cultura, arte e política”, coordenada pelo professor e antropólogo Aloir Pacini, da UFMT e a participação dos artistas Índio, Wenni Izabelli Justo, DJ Taba e de Genadir Vieira Axé, do MST.

 

Ainda no período de manhã está programada a mesa “A Universidade necessária: é um problema do presente?”, coordenada pelo professor Aldi Nestor de Souza e com a participação dos professores Dorival Gonçalves Junior, da Engenharia Elétrica, Vinícius Machado Pereira  Santos e Djeison Benitti, ambos da área de Matemática.

 

Também estão programadas apresentações culturais permeando a programação, com destaque para a Cia Teia com a intervenção “Nem tudo é sobre capivaras”.  Também é destaque na Jornada a Exposição fotográfica "Movimento & Foco",  de Francisco Alves, que poderá ser apreciada no saguão do auditório da FAAC.

 

Estão previstas também visitas mediadas às exposições do Museu Rondon de Etnologia e Arqueologia/MUSEAR e ao Museu de Arte e Cultura Popular/ MACP, com a Exposição “Bio”, de Ruth Albernaz, em diálogo com as artistas Domingas Apatso, Naine Terena e Thaís Magalhães.

 

Para encerrar o evento está prevista a mesa “Terra e território: os desafios da Reforma Agrária e Demarcação de Terras Indígenas no governo Lula” que contará com a presença da liderança indígena Eliane Xunakalo, presidente da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso/ FEPOIMT e de João Paulo Rodrigues, dirigente nacional do MST.

 

Clique aqui e confira toda a programação e horários no site do evento. 

 

Sobre a JURA:

 

A JURA é um evento nacional que tem como propósito colocar em discussão o projeto de Reforma Agrária Popular e os temas que a circundam. A JURA é realizada em todo o Brasil e tem a participação de mais de 70 Instituições de Ensino Superior do país (IES).

 

O movimento da JURA está completando dez anos em 2023. A construção nacional da JURA teve início  a partir de 2013 com a realização do 2º Encontro Nacional de Professores Universitários com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, oportunidade em que se deliberou que, a partir de 2014, nas jornadas de luta de abril, as universidades que tivessem núcleos, grupos de trabalho ou outros instrumentos em defesa dos movimentos populares do campo e da reforma agrária, realizariam ações simultâneas e articuladas para repercutir tanto para o meio acadêmico, como para a sociedade e para os meios de comunicação de massa, a defesa da reforma agrária popular, a defesa da educação pública e o reconhecimento dos movimentos sociais populares do campo e a sua legítima luta em defesa da qualidade da alimentação do povo brasileiro e da democratização da terra, da educação, da cultura e da comunicação.

 

Mais do que um evento, a JURA é um movimento de universidades de todo país. Neste ano de 2023, a JURA UFMT completa seis anos de realização. Acompanhando a orientação nacional, a JURA 2023 tem como lema: REFORMA AGRÁRIA POPULAR: EM DEFESA DA NATUREZA E DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS! Como sempre,  a JURA é construída coletivamente ao longo do ano, articulada com a comunidade interna e externa à UFMT, como movimentos sociais populares, sindicatos, organizações comunitárias e instituições públicas locais, bem como com as demais IES do Brasil que constroem a JURA.

 

Quer ajudar a construir a JURA? Entre em contato pelo e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. .

 

Fonte: Divulgação

Sexta, 20 Maio 2022 17:48

 

 

Fotos: Bruna Obadowski / Imprensa JURA 2022

 

A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) começou em Mato Grosso com exposição de produtos e debates realizados, pela primeira vez, em praça pública. A Praça Alencastro, localizada em frente à Prefeitura da capital mato-grossense, foi o palco dessa experiência realizada nos dias 12 e 13/05, já avaliada muito positivamente pelos organizadores. A programação, no entanto, seguirá com diversas atividades nos próximos meses.  

 

Para a professora Mirian Sewo, o aspecto mais positivo até o momento foi justamente a realização da Feira Saberes e Sabores da Terra na Praça Alencastro. “A gente já tinha feito feiras com produtos dos assentamentos em outras JURA’s, mas sempre dentro da universidade, no centro cultural, e dessa vez a gente levou para a praça. Então ela ganhou uma dimensão maior, porque a JURA sempre teve foco muito maior nos debates dentro do âmbito da universidade, seminários, conferências, mesas redondas. Dessa vez, o foco foi a própria produção dos assentados, dos pequenos agricultores, da economia solidária, artesanato. Isso ficou em primeiro plano nesse início da atividade. Os debates foram acontecendo ao redor da Feira, de uma forma em que os produtores e o pessoal da economia solidária podiam participar”, disse a docente do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).  

 

Na praça, os debates realizados por meio da Roda de Conversa proporcionaram maior aproximação com o público que passava pela região. “Com o debate realizado na praça, você não precisa sair do espaço da feira para participar da discussão. É óbvio que a gente precisa aprimorar um pouco mais, podemos pensar em alternativas para que fique melhor ainda da próxima vez, mas eu já acho que foi muito legal. É muito bacana você estar participando de um evento na praça, com feira, com animação, com gente indo para lá e para cá e ao mesmo tempo conseguir fazer uma roda para debater temas tão importantes. Não percebi que pessoas da rua entraram para a Roda, mas quem sabe nas próximas a gente consiga chamar para conversar. É difícil, porque de alguma maneira quem está na rua está indo ou vindo para algum lugar, não tem tanto tempo para sentar no evento, mas acho que essa dinâmica sai um pouco desse modelão de dentro da universidade, que está um pouco cansativo”, avaliou.        

 

 

Sewo também ressaltou que, na praça, a venda dos produtores foi muito boa, que a feira teve uma boa aceitação por parte da população, e os poucos produtos que restaram a universidade se comprometeu a comprar para utilizar no restaurante universitário. Isso demonstra, na avaliação da docente, que o evento conseguiu aproximar o debate de instituições. “A feira conseguiu dar esse salto: além de aproximar, abrir o diálogo com a administração a respeito das necessidades que os camponeses possuem no campo, mostrar que a universidade pode se aproximar mais, desenvolver projetos, uma série de atividades que dialoguem mais com essas necessidades. Esse diálogo foi aberto na medida que a universidade atendeu praticamente todos os nossos pedidos e continua atendendo, porque a JURA ainda não acabou. A gente continua com atividades no assentamento Zé da Paes entre outras. A própria repercussão que a JURA causa na comunidade como um todo contribui para melhorar o diálogo com as instancias públicas”, afirmou.  

 

A docente apontou ainda, como ganhos da edição deste ano, o envolvimento das pessoas na organização coletiva em todos os aspectos, frutos da própria metodologia da JURA, e a importante repercussão na mídia, devido a ampliação da equipe que se comprometeu a ajudar na cobertura do evento. A Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind) é uma das entidades que apoiam a realização da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária todos os anos.

 

“A JURA é uma atividade que permite a realização de todos ali num papel de primeira ordem. Isso é muito bacana, o envolvimento e compromisso das pessoas tanto da academia, de professores, estudantes, técnicos, movimentos sociais, grupos, representações políticas, é um espaço bastante amplo e de muito compromisso e participação. É muito trabalhoso, mas animador, traz um animo para todos nós, vontade de fazer mais, de continuar. É legal quando você termina uma parte da atividade querendo continuar, fortalecido para continuar, com vontade de fazer mais, e nós temos até setembro para continuar com as atividades da JURA.

 

Assim como Sewo, a professora do Departamento de Serviço Social da UFMT, Eva Freire, acredita que os dois primeiros dias de atividades da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária foram muito importantes.

 

“A JURA é construída em um processo coletivo, por várias mãos e mentes. São vários saberes que também vimos materializados na feira Saberes e Sabores da Terra. Para além dos saberes, sabores, temos ainda a resistência. Resistência essa que se materializa na produção de alimentos sem veneno, com preços justos; na luta pela reforma agrária popular, especialmente em um estado como Mato Grosso, com alto índice de concentração de terras. Levar a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) para a praça, ao meu ver, possibilitou ampliar o alcance desses debates”, afirmou.    

 

 

 

Para a professora Rosa Lúcia Rocha, a feira conseguiu sintetizar o principal objetivo do “movimento JURA”, que é colocar em discussão e repercutir nos meios de comunicação e, consequentemente, entre a população, o projeto de reforma agrária e os temas que o circundam, com o máximo de articulação social.

 

Nesse sentido, a professora aposentada do Departamento de Enfermagem da UFMT elencou alguns pontos que, na sua avaliação, foram demonstrados pela JURA 2022 na Praça Alencastro. “Primeiro, as universidades públicas brasileiras apoiam a Reforma Agrária como forma de democratização da estrutura agrária social, econômica, política e educacional brasileira - aqui nós tivemos de forma bem evidente essa expressão, com a grande presença da UFMT, inclusive da sua gestão superior, apoiando a JURA de diversas formas, com todo o apoio institucional que nós solicitamos; segundo, a defesa da Educação Pública de qualidade e da Reforma Agraria são bandeiras articuladas em torno da construção de um projeto popular para o país - nós temos buscado repercutir isso a todo momento dentro da JURA e, consequentemente, dentro da Feira; terceiro, as universidades públicas reconhecem os movimentos sociais populares do campo como sujeitos coletivos de produção de conhecimento – e neste aspecto, nós tivemos uma importante expressão desse encontro de saberes, campo e universidade com seus professores, pesquisadores, artistas, dialogando e se retroalimentando com seus saberes”, destacou Rocha.  

 

A feira na Praça Alencastro trouxe, ainda, um ganho político fundamental a toda sociedade. De acordo com a professora, a atividade mostrou “em alto e bom som” que as universidades públicas brasileiras, aqui representadas pela UFMT, são contrárias a toda e qualquer prática de criminalização dos movimentos populares - especialmente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - e reconhecem a legitimidade das suas lutas em defesa da qualidade da alimentação do povo brasileiro e da democratização da terra, da educação, da cultura e da comunicação.

“Em síntese, a gente conseguiu, com a Feira Saberes e Sabores da Terra, colocar no centro da capital, chamada do agronegócio, o debate da Reforma Agraria popular, com o MST como o mais importante movimento popular social do Brasil - podemos dizer um dos maiores movimentos sociais populares que questionam esse modelo de sociedade, esse modelo econômico que já demonstrou ser incapaz de atender às necessidades da humanidade. Viva a JURA, a UFMT, viva a Reforma Agrária Popular”, concluiu Rocha.          

 

Já no dia 07/06 a JURA terá nova atividade: o “Dia D do Grito, Seminário 200 anos de (In)dependência: para quem?”. Será no Auditório Dom Máximo Biennes, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Poconé, das 8hàs 11h.

  

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Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind