Quinta, 09 Fevereiro 2023 18:37

 

 

Protesto adiou leilão momentaneamente. Porém, após a saída de manifestantes, processo foi retomado. Foto: Sintufrj 

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou, nessa quinta-feira (2), leilão para a cessão de área pública da universidade para a iniciativa privada. Apesar do processo ter sido interrompido devido ao protesto do movimento “A UFRJ não está à venda”, o leilão foi retomado no final da tarde após a saída das e dos manifestantes da frente do Edifício Ventura, onde ocorreu a licitação.

A manifestação para tentar barrar a privatização de parte da universidade foi organizada pelo ANDES-SN, pelo Sindicato de Trabalhadores da UFRJ (Sintufrj), DCE Mário Prata e Fasubra. A coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista, classificou como vergonhosa a manobra da UFRJ, que segundo ela, conduziu “esse processo sempre de forma antidemocrática e açodada”.

“Deixamos muito claro a todos os setores empresariais ali presentes no leilão de que não vai ser tranquilo, não vamos aceitar a entrega do Campinho, a entrega de patrimônio da nossa universidade pública ao setor privado. Também é fundamental desmentir qualquer fake news que alguns setores levantam de que somos contra a reabertura do Canecão, muito pelo contrário, queremos um Canecão reaberto, popularizado e conectado com a UFRJ. E por isso esse projeto não nos serve. Essa luta não se encerra neste dia”, declarou Marta Batista.

 

O leilão

Dois grupos se candidataram à concessão. A W Torre Entretenimento e Participações e o consórcio Bonus-Kleffer, formado pelas empresas Bonus Track Entretenimento e Klefer Entretenimento e Participações, que saiu vencedor. A Bonus Track pertence aos produtores Luiz Oscar Niemeyer e Luiz Guilherme Niemeyer. A Kleffer pertence ao empresário e ex-presidente do Flamengo, Kleber Leite.

Entenda

A UFRJ republicou o edital de licitação, à iniciativa privada, para a concessão de 15 mil m² do campus da Praia Vermelha - entre as imediações do Rio Sul (antigo Canecão) e o novo espaço multiuso. Nesse dia 2 de fevereiro, houve a abertura dos envelopes para licitação das obras, e parte da Praia Vermelha será leiloada para a construção de uma casa de shows com capacidade para 7 mil pessoas no lugar do antigo Canecão. 

Em troca da cessão de ao menos 30 anos (sem limite de prorrogação), a empresa vencedora estaria comprometida com algumas contrapartidas à universidade, como a conclusão de obras inacabadas e novas instalações.

 

 

Não houve interessados na primeira tentativa, que ocorreu em dezembro e, para atrair potenciais licitantes, o novo edital reduziu exigências, como o valor para comprovação do patrimônio líquido e o capital social mínimo da concessionária.

“Com esse leilão, a Reitora da UFRJ cede o espaço para lucro do capital, com destruição da área em uso, que hoje dá lugar a importantes projetos de extensão, atividades das unidades de saúde mental do campus e a natureza, para alocar uma casa de shows que não representaria nenhum retorno à universidade e nenhum dos pilares entre ensino, pesquisa e extensão”, critica o Sintufrj.

 

Fonte: Andes-SN (com informações e fotos do Sintufrj

Sexta, 18 Fevereiro 2022 18:00

 

 

Com os cortes de recursos destinados à Educação e, consequentemente, às instituições de ensino superior, a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) tem se organizado para prosseguir com suas atividades, mas os sinais da precarização já são visíveis. As dificuldades com a manutenção e limpeza são relatadas há alguns anos, mas no período da pandemia, outra questão veio à tona: os casos de roubos e furtos do patrimônio aumentaram.

 

Com quase metade dos recursos que a universidade tinha há dez anos e mais do que o dobro de estudantes - que o Reuni inseriu sem estrutura e pessoal em quantidade equivalente -, a instituição reduziu sensivelmente o número de funcionários terceirizados, entre eles, os seguranças responsáveis pela vigilância.

 

Uma das vítimas mais recentes foi a Faculdade de Medicina. Foram dois episódios relevantes em apenas dois meses. “Com a pandemia, o bloco ficou fechado, poucas atividades foram realizadas, a não ser pela pós-graduação e administração dos nossos projetos de extensão. Em novembro de 2021 fomos surpreendidos, numa sexta-feira à tarde, com o arrombamento de uma porta do laboratório de Farmacologia. Foram subtraídos cinco computadores novos, da marca Dell. Há três semanas tivemos o mesmo episódio. Dessa vez, foram subtraídos dois computadores do laboratório de Fisiologia, da mesma forma: sexta-feira, período da tarde, arrombamento de portas, sendo que nós temos um segurança no bloco, que abriga ainda os cursos de Nutrição e Tecnologia de Alimentos”, contou a diretora da Faculdade de Medicina, Bianca Galera.

 

Os equipamentos furtados não foram comprados pela administração superior, mas adquiridos com recursos próprios da Faculdade, por meio do Plano Global de Aplicação (PGA), que resulta dos projetos de extensão oferecidos pela unidade acadêmica. O prejuízo financeiro estimado é de cerca de R$ 50 mil.

 

“É um prejuízo enorme. Nós temos uma Faculdade de Medicina nota cinco, e a gente trabalha muito nos projetos de extensão para poder conseguir equipamentos de TI [Tecnologia da Informação], de laboratório, reagentes, tudo com recursos próprios do PGA. Quando acontece uma situação dessas, não tem como fazer reposição. A gente tem que continuar trabalhando para ver como vai ter recurso para repor esses equipamentos, que são novos e somam valores muito altos. Prejuízo também para os alunos e professores que ficam sem computador. Muitos que tinham esses computadores nas suas mesas de trabalho ainda estão sem. Isso é muito grave, atrapalha a graduação, a pós-graduação a pesquisa e a extensão”, destacou a diretora.

 

Em 2020, o Hospital Veterinário (Hovet) também teve prejuízos decorrentes de um furto. Os bandidos entraram de madrugada, por uma janela localizada nos fundos, e destruíram especificamente o centro cirúrgico da unidade. “Danificaram a estrutura, algumas portas de vidro, equipamentos de informática, furtaram alguns materiais, principalmente instrumentais. A gente tem algumas caixas de instrumentais, cirúrgicas, e nós sentimos falta de pelo menos sete caixas dessas. Contabilizamos uma perda de pelo menos 224 itens, que seriam tesoura, cabo de bisturi, pinça, além do furto de materiais médicos, estetoscópio, e alguns outros deixados pelos residentes dentro de armários, que foram arrombado e danificados”, explicou o diretor do Hospital Veterinário, Richard Pacheco.

 

“Estou na universidade há 13 anos. Conversei com alguns colegas e, em termos de peso, de perda de material, esse foi um dos episódios mais impactantes. Ninguém se recorda de nenhum outro dessa magnitude. Bagunçaram, praticamente destruíram todo o centro cirúrgico do Hospital, que é uma ala relativamente grande. Mais recentemente ocorreram alguns pequenos furtos de tubulação de ar condicionado, de cobre, da Faculdade de Medicina Veterinária, além de alguns equipamentos. É algo mais recente, mas pelas imagens das câmeras, até onde eu sei, o pessoal da segurança conseguiu capturar o indivíduo. Mas foi um prejuízo muito menor, comparado ao furto no Hospital Veterinário”, acrescentou o diretor.

 

A grande maioria dos equipamentos e materiais furtados do Hospital Veterinário também foi adquirida com recursos próprios, captados por meio do atendimento à comunidade e administrado pela Fundação Uniselva. Para conseguir manter o atendimento, o Hospital reinvestiu na compra de mais material, equipamentos e instrumentais cirúrgicos. No entanto, a unidade ficou fechada por dois dias e sem atendimento cirúrgico por quase uma semana. Além de organizar e soldar as janelas e portas danificadas, foi preciso esterilizar os materiais revirados e, portanto, contaminados.

 

Há ainda outros casos recentes e importantes de furtos de patrimônio, como o da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA), que repercutiu nacionalmente. Em dezembro de 2020, também por meio de arrombamento da sala do Programa de Extensão TOCA, foram levados equipamentos eletrônicos diversos, computadores, nobreak, notebooks e uma impressora.

 

Para tentar resolver a questão, a Faculdade de Medicina reclama que o plano de segurança da universidade não está evidente, e reivindica uma reunião com a Reitoria.

 

“Não está claro para nós como a universidade está realizando investimentos na área da Segurança, tendo em vista esses dois episódios de furto em dois meses, do mesmo tipo, no mesmo horário. Precisamos saber o que estão fazendo, qual é o nosso papel, enquanto docentes, técnicos e alunos, o que a gente pode fazer para que a instituição dê essa contrapartida. A gente redobrou os cuidados, mas como a gente pode realmente ter uma equipe de segurança no nosso bloco?”, explicou Galera.

 

A professora lembrou, ainda, que há áreas abandonadas dentro do campus, que precisam de atenção. “Nós temos locais que estão sendo danificados, depredados, destruídos. O que a gente faz? A gente vai esperar acontecer alguma coisa grave, um dano físico a um servidor, a um aluno, para depois correr atrás? Então, eu e vários outros diretores solicitamos uma reunião com a Reitoria, com a Pró-reitoria de Administração (Proad), com a Secretaria de Infraestrutura (Sinfra), para escutar deles como está sendo o plano de segurança para a instituição. É patrimônio público, é dinheiro nosso, dos nossos impostos, dos nossos projetos, não está certo essa situação ficar acontecendo de forma recorrente e semelhante. Quer dizer, quem está fazendo isso? Qual é a fragilidade, se só tinha uma porta aberta? Como uma pessoa conseguiu sair, de tarde, carregando computadores, e ninguém viu?”.       

 

Galera cobra, ainda, apoio da instituição para melhoria das condições de subsistência dos institutos e faculdades. “Hoje a gente trabalha muito com projetos de extensão. Temos que colaborar com a universidade, sim, mas a universidade também tem que fazer uma parte, gerir, garantir. Isso tem que ficar mais claro, o que ela pode fazer, o que não pode, quanto tem, como, quando e onde vai ser empregado esse recurso. Precisa de um diálogo, uma transparência maior com a gestão superior”, pontuou.

 

Depois do furto, o Hospital Veterinário empregou recursos próprios também na prevenção de novas perdas. Foram instaladas câmeras, holofotes e concertina. A universidade disponibilizou apenas a mão de obra para instalação e solda dos pontos de acesso ao Hospital.

 

Além disso, a unidade pediu reforço da segurança na região. “Foi solicitado ao setor de segurança da universidade que fizesse uma ronda ostensiva, principalmente nos fundos do hospital. Hoje, nosso aparato está interligado ao setor de segurança da UFMT. Eles têm acesso às imagens dos corredores, das áreas de fundo, que são alguns pontos de acesso em que pode ser difícil fazer uma ronda mais ostensiva. A presença das câmeras facilitou a melhoria da segurança, tanto que nós tivemos um único episódio de roubo depois disso, das tubulações de ar condicionado, e justamente uma dessas câmeras possibilitou a captura de imagem de um indivíduo e ele acabou sendo preso, impedido de realizar novas ações”, finalizou o diretor do Hovet.

            

Em defesa da UFMT, a Associação dos Docentes – Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional vem alertando sobre os cortes de recursos que vêm sendo realizados sistematicamente desde 2016, e sobre a necessidade de mobilização da categoria para reverter o quadro de desmonte.

 

“O sindicato vem denunciando esse sucateamento, que chega a dimensões assustadoras, porque já não garante recursos para a manutenção da universidade, seus prédios, sua segurança. Os fatos ocorridos revelam contradições enormes que são, primeiro, professores tendo que apresentar projetos de pesquisa e extensão para angariar recursos como única forma de ter um computador de qualidade, maquinário de qualidade para suas pesquisas, quando o Estado brasileiro tinha que criar as condições para a produção dessas pesquisas; a outra é a fragilidade dos serviços terceirizados, que com os cortes de recursos terminam por reduzir o número dos servidores de segurança. É importante que a comunidade perceba que é preciso fortalecer as organizações, sindicatos, Diretório dos Estudantes e centros acadêmicos para, juntos, fazermos mobilizações e garantirmos a retomada desses recursos, investimentos que são fundamentais para a existência da universidade, naquilo que ela se propõe: produzir ensino, pesquisa, extensão, ou seja, beneficiar a população que precisa dos serviços das instituições de ensino superior”, disse o diretor da Adufmat-Ssind, Reginaldo Araújo.

  

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 27 Agosto 2021 12:45

 

Prédio da sede dos Correios em Brasília (DF). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado


Empresa pública mais antiga do Brasil, os Correios acumularam, ao longo de seus 358 anos, um patrimônio avaliado, em 2019, em mais de R$ 5 bilhões somente em imóveis. São 2.500 prédios, alguns localizados em áreas nobres das principais cidades do país, que cairão no colo de um só comprador, caso a estatal venha a ser privatizada.

As informações trazidas pela reportagem do portal Intercept dão a dimensão do caráter entreguista e criminoso do governo de Jair Bolsonaro. A venda de 100% dos Correios já foi aprovada pela Câmara dos Deputados, no último dia 5. O plano é concluir o processo até março de 2022.

Segundo a matéria do jornalista Vinicius Konchinski, a carteira de imóveis dos Correios é variada. Há prédios empresariais, históricos, imensos galpões logísticos, terrenos e agências. Para se ter ideia da amplitude dos bens, a empresa é a única a ter unidades em todos os municípios brasileiros.

Entre os principais imóveis estão a sede da estatal, em Brasília, avaliada em R$ 360 milhões. No entanto, há dezenas de outras construções em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belém. Todas extrapolam a faixa de R$ 1 milhão e estão localizadas nas áreas de metragem mais caras do país.

Correios esconde os dados
A última avaliação minuciosa ocorreu em 2014, revelando a quantia de R$ 5.692. 951 bilhões em imóveis. Desde então, os valores dos imóveis dos Correios vinham caindo lentamente, até registrar R$ 5.237.853 bilhões, em 2019. No entanto, em 2020, ano em que o projeto de privatização é elaborado, a empresa apresentou uma avaliação de imóveis na quantia de R$ 3.850 bilhões, queda de 26%, o que não corresponde com a alta no mercado imobiliário no último ano.

Acesso a lugares remotos
A venda dos Correios também coloca em risco as regiões isoladas do país que poderão ficar sem o serviço postal. Como não irá gerar lucro, o comprador dos Correios pode, simplesmente, deixar de atender o local. Este cenário seria uma verdadeira tragédia para milhões de pessoas, visto que a estatal também entrega provas do Enem, livros e vacinas, por exemplo.

Contra a venda dos Correios
A CSP-Conlutas e o ANDES-SN são totalmente contra a venda dos Correios, independente dos valores praticados pelo governo. A estatal é uma empresa estratégica e fundamental para a soberania nacional. Além disso, a privatização significa desemprego para ao menos 60 mil trabalhadores e trabalhadoras. 



Leia também:
Câmara aprova projeto que viabiliza a privatização dos Correios

 


Fonte: CSP-Conlutas (com edição do ANDES-SN)

Segunda, 20 Julho 2020 15:49

 

Crédito: SindipetroSJC

 

Os petroleiros estão se mobilizando contra a política de desmonte da direção da Petrobras, que tenta “passar a boiada” em plena pandemia e avançar com o projeto de privatização. Como parte das iniciativas foi realizada nesta quarta-feira (15) uma reunião virtual, articulada pela CSP-Conlutas e as entidades sindicais dos petroleiros FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) e FUP (Federação Única dos Petroleiros) com os líderes dos partidos de oposição da Câmara dos Deputados.

 

Participaram os parlamentares Carlos Zaratinni (PT/SP), André Figueiredo (PDT/CE), Perpétua Almeida (PCdoB/AC), Fernanda Melchiona (PSOL/RS), José Guimarães (PT/CE), Alessandro Molon (PSB/RJ), Enio Verri (PT/PR), Wolney Queiroz (PDT/PE) e o senador Jean Paul Prates (PT/RN).

 

Na reunião foram definidos alguns encaminhamentos com o objetivo de barrar a política de desmonte da empresa. Entre as ações, está o despacho dos líderes dos partidos com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, para garantir as prerrogativas do Congresso e fortalecer a tese do desvio de finalidade no processo de privatizações das refinarias. Além disso, fortalecer a Frente Parlamentar em defesa da Petrobras e articular m seminário em defesa da empresa.

 

A criação de uma campanha com o mote #FICA PETROBRAS EM TODOS OS ESTADOS, envolvendo sociedade, partidos, parlamentares, governadores, movimentos, sindicatos, entre outros. Será articulada também a criação de uma comissão geral para debater o desmonte da empresa e as prerrogativas do Congresso.

 

Outra ação pensada foi a elaboração e o encaminhamento de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para exigir a necessidade de discussão no Congresso Nacional sobre qualquer decisão acerca da privatização de subsidiárias de estatais, revertendo a decisão do STF que autorizou, no ano passado, a venda de subsidiárias sem necessidade de aval dos parlamentares.

 

A realização de uma audiência com o Ministro de Minas e Energia, Bento de Albuquerque, além de articulação com os governadores e a denúncia em órgãos internacionais das ilegalidades do processo de desmonte da empresa também fazem parte dessas ações. As federações FNP e FUP vão elaborar um  artigo para ser endossado e publicado pelos parlamentares da Frente.

 

Todas essas iniciativas se somam à ampla campanha e mobilização que os sindicatos da categoria vem promovendo junto à categoria petroleira.

 

“Bolsonaro está tentando passar a boiada na Petrobras, desmontando a empresa para favorecer as multinacionais. Essas iniciativas que a FNP e a CSP-Conlutas estão construindo, juntamente com os parlamentares, vão ser importantes pra fortalecer a mobilização da categoria petroleira na luta contra a política privatista de Bolsonaro e Guedes”, afirmou Eduardo Henrique, dirigente da FNP e membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

 

“Nós sabemos que o Congresso Nacional em sua maioria é bastante alinhado com a política privatista de Guedes e Bolsonaro, mas um forte processo de mobilização dos petroleiros e do conjunto da sociedade pode obrigar a Câmara e o Senado e tomarem medidas contra o desmonte da Petrobras”, completou Eduardo Henrique.

 

Crédito: Sindipetro AL/SE

 

Privatização, não!

A política do presidente Jair Bolsonaro de ampliação da privatização de todas as estatais se reflete nas medidas adotadas pelo presidente da Petrobras Castello Branco, que atacam direitos dos trabalhadores e aprofundam o desmonte da empresa.

 

Em meio à pandemia do novo coronavírus, Castello Branco e Bolsonaro aproveitam para vender o que resta da companhia e entregar o petróleo brasileiro para investidores internacionais.

 

A Petrobras tenta levar um plano de privatização, desinvestimentos e venda de ativos que pretende acabar com 15 mil postos de trabalhos da estatal, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

 

Fazem parte desse plano de desmonte a entrega para multinacionais de poços, termelétricas, refinarias, terminais de transporte, etc. Nos últimos oito anos, a Petrobras  trouxe R$ 70 bilhões em investimentos para as regiões Norte e Nordeste. Toda essa riqueza está sendo entregue praticamente de graça às multinacionais estrangeiras, entre elas, Exxon, BP, Shell, Chevron, Total, Mitsui, Petrogal.

 

A direção da empresa tenta levar adiante essas medidas, usando de manobras e artifícios ilegais, como a criação de subsidiárias para facilitar a venda sem a necessidade de aprovação pelo Congresso Nacional. Esse tipo de manobra jurídica foi considerada ilegal pelo STF e, recentemente, Davi Alcolumbre (Presidente do Senado) e Rodrigo Maia (Presidente da Câmara), a partir de uma iniciativa do Senador Jean Paul Prates (PT/RN), enviaram representação ao STF (Supremo Tribunal Federal) questionando a legalidade desses processos de privatização e venda de ativos que tenta implementar a direção da estatal.

 

O impacto negativo será enorme para essas regiões. Cerca de 40% da produção industrial de Sergipe, da Bahia e do Rio Grande do Norte é de responsabilidade da Petrobrás. Sua saída pode acarretar a perda de 320 mil empregos na região, sendo que, desde 2015, o setor de petróleo na região já perdeu mais de 100 mil empregos.

 

Sindicatos e federações de petroleiros denunciam o plano de demissão em massa, anunciada pelo próprio presidente da empresa, em live realizada no começo de julho. Castello deixou explícito sua intenção de atingir com o PDV (Plano de Demissão Voluntária) 10 mil trabalhadores, além de dos 5 mil que sairão dos quadros da empresa com a possível venda das refinarias.

 

Em 2018, a Petrobrás pagou de royalties o valor de R$ 1,78 bilhão para 52 municípios de Alagoas; 269 municípios da Bahia; 83 municípios do Ceará; 6 municípios do Maranhão; 9 municípios da Paraíba; 19 municípios de Pernambuco; 98 municípios do RN e 75 municípios de Sergipe, totalizando 6 estados e 611 municípios do Nordeste. Na Bahia, o setor do petróleo respondeu por 25% da arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), em 2018.

 

Esse cenário integra o Plano de Desinvestimento, fruto da política de privatização que começou com os governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, Temer e agora Bolsonaro.

 

 

Crédito: Sindipetro RJ

 

Política de proteção aos trabalhadores na pandemia é ineficaz

Os trabalhadores da Petrobras estão sendo submetidos ainda aos ataques da empresa que se aproveita da pandemia para rebaixar direitos e demitir trabalhadores, seja os contratados diretamente ou os terceirizados. O número de trabalhadores infectados no sistema Petrobras é altíssimo e vários trabalhadores já morreram por Covid-19.

 

A categoria petroleira segue com a exigência de proteção dos trabalhadores, com a redução da produção somente para o que for essencial para o combate ao vírus, como produção de gasolina para os transportes hospitalares, geradores, e gás de cozinha de baixo custo para a população.

 

Indo na contramão disto, a direção da empresa acelera a produção, negligencia protocolos de proteção, com aval do governo que segue com sua política de privatização.

 

Petrobrás 100% estatal

A CSP-Conlutas integra a campanha contra a privatização da Petrobrás com a forte denúncia da entrega do patrimônio público e estatal para a iniciativa privada. É importante que as entidades filiadas, trabalhadores do campo e da cidade, movimentos de luta contra as opressões e estudantis se incorporem a essa luta para resistirmos contra esses ataques.

 

Contra a política dos governos que colocam o lucro acima da vida: Fora Bolsonaro e Mourão!

 

Fonte: CSP-Conlutas

Sexta, 18 Outubro 2019 09:53

 

Na semana passada, o governo Bolsonaro deu início a uma temporada de leilões de petróleo brasileiro. Um verdadeiro mega feirão para entregar áreas estratégicas, que concentram grandes reservas de óleo e gás do país. Um prato cheio para multinacionais estrangeiras que não esperam a hora de pôr as mãos nas riquezas nacionais.

 

 

O primeiro leilão ocorreu no último dia 10. Foi a 16ª rodada, em que foram ofertados 36 blocos para exploração, dos quais 12 foram arrematados. De 11 empresas ofertantes, 10 foram vencedoras. No total, foram arrecadados R$ 8,9 bilhões. Blocos não adquiridos neste leilão ingressam em regime de oferta permanente, segundo informou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

 

O leilão foi marcado pela presença das grandes petroleiras, com destaque para a Chevron, que levou cinco áreas, todos em consórcio, e a Repsol, que arrematou quatro. O maior desembolso foi pago pelo consórcio formado pela Chevron, Petronas e QPI, R$ 4,029 bilhões. A Petronas, da Malásia, ficou com três blocos. A Petrobras levou um único bloco – o CM-477, na Bacia de Campos – em consórcio com a BP Energy.

 

Nenhuma petroleira demonstrou interesse nos blocos das bacias de Camamu-Almada e Jacuípe, cujas concessões estão sendo questionadas na Justiça Federal da Bahia pelo Ministério Público Federal.

 

As áreas das duas bacias estão próximas a regiões de grande preservação ambiental, como o Parque Marinho de Abrolhos, no sul da Bahia. Segundo o MPF, os estudos de viabilidade ambiental realizados na área não foram suficientes para afastar os riscos da atividade exploratória. Mas mesmo assim, o governo Bolsonaro/Mourão insistiu na oferta e segue tentando entregar esta área.

 

Leilão da cessão onerosa: o mais esperado

Os dois outros leilões previstos para o ano são a 6ª rodada de licitação do pré-sal e o do excedente da cessão onerosa, em novembro, sob regime de partilha, com áreas em Santos e Campos. O mais esperado é o do dia 6, quando serão ofertados os blocos Búzios, Atapu, Itapu e Sépia.

 

Um estudo encomendado pela ANP e realizado pela Gaffney, Cline & Associates, de Houston, mostrou que a área pode conter mais de 15,1 bilhões de barris de petróleo recuperável. Para se ter uma ideia do potencial da região e da riqueza que representa, a Noruega possui cerca de 6,4 bilhões de barris de reservas provadas.

 

O grande feirão entreguista prevê o pagamento de um bônus de assinatura no valor de R$ 106,5 bilhões, que generosamente poderão ser parcelados. No caso de Búzios e Itapu, a primeira parcela de 75% do bônus será paga ainda neste ano e a segunda de 25% está prevista para o ano que vem. Nos campos de Atapu e Sépia o pagamento será feito em duas parcelas iguais, sendo que uma para o ano que vem.

 

Deste total serão descontados R$ 33,6 bilhões para serem pagos à Petrobras pela revisão do contrato da Cessão Onerosa firmado em 3/9/2010. O restante dos recursos será dividido conforme os termos de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada nesta semana no Senado: R$ 10,95 bilhões (15%) ficarão com os estados; R$ 10,95 bilhões (15%) com os municípios; R$ 2,19 (3%) bilhões com o Rio de Janeiro. A União ficará com R$ 48,9 bilhões.

 

Aliás, foi em razão dessa negociata, que os senadores prometem terminar de aprovar a Reforma da Previdência em 2° turno no próximo dia 22.

 

“Trata-se de um potencial de trilhões de reais vendido por migalhas, a serem rateadas e pulverizadas em pouco tempo, e que não serão revertidas para investimentos em saúde e educação”, denuncia o Sindipetro-RJ.

 

“Se tivesse sido mantida a resolução CNPE N° 1, de 2014, que aprovou a contratação direta da Petrobrás para produzir o excedente em regime de partilha, seriam gerados só para saúde e educação, R$ 642 bilhões. Mas a resolução foi anulada no governo Bolsonaro”, explica o diretor do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros, Eduardo Henrique.

 

Ainda segundo o sindicato, com o famigerado leilão, a propriedade das plataformas, poços e equipamentos submarinos, P-74,P-75,P-76 e P-77 que são da base territorial da entidade, passará também às empresas vencedoras do certame na medida da participação que elas irão adquirir na partilha.

 

“Em um primeiro momento, a operação dessas plataformas será da Petrobrás, que exerceu a preferência em Búzios e Itapu e não vai perder a operação imediatamente. Mas nos acordos de coparticipação, instrumentos criados para viabilizar este leilão esdrúxulo, há uma cláusula de redeterminação das participações. Com isto, no futuro, tudo pode ser vendido para os parceiros na partilha o excedente”, afirma Eduardo Henrique.

 

“O que é muito estranho foi a Petrobrás não ter exercido a preferência da operação nos gigantes de Atapu e Sépia onde há volumes recuperáveis na casa de bilhões de boe [barris de óleo equivalente). Nestes, ao não exercer a preferência, a Petrobrás já está praticamente sinalizando que não será a operadora”, disse.

 

O Sindipetro-RJ denuncia ainda que outro dano à Petrobrás e ao país é a antecipação da produção que as multinacionais estrangeiras poderão pedir antes mesmo de pagar a compensação à Petrobrás.  Não é difícil imaginar o que representa a entrega de parte da produção de Búzios, que já é o terceiro campo produtor do Pré-Sal.

 

O Sindicato alerta ainda que essa entrega também resultará em demissões e ataques aos direitos de milhares de trabalhadores.

 

É preciso denunciar e lutar contra a privatização da Petrobras e os leilões de petróleo

 

Os leilões das reservas de petróleo e o avanço do processo de privatização da Petrobrás, que anunciou recentemente a venda de várias refinarias, fazem parte de um mesmo plano que é entregar o patrimônio e as riquezas nacionais para multinacionais estrangerias.

 

O discurso do governo é que isso vai gerar dinheiro para investir em áreas sociais. Mentira! São vendas a preço de banana e mesmo os recursos que entram vão parar pagar os famigerados juros da Dívida Pública a banqueiros e especuladores internacionais.

 

Só as multinacionais e países imperialistas como os EUA ganham com isso. Para o povo ficará um país mais pobre, sem controle e sem poder usufruir de suas riquezas nacionais, e consequências como o aumento no preço dos combustíveis, do custo de vida e desemprego.

 

Por isso, a CSP-Conlutas está na luta contra as privatizações!

 

Confira dois vídeos que explicam as consequências da privatização da Petrobrás e dos prejuízos em perder o controle sobre as riquezas do país, como o petróleo.

 

Fonte: CSP-Conlutas