Sexta, 16 Fevereiro 2024 15:16

 

Integrantes da Diretoria Nacional do ANDES-SN visitaram a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) localizada em Guararema, no interior de São Paulo, na última sexta-feira (9). A escola é um centro de educação e formação política de organizações populares de todo o mundo, idealizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A ENFF foi nomeada em homenagem ao sociólogo e educador Florestan Fernandes, incentivador do trabalho coletivo e defensor do ensino público, gratuito e de qualidade para todas e todos. A escola oferece cursos lecionados por professoras e professores e intelectuais voluntárias e voluntários em diversos temas como filosofia política, teoria do conhecimento, sociologia rural, questão agrária, marxismo, feminismo e diversidade, entre outros.

Já passaram por lá mais 24 mil pessoas, que participaram de cursos, seminários, conferências e visitas, oriundas de movimentos sociais do campo e da cidade, no Brasil e países da América Latina e da África. Além disso, a escola também proporciona cursos superiores e de especialização, por meio de convênio com mais de 35 universidades brasileiras.

De acordo com Rosana Fernandes, coordenadora-geral da ENFF, o foco da escola é a organização de cursos de formação para militantes, dirigentes e quadros das organizações populares brasileiras e de outros países.

“Receber a diretoria do ANDES-SN foi um momento fraterno de acolhida, reconhecimento e compromisso. Acolhida, no sentido da consideração e respeito pelo que o ANDES-SN representa; reconhecimento pela parceria política e de contribuição na manutenção da Escola. Também afirmamos alguns compromissos, na perspectiva de realizarmos cursos de formação sindical em conjunto, ter a ENFF como espaço para realizar algumas atividades do sindicato e divulgar a Associação de Amigos e Amigas da ENFF junto às seções sindicais locais. Além disso, neste ano que celebramos 40 anos do MST, contaremos com a ampliação na mobilização para a realizar a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária Popular. Tudo isso está posto diante de um cenário de poucos investimentos públicos para a Reforma Agrária, bem como reafirmar a luta permanente em defesa da educação pública”, explicou.

 

Construída entre os anos de 2000 e 2005, pelas mãos de mais de mil trabalhadoras e trabalhadores sem terra e simpatizantes, a escola é mantida pelo MST, com apoio de outros movimentos, entre eles, o ANDES-SN.

Em 2011, durante seu 30º Congresso, realizado na cidade de Uberlândia (MG), o Sindicato Nacional aprovou o apoio financeiro à Escola e recomendou que as seções sindicais também contribuam, conforme as suas possibilidades financeiras. Desde então, anualmente, durante seus congressos, as e os docentes renovam o apoio à ENFF.

Gustavo Seferian, presidente do ANDES-SN, ressaltou que a reunião entre o ANDES-SN e ENFF foi importantíssima e histórica. “Nosso sindicato, há mais de uma década, contribui mensalmente com essa iniciativa impulsionada desde 2005 pelo MST. Renovado a cada congresso, fazemos o balanço de que esse auxílio solidário resultou mais de iniciativas individualizadas, atomizadas, de professores e professoras de nossa base, e um reconhecimento da importância do MST em suas lutas históricas, do que propriamente uma interlocução entre as entidades. A partilha direta, com vistas à construção de possíveis ações conjuntas que convirjam nos interesses e pautas do ANDES-SN, foi um passo importante para o fortalecimento de nossas lutas, do bom diálogo com o MST - que nesse ano chega aos seus 40 anos - e da possibilidade de nos somarmos a embates importantes, de forma autônoma e independente, contra o capital, o agronegócio e as políticas de Estado que minam os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, em defesa da educação pública, gratuita, de qualidade e amparada nos mais radicais interesses de nossa classe”, afirmou.

Também estiveram presentes na visita Francieli Rebelatto, secretária-geral do ANDES-SN, e Jennifer Webb, 1ª tesoureira da entidade.

Estrutura
A escola está erguida sobre um terreno de 120 mil m2, com instalações de alvenaria de tijolos fabricados pelos próprios trabalhadores e pelas próprias trabalhadoras. Ao todo, são três salas de aula, que comportam juntas até 200 pessoas, um auditório, dois anfiteatros, uma biblioteca com 40 mil livros (obtidos por meio de doação), com espaço de leitura e ilha de edição.

 

Além disso, a escola conta com quatro blocos de alojamento, refeitórios, lavanderia, estação de tratamento de esgotos e casas destinadas a assessores e às famílias de trabalhadores e trabalhadoras que residem na ENFF. Dispõe, ainda, de uma horta que produz para consumo local e árvores frutíferas espalhadas pelo terreno. Para o lazer, oferece um campo de futebol gramado e uma quadra multiuso coberta.

Para o seu funcionamento, demanda a dedicação integral de 42 trabalhadores e trabalhadoras militantes residentes no local, de todas as áreas (da administrativa ao setor pedagógico, passando pela infraestrutura elétrica e sanitária e outros). Além disso, todos que frequentam os seus cursos se encarregam da limpeza, dos cuidados com a horta e outros trabalhos que a manutenção da escola exige. A ENFF conta ainda com um espaço para as filhas e os filhos das e dos estudantes.

 

Fonte: Andes-SN

Segunda, 19 Dezembro 2022 15:57

 

 

O militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado do Tocantins, Raimundo Nonato Oliveira, popularmente conhecido como Cacheado, foi assassinado por dois homens que na madrugada de terça-feira (13). Os assassinos chegaram encapuzados, invadiram a casa de Oliveira, de 46 anos, e o executaram com tiros de arma de fogo, no município de Araguatins (TO), na região conhecida como Bico do Papagaio.

No estado, Cacheado começou a se envolver na luta social ainda muito jovem. Iniciou sua militância nas comunidades Eclesiais de Bases, participando da Pastoral da Juventude Rural-PJR/CPT. Nos anos 2000, ingressou no MST, contribuiu com movimentos sindicais e partidos políticos do campo progressista.

“Tanto o Movimento como o próprio Cacheado sempre foram criminalizados e perseguidos pelos latifundiários, grandes grileiros de terras públicas na região do Bico do Papagaio. Estes, por diversas vezes, entre os anos de 2000 a 2015, tentaram assassinar Cacheado. Porém, ele conseguiu sobreviver às tentativas”, afirma o MST em nota.

No decorrer do período do governo Bolsonaro, as ações de criminalização e ameaças de morte de militantes sociais, sobre tudo aqueles e aquelas que lutam pela terra, ficaram muito evidentes, se acirrando ainda mais no período eleitoral e pós-eleições, neste ano de 2022.

Atualmente, de acordo com MST, o movimento e seus militantes na região do Bico do Papagaio vivenciam uma investida por parte dos latifundiários, dos órgãos de segurança pública e até mesmo por parte do Poder Judiciário, o que, para o MST, contribui para motivar ocorrência de crimes dessa natureza.

Ainda segundo nota emitida pelo movimento, Raimundo Nonato Oliveira – Chacheado, sempre falava que, ainda criança, vivenciou o assassinato de seu pai por pistoleiros a mando de latifundiários, fato que o motivava a se envolver na luta pela terra. “Cacheados deixa filhos e netos além de um legado de resistência, persistência e coragem, com uma continua preocupação com as bases e com 'Trabalho de Base Dentro da nas Base', algo que sempre deve ser lembrado e praticado", escreveu o movimento.

“O MST reafirma que vai continuar lutando e resistindo contra toda e qualquer forma de injustiça social, com quem quer que seja. Lutaremos incansavelmente para que seja feito justiça contra mais esse brutal assassinato que ceifou a vida do militante Cacheado”, conclui a nota.

 

Fonte: MST (com edição do ANDES-SN)

Quinta, 08 Julho 2021 16:09

 

 

A próxima etapa é pressionar o Incra pela implementação da reforma agrária no local. Foto: Tarcísio Nascimento/MST

 

Após luta histórica do Movimento Sem Terra (MST), a Justiça Federal cumpriu mandado de imissão de posse na última segunda-feira (5), concedendo as terras da antiga Usina de Cambahyba, em Campos dos Goytacazes (RJ), ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Com isso, o MST conquista mais uma etapa no longo processo de redistribuição das terras da antiga usina.

Há mais de 21 anos, trabalhadores e trabalhadoras sem terras lutam pela desapropriação do terreno, já considerado improdutivo por não cumprir a sua função social. Em junho passado, mais de 300 famílias se juntaram à ocupação e formaram o Acampamento Cícero Guedes, dando uma nova função social à terra.

Membro da direção nacional do MST, Luana Carvalho disse ao jornal Brasil de Fato que é um fato a comemorar, mas que a luta continua para pressionar o Incra a implementar a política de reforma agrária. Ela relembrou o histórico de violência nas terras da Cambahyba e o assassinato de Cícero Guedes, militante do MST morto em 2013 em uma estrada próxima a uma das ocupações organizadas pelo movimento no local.

"Tivemos uma grande conquista hoje, é uma vitória na luta do MST. São 21 anos da primeira ocupação que fizemos aqui e conseguimos, enfim, obrigar o Incra a ser imitido na posse. Oficialmente, essas terras não fazem mais parte da família proprietária. Elas são de propriedade do Incra, do Estado brasileiro. Pensamos no tanto de violência que houve aqui, no sangue derramado, na incineração de corpos", afirmou.

História da Usina Cambahyba
O território da Usina Cambahyba é formado por sete fazendas que somam cerca de 3,5 mil hectares. Em 1998, a área foi decretada pelo Governo Federal para fins de reforma agrária. Anos mais tarde, em 2012, o local foi considerado improdutivo pela Justiça. Na época, a área pertencia a Heli Ribeiro Gomes, político fluminense eleito deputado federal em 1958.

A Usina, que produzia açúcar, se tornou notória pelo fato de que, durante o período da ditadura empresarial-militar no Brasil (1964-1985), foi utilizada para incinerar os corpos de opositores assassinados pelo regime.

Fonte: ANDES-SN (com informações do Brasil de Fato/RJ e MST)

Segunda, 19 Abril 2021 11:09

 

Nesse sábado, 17 de abril, completam 25 anos de um dos maiores crimes já realizados no campo no Brasil: o Massacre de Eldorado dos Carajás. Para marcar a data, resgatar a memória das vítimas e denunciar a impunidade, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) realiza um ato político-cultural internacional.

A atividade ocorre a partir das 10h, com transmissão pelos canais do MST, com a previsão de participação de cerca de mil pessoas de várias partes do país e do mundo. Também será um momento para celebrar as batalhas enfrentadas pelo campo popular, refirmar a importância da luta pela Reforma Agrária Popular e debater os principais desafios da classe trabalhadora para este ano.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra,  desde 1985, quando a CPT iniciou a publicação do “Conflitos no Campo Brasil”, 1.501 casos de assassinatos foram registrados, com 1.988 vítimas. Indígenas, posseiros, quilombolas, pescadores, agricultores, ribeirinhos, Sem Terra e lideranças religiosas foram vítimas de assassinatos em conflitos no campo. Este número inclui 250 vítimas de massacres. O total de massacres no campo entre 1985 até os dias atuais chegou a 51. 

O ato será realizado no Dia Internacional da Luta Camponesa, o dia “D”, que também contará com um conjunto de ações simbólicas pelo país, a partir das 9 horas, vigília em homenagem aos mártires de Eldorado do Carajás e ações nas redes sociais com twittaço.

“Este ano, as homenagens e denúncias de impunidade dos 25 anos do Massacre são marcadas pela dor no peito pelos outros massacres atuais, da pandemia, do vírus e da fome. Ao mesmo tempo, o MST se mantém no desafio da transformação social e da tarefa histórica de manter viva a chama da luta pela terra, da Reforma Agrária Popular e da memória dos 21 mártires de Eldorado do Carajás”, afirma o MST, em seu site.

Durante o ato cultural desse sábado, também será lançada a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), que desde 2014 vem mobilizando várias instituições de ensino superior na defesa da Reforma Agrária e da educação pública como bases para construção de um projeto popular para o país.

A JURA tem como objetivo reconhecer os movimentos populares do campo como sujeitos coletivos de produção do conhecimento e a legitimidade de suas lutas em defesa da qualidade da alimentação do povo brasileiro e da democratização da terra, da educação, da cultura e da comunicação.

Campanha “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” tem a meta de plantar 100 milhões de árvores, em dez anos. Foto: Arquivo MST

Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária
Além da atividade deste sábado (17), durante todo o mês de abril, considerado um período de luto e luta camponesa internacional em defesa da Reforma Agrária, o MST organiza, todos os anos, a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, com uma série de atos em homenagens aos 21 trabalhadores Sem Terra assassinados em Eldorado do Carajás, em 17 de abril de 1996, no sul do Pará.

As mobilizações da Jornada Nacional, feitas tradicionalmente de forma massiva, pelo segundo ano consecutivo serão realizadas à distância por causa da pandemia da Covid-19, mas sem perder jamais seu caráter de luta e resistência. Diante do governo Bolsonaro, os atos pelo país levantam ainda a reflexão acerca dos retrocessos e da violência no campo.

Várias atividades estão sendo realizadas desde o dia 10 de Abril, na 15ª edição do Acampamento Pedagógico da Juventude Oziel Alves. O acampamento, que tradicionalmente é realizado na Curva do “S”, em Eldorado do Carajás onde ocorreu o massacre, abre a Jornada Nacional de Lutas do Movimento Sem Terra. A programação segue até o sábado (17) com informações, oficinas, atividades culturais e de memória sobre os assassinatos e terá ainda a visita ao cemitério de Curionópolis, onde as vítimas do massacre foram enterradas. Também será realizada a revitalização do Monumento das Castanheiras e do Memorial de Carajás, entre outras ações simbólicas.

No domingo (18), ações de solidariedade realizadas em todo o país ressaltam a importância da produção de alimentos saudáveis, principalmente nesta pandemia em que homens, mulheres, crianças, jovens e idosos estão caminhando à margem da pobreza e sem perspectiva de ter o básico para sobreviver. As ações dão continuidade à campanha de doação de alimentos do MST para aqueles e aquelas que estão em situação de maior vulnerabilidade.

O encerramento das atividades da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária será no dia 21 de abril e terá a perspectiva da luta pela vida, a partir da recuperação de áreas degradadas por meio da campanha “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”. Lançada em 2019, a proposta é que em 10 anos as famílias acampadas e assentadas da Reforma Agrária e a sociedade em geral plante 100 milhões de árvores em todo o país. Durante o dia 21, serão plantadas e distribuídas mudas para construir no MST, e na sociedade o entendimento de que Reforma Agrária é sinônimo de alimentação saudável e de cuidado com os bens comuns da natureza.

Manifestação em protesto contra o Massacre de Eldorado do Carajás (Distrito Federal, 23 abr. 1996). Foto: Arquivo MST

25 anos do Massacre
No dia 17 de abril de 1996, 21 trabalhadores rurais sem terra foram executados pela Polícia Militar do Pará, no que ficou conhecido mundialmente como Massacre de Eldorado dos Carajás.

Cerca de 1,5 mil pessoas estavam acampadas na curva do S, em Eldorado do Carajás, sudeste do Pará, em forma de protesto. O objetivo era marchar até a capital Belém e conseguir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,5 mil famílias sem-terra, para reforma agrária.

Na data, os camponeses ocuparam a BR-155, rodovia que liga o sul do estado do Pará a Belém. Eles marchavam para a capital, reivindicando a desapropriação de um latifúndio improdutivo e a sua destinação para reforma agrária.

O então governador, Almir Gabriel (PSDB), enviou tropas da PM, comandadas pelo Coronel Mário Pantoja e pelo major José Maria Oliveira, para desobstruir a BR 155, com a ordem de “usar a força necessária, inclusive atirar”. A declaração foi dada dias depois do massacre pelo secretário de segurança pública do Pará a época, Paulo Sette Câmara.

Dezenove trabalhadores morreram no local e outros dois no hospital. Segundo os laudos médicos, 10 trabalhadores foram executados à queima roupa, alguns, alvejados com tiros na nuca e na cabeça. Sete trabalhadores foram mortos a golpes de facão e enxada.

Em 2012, Pantoja e Oliveira foram condenados pela justiça. O primeiro a 228 anos e o segundo, a 158 anos de reclusão. Atualmente, nenhum dos dois está em regime fechado. Embora houvesse a denúncia de envolvimento de fazendeiros na ação, nenhum proprietário de terras ou jagunço foi indiciado.

Após o massacre, o dia 17 de abril passou a marcar também o Dia Internacional de Luta Camponesa e a Jornada de Lutas do MST pela Reforma Agrária Popular, conhecida como “Abril Vermelho”.

Fonte: ANDES-SN (com informações do MST)

Sexta, 14 Agosto 2020 17:27

 

“Em plena pandemia, o governador de Minas Gerais leva adiante uma ordem de despejo, jogando fora do local de morada mais de 450 famílias. Isso é um ato desumano, criminoso, que nós, da Adufmat, repudiamos veementemente. Nos solidarizamos com todas as famílias de trabalhadores e trabalhadoras do assentamento Quilombo Campo Grande”, declara, incisivo, o diretor geral da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind), Aldi Nestor de Souza.

 

O dirigente se refere à ordem de despejo das centenas de famílias que moram no Acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio - MG, que começou a ser executada na quarta-feira, 12/08 e durou mais de 50 horas. Enquanto os trabalhadores, com razão, resistiam à cruel insensatez do governo de Romeu Zema – do chamado Partido Novo, mas de práticas velhas -, a polícia atirou bombas até contra crianças, e ateou fogo no acampamento, destruindo casas e a escola da comunidade, nomeada Eduardo Galeano.  

 

“O que acontece no Quilombo Campo Grande é o reflexo de um país que insiste em não fazer Reforma Agrária. E mais do que isso, um país que criminaliza quem luta pela terra, quem luta por direitos humanos, indígenas, quilombolas. Essa é a situação que a gente está vivendo”, destaca o diretor.

 

Souza lembra, ainda, que além de absurda, a ordem de despejo é simbólica, demonstrando o lado escolhido pelo governo mineiro. “O dia da ordem de despejo, 12 de agosto, é também o dia em que a gente relembra a morte de Margarida Alves. Uma camponesa, de Lagoa Grande, na Paraíba, que foi assassinada por pistoleiros na frente da sua casa, na frente da sua família. Quem era Margarida Alves? Uma lutadora do campo. Uma mulher que lutava por direitos, por dignidade, por condições mínimas de sobrevivência de trabalho para os camponeses lá do sindicato do qual ela era presidente. Então matar trabalhador do campo é uma rotina no Brasil. É uma violência com a qual o povo do campo vive atormentado, porque é uma rotina. Nós já perdemos as contas do número de massacres. Os trabalhadores do campo vivem cotidianamente de frente para as balas”, lamenta o docente.

 

A Adufmat-Ssind é solidária aos trabalhadores e trabalhadoras do Quilombo Campo Grande, e mais uma vez defende publicamente sua posição histórica da classe trabalhadora, seja do campo ou da cidade, da Reforma Agrária, e de uma sociedade justa e igualitária.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

      

Quinta, 12 Março 2020 17:09

 

Na manhã de segunda-feira (9), as mulheres sem terra ocuparam o Ministério da Agricultura, em Brasília (DF). A mobilização contou com a participação de 3500 trabalhadoras Sem Terra de 24 estados, que estão na capital federal para o I Encontro de Mulheres do MST. A ocupação integrou ainda a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra. As mulheres sem terra também realizaram protestos em rodovias e nas subsedes de ministérios e do Incra por todo o Brasil.

Durante a ação, as trabalhadoras denunciaram a chamada titularização das terras, que visa à privatização individual das áreas de assentamentos; os cortes nos investimentos públicos; e a liberação desenfreada de agrotóxicos pelo governo Bolsonaro. Em 2019, foram liberados 474 agrotóxicos, a maior quantidade dos últimos 15 anos.

“Nós sempre defendemos o Contrato de Concessão de Uso (CCU), porque restringe a mercantilização das terras conquistadas, e terra para nós é um bem comum da natureza, e, portanto, não pode ser mercadoria”, explica Maria da Silva Trindade, militante do MST, sobre a distribuição de titularidades individuais dos lotes de terra para os assentados.

O movimento denunciou também o fracasso da política econômica, a queda nos investimentos públicos e o aumento do desemprego. Para a militante do MST, “as garras da direita bolsonarista e miliciana é expressão do projeto ultraliberal, que quer acabar com todos os direitos da classe trabalhadora”.

As mulheres do MST protestaram ainda contras medidas específicas do governo, que aprofundam ainda mais o desmonte das políticas agrárias e voltadas para os trabalhadores rurais. Entre elas, o decreto nº 10.252, que enxuga a estrutura do Incra, extingue o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), o programa Terra Sol e outros programas que davam incentivos aos assentados, quilombolas e comunidades extrativistas. 

Além disso, segundo o MST, o governo Bolsonaro está determinado a privatizar as terras e promover a devastação ambiental. Um exemplo é a MP 901/19 que, na prática, irá excluir da proteção ambiental de 4.745 hectares da flora nos estados do Amapá e Roraima e abrir estas áreas para a mineração. Já a chamada MP da Grilagem (MP 910/19) flexibiliza as regras de regularização fundiária, repassando áreas da União até 2.500 hectares ao valor irrisório de 10% sobre a terra nua a invasores ilegais, que se valeram do crime de grilagem para se abonar destas terras.

Após as denúncias, as mulheres desocuparam o prédio do Ministério, mas mantiveram acampamento em frente a alguns escritórios do Incra, como em Porto Alegre (RS).

I Encontro de Mulheres do MST
No domingo (8), anterior à ocupação, as mulheres do MST integraram o ato do Dia Internacional da Mulher, em Brasília (DF). Junto com movimentos de mulheres da capital e entorno, marcharam pelo eixo Monumental, contra o machismo, o racismo e o fascismo e pela vida de todas as mulheres.

Desde quinta (5), as mais de 3500 mulheres estavam acampadas no parque Sara Kubistchek para o 1° Encontro de Mulheres do MST “Mulheres na luta semeando a resistência. Qelli Rocha, 1ªa vice-presidente do ANDES-SN, esteve no encontro para levar a saudação e apoio da diretoria do Sindicato Nacional.

“Nesse contexto de retirada de direito dos trabalhadores e, sobretudo, das trabalhadoras, e acirramento da luta de classes, o encontro na nossa avaliação foi fundamental taticamente, evidenciando que as mulheres têm protagonizado e vanguardiado as lutas antifascistas e contra o bolsonarismo. A ocupação do prédio do Mapa evidencia um retorno de uma forma mais tática e contundente de atuação e resistência desse movimento”, avalia Qelli.

Fonte: ANDES-SN (com informações e fotos do MST)

Segunda, 20 Maio 2019 18:57

 

Diante de tantos ataques aos direitos da população brasileira, em meio a um conturbado cenário político e econômico, a Adufmat-Ssind foi convidada para contribuir com a análise de conjuntura durante a reunião da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na última sexta-feira, 17/05.

 

A parceria entre o sindicato dos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e MST é histórica, tanto pela defesa do direito constitucional à terra, por meio da Reforma Agrária, quanto pela luta pelos direitos fundamentais, sociais e trabalhistas de todos os trabalhadores.

 

Na mesa, além do dirigente nacional do MST, João Paulo Rodrigues, e do professor Aldi Nestor de Souza, que representou a Adufmat-Ssind na ocasião, os professores da UFMT, Paulo Wescley (Departamento de Serviço Social) e Paulo Rocha (Faculdade de Comunicação e Artes), dividiram suas leituras e experiências para tentar desvendar a atual conjuntura.

 

“A análise de conjuntura é central, porque ajuda a organizar as ações seguintes, além de ser uma experiência coletiva, porque não há saber iluminado”, afirmou Rodrigues, abrindo os trabalhos.

 

O dirigente pontuou, de forma bastante didática, quais influências internacionais e nacionais foram decisivas para derrocada do governo Dilma Rousseff e a eleição de Bolsonaro, um processo de golpe que teve início nas manifestações de junho de 2013 e, na sua avaliação, ainda não está completo. A questão central nos interesses econômicos resvala agora no empobrecimento gradativo da população, no aumento da exploração e também opressão, repressão e criminalização dos movimentos sociais organizados que lutam para resguardar os direitos atacados.

 

Para o diretor geral da Adufmat-Ssind, Aldi Nestor de Souza, é preciso refletir sobre a palavra da onda do moralismo no Brasil: “corrupção”. “Eu tenho interesse de encarar essa palavra. Ela carece de tratamento, porque parece absoluta, mas não diz nada, não explica nada. A corrupção é inerente às relações capitalistas”, afirmou o docente, citando inúmeros casos de escândalos de corrupção praticados por governos e empresas.

 

Numa análise mais local, o professor utilizou o termo “ninguendade”, conceito de Darcy Ribeiro cunhado na obra “O povo Brasileiro”, para descrever as relações estabelecidas na universidade. “A UFMT é formada por pessoas que vieram de outros lugares em busca do seu próprio garimpo e aqui não se identificam com nada. É uma relação muito parecida com a do estado de Mato Grosso, para onde muitas pessoas, de diversas regiões, vieram atrás de um pedaço de terra. Ou seja, a universidade está muito alinhada com esse projeto de estado”, concluiu.

 

O professor Paulo Wescley elencou diversos desafios para que os trabalhadores consigam superar o que considera uma crise estrutural de sociabilidade, mas ao final de sua exposição, garantiu: “Minha fala não é pessimista. Nós temos de saber que o desafio é muito grande, mas não é impossível. A Reforma da Previdência, por exemplo, é algo que não conseguem fazer desde o governo FHC, passando por Lula, Dilma e agora Bolsonaro. As contradições vão se ampliar, mas é preciso disputar consciências, aprofundar as discussões sobre projeto de sociedade e as táticas para unir as pessoas e as pautas”, afirmou o docente.

 

Já o professor Paulo Rocha compartilhou suas experiências nas periferias de Cuiabá, de outros estados e países, afirmando que os pobres foram abandonados pela chamada esquerda nos últimos anos. “É preciso refazer as relações, diminuir essa distância”, indicou o jornalista.

 

Para Rocha, o espírito do tempo atual é de um conservadorismo sem precedentes. “Há um negacionismo político absurdo, às vezes até para quem é de esquerda. Um preconceito tão cego, capaz de superar até mesmo a autoridade de Deus”.

 

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

  

    

 

  

 

Sexta, 28 Julho 2017 11:22

 

Cerca de 500 trabalhadores rurais sem terra deixaram, na manhã dessa sexta-feira, 28/07, uma das fazendas da família do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ocupada desde o dia 25/07. O ato fez parte da Jornada Nacional de Lutas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em defesa do direito constitucional à terra por meio da Reforma Agrária.

 

A fazenda do grupo Amaggi está localizada em Rondonópolis (218 km de Cuiabá), quilômetro 94 da BR 163, região sul de Mato Grosso. O grupo representa um dos maiores expoentes do Agronegócio na América Latina, com empreendimentos em todas as regiões do Brasil, além da Argentina, Paraguai, Holanda, Noruega e Suíça.  

 

Todo o processo de ocupação e as demais intervenções políticas ocorreram sem intercorrências. Os trabalhadores ocupados demonstraram, inclusive, entusiasmo com a perspectiva de dialogar com os funcionários da fazenda sobre as condições de trabalho na empresa, além das demandas do Movimento.  

 

A ocupação, como parte da Jornada de Lutas, que esse ano tem o tema “Corruptos, devolvam nossas terras”, ocorreu durante a divulgação de outro fato que envolve o ministro Blairo Maggi em transações aparentemente pouco republicanas: a aquisição, pelo grupo Amaggi, de 70% do subsídio leiloado para dar suporte ao transporte de milho (clique aqui para ler mais). De acordo com a Folha de S. Paulo, em matéria publicada no início dessa semana, “os resultados ressaltam uma situação incomum no Brasil, em que o principal funcionário do Ministério da Agricultura tem ligações com uma importante companhia do agronegócio. Praticamente todos os leilões deste ano foram voltados para o milho de Mato Grosso, o maior produtor brasileiro do cereal, onde a Amaggi tem atuação mais forte e onde os preços também sofreram mais o efeito de uma colheita recorde. Isso exigiu o programa do governo, que, por lei precisa garantir uma remuneração mínima aos agricultores”.

 

 

 

O ministro também já foi acusado de envolvimento com práticas de grilagem e plantação de soja em área de desmatamento ilegal.  

 

Em nota, o MST Nacional afirmou que Blairo Maggi "exerce a função de ministro para garantir as condições necessárias para o desenvolvimento das suas fazendas e do agronegócio", e cita, ainda, o apoio para autorizar a venda de mais veneno para ser usado na agricultura, e a redução das áreas de preservação ambiental, como a Reserva do Jamanxim, no estado do Pará.

 

Na manhã de quinta-feira, 27/07, os trabalhadores rurais bloquearam a Ferrovia Senador Vicente Vuolo (Ferronorte), que passa há poucos quilômetros do local ocupado, interrompendo o transporte de grãos no estado por pelo menos 8h.  

 

Foto: Divulgação MST

 

Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso, solidários à luta do MST, visitaram a ocupação logo após a ação na ferrovia. O presidente da Adufmat – Seção Sindical do ANDES, Reginaldo Araújo, acompanhado dos colegas Qelli Rocha e Aldi Nestor, foram ao local conversar com os trabalhadores.

 

Assim que deixaram a fazenda, os trabalhadores sem terra seguiram para a região central de Rondonópolis, onde participaram de uma celebração religiosa na Praça Brasil. Em seguida, partiram, em marcha, para o escritório da Amaggi no município.

 

Já no final do ato, o ministro Blairo Maggi foi ao local, escoltado pela ROTAM - Ronda Ostensivas Táticas Metropolitanas. Ele chegou a se aproximar dos manifestantes, mas de acordo com informações de participantes, não houve diálogo.  

 

Foto: Edzar Allen/Adufmat-Ssind

 

As ações da Jornada de Lutas do MST também marcam a posição contrária do Movimento com relação as reformas Trabalhista, da Previdência e a Lei da Terceirização.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 25 Abril 2017 19:04

 

Famílias, que moram na área, são atacadas por fazendeiros desde 2004 
 
No dia 20 de abril, nove pessoas foram assassinadas em uma área rural, na gleba Taquaruçu do Norte, próximo ao Distrito de Guariba, no município de Colniza, localizada a mais de mil quilômetros de Cuiabá, capital de Mato Grosso. O município é um dos líderes no ranking de desmatamentos na Amazônia.
 
Segundo os técnicos da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) do estado, que realizaram os exames de necropsia nos corpos, algumas vítimas foram amarradas e apresentavam sinais de tortura – com golpes de facão e tiros de espingarda. São elas: Fábio Rodrigues dos Santos de 37 anos, Izaul Brito dos Santos de 50 anos, Ezequias Santos de Oliveira de 26 anos, Samuel Antônio da Cunha de 23 anos, Francisco Chaves da Silva de 56 anos, Aldo Aparecido Carlini de 50 anos, Edson Alves Antunes de 32 anos, Valmir Rangeu do Nascimento de 55 anos e Sebastião Ferreira de Souza de 57 anos, que era pastor da Assembleia de Deus. Sete vítimas são de Rondônia, uma de Mato Grosso e uma de Alagoas.
 
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), os conflitos fundiários no local ocorrem há mais de 10 anos, onde já aconteceram outros assassinatos e agressões. A CPT informou que investigações policiais feitas nos últimos anos apontaram que “os gerentes das fazendas na região comandavam uma rede de capangas, altamente armados, que usavam do terror para que a área fosse desocupada pelos pequenos produtores”.
 
Vitor Wagner de Oliveira, 1° vice-presidente da Regional Pantanal do ANDES-SN, explicou que a disputa pela terra na Amazônia Legal, entre fazendeiros e pequenos agricultores é histórica. “A disputa por terras resulta em enfrentamentos em que pistoleiros entram em ação, bancados por fazendeiros, e ameaçam e assassinam os indígenas e os pequenos produtores de terra. Sabemos que neste caso, especificamente, as pessoas estavam recebendo ameaças há muito tempo e eles resistiram até, infelizmente, essa chacina ocorrer”, disse.
 
Histórico do Conflito

Segundo a CPT, em junho de 2004, as famílias do Taquaruçu do Norte foram expulsas do assentamento por homens fortemente armados, que teriam destruído suas plantações. Na área estavam assentadas 185 famílias. O suspeito pela expulsão dizia ter comprado às terras. 
 
Na época, o Juiz de Direito da Comarca de Colniza concedeu reintegração de posse em benefício da Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt (Cooperosevelt), formada por trabalhadores rurais. Na ação, os trabalhadores argumentaram que desde o mês de outubro de 2002 possuíam a posse de uma área do Assentamento Roosevelt, a Gleba Taquaruçu do Norte, com 42.715 hectares, onde exerciam atividades agrícolas.
 
Após a decisão da Justiça, em 2007, pelo menos 10 trabalhadores foram vítimas de torturas e cárcere privado. Os responsáveis pelas violências são fazendeiros que atuam na região de Colniza, em associação com uma organização que atua especificamente na extração de madeira ilegal. Ainda em 2007, no mês de janeiro, o agricultor Gilberto Ivo da Rocha foi assassinado. Em abril do mesmo ano, mais dois agricultores foram assassinados, João Pereira de Andrade e Olivar Ferreira Melo. Os suspeitos pelas mortes são da mesma associação de pistoleiros.
 
Números da violência  
Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em colaboração com movimentos populares, apontam que em 2016 foram registrados 1.536 conflitos, envolvendo 909.843 famílias. No ano anterior, os índices respondiam por 1.217 conflitos e 816.837 famílias – resultando em um aumento de 26% no número de conflitos.
 
O relatório revela, com destaque, a elevação dos crimes contra a vida. O número de assassinatos aumentou em 22% em 2016, em relação ao ano anterior. Em 2015, 50 trabalhadores rurais foram assassinados. Já no ano passado, o número corresponde a 61 mortes. A maior parte dos assassinatos, cerca de 79%, ocorreu na Amazônia Legal, área que compreende os estados da região Norte somados ao Maranhão e Mato Grosso. Em 2006, o número de mortos era a metade, 30. A área, de grande interesse dos setores ruralistas pela potencialidade de exploração, também responde pela maior parte das tentativas de assassinatos (68%) e ameaças de morte (86%). 
 
O diretor do ANDES-SN afirmou que os números traduzem a ausência do Estado nestas aéreas. “Os conflitos acontecem em regiões que o Estado não está presente, na forma de garantir direitos básicos e segurança, ele só chega depois do ocorrido, geralmente para manter a ordem do Capital. Além disso, o isolamento dessas comunidades facilitam as ações de pistoleiros e dos seus mandatários”, explicou.
 
21 anos de impunidade
O último dia 17 desse mês, marcou os 21 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 integrantes do Movimento Sem Terra (MST) foram assassinados após a polícia militar paraense tentar impedir uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras na rodovia PA-150. Outros 69 trabalhadores rurais foram mutilados com facões e foices. A chacina ocorreu no ano de 1996, no município de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, e ganhou repercussão nacional e internacional, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993). Muitos dos envolvidos no massacre até hoje não foram punidos.
 
“O caso ocorrido no dia 20 de abril não é um caso isolado. Aconteceu de fato, assim como diversos casos emblemáticos - como exemplo o massacre de Eldorado dos Carajás -, que desnudam o que acontece no cotidiano e vem acontecendo há décadas”, lamentou o diretor do Sindicato Nacional.
 
Por fim, Vitor Wagner de Oliveira cobrou a punição dos pistoleiros e fazendeiros envolvidos na chacina em Taquaruçu do Norte. Para ele, é de extrema importância o posicionamento do ANDES-SN nesta luta e em favor da Reforma Agrária. “É papel do Sindicato, classista e combativo, estar ao lado dos movimentos sociais de luta pela terra e cobrar do Estado a Reforma Agrária de fato para garantir a defesa dessas comunidades diante dos ataques dos inúmeros ataques dos fazendeiros e seus pistoleiros. Precisamos lutar em defesa do direito a terra”, concluiu.
 
 
Saiba Mais
Governo Temer acelera agenda de medida que acaba com a reforma agrária no país

 

Fonte: ANDES-SN (com informações da CPT )

 

Segunda, 24 Abril 2017 18:39

 

 

            No dia 19 de abril/17, nove trabalhadores rurais foram torturados e assassinados por homens encapuzados no Assentamento de Taquaruçu do Norte, em Colniza/MT. Como parte da tragédia anunciada que combina impunidade (vide massacre de Carajás, há 21 anos), latifúndio e criminalização das lutas sociais, desnuda-se o não-Estado de Direito àqueles que lutam por terra, trabalho e direitos sociais. De acordo com o Relatório sobre Conflitos no Campo 2016, da Comissão da Pastoral da Terra (CPT), somente em 2016 foram 61 assassinatos (o maior número registrado desde 2003). Considerando-se a totalidade dos conflitos por terra, pela água e trabalhista, 2016 alcançou os impressionantes números de 1.536 conflitos. Assim, a chacina de Colniza/MT vem a revelar, mais uma vez, a inação do Estado para assegurar, sequer, as mais elementares garantias constitucionais.

            Diante de mais essa tragédia que a todos os trabalhadores consterna, nós, abaixo assinados, vimos a público não somente manifestar nosso profundo pesar - e solidariedade a todos trabalhadores rurais - senão que exigir, além da punição dos verdadeiros responsáveis, também a efetividade dos direitos fundamentais individuais e coletivos que reconhecem dentre outros, a função social da propriedade e a livre associação.

       Direção da Adufmat-SSind. do ANDES/SN

Associação de Educação e Cultura Agroecológica Zumbis – AECAZ-Sinop/MT

            Centro Acadêmico de Ciências Sociais – CACIS/UFMT

            Centro Acadêmico de Geografia – CAGEO

            Centro Acadêmico de Saúde Coletiva – CASACO/UFMT

            Centro Acadêmico de Serviço Social – CASES/UFMT

            Fórum Teles Pires

            Frente Feminista da UFMT

            Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte – GPEA

            Instituto Caracol

            Laboratório de Estudos e Pesquisas da Diversidade da Amazônia Legal – LEAL-Juara/MT

            Levante Popular da Juventude

            Movimento Agroecológico Estudantil – M.A.E

            Movimento dos Atingidos/as por Barragens – MAB/MT

            PET-Conexões de Saberes ‘Diferentes Saberes e Fazeres na UFMT’

            Projeto Canteiros da Unemat-Sinop/MT

            Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso – SINDJOR/MT

            Sindicato dos Servidores Públicos da Educação Profissional e Tecnológica de Sinop/MT – SINPROTEC

 

21/04/2017