Quinta, 17 Maio 2018 10:42

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 

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Prezados Docentes,

Boa Tarde,
 

Ontem, após nossa assembleia, alguns docentes me solicitaram verbalmente que encaminhasse esclarecimentos no Espaço Aberto sobre os levantamentos do Conselho Fiscal em relação a gestão 2015-2017, no que tange as contas do fundo de greve (CEF, ag 0686, cc 0005171-6) e de aplicação (SICOOB, ag 4241-2, cc 4805-4).
 
Acolhendo estas solicitações e contribuindo um pouco mais referente a minha fala na assembleia, envio aos colegas algumas informações:
 
Em março de 2015, Prof Sanches deixa a gestão com prestação de contas aprovada e saldo na conta Fundo de Greve de R$ 299.904,38 e conta Aplicação de R$ 226.783,28.
 
Após a greve, em 31/12/2015, restavam nessas contas, respectivamente, as quantias de R$ 125.957,18 e R$ 892,03. O custo total da greve de 2015 foi de R$ 404.274,47, ou seja, boa parte dos recursos dos fundos foi usada para o seu custeio.  
 
Em junho de 2015, no início da greve, institui-se a cobrança de mais 0,25% para recompor os fundos da Adufmat. Cobrança esta que se estendeu até maio de 2017 (quando protestei), sendo arrecadado nesta rubrica a quantia total de R$ 612.473,12, a qual não retornou aos respectivos fundos.  
 
Pois bem, vamos a alguns esclarecimentos:
1° Durante uma assembleia na Adufmat em meados de 2017, com poucos sindicalizados, se votou pelo não envio do relatório final do CF referente a gestão 2015-2017 à categoria;
2° Em seguida, na assembleia de prestação de contas da gestão 2015-2017, após o CF apresentar o relatório final, não houve contestação satisfatória da Diretoria sobre muitos apontamentos, a qual optou por constituir uma Comissão que posteriormente prestaria as devidas respostas.
FATO: até a presente data não houve prestação de contas da gestão 2015-2017.
 
Conforme último demonstrativo contábil no site da Adufmat (fev/2018) da atual gestão, a conta de Fundo de Greve continua sem reposição (R$ 147.762,82), recebendo somente os rendimentos mensais (desde dez/2015). Enquanto que a conta de Aplicação, simplesmente não existe mais.
 
Outro problema sobre a gestão financeira que citei durante a assembleia de ontem foi a rubrica de 1% provenientes de 10% do contrato dos 28,86% com os advogados (nos demonstrativos da Adufmat é denominada de receita 10% sobre 28%). Trata-se de uma “receita extraordinária”, bem como a arrecadação dos 0,25%, a qual deveria ser encaminhada para conta específica (em separado) e sua utilização ser regida expressamente por deliberação de assembleia. No entanto, essa conta em separado não existe e vem sendo usada como se fosse receita ordinária para custeio de despesas correntes da entidade. O valor total arrecadado de jun/16 a fev/18 foi de R$ 359.723,85.
 
Tenho plena consciência que tais receitas foram utilizadas no custeio corrente da seção sindical, porém para provisionamento de possíveis futuras greves e outras demandas não deveríamos nos preocupar mais com isso? Essa quantidade volumosa de recursos (0.25% e 1% d 10%) não deveria estar em contas específicas à disposição da categoria para eventualidades ou deliberações em prol da maioria?    
 
A gestão anterior e a atual vem tratando essas rubricas como “receita sindical” o que, ao meu ver, é, no mínimo, um despropósito com os nossos recursos. Tudo é receita sindical, porém se dividem em receitas ordinárias e extraordinárias. O que seria uma receita ordinária?  A receita ordinária advém do pagamento das contribuições mensais e é permanente. E as receitas extraordinárias? São decorrentes de fontes não-perenes. Acho que qualquer leigo sabe disso e que esse objeto não se mistura.  Tratar tudo como “receita sindical” foi alternativa vulgar para mascarar uma condição contábil e usada para se continuar com a gastança ou justificá-la. Temos atualmente uma arrecadação mensal por contribuição sindical que não chega a 200 mil/mês, mas os gastos são superiores a isso, conforme demonstrativos contábeis da atual gestão disponíveis no site da Adufmat. O déficit vem ocorrendo desde a gestão anterior, fechando as contas da Adufmat no vermelho. Não é justo e nem correto que nossos recursos continuem sendo tratados dessa maneira. Se o Conselho Fiscal permitir a falta de orientação adequada das receitas, será um “Conselho de Amigos”.  
 
Durante a assembleia, um professor do Araguaia ponderou sobre minha fala e relatou que os recursos da greve de 2015 foram usados com viagens e que de 2 a 3 ônibus saiam lotados. Contribuo com a informação que para além destes custos tivemos muitos outros nessa greve. Todavia, referente aos ônibus citados, nem todos foram lotados como foi dito e, em algumas vezes, chegaram depois da finalização dos atos. Entretanto, o mais grave foi a contratação desses ônibus sem nota fiscal, sem guia da ANTT e sem seguro das pessoas destas caravanas, o que foi apresentado no dia do relatório final por mim como “viagens clandestinas” pela falta de oficialidade do ato.  
 
Existem muitos outros fatos documentados e extraídos dos extratos bancários no relatório final do CF gestão 2015-2017, mas tenho certeza que um dia a verdade, o justo e o belo prevalecerão. Professor Reginaldo indagou ontem sobre até quando  falarei disso? Falarei sobre as coisas que julgo improcedentes no sindicado ou na UFMT até quando for preciso, como foi o caso da arrecadação dos 0,25% e muitos outros!
 
Sobre as contas da subseção do Araguaia, pude observar nos demonstrativos no site da Adufmat que a Conta Poupança 99-8, entre set a out/17, teve uma retirada expressiva de recursos (R$ 31.070,20). Solicitei em assembleia esclarecimentos da Diretoria, mas até agora não os recebi. Existe um custeio para investigações nesse mesmo período de R$ 3.497,94. A Diretoria atual poderia, por gentileza, nos esclarecer melhor sobre isso?
 
Por fim, gostaria de aproveitar o ensejo para solicitar à Diretoria anterior da Adufmat uma finalização de sua prestação de contas do biênio 2015-2017 e ficarei muito agradecido caso a Diretoria atual possa também nos esclarecer melhor sobre os recursos e fundos citados.    
 
Saudações sindicais,

Prof Dr Alexandre Paulo Machado

Departamento de Ciências Básicas em Saúde

Faculdade de Medicina/UFMT

 

Quarta, 16 Maio 2018 09:12

 

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Tenho lido algumas colocações de professores referente à postura que vem sendo adotada pela adufmat  não apenas dessa como também de outras administrações.

Como professor aposentado encontro quase sempre as terças feiras pela manhã com outros colegas que lá vão e sempre discutimos o papel que a adufmat vem tendo como associação dos professores.

Se a adufmat existe é porque a sua essência é o professor que lhe paga mensalmente para sua manutenção devendo ser o professor a sua principal atenção mas o que vemos ao longo dos anos é  o professor que dá existência a essa adufmat não ter vez.

A adufmat enxerga o professor como um número apenas para arrecadar e atender atividade sindical.

O professor é um ser humano que deve chegar em sua associação e ser abraçado recebido com carinho ter um ambiente aconchegante e espaço para encontrar seus colegas e poder conversar jogar conversa fora xadrez dama bilhar e outros que lhe tragam satisfação e lazer.

No entanto tanto o que vemos é  s essência que é o professor ser deixado em último plano sem a mínima atenção do social.

É preciso uma mudança radical na forma administrar a adufmat.

É preciso transformar essa adufmat sindicalista em uma voltada com o objetivo de atender o professor e seus interesse devendo fornecer um leque de opções em termos de qualidade de vida e lazer aos associados o que em nenhuma administração foi feito.

Não e preciso ir muito longe pois dentro ufmt temos o sintuf como exemplo fazendo mais pelo social com são João natal carnaval e inclusive segundo me disseram com salão de festa.

Participei do comissão para aquisição de chácara para os associados mas na assembleia choveu adversários à  ideia. Disseram que a luta iria ser grande e que era necessário guardar dinheiro para greve mesmo tendo o Reginaldo nessa assembléia dito que havia em caixa R$ 150.000 reservado para a greve e R$ 350.000 para comprar a chácara e nesse ato um professor pediu a palavra e disse que diária uma parte da sua terra para isso desde que houvesse compromisso de edificar no local.

Tudo isso ficou parado e não se teve mais notícia desfazendo a comissão escolhida para isso.

Pergunto o que foi feito com esse dinheiro. Em que foi aplicado.

Em vez de atender o professor já até colocaram em pauta dar dinheiro nosso para o MST.

Para não alongar fica aqui o meu protesto e que possa servir de reflexão aos demais


Grande abraço
Prof. Marco Aurélio de Carvalho

Segunda, 14 Maio 2018 17:20

 

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Professores, estudantes, servidores privatizam a universidade quando deliberam pelas greves e ocupações; decidem que estão acima da sociedade civil e que podem instrumentalizar a universidade para defenderem seus interesses privados. Não percebem que a universidade não lhes pertence, mas sim à sociedade civil. Se autointitulam senhores das universidades, que podem se utilizar de meios públicos para defenderem seus interesses pessoais e privados. E ainda que a intenção seja medir forças com os governantes, os governantes simplesmente ignoram professores, estudantes e servidores, que sem força política, sem apoio social ou popular, se autoimplode antes que se precise desperdiçar gás lacrimogêneo com os mesmos. Os únicos incomodados são as famílias dos estudantes, a sociedade civil que depende de atividades acadêmicas, a maioria dos professores e estudantes que não querem esse movimento, mas são forçados a aderir, ou pelo menos não se contrapor, para não sofrerem ameaças.


É triste ver como as pessoas pouco pensam e se arvoram o direito de deliberar sobre tudo para todos. Só eles sabem o que é o certo e o justo, e quem não concorda com eles é “antidemocrático”. Crítica rasa e superficial, incapaz de aceitar as diferenças de pensamento. Como não conseguem convencer ninguém, senão os já convencidos, querem impor aos demais suas idiossincrasias, e assim, evitando qualquer debate ou conversação, decretam tiranicamente que só entra nos prédios ocupados para discursar quem referenda suas posições, e vão deixando sua mensagem pequena, sua atuação política medíocre, que quer apenas prejudicar o governo e prejudica fundamentalmente a sociedade civil: o governo nem vê, nem sente as ocupações. Já a sociedade fica profundamente incomodada.


Naturalmente, podem-se supor boas intenções por trás das lutas dos estudantes, professores e servidores, o que não acredito, mas a forma é injusta, tirânica, autoritária, e o errado está antes na forma do que no conteúdo. Hitler também quis salvar o mundo, e deu no que deu. Ainda que possam achar que estão defendo o interesse de uma coletividade, dos excluídos, dos pobres, enfim, dos que mais precisam, o fato é que não respeitam os direitos individuais de todos, ricos ou pobres, excluídos ou incluídos, dos que mais precisam e dos que menos precisam, até deles próprios. Agir com violência e força ainda que supostamente em nome de uma vontade coletiva, não visa à constituição do bem comum, mas a imposição de uma visão sobre as demais.


Avessos aos debates, a política no meio acadêmico se caracteriza pelo uso da força e da violência, querendo chamar a atenção da sociedade pelo prejuízo que lhe causa, e obrigando a maioria a se submeter a uma minoria ativa que monopoliza as instâncias deliberativas. Ao invés da forma pacífica e democrática do debate de ideais e convencimento, sem paciência, tolerância, respeito, está-se sempre a deliberar por uma nova greve ou ocupação – única forma de prática política que conhecem. Em assembleias pouco representativas, meia dúzia de gatos pingados delibera sobre todos, sem colocarem em referendo suas deliberações. Forçam a todos às suas decisões reacionárias.


A Universidade é um bem público e, como tal, não pode simplesmente ser "ocupada".  Ocorre uma privatização do bem público – quando alguns estudantes “administrando” esse espaço comum, onde todo cidadão pode frequentar normalmente, torna-o privado, permitindo apenas a aqueles que eles determinam sua livre frequentação. Rigorosamente, a universidade está vazia de estudantes e professores, servindo apenas alguns poucos estudantes atuantes diante de tantos omissos, estudantes, mas principalmente professores. A universidade não pertence nem aos professores, nem aos funcionários, nem aos estudantes, mas à sociedade civil, e nenhuma dessas categorias pode deliberar unilateralmente sobre ela, sem consultar a própria sociedade civil, da qual esses entes são pequenos setores sociais, aliás, privilegiados diante dos demais.


 
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Quinta, 10 Maio 2018 13:14

 

 

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JUACY DA SILVA*
 
 

A existência das sociedades e dos estados modernos dependem dos sistemas judiciários para que as relações políticas, econômicas e sociais ocorram dentro de um clima de paz, de equidade, de transparência e de harmonia.


Mesmo que na atualidade coexistam diferentes formas de estados e de governo, independente de como cada sociedade esteja organizada, é de fundamental importância que exista um sistema judiciário, pelo menos em sua concepção, que seja “neutro”, isto é, imparcial, independente ou interdependente com as demais instituições para que todos sintam-se no direito de recorrer a esta instância para terem a garantia de que seus direitos serão garantidos e respeitados.


Por esta razão, mesmo que exista um sistema judiciário em regimes ditatoriais ou totalitários, o mesmo jamais irá cumprir o papel de tratar igualmente todos os cidadãos, pois, neste caso, o poder judiciário estará subordinado aos ditames do partido único ou ao ditador e seu séquito, transformando-se em uma instância de opressão, ao lado de outros aparelhos de repressão como as forças armadas, as forcas policiais ou para militares e o próprio fisco.


No caso brasileiro, a nossa Constituição atual quanto as anteriores, até mesmo as que vigoraram durante regimes de exceção, durante o Estado Novo de Vargas, ou no decorrer dos governos militares entre 1964 até 1985, estabelecia e estabelece que o Brasil adota o Regime Republicano, sob um estado democrático de direito, com os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) independentes, mas harmônicos ente si.


Afinal, é o mesmo contribuinte que paga a conta, incluindo as mordomias, privilégios e outras benesses e regalias que membros dos três poderes gozam ou usufruem, muito além do que míseros trabalhadores ganham na forma de salário mínimo ou um salário de fome que mal dá para sobreviver, em meio a uma exclusão social e níveis de pobreza que muito bem caracterizam nosso país. O que não deixa de ser uma vergonha nacional.


Ao longo de mais de meio século, desde o Governo João Goulart, no inicio dos anos 60, quando as chamadas “reformas de base” dividiram o pais e os conflitos surgidos daquele embate levaram à intervenção dos militares e tudo o mais que muito bem conhecemos, a sociedade brasileira tem se manifestado no sentido de que precisamos de diversas reformas estruturais para que o aparato burocrático deixe de ser tão paquiderme. Neste sentido, a reforma do poder judiciário também deve estar na ordem do dia ou na agenda nacional, principalmente a   partir de agora que iniciamos mais um processo eleitoral, quando o povo brasileiro deverá eleger um novo ou nova Presidente da República, dois terços do senado, deputados federais, governadores de estado e assembleias legislativas.


Mesmo que o poder judiciário não seja constituído através de eleições, como ocorre em alguns países, ao escolhermos os integrantes dos demais poderes ( Executivos federal e estaduais; o congresso nacional e as assembleias Legislativas), também estamos credenciando, principalmente os Legisladores, para promoverem reformas estruturais, inclusive que afetem as estruturas e o funcionamento do poder judiciário.


Por outro lado, à medida que os integrantes dos tribunais superiores precisam ser sabatinados e aprovados pelo Senado, a mensagem é clara no sentido de que em sendo o poder legislativo a legítima expressão da vontade popular, também o poder judiciário deve estar subordinado ao princípio da soberania popular. Daí a ideia de uma justiça célere, neutra, transparente, eficiente, sem privilégios ou benesses para seus integrantes e que julgue com equidade.


Por exemplo, não tem sentido reduzir ou “acabar” com o foro por prerrogativa de função ou o popularmente conhecido como foro privilegiado para Senadores e Deputados Federais, que totalizam   pouco mais de 600 pessoas e deixar de lado o mesmo manto protetor de impunidade para mais de 48 mil outras autoridades, incluindo integrantes do próprio poder judiciário, do Ministério Público, Govenadores estaduais, prefeitos, ministros, conselheiros de tribunais de contas, deputados estaduais. Foro privilegiado é um atentado contra o princípio constitucional da igualdade de todos perante a Lei.

Não tem sentido que inúmeros processos sejam arquivados nas diversas instâncias judiciais, inclusive nos tribunais superiores por decurso de prazo, dando a ideia de que uma justiça lenta acalenta o sonho da impunidade por parte de poderosos.


A reforma do poder judiciário e de seu funcionamento deve ser inserido nos debates eleitorais que se aproximam, precisamos mudar paradigmas se almejamos ser uma nação desenvolvida, justa politica, econômica e socialmente.


*JUACY DA SILVA, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veículos de comunicação. EmailO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

Quinta, 10 Maio 2018 13:10

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Depois do artigo “Longevidade da razão cínica”, publicado no dia 03/05/18, no qual trato do cinismo de artistas e intelectuais, que parecem ter deliberado pelo cultivo de um tipo de amnésia seletiva, além de uma conveniente cegueira, decidi expor minha oposição ao movimento que pede a liberdade de Lula. Por isso, na contramão do “Lula Livre”, lanço o trocadilho “Livre de Lula”.

Começo por uma leitura da música “Lula livre”, um sambinha de última qualidade, recheado de bizarros clichês, composto por Claudinho Guimarães, e cantado por Beth Carvalho, intérprete de tantos sambas de excelência. Que triste ver essa bamba cair, agora, não mais nos sambas de “cartolas”, “noéis” e outros menestréis, mas na panfletagem chula em prol de uma “Ideia” perversa e obsecada por corrupção. 

Pois bem. Do texto em análise, no plano formal, nada mais há de relevante do que um conjunto de rimas, se não pobres, nada nobres; no entanto, todas óbvias. Só por isso, o texto/panfleto já está condenado à miséria artística. A arte sempre pede um quê de imprevisibilidade. Ali não há nada disso. Nenhuma metáfora.

Na linha dos interdiscursivos, identifico algo próximo da excrescência musical “Pra frente, Brasil”, produzida durante a ditadura militar por Dom e Ravel. Daquilo, destaco:

...Todos juntos, vamos, pra frente Brasil... De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão. Todos ligados na mesma emoção. Tudo é um só coração (...)”.

Agora, vejam os infelizes versos de Claudinho Guimarães para Beth Carvalho cantar em defesa da liberdade de Lula:

Pro Brasil andar pra frente// vamos caminhar// Seja elo da corrente...// Ele (Lula) andando livre no país// Ele une o país// Semeando amor...”.

De ambos os textos, há coincidências literais de três palavras/expressões-chaves: “pra frente (Brasil)”; “vamos”; “corrente”.

Fora dessas coincidências, mas na mesma lógica semântico-discursiva, destaco, do texto “Lula livre”, o verso “Ele une o país”, que se aproxima de “...todos juntos...”, da composição dos anos 70.

Por essa de “Lula livre” com “Pra frente, Brasil”, um signo da ditadura que se apropriara do sucesso da Seleção de Futebol no México, para ludibriar nosso povo, politicamente, muito sonolento, nem eu esperava. Em suma, são dois textos miseravelmente panfletários. Ambos mentirosos. Cada qual em seu tempo, ambos perigosos.

Mas por que “há perigo na esquina” (ops.), ou seja, na música/panfleto “Lula livre”?

Porque, por trás desse movimento – que, ao contrário do que diz o panfleto de Guimarães, Lula só desune o país – há uma prática preocupante de desmoralização do judiciário, que é falível, mas não a ponto de ter cometido qualquer perseguição política.

Nesse sentido, o ministro Gilmar Mendes lembrou, em entrevista (EFE: 04/05/18), que, dos onze ministros do STF, oito são indicados do PT. Disse mais:

O que ocorreu foi que, quando assumiu o PT, que tinha uma pequena base parlamentar, buscou apoio de outros partidos aos quais propôs como contrapartida a distribuição de recursos".

Mendes referiu-se, primeiro, ao esquema do Mensalão; depois, o Petrolão: um “produto” tipo exportação. Que o digam alguns países africanos, latinos e caribenhos.

Enfim, hoje, no Brasil, não há nenhum perseguido político que precisasse ser libertado. Contra todos os políticos e empresários já tornados réus, há fatos e fartas provas.

Contra fatos, só a amnésia, a cegueira e/ou o cinismo político; ou seja, perigosos chamarizes que podem chamar o que não se deseja...

 

Terça, 08 Maio 2018 13:53

 

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Material divulgado a pedido dos professores Waldir Bertúlio e Tomás Boaventura

**Disponível para download, em PDF, no arquivo anexo abaixo.

 

Quinta, 03 Maio 2018 11:27

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Estamos em pleno outono, a caminho do inverno, ou seja, quando a temperatura no hemisfério sul esfria de forma continua. Enquanto isto, a temperatura politica brasileira esquenta de forma rápida, alimentada por conflitos de interesses, novas denúncias de corrupção envolvendo gente graúda, incluindo muitas autoridades que gozam de impunidade para seus mal feitos, graças ao famigerado “foro especial” ou em linguagem técnica “foro por prerrogativa de função”, crise econômica que persiste, desemprego que ainda é o flagelo de mais de 13,2 milhões de desempregados, além de outros 15,5 milhões de subempregados, descrença generalizada da população em relação aos políticos e demais autoridades em todos os níveis e assim por diante.


Além desses fatos, ainda podemos assistir ao vivo os debates no STF e constatar que a mais alta corte de justiça do pais esta rachada ao meio, principalmente quando se trata de definir questões que afetam autoridades com foro privilegiado. Costuma-se dizer que generais, altos dignitários religiosos, políticos e integrantes do poder judiciário e também membros do ministério público mais se parecem com semideuses, donos da verdade absoluta, esquecendo-se de que tanto as políticas quanto as ações de governo, nos três poderes, são custeadas pelo suado dinheiro do contribuinte, incluindo metade da população que vive ou sobrevive quase vegetando com um salário de fome ou graças a algumas migalhas que caem dos orçamentos públicos, enquanto os marajás da República continuam com seus altos salários e demais mordomias.


Outros fatos que estão aquecendo a temperatura política e social no Brasil nos últimos meses podem ser destacados: a condenação e prisão do ex-presidente Lula, que, apesar de preso, ainda é o candidato da preferência do povo/eleitores brasileiros; a condenação e com certeza prisão do ex-governador e ex-senador mineiro, Eduardo Azeredo, envolvido em corrupção no chamada mensalão Tucano, apesar de que muita gente, por algum tempo, ter acreditado que todos os partidos, menos o PSDB, flertavam ou ainda flertam com a corrupção.


Neste aspecto outro fato neste clima politico quente foi a decisão do STF tornando réu o outrora cacique do PSDB, Senador Aécio Neves, que também, tudo leva a crer, pelo andar da carruagem, também irá parar atrás das grades, a menos que o STF mude sua postura e decisões e dê uma “forcinha” para que condenados em segunda instância possam recorrer das sentenças em liberdade, garantindo uma certa impunidade graças à morosidade como os investigados com foro privilegiado gozam junto aos tribunais superiores, tudo isto, com algumas exceções, é claro, como aconteceu com o ex-senador Deocídio do Amaral.


Contra algumas posturas consideradas dúbias ou contraditórias do STF e outros tribunais superiores, parece que esta havendo um certo “mal estar” por parte da cúpula militar, principalmente no Exército, envolvendo alguns generais de pijama e também parte dos generais do Alto Comando, incluindo o próprio Comandante do Exército, com pronunciamentos considerados duros e muito críticos em relação ao momento atual.


Fazendo coro com tudo isso, a candidatura do Deputado e ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro, bastante conhecido por suas posições radicais, seus discursos inflamados, está bem consolidada e , a menos que surja um fato novo, tende a chegar ao segundo turno das eleições presidenciais deste ano, se é que vamos mesmo ter eleições em outubro próximo.


Há poucos dias, o Senador Requião, do PMDB/PR divulgou um pronunciamento pelas redes sociais, alertando o país, autoridades e instituições sobre a gravidade do momento que estamos vivendo, incluindo os atentados a bala contra a caravana de Lula no Sul do país e contra o acampamento dos simpatizantes do ex-presidente em Curitiba. Segundo Requião estamos vivendo um clima muito tenso que pode desembocar em conflitos violentos no país, exigindo ou dando margem para uma intervenção militar, não como a que ocorre no Rio, mas como um golpe militar e a quebra da “normalidade democrática” e o rompimento dos liames que sustentam um estado democrático de direito.


Enfim, parece que estamos mais próximos de um enfrentamento generalizado entre grupos de interesses conflitantes que podem levar o país ladeira abaixo, com sérias repercussões na economia e nas instituições. Muita gente vê uma certa semelhança com o final de 1963 e os idos de março e o restante da estória e história que bem conhecemos.


Costuma-se dizer que é fácil perceber quando os tanques, veículos blindados e militares saem das casernas, difícil é prever ou antever quando voltarão, novamente, aos quartéis. Este filme tem sido visto e revisto em alguns países, como no Egito, por exemplo e não custa colocar “as barbas de molho”.

 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de diversas veículos de comunicação social. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
 

Quarta, 02 Maio 2018 14:02

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. em Jornalismo/USP; prof. de Literatura/UFMT

 

Envolto ao clima do 1º de maio, reflito sobre os recentes acontecimentos que envolveram o PT e sua militância. Até agora, eu nada publicara sobre a prisão de Lula. Meu silêncio, ainda que não fizesse parte de razões cínicas, não escapava da covardia acadêmica, algo nada nobre.

 

Mas, afinal, de que “razão cínica” quero falar?

 

Respondo, usando parte das considerações que César Benjamin – um dos fundadores do PT – fez publicar no artigo “O triunfo da razão cínica” (Revista Caros Amigos, n. 80; nov/2003).

 

Há quinze anos, César deixava o PT. De seus motivos, destaco:

 

  1. “O PT está morrendo... suas posições históricas - sobre previdência, transgênicos, política econômica, FMI ou qualquer outro assunto - estão sempre prontas a ser sacrificadas no balcão em que se fazem as negociações...”;
  2. “Os que construíram o PT e não se corromperam nele não têm mais lugar... É tênue a separação entre política e negócios. Candidatos a deputado, até ontem assalariados, falam em levantar 10 ou 20 milhões para suas campanhas, sabe-se lá de que forma... Não há mais pudor...”;
  3. A crise do PT é a mais profunda da esquerda... A cooptação do PT pelo sistema de poder é a mais vergonhosa de todas, pois vem desassociada de qualquer ganho real para a base social que ele deveria representarLula aceitou ser o algoz dessa base...”;
  4. No lugar da verdade, marketing, dissimulação e engodo, uma enorme operação de deseducação política. No lugar de uma ação coletiva, um líder que... começa a se considerar semideus (“Eu sou uma ideia”, já disse Lula). No lugar de um projeto, espertezas... No lugar de diálogo, ameaças, chantagens, nomeações, demissões. No lugar da luta de ideias, movimentos sempre nas sombras. É o triunfo da razão cínica”
  5. “Aos pobres, Lula pede infinita paciência, enquanto atende com presteza... os financiadores de campanhas...”.

 

O artigo de César foi ignorado.

 

Não tardou, e, em 2005, explodiu o escândalo do Mensalão do PT. Mesmo diante de fatos, os cínicos, incluindo intelectuais, saíram dizendo que aquilo não passava de artimanhas das elites.

 

Não eram. Eram conchavos do PT com agentes das elites. Resultado: líderes do Partido foram condenados e presos. Dali em diante, o PT passou a promover uma divisão social, perguntando: e os outros (corruptos do PSDB et alii)?

 

Sua preocupação (a do “nós”) com os “outros” foi bem maior do que a ética devida. Na sequência, mais sofisticado e perverso, nova bomba: o Petrolão, ou seja, corrupção tipo outra camada do mesmo bolo podre.

 

Tanta falta de ética não isentaria, ad aeternum, Lula, hoje, devidamente preso. Outros petistas e líderes de outros partidos, igualmente corruptos, deverão ter direito aos mesmos metros quadrados. É necessário. Nossa democracia não pode sofrer golpe nesse processo em curso; aliás, seria o único até agora.

 

E é justamente em cima da palavra “golpe” que a razão cínica se revitaliza, tornando-se longeva. Que apeados do poder e apartados das tetas do Estado chorem, é normal. Senhores feudais e absolutistas também já derramaram lágrimas. Agora, é demais que intelectuais e artistas, que se enganaram um dia, queiram continuar se enganando.

 

Qual é o problema de – à lá Cazuza – reconhecer que nossos heróis morreram todos? Intelectuais também erram. Todavia, se insistirem em erros, há ditados populares que machucam, mas definem bem a postura.

 

Enfim, o cinismo de artistas e intelectuais me preocupa. Isso ajuda a consolidar a mentira de que Lula seja preso político. Não é.

 

Simples (e complicado) assim.

 

Sexta, 27 Abril 2018 20:40

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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 Por Roberto de Barros Freire*
 

Aqui no Brasil se costuma se apropriar de expressões estrangeiras sem se atentar para o seu significado ou sentido. Ou, pior ainda, sem sequer saber do que se trata, ou mesmo se as expressões estão certas. Um caso emblemático é a expressão que está na boca de todos, repetida a exaustão na atualidade: fake news.


Tenho para mim que o problema não é de um dilema entre a verdade e a falsidade, como a máxima em inglês sugere, mas antes entre mentira e verdade. No primeiro caso temos um problema de conhecimento ou epistemológico, a pessoa não conhece a verdade e repete o que ouviu falar ou aprendeu erroneamente. Quando a humanidade afirmava que a Terra era o centro do universo não estava mentindo, apenas tinha um conhecimento falso sobre o universo. No segundo caso, temos um problema ético, a pessoa sabe a verdade, mas enuncia uma mentira, o que leva os demais a pensamentos falsos.


Todos nós podemos ter pensamentos falsos quando estamos presos a ignorâncias, a superstições do passado, ou medos absurdos por desconhecer o mundo ou a realidade. Isso, no entanto, não é um problema de caráter, mas de ignorância; não é algo a ser punido ou reprimido, mas esclarecido, pois a pessoa já foi punida pela ignorância de não saber a verdade e ficar enunciando falsidades. Outra coisa muito diferente é quando alguém lança notícias mentirosas, afirmações deliberadamente falsas para que as pessoas tenham visões errôneas e deturpadas de algum acontecimento ou pessoa.


O que se assiste no mundo não é um acúmulo de notícias falsas, mas antes notícias mentirosas que os incautos e precipitados espalham pelas redes sociais, falseando ocorrências e pessoas com intuito nítido de prejudicar, bagunçar ou deturpar a realidade. Ainda que o autor da mentira quase sempre passe despercebido ou desconhecido, o fato é que a maior parte das pessoas crédulas e tolas espalham pelos quatro cantos do mundo as informações mentirosas. Os mentirosos com certeza merecem algum tipo de punição, mas eles são parte do problema. Tão sério quanto são as massas de pessoas ignorantes a repicar e repetir qualquer porcaria que recebe pelas redes sociais. Quanto mais estúpido e absurdo os enunciados, mais acreditam e disseminam para suas redes de contato.


Na verdade, a falta de compromisso com a verdade começa com as massas da população, que por vezes acredita falsamente que querem ajudar o mundo, quando é parte importante do caos de notícias atuais, onde nada parece confiável. Sem se aterem se é verdade, sem pensarem a respeito, apenas encaminham o que recebem, sem critério ou crítica, sem se certificar se é sequer razoável ou plausível. Se os mentirosos são ruins, as pessoas que divulgam suas notícias contribuem em muito para que a maldade se amplie.


Ora, o fato é que o problema está se tornando bem sério na atualidade, porque os meios de comunicação são mais rápidos e a abrange quase a humanidade inteira. E depois de lançada uma calúnia, uma mentira, só com muita dificuldade se consegue provar a inocência, e ainda assim se tem desconfiança do acusado. Há casos de pessoas linchadas que eram inocentes, só porque alguém falou que era culpada, e um enorme número de tolos acreditarem.


Creio que as pessoas deveriam pensar mais antes de lançarem para frente tudo que ouvem ou leem, e antes de querem fazer justiça, que busquem ser justas, que verifiquem as informações, que consultem pessoas mais sábias ou de melhor senso. Não é porque algum parente ou conhecido falou que é verdade, pois que esses podem se enganar, tanto quanto qualquer um, até mesmos os sábios. Logo, antes de tomar partido contra ou a favor, verificar a autenticidade e veracidade do fato ou ocorrido. Que cada um procure não espalhar mais mentiras do que aquelas que ouvimos dos políticos.
 

*Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Quinta, 26 Abril 2018 10:25

 

 

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JUACY DA SILVA*
 

Os artigos 196 até 200 da Constituição Federal estabelece as bases e princípios relativos à saúde dos brasileiros, os quais deveriam ser cumpridos fielmente, mas na verdade boa parte do que ali consta não passa de boas intenções dos legisladores constituintes ou letra morta para “inglês ver”, como se diz quando normas constitucionais são simplesmente ignoradas.


No próximo dia 05 de outubro de 2018, vamos comemorar 30 anos da promulgação da Constituição Federal, que até 04 de outubro do ano passado (2017) já foi emendada ou remendada, alguns dizem, nada menos do que 97 vezes.


Para muitos estudiosos a Constituição Federal brasileira foi um avanço em termos de cidadania e para outros um conjunto de ideais apropriados para países capitalistas avançados ou até mesmo países socialistas. Outros estudiosos dizem que nossos constituintes pensaram que o Brasil estaria prestes a se tornar um regime parlamentarista e por ai vamos tentando ampliar  ou reduzir direitos, gerando muitas contradições e grandes polêmicas.


Por exemplo, o artigo 196 da Constituição Federal estabelece taxativamente que “ A saúde é direito de todos e dever do estado….” e o artigo 198, também estabelece as normas, princípios e diretrizes de como a saúde publica deveria ser organizada para que , de fato, atendesse aos princípios da universalidade, da equidade, da integralidade, da descentralização, da humanização, da participação da sociedade em sua gestão e sua autonomia.

Enfim, nossos constituintes imaginaram que a saúde brasileira deveria ser para todos, sem distinção de classe, cor, território ou condição econômica e social. Para quem lê a Constituição Federal e as Leis que criaram e organizaram o SUS, é algo maravilhoso, que contrasta com o descaso  como a população pobre, os excluídos são tratados.


Imaginemos uma mulher que viva no Amapá, onde só existe um mamógrafo para o estado todo e que esteja estragado, como poderá esta mulher realizar exames preventivos de câncer de mama? Imaginemos milhões de pessoas que a cada dia, por este Brasil imenso precisa acordar de madrugada ou passar a noite toda para tentar agendar uma consulta médica ou centenas de milhares de usuários só SUS que estão na fila virtual, invisível há dois, três ou cinco anos para agendar ou conseguir um exame de media ou alta complexidade ou uma cirurgia. Basta assistirmos os noticiários da TV, rádio, lermos as manchetes dos jornais ou da mídia virtual e a conclusão é a mesma: o atendimento dispensado à população pobre no Brasil é uma vergonha, um acinte, um desrespeito `as normas constitucionais, legais e à dignidade da pessoa humana.


Segundo dados recentes, do final novembro de 2017, do IBGE, pouco mais da metade da população brasileira, vive ou sobrevive com menos de um salário mínimo, enquanto a camada do topo da pirâmide econômica e social, 1% da população, recebe em media R$27 mil reais por mês e alguns marajás da República, nos três poderes chegam a ganhar mais de R$50 ou R$100 mil, incluindo uma minoria, nos ê poderes, que recebe auxílio moradia de mais de R$3 mil mensais e até ameaçam  fazer greve para manterem este e outros privilégios. Para esses, tanto o poder legislativo, quanto executivo e judiciário tem planos e serviços especiais de saúde, tudo custeado pelos cofres públicos.


Entre 2007 e 2014, o número de pessoas que tinham planos de saúde saiu de 39,3 milhões e atingiu 50,4 milhões, mas em decorrência da crise econômica, do desemprego e da inadimplência generalizada que se abateram sobre a classe média, entre 2014 e 2017 mais de 3 milhões de segurados perderam seus planos de saúde e tiverem que voltar ao SUS, que a cada dia está mais sucateado, seja pela corrupção que tomou conta da administração pública seja devido ao corte de recursos destinados a saúde e outras áreas, devido à aprovação do teto dos gastos públicos e da redução do tamanho do estado, sempre em detrimento da população pobre e excluída, pois os grandes grupos econômicos e os marajás da República continuam com seus privilégios, mordomias e outras benesses garantidos e até mesmo ampliados.


Para finalizar, devemos também levar rem consideração que até final de novembro de 2017 o numero total de aposentados e pensionistas pelo INSS era de 34 milhões de pessoas, dessas, 2/3 ou seja, 22,7 milhões desse total recebiam apenas um salário mínimo.


Enquanto os marajás da República, integrantes dos três poderes tem salario médio acima de R$20 mil, R$30 mil ou até mais, além de diversas privilégios e benesses, tudo custeados pelo Tesouro ou seja, dinheiro de uma pesada carga tributária que pesa mais sobre o consume e os pobres, nossos governantes imaginam que quem ganha salário mínimo pode ter saúde e educação de qualidade ou que possa, com um salário desses, ter uma vida digna.


A pergunta que se pode fazer é como uma pessoa, recebendo no máximo um  salário mínimo, de fome, pode sustentar a si e sua família, incluindo alimentação, saúde, transporte, habitação, vestuário, lazer e educação. Podemos dizer, sem sombra de duvida, que saúde, educação, moradia e alimentação de qualidade são privilégios para poucos no Brasil. O grande paradoxo é que continuamos assistindo a cada dois anos, os pobres elegendo governantes que pouco ou nada fazem para mudar esta triste e vergonhosa realidade, pois continuam sempre defendendo os privilegiados e seus interesses, esquecendo-se do povo que sofre e continua marginalizado.
 
JUACY DA SILVA, professor universitáio, titurlar e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulistas e colaborador de diversas veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com