Quinta, 23 Março 2023 15:57

 

 

Foto: CGT/FR

 

Milhares foram às ruas na França, mais uma vez, nesta quinta-feira (23), para protestar contra o aumento da idade de aposentadoria do país de 62 para 64 anos. Desde o início da tramitação do projeto no legislativo francês, os trabalhadores e as trabalhadoras se mobilizam em greves e passeatas, mas a crise explodiu após o presidente Emmanuel Macron usar um dispositivo da Constituição para aprovar a reforma sem votação na Assembleia Nacional, na última segunda (20).

Trabalhadoras e trabalhadores contrários à reforma enfrentam forte repressão policial. Mais de 300 pessoas foram detidas somente esta semana.  Advogados e sindicatos de juízes denunciam detenções arbitrárias, já que a maioria de manifestantes foi solta sem indiciamento por violência.

Em Paris, Lyon, Toulouse, Lille, Estrasburgo e Nantes, manifestantes ergueram barricadas e incendiaram latas de lixo. Diversas categorias estão em greve em todo o país. Há manifestações em diversas cidades francesas, que paralisam transportes rodoviário, ferroviário e até aeroviário.

Metade das viagens de trens de alta velocidade do país foi cancelada e 30% dos voos no aeroporto da capital francesa não decolaram, de acordo com informações publicadas pelo Le Monde. Em entrevista publicada pelo Brasil de Fato na quarta-feira (22), a professora na Universidade Sorbonne Paris Nord, Silvia Capanema, afirmou que existe uma unidade sindical incomum no país para enfrentar a crise.

O ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, afirmou que 12 mil policiais estão mobilizados nesta quinta, 5 mil deles em Paris. Já o Ministério da Transição Energética destacou que as reservas de combustível na capital estão "criticas".

Solidaires

 

Manobra do governo

Macron utilizou o artigo 49.3 da Constituição francesa, que permite que o Executivo aprove um projeto de lei sem que ele passe pela Assembleia Nacional. A idade mínima para aposentadoria foi aumentada, assim como o tempo de contribuição necessário, que passou de 42 anos para 43 anos.

A popularidade do presidente atingiu seu menor índice desde a eclosão do movimento dos Coletes Amarelos, em 2018. A taxa de aprovação do presidente Francês está em 28%, uma queda de quatro pontos percentuais na comparação com o mês passado, de acordo com pesquisa da Ifop publicada pelo Le Journal du Dimanche. 76% dos jovens de 18 a 24 anos e 82% dos trabalhadores rejeitam o presidente.

 

*Com informações da CGT France, Solidaires, Brasil de Fato e Carta Capital

Quinta, 09 Março 2023 11:04

 

A França registrou, na terça-feira (7), um dos maiores protestos contra a reforma da Previdência, defendida pelo presidente Emmanuel Macron. Cerca de 3,5 milhões de pessoas saíram às ruas em todo o país, segundo a Confederação Geral do Trabalho (CGT). Também houve bloqueio de refinarias, estradas e, ainda, greves nos setores de transporte, de energia, além de greve das estivadoras e dos estivadores.

O governo pretende aumentar a idade da aposentaria de 62 anos para 64 anos, a partir de 2030. O projeto foi apresentado em 10 de janeiro pela primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne.

No sexto dia de mobilizações, as e os franceses exigiram aposentadoria aos 60 anos, pensão mínima equiparada ao salário mínimo no valor de 2 mil euros e a valorização das pensões, entre outras reivindicações.

Uma nova mobilização está programada para esta quarta-feira (8), Dia Internacional das Mulheres. A reforma tem sido considerada injusta, principalmente, com as mulheres.

Por causa da maternidade, conforme a CGT, 40% das mulheres, contra 30% dos homens, aposentam-se com carreira incompleta e, portanto, aposentadorias reduzidas. Elas recebem pensões diretas 40% menores que as dos homens.

 

Fonte: Andes-SN

Terça, 18 Outubro 2022 15:01

 

Insatisfação popular antecede movimento nas refinarias e protestos contra aumento dos preços, por melhores salários e aposentadoria têm tomado o país

 

Em meio a crise energética e inflacionária que assombra a Europa, na França, petroleiros têm realizado uma campanha forte de luta, com paralisação que já chega há quase 30 dias, enfrentando o governo, a criminalização e perseguição contra os que lutam.

Essa forte greve nacional de petroleiros, iniciada na ExxonMobil em 21 de Setembro, tem secado as bombas de gasolina do país. O movimento atingiu 60% da capacidade de refino.

Agora, junto aos petroleiros, outras categorias de trabalhadores, como ferroviários, trabalhadores de usinas nucleares de energia, de educação e saúde, têm demonstrado a fúria da classe, e farão um dia de Greve Geral no país nesta terça-feira (18). 

O dia de luta, certamente, colocará nas ruas todos os motivos de descontentamento dos franceses em um só movimento. Além do alto custo de vida, a população tem protestado por melhores salários e aposentadorias.

A CSP-Conlutas enviou moção de apoio [acesse o PDF AQUI]  às trabalhadoras e aos trabalhadores franceses, assim como às entidades sindicais combativas, em especial para a Solidaires, que fortalecem essa mobilização por direitos no país.

Na nota enviada, a Central destacou que “as petroleiras tiveram lucros recordes, mas as direções das empresas responderam de maneira dura”.

“Macron obviamente não exigiu das multinacionais o aumento salarial dos trabalhadores indexado à inflação (em vigor até 1983 na França). Ao contrário, seu governo reprimiu aqueles que acordam às 4 horas da manhã, que usam os seus corpos e sua saúde para produzir, que ficam doentes, que têm poucos anos de aposentadoria porque seus corpos estão esgotados: usando lei da segunda guerra mundial, passou a exigir um quadro mínimo de funcionamento nas empresas privadas sob pena de prisão dos grevistas que rejeitarem, ferindo o direito constitucional de greve dos trabalhadores”. 

Para piorar, “como símbolo da hipocrisia imperialista, o governo voltou a importar petróleo russo, que estava sob sanção internacional, para quebrar a greve”.

A CSP-Conlutas e seus sindicatos, movimentos e entidades afiliadas apoiam incondicionalmente a greve geral dos trabalhadores e trabalhadoras da França e das Centrais Sindicais que estão à frente da mobilização, e convoca o movimento sindical internacional a cercar da mais ampla solidariedade a luta e o caminho apontado pelos petroleiros, usineiros e ferroviários franceses, em uma Europa atravessada pela crise energética e inflacionária.

Confira abaixo a moção completa:

 

Aos trabalhadores e trabalhadoras franceses

Todo apoio a greve geral de 18 de outubro na França!

Apesar dos ataques judiciais, segue em curso na França uma forte greve nacional de petroleiros, iniciada na ExxonMobil no dia 21 de setembro, secando as bombas de gasolina do país, e que vem despertando outras categorias de trabalhadores, como ferroviários e trabalhadores de usinas nucleares de energia. As consequências das greves têm forte impacto sobre o governo liberal de Macron, administrador do capital imperialista em meio à crise europeia, que assiste o movimento operário se preparar para uma paralisação nacional em 18 de outubro próximo.

O conflito atinge uma dimensão política internacional. Tudo que o governo Macron queria evitar na França está acontecendo. Mesmo a mídia burguesa antevê “um inverno caótico na Europa” devido à força dos petroleiros em uma forte greve que foi se alastrando “para a maioria das principais refinarias do país, bem como para algumas usinas nucleares e ferrovias, oferecendo uma prévia de um inverno de descontentamento com a inflação e a escassez de energia que ameaçam minar a estabilidade da Europa e sua frente ampla contra a Rússia por sua guerra na Ucrânia”. A própria reportagem do New York Times ressalta como o “continente sofre com inflação recorde e escassez de energia, enquanto petrolíferas têm lucros recordes sem repassar aos trabalhadores”.

Tal cenário somado à resposta agressiva e repressiva ao conflito pelo governo francês, tentando impedir o direito de greve sob pena de prisão no dia 11 de outubro, repercutiu na opinião pública, apesar do papel dos grandes meios de comunicação de criminalizar a greve, mesmo há mais de 20 dias de greve, por verem como justa a luta por reajuste salarial diante da alta inflacionária e do aumento do custo de vida. Os petroleiros não pararam nem um dia na pandemia, a qual enfrentaram meses sem proteção adequada, sem nenhum tipo de reconhecimento pela empresa e pelos governos, que justificavam o não aumento salarial na pandemia porque a demanda havia reduzido. Agora com a crise energética assombrando a Europa com a guerra na Ucrânia, a inflação atingindo patamares não vistos há décadas, e o aumento do preço do petróleo, as petroleiras tiveram lucros recordes. As direções das empresas responderam de maneira dura.

Macron obviamente não exigiu das multinacionais o aumento salarial dos trabalhadores indexado à inflação (em vigor até 1983 na França). Ao contrário, seu governo reprimiu aqueles que acordam às 4 horas da manhã, que usam os seus corpos e sua saúde para produzir, que ficam doentes, que têm poucos anos de aposentadoria porque seus corpos estão esgotados: usando lei da segunda guerra mundial, passou a exigir um quadro mínimo de funcionamento nas empresas privadas sob pena de prisão dos grevistas que rejeitarem, ferindo o direito constitucional de greve dos trabalhadores. E como símbolo da hipocrisia imperialista, o governo voltou a importar petróleo russo, que estava sob sanção internacional, para quebrar a greve.

A resposta foi de radicalização e ampliação para outros setores, fazendo as empresas recuarem e abrirem para negociação, além de colocar o governo na defensiva. Desde o Brasil, a Central Sindical e Popular CSP-Conlutas e seus sindicatos, movimentos e entidades afiliadas abaixo assinadas apoiam incondicionalmente a greve geral dos trabalhadores e trabalhadoras da França e das Centrais Sindicais que estão à frente da mobilização, e convoca o movimento sindical internacional a cercar da mais ampla solidariedade a luta e o caminho apontado pelos petroleiros, usineiros e ferroviários franceses, em uma Europa atravessada pela crise energética e inflacionária.

 

Fonte: CSP-Conlutas

Terça, 17 Dezembro 2019 10:10

 

Nesta segunda-feira (16) completaram-se 12 dias de greve nos transportes na França contra a reforma da Previdência do governo Emmanuel Macron.

 

Uma vitória já foi obtida. Considerado um revés para o presidente francês, o alto comissário para a Previdência da França, Jean-Paul Delevoye, encarregado de redigir a proposta de reforma do setor apresentada na semana passada, renunciou nesta segunda-feira, depois que a imprensa local revelou que ele não havia declarado publicamente posições que manteve em paralelo a sua posição no ministério.

 

Alto-comissário da Previdência da França pede renúncia. Foto: Reuters.

 

Delevoye é suspeito de conflitos de interesse com o setor da previdência privada, após omissões em sua “declaração de renda”, um documento que os membros do governo devem apresentar junto a uma autoridade que examina o patrimônio e as atividades de figuras públicas.

 

De acordo com matéria de O Globo, ele foi fortemente criticado por ter exercido dois mandatos no grupo de formação IGS e num think-tank sobre seguros, trabalhos pelos quais recebeu dezenas de milhares de euros. Ele evocou um erro e prometeu devolver parte do dinheiro, uma vez que a Constituição francesa proíbe acumular uma função governamental e outra atividade profissional.

 

A derrota do governo fortalece o movimento, que tem nova manifestação marcada pra esta terça-feira (17).

 

Os ferroviários anunciaram que não pretendem dar trégua da greve no período das festas de final de ano, caso o governo não recue da reforma.

 

“Se o governo deseja que o conflito termine antes das festas, tem uma semana inteira para tomar a decisão necessária: a retirada da reforma”, disse Laurent Brun, secretário-geral do CGT-Cheminots, principal sindicato de funcionários da empresa ferroviária SNCF, em matéria de O Globo.

 

O maior sindicato francês, o CFDT, que manteve uma posição moderada no início do conflito, juntou-se à mobilização contra o projeto do governo na quarta-feira após o anúncio do estabelecimento de uma “idade de equilíbrio” para a aposentadoria de 64 anos. Abaixo desta idade a pessoa não receberá aposentadoria integral. Os trabalhadores dos transportes serão profundamente atacados com essas mudanças.

 

Atualmente, a idade para aposentadoria integral é de 62 anos.

 

Um quarto dos trens de alta velocidade e um terço dos trens regionais paralisados, além de quase todas as linhas de metrô fechadas em Paris.

 

Estação Gare de L’Est, em Paris, vazia na última sexta (13). Foto: AFP

 

A opinião pública parece ser favorável a este movimento. De acordo com uma pesquisa Ifop para o JDD, 54% dos franceses apoiam a greve e 30% são hostis.

 

 

Fonte: CSP-Conlutas

Terça, 11 Dezembro 2018 11:49

 

Cada vez mais pressionado pelos protestos que tomam as ruas de Paris e outras cidades francesas há quase um mês, o presidente Emmanuel Macron teve de ir à TV nesta segunda-feira (10) para se pronunciar sobre a crise que eclodiu no país e anunciar concessões para tentar acalmar os manifestantes.

 

 

Depois de recuar no aumento do imposto sobre os combustíveis, motivo pelo qual iniciaram os protestos, ontem, Macron anunciou o aumento do salário mínimo de 1.200 para 1.300 euros; redução de impostos para aposentados que ganham até 2 mil euros; não taxação das horas extras e pediu aos empresários que paguem bônus de fim de ano, que serão isentos de impostos.

 

No sábado (8), os franceses participaram da quarta manifestação iniciada pelos “coletes amarelos”, como ficaram conhecidos os motoristas franceses em razão da vestimenta fluorescente que são obrigados a portar nos carros como kit de segurança.

 

Como nas versões anteriores, a mobilização levou milhares às ruas e foi fortemente reprimida, deixando o saldo de mais de 1.700 presos, sendo cerca de 1.000 na capital, Paris.

 

Mesmo após o anúncio de redução nos impostos dos combustíveis, a população continua com a mobilização, protestando principalmente em razão da perda de poder aquisitivo. Além dos “coletes amarelos”, os protestos ganharam cada vez mais adeptos, como estudantes e trabalhadores.

 

Macron tem sido taxado como o presidente dos “ricos” e de descaso com a maioria da população.

 

A questão da extinção do ISF (imposto sobre fortunas) é um exemplo. Após uma reforma promovida pelo presidente francês, somente patrimônios imobiliários acima de 1,3 milhão de euros (R$ 5,7 milhões) passaram a ser taxados, e os investimentos financeiros e outros bens foram excluídos do novo imposto. Com isso, o número de contribuintes do tributo (os 1% mais rico) foi reduzido em mais da metade.

 

Com o movimento, a popularidade de Macron, que já vinha em queda, baixou para 23%.

 

Fonte: CSP-Conlutas (com informações El País, Estadão e G1)

 

Sexta, 15 Setembro 2017 11:17

 

A terça-feira (12) foi o primeiro dia de manifestações e greves contra a Reforma Trabalhista recentemente anunciada pelo governo francês. De acordo com a central sindical CGT, 400 mil franceses foram às ruas em mais de 200 cidades do país, e mais de 4 mil empresas ficaram fechadas por conta de greves contra a Reforma.

 

A manifestação em Paris, capital francesa, foi a maior do país e reuniu mais de 60 mil pessoas. Houve paralisações no setor dos transportes e no comércio. Muitos trabalhadores reagiram à declaração do presidente Emmanuel Macron, que afirmou que aqueles que se posicionam de forma contrária à Reforma são “preguiçosos”. Houve repressão policial nas manifestações de Paris e de outras grandes cidades.

 

A Reforma Trabalhista foi anunciada pelo presidente Emmanuel Macron no dia 31 de agosto, e chamou a atenção porque foi enviada fatiada em cinco partes e por decreto para o Congresso Nacional, em uma clara tentativa de impedir debates e modificações no projeto. Muitos pontos são semelhantes à Contrarreforma Trabalhista brasileira, como a priorização pela negociação por locais de trabalho, e não mais por meio dos sindicatos. Macron também pretende diminuir as indenizações para demissões sem justa causa, dar mais liberdade às empresas para demitirem seus trabalhadores, e diminuir as instâncias de negociação coletiva dentro de cada local de trabalho.

 

Com popularidade em brusca queda (aumento de 10% na rejeição em apenas um mês), o governo francês afirma que a Reforma servirá para “diminuir o desemprego”, ainda que ela, contraditoriamente, facilite as demissões. Uma nova manifestação sindical está marcada para o dia 21 de setembro. Dois dias depois, em 23 de setembro, um sábado, está prevista a realização de uma grande marcha a Paris para derrotar a Reforma Trabalhista.

 

Fonte: ANDES-SN (com informações de EBC e CGT)

 

 

 

 

Quarta, 13 Julho 2016 11:06

 

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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No ápice da história de Portugal, ou seja, na saída da Idade Média para a Idade Moderna, a poesia portuguesa – tributária da primogênita “Cantiga da Ribeirinha” e demais cantigas trovadorescas, bem como dos audaciosos autos de Gil Vicente – navegou por “mares nunca dantes navegados”. Como poucos conseguiriam alhures, o poeta Luís Vaz de Camões cantou os grandiosos feitos de seu povo em Os Lusíadas, sua obra épica.

 

E sem preguiça, seu labor poético seguiu os cânones clássicos, herdados dos gregos e dos romanos. Nos 8.816 versos, dispostos em 1.102 estrofes, configuradas no esquema fixo das rimas (AB AB AB CC), inseridas em dez cantos, o poeta exalta Vasco da Gama, que liderara a descoberta do caminho marítimo para a Índia.

 

Junto com esse fio condutor, Camões descreve outros episódios da história de seu país. E exceto na parte final do Canto IV, no qual dá voz ao “Velho de Restelo”, que condena aquela empreitada portuguesa, ele, Camões, glorifica seu povo o tempo inteiro.

 

Já dentro do século XX, os portugueses ainda seriam brindados com outro poeta genial: Fernando Pessoa, que se desdobra em diversos heterônimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro. Um ser ímpar na literatura universal. 

 

Entre Camões e Pessoa, é mister lembrarmos ainda de, pelo menos, um romancista do século XIX: Eça de Queirós. Depois de Pessoa, seria imperdoável não mencionarmos a tão saudável quanto vital irreverência literária de José Saramago. As considerações desse ateu convicto sobre a cultura judaico-cristã são perturbadoras e insuperáveis. Muitas vezes sua prosa também mergulha fundo na poesia.

 

Portanto, o povo português, pelo menos no que diz respeito à produção literária, não tem do que reclamar. E, agora, também não têm do que reclamar quanto ao desempenho de sua seleção de futebol, que se tornou a mais nova campeã da Europa. 

 

Mas mais importante do que falar da vitória da seleção lusa de futebol é falar das cenas de comemoração do título. E dentre tais, há um destaque: aquela cena em que um garotinho português consola um choroso jovem francês que assistiu à derrota de sua seleção. Aquilo se aproximou, no plano das imagens reais, da construção de um lindo poema, pois a cena foi absolutamente lírica, imprevisível e plurissignificativa; foi uma puríssima manifestação da subjetividade humana, essencial para a concretização de um grande poema.

 

A preocupação e o respeito daquele pequenino lusitano com a dor do adversário, ainda que aquela dor pudesse ser nada perante as reais dores vividas na decante e cada vez mais excludente Europa, lhe fez proporcionar ao mundo inteiro – tão carente de humanidade – um gesto absolutamente humano e, por isso, verdadeiramente poético.

Depois disso, já nas ruas de Lisboa, em outro gesto significativo para este trágico momento político-econômico-social pelo qual passa a Europa, o ídolo mor dos lusitanos, Cristiano Ronaldo, não se esqueceu de oferecer aquele título também aos imigrantes que vivem em Portugal, dentre os quais, alguns fazem parte da seleção portuguesa. Logo, o atleta também foi poético, e daqueles que não perdem a oportunidade para expressar sua vertente mais engajada.

 

Quem diria! A Eurocopa 2016, que no início assistiu a tantas cenas de selvageria entre diferentes torcidas, fazendo-nos relembrar dos velhos digladiadores de priscas eras, acabou mergulhada em cenas poéticas, humanas, enfim; por isso, sempre necessárias para a construção de um futuro melhor para todos os povos.

Sexta, 11 Março 2016 09:03

Mobilizações devem ganhar força no próximo período; no dia 31 de março acontece greve geral e manifestações


 

 

 

Nesta quarta-feira (9), mais de 500 mil estudantes e trabalhadores franceses foram às ruas para protestar contra a reforma trabalhista que o governo quer impor. Somente na capital francesa, mais de cem mil pessoas ocuparam a Praça da República, ponto alto das grandes manifestações em Paris. 

Hoje, 7 em cada 10 pessoas na França que reprovam a reforma trabalhista proposta pelo governo. A União Sindical Solidaires, parceira da CSP-Conlutas e que também compõe a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, marcou presença nos atos desta quarta.


Para a Solidaires, as leis trabalhistas propostas pelo governo significam um declínio sem precedentes dos direitos individuais e coletivos dos trabalhadores assalariados, e aceitar o projeto de lei implica em questões muito delicadas e importantes para os trabalhadores, como o tempo limite de 35 horas semanais. 

Segundo a entidade, não há nada de positivo ou necessariamente complementar nestas leis propostas. “Este é um ataque sem precedentes contra os assalariados, o que permitirá em curto prazo a flexibilidade (para empresas contratarem e demitirem) e a precariedade no trabalho”, denuncia em nota pública.



Mobilizações devem ganhar força


Neste sábado (12), acontecerão novas manifestações da qual a Solidaires fará parte, “contra o fim do estado de emergência e medidas draconianas que não combatem o terrorismo, mas reforçam a repressão antissindical e a todos aqueles que lutam contra o capitalismo”. Atos estão previstos contra o ataque aos diretos de aposentadoria. Trabalhadores dos correios, do serviço social e médicos da rede pública também devem ir às ruas nos próximos dias.

Paralisação geral


No dia 31 de março, a CGT, FO (Confederação Geral do Trabalho), Solidaires e FSU (Federação Sindical Unitária) convocam um dia nacional de mobilizações com greves e manifestações, contra a reforma, para exigir direitos e a redução da jornada sem redução salarial.
Mulheres trabalhadoras: as mais atingidas pela reforma.


Em um ranking de 145 países, a França ocupa o 132º lugar em igualdade salarial quando se considera gênero. A mulher ainda é muito mal paga mesmo tendo um cargo profissional igual ou similar ao de um homem.


 
O setorial de mulheres da Solidaires publicou nota em defesa das trabalhadoras, explicando que aceitar que o governo aumente o limite de 35 horas semanais significa uma carga de trabalho ainda mais pesada para as mulheres, “uma vez que 80% das tarefas domésticas são executadas pelas mulheres”.

 

Fonte: CSP-Conlutas (com edição do ANDES-SN)