Segunda, 06 Julho 2020 14:51

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá
Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP
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               Se em passados distantes, “Marília” já foi de Dirceu e “Beatriz” já foi de Dante, Marília Beatriz – a de Figueiredo Leite – foi de todos e de todas que tiveram a rara oportunidade de conviver com um ser absolutamente ímpar, desses a quem aquele “anjo torto” pede que vá “ser gauche na vida”; por isso, nenhum amontoado de palavras dá conta de descrever, quem dirá de explicar um ser assim; e assim foi Marília Beatriz, que se foi...

               Em sua trajetória, semelhante à de seu pai, Gervásio Leite, Marília Beatriz foi advogada, professora e artista. Como tal, embora desenvolta em muitas das manifestações do mundo da arte, demonstrou sutil preferência pela literatura. Por este caminho, chegou à presidência da Academia Mato-grossense de Letras, sempre reverenciando os escritores mais antigos, mas convidando e aconchegando os de gerações mais novas.

             Nada por acaso. Logo que Marília Beatriz chegou a este mundo, seu adorado e decantado pai lhe passou sua herança: uma trilha aberta a ser livremente percorrida. E ela a percorreu. No percurso, desde cedo, achou pouco o chão; por isso, voou sempre que quis, para onde quis, como quis, com quem quis, mas acima de tudo, como é dito na canção, voou “na garupa leve de um vento macio” que a ajudava a soltar palavras a quem as quisesse pegá-las até que, bruscamente, tudo isso fosse interrompido.

               Todavia, a interrupção da existência de Marília Beatriz, ocorrida em 03/07/20, não será suficiente para torná-la esquecida pelos que a conheceram. Fui um desses premiados. Mas se alguém me perguntar quando e como conheci Marília Beatriz, não sei dizer. Não me lembro. Não que aquele primeiro encontro tivesse sido insignificante; ao contrário. É como se a Marília Beatriz já estivesse fazendo parte de minha vida há muito tempo; é como se qualquer detalhe tivesse sido dispensado para registrar um encontro entre dois irmãos. Os irmãos – simples e naturalmente – são e estão entre-e-para-si; e pronto.

               Minhas recordações de Marília Beatriz são todas tão carinhosas quanto saudosas. Ontem, revendo a homenagem que – por feliz arte do também ímpar Fernando Tadeu – a UFMT lhe prestou há poucos meses, pude ver novamente os detalhes que compunham a personalidade de Marília Beatriz. Acima de todos eles, inclusive do olhar, de que se diz ser a “janela da alma”, destacava-se o seu sorriso, sempre largo, solto, espontâneo, contagiante.

             Amalgamada ao seu sorriso, vinha a sua voz, ligeiramente rouca, mas sempre muito forte e certeira. Do som de sua voz, materializavam-se as palavras, estas, sim, essências de sua alma, de sua destemida e brilhante existência. Pela voz, explodia a vivacidade sempre juvenil de seu olhar inquieto, observador e revelador dos mais diferentes sentimentos humanos.


         Marília Beatriz brincava com as palavras. Imersa nessa brincadeira, ainda que inconscientemente, mesmo nos bate-papos informais, como os que tínhamos em algum café, os ensinamentos vinham voando pelo ar; tudo naturalmente. E vinham com a elegância típica e rara daqueles que falam como se estivem escrevendo um livro, mas não um livro qualquer, mas o livro mais importante de suas vidas.

              E os discursos de Marília?!

             Fossem aonde fossem pronunciados, seus discursos eram sempre emocionantes, envolventes, tocantes, aconchegantes, mas invariavelmente, com muita delicadeza, eles quebravam protocolos, provocando, muitas vezes, saborosas risadas. Naqueles discursos, sempre preparados com o maior respeito, fosse a um acontecimento, fosse a uma personalidade, as palavras, colhidas aqui e acolá, mesmo as mais triviais, pareciam ganhar roupas finas, verdadeiros trajes de gala. Eram aveludadas as suas palavras, mas, paradoxalmente, fortes e convincentes, como as palavras têm de ser, mas sem nenhum índice de agressão ao outro. Só elevação...

             “De repente, não mais do que de repente”, como uma inesperada “pedra no meio do caminho”, um vírus endoidecido, em seu insano e desnorteado percurso, fez dos pulmões de Marília Beatriz um alojamento para sua vida, retirando-a de nossas vidas, impondo a ela a força da “indesejada das gentes”. Mais: sem nos permitir sequer dar um adeus à Marília Beatriz, sequer uma despedida digna de sua altiva e cativante existência.

               E assim, mesmo sem querer, se foi Marília Beatriz, que nos deixou devastados, absortos, com o olhar jogado ao nada. Silenciosos. Saudosos.
 
Terça, 10 Dezembro 2019 10:06

 

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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Para os mato-grossenses, 2019 é daqueles anos marcantes: Cuiabá, sua capital, completa 300 anos; sua universidade federal (a UFMT), 49.

Dito assim, tudo poderia ficar apenas no calor dos aplausos. Todavia, a UFMT tem buscado marcar este momento com homenagens valorizadoras da identidade do “povo cuiabano”. Assim, destaco um título já concedido e uma demanda ainda em curso na Instituição.

Em meados de novembro, o Conselho Superior da UFMT outorgou o título de Dra. “Honoris Causa” a Domingas Leonor da Silva. Hoje, dia 10/12, no Teatro Universitário, ocorre a cerimônia pública da homenagem.

No início dos anos 90, recém-chegado em Cuiabá, durante viagens a diversas cidades de MT para o compartilhamento de saberes acadêmicos e populares com trabalhadores da educação, conheci a Domingas, que simplesmente me ensinou a amar esta terra, esse povo, essa cultura.

Mas quem é Domingas?

Uma cuiabana de descendência indígena que, provavelmente num dia de sol, nascera em 1954, na Comunidade de São Gonçalo Beira Rio. Desde cedo, absorvera os saberes herdados de seus pais e avós.

Nas palavras do prof. Fernando Tadeu, relator do processo de outorga, “os saberes da Sra. Domingas Leonor sobre o modo de viver do ribeirinho, os segredos da arte em cerâmica, da culinária regional e a manifestação disso tudo em poesia garantem a preservação, transformando em arquivo vivo uma fonte de oralidade das mais preciosas”.

Em 1993, Domingas fundou o “Flor Ribeirinha”, o grupo de dança que já fez franceses, alemães, belgas, chineses e turcos assistirem ao siriri e ao cururu, duas das maiores expressões culturais de MT. Na Turquia, o grupo foi campeão mundial do Festival Internacional de Arte e Cultura.

Que honra ter podido participar também desse momento! A Dra. Domingas Leonor, agora mais do que nunca ao nosso lado, só nos enriquece, nos enche de orgulho.

Por outra sorte, o primeiro título de “Notório Saber” que já poderia ter sido concedido na UFMT, ainda se arrasta nos meandros da burocracia, que, aliás, pode estar escondendo ações (ou omissões) indevidas.

Explico: desde 2016, o professor Abel Santos Anjos Filho vem pleiteando o título de Dr. Notório Saber. Infeliz e imprudentemente, há quem lhe indique o percurso convencional para a obtenção do título de doutor.

Aqui, advirto para a possibilidade de preconceitos diante da solicitação desse colega. O convencional é para os convencionais, que são muitos. A notoriedade é para os notórios, que são poucos. Simples assim. As produções acadêmicas e artísticas do professor Abel se encaixam na notoriedade. Ademais, seu pleito é legal.

Abel pertence ao grupo dos primeiros colegas que tive no Instituto de Linguagens. De cara, passei admirá-lo como artista buscando valorizar a arte e a cultura populares de MT. Logo depois, a respeitar também sua trajetória acadêmica, pois foi ele o primeiro a levar os signos mais representativos de nossa cultura regional ao exterior.

E seu percurso artístico/acadêmico tem sido profícuo. Até o momento, são quatro livros publicados, além de diversas composições de obras musicais eruditas, sacras e populares. Do conjunto, destaco a “Sinfonia Pantaneira”, primeira obra, no mundo, para viola de cocho e orquestra.

Em 1995, Abel foi escolhido como um dos personagens do Programa “Gente que faz”, da Rede Globo/BamerindusAssim, produziu e compôs arranjos musicais de 26 CD’s sobre a cultura regional, com destaque às manifestações do cururu e siriri.

Na condição de palestrante, em 1996, foi recebido pelas universidades portuguesas do Porto, Aveiro e Évora. Em Paris, apresentou-se a um grupo de Etnomusicólogos da Sorbonne.

Lá mesmo, um ano depois, no “Musée de L’Homme”, mas na condição de concertista, realizou um concerto-palestra na abertura da temporada de Primavera de Paris. Ao final, em nome de todos nós, presentou o museu com um exemplar da viola de cocho; faltava esse instrumento naquele espaço. Não falta mais.

Na sequência, recebeu uma bolsa de investigação científica pela Fundação Calouste Gulbenkian de Lisboa, o que lhe possibilitou realizar pesquisas sobre a viola de cocho em território europeu. Isso se encontra documentado no Livro/CD “Uma Melodia Histórica”, de 2002.

Portanto, após o importante “honoris causa” a Domingas Leonor, a UFMT, infelizmente, fechará 2019 com o débito do “Notório Saber” ao professor Abel.

Espero que a dívida seja reparada em 2020, estando sua importante presença na centralidade das comemorações dos 50 anos da Instituição. Assim, gostaria de vê-lo aplaudido não somente porque poderá abrilhantar – como tem feito há décadas – mais uma cerimônia da UFMT, mas porque todos os presentes terão reconhecido seu notório e notável saber.

Em tempo: o ex-reitor Paulo Speller, na cerimônia do dia 10, recebeu o título de Emérito da UFMT.

 

Quarta, 12 Dezembro 2018 10:54

 

A emoção tomou conta dos sindicalizados da Adufmat-Ssind no último sábado, 08/12. Em uma cerimônia para comemorar os 40 anos da entidade, os atores dessa história de luta e resistência lembraram de vários momentos, desde a fundação do sindicato, em plena Ditadura Militar, passando pelas inúmeras conquistas da categoria, e pela contribuição de companheiros cuja presença, hoje, se faz apenas em memória.

 

O atual presidente, Reginaldo Araújo, iniciou o ato agradecendo a presença de todos, e destacando a importância do momento. Em  seguida, leu a carta aos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso, registrando alguns dos fatos mais marcantes dessas quatro décadas.

 

“Foram as grandes mobilizações, realizadas a partir da década de 1980 até os dias atuais, que nos possibilitaram conquistar, dentre outros avanços, o Plano de Carreira do Magistério Superior das IFES, o Reenquadramento Funcional, a Dedicação Exclusiva, Licença Capacitação, concurso público como única forma para atuação no magistério superior, o Regime Jurídico Único, Carreira Única, isonomia salarial, reajustes lineares, garantia de pagamento de Retribuição por Titulação também para docentes substitutos e, mais recentemente, a implementação dos 28,86% para todos os docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)”, disse o presidente.

 

Em seguida, antes das homenagens, a diretoria apresentou o teaser do documentário sobre a entidade, que ficará pronto nos próximos dias. Coordenado pela cineasta Danielle Bertolini, o filme abordará a trajetória política do sindicato a partir de diversos relatos, imagens e outros registros.   

 

Já no início das homenagens, o primeiro presidente da Adufmat-Ssind, no ano de 1978, Waldir Bertúlio, lembrou que os docentes que se dispunham a se organizar, à época, eram perseguidos pela Ditadura Militar e contou, muito emocionado, que chegou a ser preso e torturado no período, além de demitido pela instituição. Sua situação só foi revertida a partir da edição da Lei da Anistia, conquistada pelos trabalhadores em 1979. “A história desse sindicato é a nossa história. É com muita alegria que reencontro as pessoas que enfrentaram tantas situações adversas para construir essa luta tão importante para a democracia, e saúdo este trabalho magnífico da atual diretoria. Nesse momento, o caráter público da universidade está ameaçado, mas nós continuaremos lutando e a universidade sobreviverá. Nós sobreviveremos a mais essa luta”, relatou o professor aposentado.

 

Também membro da primeira diretoria, o professor Vicente Ávila fez questão de destacar que a força provém da unidade da classe trabalhadora. “A grande força é a nossa força”, disse.

 

A primeira gestão do sindicato foi destituída em 1979, e substituída por uma Junta Governativa, o que é considerado pela categoria uma ruptura. A retomada veio pela gestão Renascer, em 1980, da qual a professora aposentada, Enelinda Scala, fez parte. “Foi uma gestão muito difícil. O presidente, professor Eudson Castro, chegou a ser ameaçado e renunciou, junto com alguns membros da diretoria. Mas nós brigamos muito e a democracia foi conquistada. Nós não devemos esquecer nunca que liberdade é vida, é criatividade, é felicidade”, afirmou a docente.

 

O professor George Profeta, também aposentado, foi um dos dirigentes do sindicato na gestão que esteve à frente da entidade entre 1985 e 1986. Em suas palavras, também demonstrando grande emoção, “a reunião dos ex-diretores para realização da homenagem é mais um momento histórico” do sindicato.

 

Carlos Sanches, que presidiu a entidade pela primeira vez em 1987, mas voltou à direção em 2012, enfatizou as perseguições e demissões de diretores por motivos políticos no início da história do sindicato.  

 

Para a professora Marilza Matsubara, primeira mulher a presidir a Adufmat-Ssind, em 1988, a homenagem, relembrando a história da Adufmat-Ssind, demonstrou que o sindicato é, realmente, o lugar da categoria. “Foi aqui que eu aprendi a construir. Aqui é o nosso lugar, onde a gente tem de continuar resistindo”, disse.

 

 

 

O docente aposentado Sérgio Scala, que participou da mesma gestão, falou sobre as assembleias cheias, as discussões acirradas, e as inúmeras lutas que a categoria enfrentou coletivamente entre 1980 e 1990.

 

A professora Vera Lúcia Bertoline lembrou da ex-presidente Liliah Galetti, e chorou ao relatar grandes debates em defesa dos direitos dos trabalhadores e da categoria.

 

Na avaliação do professor Roberto Boaventura, que presidiu o sindicato entre 1993 e 1994, o início dos anos 1990 demarcou, de certa forma, um distanciamento da categoria da organização sindical. “A partir dos anos 1990, a luta ficou cada vez mais difícil. Alguns colegas priorizaram a disputa por cargos e a militância em partidos políticos”, revelou. O docente destacou, no entanto, que a conjuntura atual exige novos esforços. “Esse é um momento que exige de todos nós. O combate é necessário”.

 

Seguindo a dinâmica da homenagem, em que os próprios ex-diretores entregaram a placa com símbolo da Adufmat-Ssind às gestões que os sucederam, Boaventura entregou a placa com símbolo da oca ao idealizador da sede administrativa, o professor da UFMT e arquiteto, José Portocarrero. A obra foi inaugurada entre 1992 e 1993, período marcado, também, pelo início da luta pelos 28,86%. “Diante da nossa história, o que eu posso dizer é que esse não é o espaço que eu projetei, mas o espaço que vocês construíram em meio a tantas dificuldades”, disse Portocarrero.

 

 

Os professores Gerson da Silva e Lúrnio Ferreira, respectivamente presidente e vice-presidente do sindicato entre 1994 e 1995, relembraram a unidade entre professores, estudantes e técnicos administrativos, e as participações conjuntas nas assembleias e espaços de discussão em geral. “Nós discutíamos no sindicato, não nos corredores”, afirmou Ferreira, que presidiu o sindicato na gestão seguinte.

 

Foi na gestão de Ferreira, entre 1995 e 1996, que o então secretário de Assuntos Sócio Culturais, Elson Figueiredo, elaborou a inconfundível marca da entidade. “Eu era um jovem docente, apaixonado pela universidade e pela biologia. A morfologia da oca era o que melhor representava a nossa categoria”, afirmou Figueiredo.  

 

Já na passagem para os anos 2000, o professor José Domingues de Godoi esteve à frente do sindicato em duas gestões, e falou sobre alguns conflitos internos, por vezes levados à Justiça. O docente também destacou lutas mais recentes, e afirmou que a categoria precisa ter coragem e força para o enfrentamento. 

 

Em seguida, a professora Maria Adenir Peraro, atual diretora da Adufmat-Ssind, leu uma mensagem enviada pelo ex-presidente (2002-2004) Luis Galetti, agradecendo a homenagem, assim como os colegas da universidade que caminharam lado a lado nas lutas e os funcionários do sindicato, em seu nome e da esposa. Antes de falecer, em junho deste ano, Liliah Galetti pediu à família para que parte das suas cinzas fossem enterradas na área verde da entidade.

 

A professora Iva Ferreira Gonçalves, uma das professoras que mais participou de diretorias, relatou a importância da Adufmat-Ssind em sua vida e garantiu: “se eu tivesse que voltar agora para viver todos esses momentos, eu voltaria”, declarou. 

 

Para encerrar, a atual diretoria, representada pelo vice-presidente, Maelison Neves, agradeceu a todos. “A luta de vocês é, certamente, uma inspiração para a nossa. Daqui a alguns anos também vamos poder contar nossas experiências à frente do sindicato. A luta continua!”, disse o docente.

 

 

Após as homenagens, a professora Maria Adenir Peraro apresentou ainda o Caderno de Memórias dos docentes aposentados que fizeram parte da construção do sindicato nesses 40 anos. O material foi pensado pelo Grupo de Trabalho de Assuntos de Aposentadoria e Seguridade Social (GTSSA) da Adufmat-Ssind. Em seguida, os presentes desfrutaram de um jantar com show ao vivo de Carol Brandalise e músicos, em edição especial do Lusco Fusco, e puderam observar outros materiais organizados pela diretoria para a data, como a linha do tempo da Adufmat-Ssind e uma exposição de fotos.      

 

 

VEJA AQUI A GALERIA DE IMAGENS

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 20 Junho 2018 10:52

 

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HOMENAGEM PÓSTUMA PARA LYLIA DA SILVA GUEDES GALETTI (texto ligeiramente modificado e que eu pensei em ler na homenagem feita para Lylia na sede da Adufmat em 08/06/2018).
 

 
MÚSICA “ROENDO UNHA” DO GONZAGÃO, MÚSICA QUE EU CHAMO DE “VIMVIM”; É A CARA DE LYLIA.
Roendo Unha
Luiz Gonzaga
 
Quando VinVin cantou
Corri pra ver você
Atrás da serra, o sol
Estava pra se esconder
Quando você partiu
Eu não esqueço mais
Meu coração, amor,
Partiu atrás
 
Vivo com os olhos na ladeira
Quando vejo uma poeira
Penso logo que é você
 
Vivo de orelha levantada
Para o lado da estrada
Que atravessa o muçambê
Olha, já estou roendo unha
A saudade é testemunha
Do que agora vou dizer
 
Quando na janela
Eu me debruço
O meu cantar é um soluço
A galopar no massapê
 
 

Vou falar um pouco da história política institucional, tradicional e partidária  de Lylia, no período quando ela era ainda muito jovem, com 17, 18 e 19 anos.
 
Volto no tempo, lá pelos idos de 1960, em 1967, 1968. Lylia nasceu em 08/07/1952. Era então uma jovem de 15, 16 anos em Fortaleza, Ceará. Uma jovem nordestina aguerrida e valente.  Lylia viveu intensamente aqueles processos fortes e marcantes da revolução mundial de 1968. Era estudante secundarista na escola pública.
 
Alguns de vocês aqui presentes talvez se recordem bem como foram fortes e decisivos em nossas vidas aqueles momentos, aquelas lutas, nossas atitudes ousadas e corajosas enfrentando a ditadura empresarial e militar brasileira, que havia usurpado o poder político no Brasil através de um golpe militar em março de 1964. Foi, como sabemos uma ditadura militar e da burguesia brasileira e mundial contrária aos interesses populares. De forma direta, brutal e truculenta os governos ditatoriais daquele período atacaram duramente os movimentos populares e sindicais brasileiros, perseguindo, prendendo, torturando e matando as principais lideranças desses movimentos.
 
Pois bem, naquela conjuntura, Lylia se atira e entra com força na luta contra a ditadura, como é próprio da juventude e também como era característica dela. Entra com tudo na luta em defesa dos mais pobres, dos jovens, em defesa da liberdade roubada e usurpada pela ditadura, em defesa da vida e da dignidade humanas, em defesa da democracia, valores atacados duramente e destroçados pela ditadura empresarial capitalista e militar no Brasil.
 
Depois de participar de manifestações de rua contundentes e de fazer discursos inflamados contra a ditadura, Lylia, como líder estudantil no Liceu Secundarista de Fortaleza, se aproxima do PCBR – o Partido Comunista Revolucionário Brasileiro – e passa  a ser uma simpatizante dessa organização revolucionária. Talvez vocês se lembrem de alguns nomes mais conhecidos de dirigentes do PCBR: o Mário Alves (brutalmente empalado e morto pelos carrascos da ditadura), o Jacob Gorender e outras (os).
 
Em 1970 (salvo engano) os dirigentes do PCBR planejaram uma ação de panfletagem com pichamento no centro de Fortaleza. Era um pichamento à noite, num muro branco em rua do centro da cidade. Para surpresa de Lylia e demais militantes que participavam dessa ação, integrantes de um carro do jornal “O Povo” do Ceará, ao notar as atitudes “suspeitas” desses jovens militantes passaram imediatamente a denunciá-los à polícia. O que eles faziam: tinham arremessado um saco plástico cheio de piche preto contra um muro grande e branco. Em seguida, escreveram, em letras bem grandes: DIGA NÃO. Depois voltariam, passados uns quatro ou cinco dias pra completar a frase, escrevendo: LUTA ARMADA É A SOLUÇÃO.
 
Porque o PCBR defendia a estratégia de luta armada contra a ditadura e contra o capitalismo para a construção do socialismo. Também assim pensavam e agiam, numa linha e com orientação política semelhante a ALN – Ação de Libertação Nacional de Carlos Marighela, Alexandre Vanuchi Leme, o velho Toledo, o Bacuri e vários outro militantes; e o MR – 8 – o Movimento Revolucionário 8 de Outubro ( 8 de outubro em homenagem a Ernesto Che Guevara, dirigente revolucionário argentino cubano e líder destacado da conhecida, respeitada e vitoriosa Revolução Cubana, de 1956 a 1961).
 
Relembrando: o PCBR, a ALN e o MR8, surgiram como rachas, dissidências do PCB, o Partido Comunista Brasileiro (o partidão). O partidão defendia a luta institucional, legal e pacífica contra a ditadura. Essas organizações guerrilheiras consideravam inadequada, incapaz e inofensiva essa estratégia política e passaram a adotar a estratégia da luta armada, inspiradas no exemplo vitorioso da Revolução Cubana, da Revolução Chinesa e da Revolução Vietnamita.
 
Como foi muito discutido tempos depois, passou a predominar na esquerda brasileira a avaliação de que a estratégia da luta armada não foi acertada, naquele período e da forma como foi implementada. Era uma estratégia foquista, em que pequenos e destacados grupos de militantes revolucionários socialistas partiam para a ação direta de enfrentamento contra o capital. Esses grupos heróicos não conseguiram ligação com os movimentos de massas. Atuaram descolados dos sindicatos e organizações populares. Enfim, realizaram ações espetaculares, mas não tinham capilaridade, enraizamento nas organizações da sociedade civil. Diferente da Revolução Vietnamita. Nessa luta revolucionária vitoriosa os guerrilheiros trabalhavam ou estudavam e militavam de dia e de noite. Sempre que possível dentro e junto com o povo. Como os peixes. Pra viver, tem que estar dentro d’água. Enfim, em minha opinião esse debate ainda permanece em aberto.
 
Voltemos a 1970. Período mais duro da ditadura no Brasil. Eram os anos de chumbo. Depois dessa ação repressiva da ditadura, na ação de pichamento do muro, Lylia teve que entrar para a clandestinidade. É deslocada pelo PCBR para um “aparelho” (uma casa) na Praia de Maria Farinha. Acaba sendo presa junto com Odijas Carvalho, o neguinho, ao tentar fugir da casa que fora cercada por forças armadas da ditadura. Neguinho, destacado líder estudantil pernambucano, foi brutalmente torturado por dois dias e duas noites. Morreu na cadeia. Lylia e companheiras (os) ouviram (testemunharam) sua agonia de morte.
 
E Lylia passa a cumprir pena de prisão, tendo ficada presa no Presídio do Bom Pastor em Pernambuco, por mais de dois anos, no período de 1970 a 1971. 
 
Depois de sair da prisão Lylia continuou a lutar com alguma dificuldade e com cautela nos anos 1970. No entanto, jamais renunciou a seus ideais revolucionários em defesa dos mais pobres, das negras, das índias, das oprimidas, dos LGBTs, da livre opção sexual, por liberdade, por formas inovadoras e criativas de construção do socialismo com democracia e ampla participação popular. A partir dos anos 1980 e até o fim de sua vida, em 18/04/2018, suas ações e atitudes cresceram em intensidade e valor social e político. Sua vida e seu trabalho foram e continuam sendo uma inspiração constante nas vidas de todas (os) que com ela conviveram.   Tenho certeza de que novas Lylias virão. Que o plantio dessa muda de ipê amarelo adubado com as cinzas de Lylia incentive e traga novas Lylias guerreiras. Tenho essa esperança. E digo
 
LYLIA GUERREIRA PRESENTE!!! SEMPRE!!!
 
Luiz Carlos Galetti
Professor aposentado do Departamento de Sociologia e Ciência Política – ICHS - UFMT
 
BRASÍLIA, 14 DE JUNHO DE 2018.

 

Segunda, 11 Junho 2018 18:18

 

Política, boa música, natureza, amigos, familiares e infinitas histórias. Na última sexta-feira, 08/06, a Adufmat-Ssind estava como a professora Lylia Galetti mais gostava para recebê-la novamente.

 

A historiadora presidiu o sindicato entre 1988 e 1989, durante a gestão “Adufmat Autônoma e Democrática”. Um dos seus desejos, declarado antes do falecimento em 18/04/18, era de que parte de suas cinzas fossem lançadas no jardim do sindicato.  

 

Assim foi feito. Nos próximos anos, um Ipê Amarelo, fortalecido com parte das suas cinzas, deve alegrar os arredores da Adufmat-Ssind. A outra parte fora levada pelo mar de sua terra natal, Fortaleza - CE.

 

A cerimônia de homenagem emocionou a todos os presentes. Amigos e familiares compartilharam suas histórias, lembraram dos debates políticos e cantaram algumas das músicas que a professora gostava de interpretar.

 

A homenagem também deverá fazer parte do documentário que o sindicato está preparando para celebrar os 40 anos de luta da entidade, período do qual a professora Lylia não só participou, mas contribuiu enormemente para a construção.

 

Lylia da Silva Guedes Galetti, presente!

 

Clique aqui para ver as fotos da cerimônia.

 

 

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 05 Junho 2018 16:57

 

A Adufmat – Seção Sindical do ANDES convida todos os docentes para uma cerimônia em homenagem à professora Lylia da Silva Guedes Galetti, do departamento de História da UFMT, que faleceu no dia 18 de abril.

Vamos relembrar a trajetória de vida e a importante contribuição política da professora Lylia ao movimento docente e à classe trabalhadora.

Além da presença, os participantes do evento poderão contribuir compartilhando suas vivências com a professora. Para isso, poderão trazer fotos, vídeos e outros materiais que representem esses momentos.

A cerimônia será na próxima sexta-feira, 08/06, às 17h, no auditório da Adufmat-Ssind. 

Sexta, 04 Maio 2018 18:37

 

 

A ADUFMAT-Ssind presta reverência e profunda homenagens ao Professor Nicolau Priante Filho, “Nico”, pelo  brilhantismo de sua carreira universitária, pelo comprometimento com seus alunos, suas pesquisas e Projetos de Extensão, voltados à população ribeirinha, que lhe renderam prêmios nacionais no âmbito da Política Ambiental e Sanitária, à exemplo da criação de uma metodologia voltada ao reaproveitamento do uso da água.

 

Para além desses aspectos, o chapéu côco, e os passos dançantes do professor Nicolau com sua esposa Josita, ao som do Chorinho, deixam marcas indeléveis, principalmente nos bailes do Dia do Professor, promovidos pela ADUFMAT-Ssind ao longo das décadas.

 

Professor Nicolau Priante Filho, presente!

Segunda, 19 Fevereiro 2018 17:50

 

“Malditas sejam todas as cercas”, repetiram por diversas vezes trabalhadores e estudantes na tarde da última sexta-feira, 16/02, no auditório da Adufmat – Seção Sindical do ANDES. Entre poemas e versos, a frase marcou o início da homenagem aos 90 anos de luta de Pedro Casaldáliga, em defesa da terra e dos povos oprimidos.

 

A vida do bispo que nasceu na Catalunha, ligado à Teologia da Libertação, é uma mistura de persistência, força, rebeldia, desafios entre as contradições da igreja e esperança. Na região de São Félix do Araguaia, onde se instalou na década de 1960, enfrentou de forma destemida a dura realidade da população indígena e de trabalhadores rurais. Chegou a ser ameaçado de morte pelo governo militar e por latifundiários.  

 

“A luta de Dom Pedro é reconhecida internacionalmente. Há quem desconheça, mas nós estamos falando aqui de um forte candidato ao Prêmio Nobel da Paz”, comentou o professor José Domingues de Godoi Filho, um dos organizadores do evento. Em 2003, como presidente da Adufmat-Ssind, Godoi foi um dos principais articuladores para que a Universidade Federal de Mato Grosso concedesse seu primeiro título de Doutor Honoris Causa à Casaldáliga.

 

“Se Pedro não estivesse naquela região, provavelmente os indígenas que vivem ali teriam sido dizimados”, afirmou um dos convidados para a Roda de Prosa, o professor Paulo da Rocha. É na região de São Félix do Araguaia que está localizada a Terra Indígena Xavante-Marãiwatsédé, conhecida pelos intensos conflitos agrários.

 

O professor destacou, ainda, a importância da presença do discurso de Casaldáliga nas universidades, ressaltando as pesquisas de mestrado e doutorado, no Brasil e no mundo, que reconhecem a luta do bispo.

 

A relação com a Igreja também aparece como um ponto de turbulência na vida do homenageado. A mesma instituição que o defendeu da morte, diante das ameaças da ditadura, também tentou cerceá-lo, impondo o “silêncio obsequioso”, e uma série de outros compromissos. Essa investida é relatada no filme Descalço Sobre A Terra Vermelha, com trechos do interrogatório ao qual o bispo foi submetido em 2005. Em determinado momento, o então cardeal Joseph Ratzinger – mais tarde, papa Bento XVI - questiona o que Pedro sente ao saber que suas ideias são partilhadas pelo comunismo. “O que o senhor sente ao saber que as ideias da Igreja são partilhadas pelo capitalismo?”, responde Casaldáliga (clique aqui para ler uma entrevista de Casaldáliga sobre o interrogatório).

 

Também participaram da Roda representantes da Prelazia de São Félix do Araguaia, que destacaram a sensibilidade de Casaldáliga em favor dos povos oprimidos, e os esforços para viabilizar uma educação ampla e emancipatória à classe trabalhadora. “Nós tínhamos de esconder livros no meio do mato quando os militares chegavam reviravam tudo”, disse a professora Lourdes Jorge, que conviveu e trabalhou com o religioso nos primeiros anos de sua trajetória profissional.    

 

Além da Prelazia de São Félix do Araguaia, que completará 50 anos em 2019, Casaldáliga é o grande responsável pela existência do Conselho Indígena Missionário (CIMI), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Romaria dos Mártires, entidades que resguardam importantes espaços de expressão e resistência da população indígena, trabalhadores do campo, quilombolas, entre outros.

 

A atividade é considerada parte das comemorações dos 40 anos da Adufmat-Ssind, que também atua na defesa dos trabalhadores rurais e urbanos, contra as investidas do Capital, desde a sua fundação, em 1978. 

 

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Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 09 Fevereiro 2018 15:25

 

No dia 16/02, um dos maiores expoentes mundiais da luta pela terra e pelos direitos sociais de camponeses e da população indígena completará 90 anos de intensos combates e resistências. Ligado à Teologia da Libertação, o bispo catalão, Pedro Casaldáliga, se instalou na região de São Félix do Araguaia em meados de 1960, onde iniciou uma grande batalha ao lado dos trabalhadores, numa região tomada por conflitos.

 

Sua luta, reconhecida internacionalmente, movimentou desde os moradores mais próximos e pobres, até o alto poder do Vaticano. “Tocar em Pedro é tocar em Paulo”, disse o Papa João Paulo VI, em uma das vezes que se reportou ao governo militar, durante a ditadura, em defesa de Casaldáliga.

 

Em 1969, torna-se bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, um importante espaço de resistência e organização da população local, com quase 50 anos de história. Sua atuação foi fundamental para a fundação de entidades como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Comissão Pastoral da Terra (CPT).

 

A luta de Casaldáliga em defesa dos trabalhadores e da terra é também a luta da Adufmat-Seção Sindical do ANDES Sindicato Nacional. Essa afinidade chegou a ser reconhecida, inclusive, com intervenção da entidade para oferecer o título de Doutor Honoris Causa ao bispo, concedido em 2003 pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).  

 

Por isso, falar nos 40 anos da Adufmat-Ssind é também falar da luta pela terra e pelos direitos dos trabalhadores rurais e povos indígenas, encampada por Casaldáliga. Dessa forma, o sindicato convida a todos para uma Roda de Prosa na próxima sexta-feira, 16/02, a partir das 15h, para falar dessas e outras histórias com amigos, estudiosos, militantes e admiradores dessa trajetória.

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

 

 

 

Segunda, 03 Julho 2017 09:24

 

 
 O brilho dos seus olhos azuis já se misturou ao azul do céu. Aos 89 anos, Lenir Couto da Silva nos deixou esta semana. Devota do Divino Espírito Santo, costumava tirar esmolas nas festividades do Divino, enquanto a sua saúde permitiu. Uma forte queda há quatro anos atrás deixou sequelas em sua saúde, comprometendo a sua locomoção e um pouco da sua memória.  Desde essa época, afastou-se do convívio social.

 
O azul também predominou na escolha do seu clube. O Clube Esportivo Dom Bosco foi o seu clube de coração. Irmã de Ana Maria do Couto, a May, que foi presidente do Clube Esportivo Dom Bosco em 1971, e que,  talvez tenha sido a primeira mulher no mundo a presidir um clube ligado ao futebol, casou-se com um dom-bosquino ferrenho: Gonçalo Ribeiro da Silva, que foi do conselho deliberativo do clube, e que, por um breve período de transição, assumiu a presidência interina do clube junto a dois outros conselheiros.
 
Com o jovem oficial da Polícia Militar de Mato Grosso foi amor à primeira vista. Casou-se com o primeiro namorado e grande amor da sua vida, cuja união só a morte do esposo, já com a patente de coronel, separou.
 
Poucos conheceram o seu lado forte e guerreiro. Sempre esteve ao lado do marido, que foi “sapador” e abriu estradas no “mundão” de um estado ainda não dividido. Ao invés de ficar no conforto do lar, optou por acompanhar o esposo. Morou em acampamentos empoeirados no interior de Mato Grosso e dormiu em redes em regiões inóspitas. Os buracos das antigas estradas a fizeram sofrer um aborto na primeira gestação. Tiveram dificuldade para conseguir ajuda médica adequada à época, o que pode ter causado problemas em sua saúde. O primeiro filho morreu na hora do parto. Dizem que parecia muito com a mãe, com cabelo ruivo e olhos azuis. Foi a segunda perda forte para Lenir. Fervorosa, agarrou-se às orações. Após um tempo conseguiu realizar o sonho de ser mãe: teve três filhos.
 
Foram várias outras batalhas vencidas durante sua existência, até que, no último dia 26, partiu serena, em casa, deixando para seus filhos e neta, um exemplo de luta, dedicação e dignidade.
 
Lenir pediu que quando partisse fosse sepultada com o bolero “Sabor a mi” sendo entoado. Gonçalo estaria esperando-a de braços abertos e juntos iriam dançar, como faziam nos antigos bailes de Cuiabá. O seu pedido foi atendido. Agora descansa no jazigo da família no cemitério da Piedade, com a ossada do seu grande amor ao lado. Foi sepultada usando um vestido azul.
 

**Texto enviado pela Profª Telma Cenira Couto da Silva em homenagem a sua mãe.