Terça, 12 Março 2024 11:29

 

 

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.

E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

(Bertold Brecht)

 

 

É com alegria que a Adufmat-Ssind recebe a notícia da aprovação da greve dos técnico-administrativos da UFMT.

 

São tempos duros na Universidade Federal de Mato Grosso. Estamos diante de uma gestão superior que naturaliza todos os ataques à comunidade acadêmica: silencia diante dos cortes de recursos e o achatamento salarial dos servidores públicos federais, enfrenta a falta de quadro de servidores impondo, naturalizando e invisibilizando sobretrabalho e gere o desmonte da universidade como se este fosse o único caminho a se seguir.

 

Apesar do Reuni ter ampliado o número de cursos e docentes da UFMT, o corpo técnico não foi ampliado, sem haver qualquer concurso público; a defasagem de profissionais vem sendo tratada com sobretrabalho para técnicos e docentes, que tentam remediar a falta de profissionais absorvendo indevidamente inúmeros trabalhos técnicos.

 

Além disso, os servidores públicos federais amargam significativa perda salarial diante de anos de congelamento, num cenário de altos índices inflacionários. O Andes-Sindicato Nacional estima que a perda salarial dos docentes esteja entre 40 e 50%, e a dos servidores públicos em geral, 35%.

 

Além de sobrecarregados e com salários defasados, os servidores públicos federais ainda se veem ameaçados ao perceber que, mesmo com a vitória de Lula nas eleições, o país segue sendo dirigido pelo “Centrão” e a ultradireita, que domina as casas legislativas e limitam a governabilidade do país dentro da lógica da austeridade fiscal que privilegia o pagamento de juros da Dívida Pública em detrimento aos investimentos sociais. Além disso, os mesmos parlamentares colocam no horizonte uma Reforma Administrativa que vislumbra acabar com a estabilidade do servidor público para completar o desmonte dos serviços públicos no Brasil.

 

É por meio da luta que a classe trabalhadora conseguirá colocar na ordem do dia a reversão dos ataques que as elites brasileiras têm promovido contra o povo brasileiro com o desmonte dos serviços públicos. Num país com tamanha concentração de renda, como o nosso, a pandemia mostrou que a diferença entre uma nação e a barbárie é justamente o papel desempenhado pelos serviços públicos.

 

Celebramos a greve do Sintuf/MT, certas de que é o povo, na rua, que vai definitivamente derrotar o fascismo no Brasil.

 

Cuiabá, 12 de março de 2024

 

Diretoria da Adufmat-Ssind

Lutar e Mudar as Coisas nos Interessa Mais (2023-2025)

Segunda, 18 Setembro 2023 14:41

*Atualizada às 16h do dia 22/09 para disponibilização do link de acesso à Nota de Esclarecimento da Univasf 

 

O Brasil foi o último país a abolir a escravidão nas Américas, sem medidas reparatórias junto ao povo negro, já que o destino que a branquitude projetou a ele era o extermínio eugenista. Mais de um século depois, tímidas (mas importantes) medidas de reparação foram tomadas, a exemplo das cotas raciais em concursos públicos, mas sua implementação segue sendo um desafio que esbarra na cultura racista do nosso país.

 

Toda universidade brasileira tem seu resquício de engenho: convivemos com trabalhadoras terceirizadas com contratos que, de tão precários, as colocam muitas vezes em trabalho análogo à escravidão. A produção de conhecimento favorece conteúdos eurocêntricos, bem como os critérios de avaliação. A intelectualidade negra é secundarizada e contestada a todo momento, inclusive, no caso da professora Ana Luísa Araújo de Oliveira, relacionado à execução do concurso público via política de cotas.

 

A professora em questão, mais que doutora em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul: é uma referência no movimento ecossocialista. Apesar de sua densa trajetória, sua expertise tem sido contestada pela UNIVASF ao arrepio da lei.

 

Apesar de ser doutora dentro de um programa de pós-graduação com nota CAPES 6, sua titulação foi questionada pela UNIVASF (Universidade Federal do Vale do São Francisco). O Conselho Universitário (Consuni) da própria instituição concluiu que sua titulação está em conformidade com as exigências do cargo, mas a universidade ignorou a posição do conselho, demonstrando que sua real questão não é a preocupação com a qualidade do ensino, mas a indisposição de executar a política de cotas raciais para concurso docente.

 

Salientamos que 56,1% da população brasileira é negra, segundo o IBGE (2022). É notório que a questão do campo é uma questão do negro, indígena e quilombola no Brasil. Se as universidades brasileiras quiserem pesquisar e apontar saídas para o desenvolvimento rural em nosso país, tais segmentos precisam ser incluídos na produção de conhecimento para que pautem políticas públicas.

 

Desta forma, a posição da administração da UNIVASF, além de racista, é autoritária, já que desconsidera a decisão do Conselho Universitário, que reconhece a validade do título de doutorado da professora. Além disso, a UNIVASF busca retirar da produção de conhecimento e do ensino os sujeitos envolvidos na questão da terra no Brasil.

 

A Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind) defende a democracia. Temos um projeto de universidade antirracista e socialmente referenciada; pautamos a resolução dos conflitos do campo no Brasil em favor dos e das trabalhadoras e, diante desses princípios, vimos a público defender a cadeira conquistada pela professora Ana Luísa Araújo de Oliveira.

 

 

Cuiabá, 18 de setembro de 2023

Diretoria da Adufmat-Ssind

Gestão Lutar e Mudar as Coisas nos Interessa Mais

 

 

Clique aqui para ler a Nota de Esclarecimento da Univasf sobre este assunto.  

Quarta, 18 Agosto 2021 15:21

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Saudamos a iniciativa de debate a partir de Audiência Pública, na Câmara Municipal de SINOP-MT, sobre a PEC 32/2020, explicitando seus malefícios para a garantia de direitos, de cidadania e de políticas sociais universalizantes! A atividade foi realizada em 13 de agosto de 2021, proposta e mediada pela Vereadora Profª Graciele. Nesse mesmo sentido, repudiamos veementemente os ataques desferidos contra a vereadora e a professora do nosso departamento, Lélica Elis Lacerda, nas redes sociais, em programas de televisão local e presencialmente na Câmara de Vereadores de SINOP-MT, em Sessão do dia 16 de agosto.

Destacamos: 1) O papel da audiência pública como forma de diálogo e de ampliação do debate público sobre questões que atingem toda a sociedade; 2) A importância de liberdade acadêmica, teórica e política da nossa professora e que deve ser prezada e defendida por todos nós, um ataque a esse princípio é um ataque a toda a Universidade e ao debate democrático na sociedade; tal intervenção cumpre ainda o papel social da universidade de contribuir com o conhecimento produzido por esta nos debates e temas públicos; 3) O Direito de assistentes sociais de apoiar e/ou participar dos movimentos sociais e organizações populares vinculados à luta pela consolidação e ampliação da democracia e dos direitos de cidadania; 4) A importância de fazer um debate profundo e crítico sobre o nosso processo de formação social e as expressões de exploração e opressões que lhe foram e são característicos.

Por tais razões e pela longa e rica experiência que este departamento e suas professoras possuem em ensino, pesquisa, extensão e atuação política, posicionando-se de forma crítica frente aos dilemas da profissão, da universidade e da sociedade mato grossense e brasileira, reforçamos nossa solidariedade e apoio à profª Graciele; à profª Lélica e a todos os envolvidos na importante audiência pública realizada em SINOP.

Cuiabá-MT, 17 de agosto de 2021

Colegiado de Departamento de Serviço Social da UFMT

Quinta, 08 Outubro 2020 18:24

 

A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) vem a público manifestar sua solidariedade e apoio à professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Qelli Rocha, que foi injustamente denunciada por uma colega à Comissão de Assédio Moral durante o 9º Conselho Extraordinário do ANDES - Sindicato Nacional (9º CONAD), realizado virtualmente entre os dias 28 e 30/09/2020.

O caso teve início quando, durante o debate em um Grupo Misto, a denunciante tentou incluir, à revelia do que tinha sido aprovado pelo grupo, a discussão de um Texto Resolução (TR) que seria debatido em outro momento. Defendendo o processo democrático histórico de organização da classe trabalhadora, a professora Qelli Rocha explicou que o grupo havia aprovado a discussão do TR em outro momento. Diante da insistência da denunciante, que disputa a diretoria do ANDES – SN em grupo de oposição à atual diretoria, a professora Qelli Rocha – atual vice-presidente do ANDES-SN - afirmou que a insistência caracterizava uma tentativa de manobra política. O termo “manobra” ofendeu a denunciante, que registrou o ocorrido e pediu investigação da Comissão.

A Adufmat-Ssind entende que o termo não significou, de forma alguma, qualquer agressão à denunciante. A luta dos trabalhadores para a construção de outra sociedade exige rigor da militância, além de dedicação, organização e disciplina. É muito comum, nas discussões acaloradas, que termos como “manobra” sejam utilizados entre os diferentes grupos políticos, assim como é essencial aos companheiros de classe que suas críticas e análises sejam francas, na tentativa de superar discordâncias e avançar rumo ao objetivo.

É triste que, além do desgaste das batalhas contra os opressores e algozes da classe trabalhadora, tenhamos também que lidar com melindres e ataques entre os próprios companheiros, apenas por divergências políticas.

A professora Qelli Rocha não pode se ver exposta por ser coerente com seu histórico de dedicação e firmeza na construção de outro modelo de sociedade. Não pode ser acusada por zelar pelo processo democrático construído pela classe trabalhadora organizada no ANDES - Sindicato Nacional desde a década de 1970. Não pode ser atacada por colegas, enquanto o Brasil e o mundo sofrem os efeitos do neoliberalismo agravado por uma pandemia.

À professora Qelli Rocha, toda a solidariedade e apoio da Adufmat-Ssind.

 

Cuiabá, 08 de outubro de 2020

Diretoria da Adufmat-Ssind