Quinta, 16 Fevereiro 2023 11:42

 

 

****

Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
****





JUACY DA SILVA*
 


“Enquanto eu distribuía alimentos aos pobres (assistencialismo) eu era considerado um santo; a partir do dia em que comecei a falar das causas/origens da fome, passei a ser considerado comunista” Dom Helder Câmara, Fundador da Caritas Brasileira e um dos fundadores da CNBB.

Em relação `a fome podemos identificar pelo menos quatro grandes grupos de causas (raízes): a) as estruturais/socioeconômicas e políticas;  b) as ecológicas/ambientais c) as geopolíticas que são as guerras, os conflitos armados entre grupos dentro de um mesmo país; d) os fenômenos da natureza como terremotos, furacões, tornados e vulcões. Com exceção das últimas, todas as demais tem suas origens nas ações ou omissões humanas, sociais, econômicas ou políticas.

Nesta reflexão/artigo, pretendo abordar apenas algumas dessas causas, no futuro podemos retornar a este assunto ampliando o escopo da análise.

No caso do Brasil, enquanto mais de 73% dos trabalhadores na ativa e 91% dos aposentados ou pensionistas vivem ou meramente sobrevivem com no máximo dois salários mínimos, que na verdade é um rendimento de fome e ainda assim, tem o poder desta renda reduzida, comida pela inflação ao longo de décadas, minguando ano após ano, um número super reduzido de milionários e bilionários tem suas rendas, riquezas e propriedades sendo multiplicadas dezenas vezes, ampliando o fosso social entre esses dois grupos. Isto, com certeza, faz o regozijo do “deus” mercado, dos especuladores financeiros e dos rentistas, verdadeiros parasitas sociais e oportunistas políticos.

A inflação não é apenas um indicador técnico extremamente valorizado pelos economistas e adoradores do mercado, mas sim um processo alimentado pelos agentes econômicos, principalmente pelo capital financeiro, coadjuvados pelas instituições públicas, vale dizer, governo, que, através de políticas públicas geram recessão, aumento da carga tributária e uma imensa injustiça fiscal, onde os mais pobres transferem renda, oriunda de trabalho sub valorizado, para os detentores do capital e dos meios de produção e seus defensores nas estruturas do poder, os chamados “marajás da república”.

Nesta esteira surgem as injustiças sociais, a concentração de renda, as desigualdades sociais, regionais e setoriais, a pobreza, a pobreza extrema, a miséria e A FOME, cujas raizes são estruturais, razões pelas quais não se combate a fome e nem a pobreza com assistencialismo e programas paternalistas ou manipulação política e eleitoral como a famosa distribuição de sacolões ou outros bens e serviços que são trocados por votos, colocando ou mantendo nas estruturas do Poder, as mesmas pessoas, os mesmos grupos que em lugar de defenderem os interesses, aspiraações ou necessidades do povo, transformam-se em representantes dos interesses dos grandes grupos econômicos ou de outros tipos.

Esta é a dinâmica socioeconômica, política e cultural que alimenta a exclusão de milhões de pessoas em todos os países, inclusive no Brasil e bilhões no mundo, que tornam as pessoas que fazem parte da chamada classe média em pobres; os pobres em miseráveis e os miseráveis em zumbis, mortos-vivos, onde a fome é apenas a face mais visível deste drama social que afeta essas pessoas, ante o olhar passivo, omisso e complacente da grande maioria da população, inclusive de governantes que, como o sacerdote e o levita, não socorreram um homem assaltado e violentado na estrada e mencionado por Cristo na Parábola do Bom Samaritano.

A fome é um dos dramas mais pungentes que tem acompanhado a humanidade ao longo de séculos e milênios. Muitos a associam com castigos dos “deuses”, de Deus; outras pessoas imaginam que a fome esteja ligada `a pobreza e que ambas são frutos da preguiça, de quem não quer trabalhar e outras pessoas, mais estudiosas tentam ir mais a fundo e identificar as suas verdadeiras causas e também as consequências da fome, que se não for debelada, provoca muito sofrimento, vergonha e a morte, como costumávamos ver através de reportagens dos diversos meios de comunicação, mostrando fotos ou cenas com pessoas literalmente morrendo de fome, pessoas vivas mais se parecendo com esqueletos humanos.

Tais cenas nós, brasileiros/brasileiras, associávamos isto como sendo uma realidade dura, nua e crua apenas em alguns países da Ásia, da América Latina e da África, continente este pilhado pela rapinagem dos países europeus durante séculos de ocupação e colonialismo, de violência, incluindo a destruição da natureza, da extração de recursos naturais e práticas desumanas como a escravidão, cujas consequências ainda estão presentes em todos os países que tiveram esta forma perversa e trágica de trabalho, na origem de sua riqueza e opulência capitalista, inclusive no Brasil.

A partir da próxima quarta feira de cinzas, quando para a Igreja Católica ocorre o período da Quaresma, 40 dias que devem ser de oração, reflexão, caridade (esmola), misericórdia e arrependimento dos pecados, inclusive dos pecado social e ecológico, será realizada a CAMPANHA DA FRATERNIDADE (CF), conduzida pela CNBB e articulada em todas as Arquidioceses, Dioceses , Paróquias e comunidades católicas no Brasil inteiro.

Todos os anos a CNBB escolhe um tema e um lema para orientar as reflexões da CF. Neste ano de 2023, o tema escolhido foi “ FRATERNIDADE E FOME” e o Lema, um versículo da Bíblia que traz um mandamento que nos deixou o Mestre (Jesus) quando ante a fome das pessoas que o seguiam disse aos seus discípulos “Dai-lhes vós, mesmos, de comer”, Evangelho de São Mateus, 14:16.

A Cáritas Brasileira, fundada em 12 de novembro de 1956, é uma das 170 organizações-membro da Cáritas Internacional, que, ao longo desses quase 70 anos tem prestado um grande serviço de apoio as pessoas pobres, excluídas, que sofrem e que também passam fome em nosso país.

Conforme dados de diversas Instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, a FOME, diferente do que pensava e dizia o último presidente da República, que não existe no Brasil, mas, repito, diversas organizações e centros de pesquisas tem demonstrado sobejamente que em nosso país em torno de 33 milhões de pessoas passam fome e mais de 130 milhões vivem em situação de insegurança alimentar.

O drama dos indígenas YANOMAMIS, que os meios de comunicação tem mostrado ao vivo e em cores e que tem maculado a imagem do Brasil ao redor do Mundo, é uma demonstração cabal desta tragédia humana, motivada, não por desígnios transcendentais ou castigo das divindades, mas pela ganância de uns poucos e também pela incúria, convivência e omissão de nossas autoridades que nada fizeram ao longo dos últimos anos para colocarem um paradeiro nas invasões das terras dos vários povos indígenas, na grilagem dessas áreas, na destruição do meio ambiente, na contaminação das águas e na desorganização social desses povos por garimpos ilegais, grileiros e madeireiros é a prova mais clara e cabal de que a fome existe no Brasil e podemos identificar suas causas.

Outro exemplo da fome que podemos perceber todos os dias, muitas vezes bem ao nosso lado ao transitarmos pelas ruas, avenidas e praças das grandes e médias cidades é o aumento acelerado da chamada população em situação de rua. Segundo estimativas do IPEA esta realidade já atinge próximo de 300 mil pessoas.

A CNBB, representando a Igreja Católica, desenvolveu uma metodologia para orientar suas atividades pastorais que está sintetizada em 4 etapas: VER, JULGAR, AGIR e CELEBRAR. Isto significa que para agirmos e celebrarmos as vitórias sobre as mazelas que afetam o ser humano, precisamos primeiro olhar para a realidade, analisar de forma crítica e criadora a mesma; só então podemos interpretar, identificar as verdadeiras causas que deram origem ao problema ou desafio que pretendemos enfrentar.

Feito isto, cabe-nos definir as formas de AGIR, ou seja, o planejamento de nossas ações, através de projetos que contemplem todas as etapas de uma ação racional, com objetivos, metas , origem dos recursos e um calendário a ser seguido, sempre contando com a PARTICIPAÇÃO das pessoas que estejam em situação de vulnerabilidade, para que sejam tratados como sujeitos e não objetos de nossas ações.

A Cáritas Brasileira, tem insistido, desde as suas origens, que não podemos estimular apenas as ações assistencialistas, essas são importantes em caráter imediato, urgente diante de uma crise que esteja colocando em risco a vida e a própria sobrevivência das pessoas e que podem leva-las até a morte, como no caso da fome.

Diante da complexidade dos desafios sociais, econômicos, culturais e políticos que estão presentes na questão da vulnerabilidade social ou no que denominamos de exclusão e a configuração da sociedade brasileira em classes, a Cáritas enfatiza que existem Três níveis de caridade: a ASSISTENCIAL “que oferece o peixe”; a PROMOCIONAL “ que ensina a pescar” e, finalmente, a LIBERTADORA “que pesca juntos”.

A Caridade assistencial é feita através de doações imediata de alimentos, roupas, assistência médica-hospitalar a quem tem fome, doente e passando por necessidades extremas; a Caridade promocional, é realizada através de cursos, treinamentos para que as pessoas marginalizadas ou em vulnerabilidade possam se qualificar e participar de forma mais efetiva do mercado de trabalho, são programas de geração de trabalho e renda.

Já a CARIDADE LIBERTADORA, procura despertar entre as pessoas excluídas, marginalizadas a consciência de que são cidadãos e cidadãs, sujeitos de direito e que precisam lutar para romper as amarras que as aprisionam em cadeias de exploração e manipulação política, social ou ideológica, que os problemas sociais e econômicos que afetam a população, como, por exemplo, a fome, a precariedade dos serviços de saúde e de educação, o desemprego, subemprego, a falta de moradia, a falta de terra para trabalhar, os esgotos que correm a céu aberto, a miséria, a violência e tantas outras mazelas, tem causas estruturais mais profundas e que não serão equacionadas com medidas assistencialistas,  mas sim através de mudanças, quase sempre radicais, das estruturas opressoras e exploradoras que geram tais anomalias sociais, que denominamos de exclusão e pobreza.

No caso da fome, podemos compara-la a uma árvore. A gente costuma ver uma árvore e sabemos que a mesma tem raízes que as alimentam e as sustentam, se cortarmos as suas raízes ou permitirmos que parasitas suguem sua seiva, com certeza, a árvore vai morrer, ou seja, vai desaparecer.

Assim também é a fome, o que nós vemos é sua forma aparente, mas o que dá origem e mantem a fome são suas raízes, que a gente, mesmo que imaginemos saber, não conseguimos ver à primeira vista, precisamos ir mais ao fundo, identificar suas raízes e também os parasitas sociais, econômicos e políticos que sugam, exploram e se apropriam dos frutos do fator trabalho.

A raiz mestre ou o que se costuma chamar de “pião”, é a pobreza, em suas variadas formas e não apenas nos aspectos econômicos e financeiros, como até bem pouco tempo a maioria dos pesquisadores acreditava ser a única ou a principal causa da fome.

Se as pessoas não tem renda, não tem salário, se estão desempregadas faltam-lhes recursos suficientes para comprar os alimentos que lhes garantam a sobrevivência e, neste particular, esconde-se  outras mazelas oriundas das estruturas sociais, econômicas, culturais e políticas injustas, como a excessiva concentração de renda, riqueza e propriedades em pouquíssimas mãos.

Essas estruturas injustas quase sempre são “alimentadas”, criadas e mantidas pela dinâmica do poder, onde as elites dominantes, as camadas abastadas da sociedade, ou o que se costuma chamar de “donos do poder” e os “marajás da república”, contribuem para a acumulação do capital via políticas públicas como subsídios aos grandes grupos econômicos, sonegação fiscal consentida; injustiça fiscal, juros subsidiados, “incentivos fiscais”, sem acompanhamento para avaliarem se realmente quem os recebe está contribuindo de alguma forma para gerar empregos e salários justos e decentes e não trabalho semiescravo e salário de fome, como é o poder aquisitivo do salário mínimo no Brasil.

A ONU através de suas agências especializadas , como a UNEP, em 2022 aprofundou seus estudos quanto aos indicadores que devem ser utilizados para dimensionar a natureza e nuances da pobreza, que é, na verdade uma das ou a principal raiz da fome.

Até recentemente considerava-se pobre quem recebia em poder de compra relativo (a chamada PPP) até US$5,00 (cinco dólares) que em reais representa aproximadamente R$26,00 por dia e R$780,00 por mês e pobreza absoluta quem recebe ou dispõe de renda equivalente a US$1,90 ou R$10,00 por dia ou R$300,00 por mês, convenhamos valores que não são suficientes sequer para alimentar dignamente uma pessoa, bem abaixo até mesmo do salário mínimo de fome que vigora no Brasil até os dias de hoje.

Para a ONU a pobreza deve ser observada/entendida a partir de três dimensões: Saúde, educação e nível ou padrão de vida, considerando 10 indicadores. Na saúde os indicadores são: nível de nutrição/desnutrição e subnutrição e índices de mortalidade infantil; na educação: anos de escolaridade e frequência/matricula escolar e no nível/padrão de vida: fonte de energia usada para cozinhar; instalações sanitárias na habitação, acesso `a água potável tratada/qualidade, acesso `a eletricidade domiciliar; condições e tamanho da habitação, incluindo índices de saneamento comunitário e, finalmente, valor da propriedade.

Para finalizar, gostaria de refletir como a fome está relacionada com o fator trabalho, razão pela qual o Papa Francisco sempre tem insistido no que é chamado de três “Ts”: terra, teto e trabalho. Sem trabalho as pessoas não tem como conseguir renda; trabalho incerto e intermitente, o chamado trabalho informal , o subemprego também não garante renda suficiente para ter sequer alimentação regular e de qualidade e, finalmente, com salário aviltado, o que eu chamo de salário de fome, como é o poder de compra do salário mínimo, as pessoas também não despem de renda suficiente para alimentar-se ou atender as suas outras necessidades.

O poder aquisitivo do salário mínimo, que é regulado e manipulado pelo governo ao longo de mais de 80 anos, desde a sua criação em 1936, sua regulamentação em 1938 e estabelecimento de 14 faixas regionais de valor em 01 de Maio de 1940, perdeu em torno de 84% do poder aquisitivo neste período.

O DIEESE, instituição sindical de estudos e estatísticas do trabalho, demonstrou recentemente que o valor do salário mínimo a vigorar a partir de janeiro de 2023 ao invés de R$1.302,00 reais para manter o poder de compra que o mesmo tinha em 1940 deveria ser hoje de R$6.647,63.

Até 1984 vigoravam 14 faixas distintas regionais de salário mínimo, sendo que a em vigor na Capital da República, primeiro no Rio de Janeiro e ultimamente em Brasilia representava 3 vezes mais do que o Nordeste, demonstrando como uma política pública gera pobreza, fome e miséria.

Pela Constituição Federal de 1988, no Artigo sétimo está escrito, de forma clara, que “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua condição social:.....IV Salário mínimo, fixado em Lei, nacionalmente unificado, capaz de atender suas necessidades vitais básicas e de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preserve o poder aquisitivo”.

Se considerarmos que 73% dos trabalhadores na ativa e 91% dos aposentados recebem no máximo dois salários mínimos e que 64,4% dos aposentados e 38% dos trabalhadores na ativa ganham apenas um salário mínimo, além de mais de 9 milhões de desempregados e mais de 39 milhões de subempregados/informalidade podemos entender o drama da fome no Brasil. Por isso, mais de 60 milhões de pessoas estão “penduradas” em programas emergenciais ou de transferência de migalhas orçamentárias, que não passam de medidas assistencialistas e de manipulação política eleitoral

Recuperar o poder aquisitivo do salário mínimo, concedendo apenas 2% ou 3% acima da inflação, a cada ano, o que é um sacrilégio para o “deus mercado” e um pecado para os economistas liberais ou neoliberais, vai demorar pelo menos 30 anos para repor o mesmo poder de compra que o salário mínimo tinha quando foi estabelecido em 1940.

Reduzir a carga tributária sobre alimentos e sobre as camadas salariais com menor poder aquisitivo é a um só tempo medida de justiça fiscal e corrigir as distorções e regressividade do Imposto de Renda é,  ao mesmo tempo, uma forma melhor de combater a fome e devolver a dignidade a milhões de pessoas e famílias em nosso país.

Se continuar a mesma política de governo por mais alguns anos , dentro de uma década, o salário mínimo não chegará sequer a 10% em poder de compra do que representava há 83 anos, quanto menor for a renda real dos trabalhadores e dos aposentados no Brasil, maiores serão os índices de fome, de desnutrição, subnutrição e insegurança alimentar em nosso país.

O assistencialismo jamais vai combater efetivamente a fome, a pobreza, a miséria e a exclusão, precisamos de uma transformação profunda e radical nas estruturas sociais, econômicas e políticas e também a definição e implementação de políticas públicas de valorização real do trabalho, de melhor cuidado com a ecologia integral e o cumprimento da Constituição, em sua integralidade, inclusive no que concerne aos direitos dos trabalhadores e da população em geral.


Não existe democracia de verdade em um país com dezenas de milhões de pessoas famintas, pobres, miseráveis, sem teto, sem trabalho, sem renda e excluídas. Precisamos urgentemente repensar os conceitos de democracia e de estado republicano de direito, para quem?


Da mesma forma que os atos terroristas de 08 de janeiro último em Brasília foram considerados gravíssimos, a fome também é um atentado grave `a democracia, `a medida que solapa seus verdadeiros alicerces que é a cidadania plena, a garantia das pessoas viverem com dignidade, o que lhes é negado pela fome , pela pobreza e pela miséria!


Estava concluindo este artigo quando surgiu a notícia da entrevista do Presidente Lula anunciando que a partir de 01 de Maio próximo o valor do salário mínimo passará de R$1.302,00 para R$1.320,00 ou seja um aumento de R$18,00 reais por mês, nada mais do que 1,38% acima da inflação do ano passado (2022).  


Mesmo ante um aumento real praticamente insignificante para a vida de milhões de trabalhadores, o “deus mercado” reagiu negativamente, porquanto este aumento representará mais de R$7,7 bilhões de reais nos gastos do Governo Federal, quando nada é dito que o Governo Federal deverá gastar nada menos do que R$2,038 trilhões de reais, um aumento de 8,4%, dos R$1,88 trilhões de reais em relação ao que o governo Bolsonaro pagou em juros e amortização da dívida pública em 2022.


Tomando este percentual irrisório de aumento do poder de compra decorrente deste reajuste real do salário mínimo em 2023, para recompor o poder aquisitivo que o salário mínimo tinha em 1940, serão necessários 61 anos, ou seja, só em 2084.


O total do aumento de gastos públicos com este aumento/reajuste do salário mínimo em 2023 representa apenas e tão somente 0,38% dos gastos do Governo Federal com a rolagem da divida pública, contra isso nem os parlamentares, nem os economistas liberais e neoliberais e muito menos o “deus mercado” reagem, ficam todos de bico calado.

*JUACY DA SILVA, 80 anos, professor titular aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da PEI Pastoral da Ecologia Integral. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Instagram @profjuacy 

Sexta, 10 Junho 2022 18:09

 

No Brasil, país conhecido como o “celeiro” do mundo por produzir alimentos para exportação para diversos países, 33 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar grave, ou seja, passam fome. O dado foi revelado por uma ampla pesquisa divulgada nesta quarta-feira (8).

Executado pelo instituto Vox Populi, os dados são do 2° Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, divulgado pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). 

Trata-se de um inquérito representativo da população brasileira, nas regiões rural e urbana, das 26 estados mais o Distrito Federal. Foram incluídos na amostra 12.745 domicílios, com entrevistas face a face de uma pessoa adulta. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022.

É o pior cenário no país dos últimos 30 anos. São 14 milhões de pessoas a mais passando fome em relação ao observado em 2020.

Se forem incluídas as pessoas que sofrem algum grau de insegurança alimentar, ou seja, não tem acesso mínimo necessário diário à alimentação, esse número aumenta para 125 milhões de brasileiros (58,7% da população).

Isso quer dizer que mais da metade da população não sabe se vai ter o que comer e, mesmo quando tem, necessita reduzir a quantidade ou a qualidade do alimento.

Mapa da fome tem gênero, raça e região

A desigualdade de acesso aos alimentos se manifesta com maior força em domicílios rurais, 18,6% dos quais enfrentando a fome em seu cotidiano. Em termos geográficos, 25,7% das famílias em insegurança alimentar grave residem na região Norte; 21,0%, no Nordeste.

Mas outra face relacionada a fome está marcada por outras situações crônicas de desigualdade no Brasil: gênero e raça. Segundo o estudo, a fome penaliza 43,0% das famílias com renda per capita de até 1/4 do salário mínimo. Um em cada cinco domicílios que têm mulheres como responsáveis está em estado de insegurança alimentar. 65% das famílias cujos responsáveis são pessoas pretas ou pardas apresentaram algum grau de insegurança alimentar, enquanto em casas chefiadas por pessoas brancas o índice foi de 53,2%.

Pandemia e descaso governamental

Mais do que efeitos da crise sanitária da Covid-19, as restrições de acesso à alimentação expõem, segundo o estudo, um quadro de deterioração socioeconômica e profundas desigualdades na sociedade brasileira anteriores à pandemia e agravado por ela.

Renato Maluf, um dos pesquisadores responsáveis, aponta a falta de políticas públicas de combate à fome como uma das razões para o aumento vertiginoso dos índices de insegurança alimentar observado nos últimos anos. "As medidas tomadas pelo governo para contenção da fome hoje são isoladas e insuficientes", declarou à imprensa.

Conforme a pesquisa, mesmo o Auxílio Brasil (em valor abaixo às necessidades da população), vigente no período do inquérito, não mitigou a grave situação social. De acordo com o levantamento, a fome esteve presente em 21,5% dos domicílios das famílias que solicitaram e conseguiram receber o benefício deste programa social.

A extinção de políticas públicas de combate à fome e ataques sociais, trabalhistas e ambientais feitos pelo governo de Bolsonaro e Mourão desde o início da gestão são apontados como causas para o avanço do mapa da fome no país.

O relatório destaca que, em 2021, houve a extinção do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Bolsa Família (PBF) e a substituição pelos programas Alimenta Brasil e Auxílio Brasil, avaliados por especialistas como frágeis em suas concepções e objetivos, além de limitados na abrangência populacional. Estima-se que apenas metade dos 100 milhões de pessoas antes atendidas pelo PBF e pelo Auxílio Emergencial permaneceu com acesso ao Auxílio Brasil. Ademais, sobressai, neste período da pandemia, a má gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

De acordo com o UOL, o governo praticamente zerou o orçamento da ação Alimenta Brasil, voltada para a doação de comida a pessoas que vivem em insegurança alimentar. Em 2012, o programa chegou a ter orçamento de R$ 586 milhões. Em 2022, até maio, a ação teve orçamento de apenas R$ 89 mil.

Esse cenário de barbárie é registrado no momento de disparada da inflação e forte carestia principalmente nos preços dos alimentos. No momento também que acaba de ser divulgado que Bolsonaro gastou em apenas um ano e três meses R$ 21 milhões no cartão corporativo em despesas secretas com alimentação e viagens.

 

Fonte: CSP-Conlutas

Sexta, 04 Março 2022 18:02

 

"Vim do planeta fome!". Foi essa a resposta que a cantora Elza Soares (1930-2022) deu a Ary Barroso quando questionada sobre a sua origem em um programa de auditório, em 1953. Quase 70 anos depois, a frase continua atual. O Brasil voltou ao “Mapa da Fome”, feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), do qual havia saído em 2014. Hoje, o país atinge números preocupantes referentes à insegurança alimentar, ao desemprego e à inflação, além do aumento na oferta de trabalhos precários e da queda no poder de compra, com um dos menores salários nos últimos dez anos.

As crises econômica, social e política que já vinham se arrastando nos últimos anos, somadas às medidas de restrições adotadas para evitar a propagação da Covid-19 e à falta de políticas governamentais efetivas resultaram em uma aceleração do empobrecimento da população brasileira. A distribuição de pedaços de ossos em açougues, com a formação de grandes filas, tem sido cada vez mais frequente. No final de 2020, 55,2% da população brasileira viviam com insegurança alimentar, segundo pesquisa da Rede Penssan. Eram 116,8 milhões de brasileiras e brasileiros sem acesso pleno e permanente a alimentos. Destes, 19 milhões enfrentavam a fome diariamente.

Ao que tudo indica o ano de 2022 não será diferente dos anteriores, com a política do governo de Jair Bolsonaro (PL) em priorizar o grande Capital em detrimento da população brasileira, que espera medidas efetivas para aquecer a economia do país e gerar emprego e renda. 

Desemprego
Atualmente, o Brasil possui 12,4 milhões de pessoas desempregadas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da taxa de desemprego ter caído de 13,1% para 11,6% no trimestre 
de setembro a novembro de 2021, ainda é considerada alta comparada à média global, de 6,5%.

Já a população desalentada é estimada em 4,9 milhões de pessoas. São desalentadas aquelas pessoas que estão fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguem trabalho, ou não tem experiência, ou são muito jovem ou idosas, ou não encontraram trabalho na sua localidade. Mesmo com o país apresentando sinais de melhora no mercado de trabalho em comparação a 2020 (14,4%) e aos primeiros trimestres de 2021, a qualidade do emprego e a renda tem se deteriorado com o aumento da informalidade.

Segundo Sadi Dal Rosso, docente aposentado do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), após um período de expansão do sistema capitalista, entre 2008 e 2015, a crise se instalou na economia e seus efeitos se manifestaram por todos os setores de atividade, começando pelo trabalho.

“São trabalhadoras e trabalhadores que produzem o valor das mercadorias que permitem a acumulação do Capital. Como a acumulação diminuiu, a mão de obra começou a ser dispensada de seus postos de trabalho. O crescimento do desemprego faz com que esse trabalhador dispensado busque refúgio nas informalidades. Essa transição que nada tem a ver com empreendedorismo é apenas a busca de uma ocupação para gerar renda e alcançar o próximo período de crescimento da acumulação, quando novamente a força de trabalho é convocada ao emprego para tornar possível, novamente, a acumulação do Capital”, explicou.

Informalidade
O Brasil apresenta uma alta taxa de informalidade, representando 40,6% da população ocupada no terceiro trimestre de 2021. São 38,6 milhões de trabalhadoras e trabalhadores sem vínculo formal. O índice de informalidade havia registrado queda no início da pandemia, com imposição de restrições no comércio e prestação de serviços, para conter o avanço do coronavírus. Entretanto, o percentual voltou a subir com as flexibilizações e retomadas das atividades presenciais, chegando ao patamar pré-Covid-19.

O número de empregadas e empregados sem carteira assinada no setor privado cresceu 7,4%, o que representa 12,2 milhões de pessoas empregadas, porém sem os seus direitos garantidos. Já o número de pessoas com carteira de trabalho assinada no setor privado caiu 4,2%, frente ao mesmo período de 2020, totalizando 29,8 milhões de pessoas com carteira.

A nota técnica “Emprego e informalidade na América Latina e Caribe: Uma recuperação insuficiente e desigual”, divulgada em setembro passado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), revelou que cerca de 70% dos empregos gerados, na região, entre meados de 2020 até o primeiro trimestre de 2021 são ocupações em condições de informalidade.

Rendimento médio
As consequências do desemprego e da informalidade aparecem na redução da renda dos indivíduos que trabalham. O rendimento médio da trabalhadora e do trabalhador no país é de R$ 2.444,00 segundo a Pnad Contínua. A pesquisa divulgada em janeiro deste ano revelou a gravidade da corrosão do salário no Brasil. O rendimento caiu 11,4% em relação a igual trimestre de 2020.

É o menor índice da série histórica, iniciada em 2012. Naquela época, as trabalhadoras e os trabalhadores empregados ganhavam, em média, R$ 2.492,00 por mês. “A diminuição da renda conduz ao aparecimento da fome. De maneira que a fome só será efetivamente combatida com o retorno de um processo de crescimento que crie mais empregos e possibilite à mão de obra o acesso a uma renda para que possa se alimentar e estar presente no dia, no mês e no ano seguinte, ao posto de trabalho, produzindo mais valor”, aponta Sadi.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor ideal de um salário mínimo para uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 5.997,14. Atualmente, o salário mínimo é de R$ 1.212,00. Segundo a Constituição Federal, a remuneração mínima deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Inflação
A inflação em 2021 foi a pior no Brasil desde 2015. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal métrica da inflação brasileira, encerrou 2021 com alta de 10,06% em 12 meses. Os grupos que mais impactaram no aumento recorde do IPCA foram transportes, com alta de 49,02% no preço dos combustíveis no ano; habitação, após alta de 21,21% na energia elétrica; além de alimentos e bebidas.

A cesta básica registrou aumento em 16 capitais em janeiro de 2022, segundo Dieese. São Paulo foi a capital onde a cesta apresentou o maior custo (R$ 713,86), seguida por Florianópolis (R$ 695,59) e Rio de Janeiro (R$ 692,83). A jornada de trabalho mínima necessária para que uma trabalhadora ou um trabalhador consiga adquirir os produtos da cesta básica, em janeiro deste ano, foi calculada em 112 horas e 20 minutos.

Para Dal Rosso, não há como analisar o desemprego, a informalidade e a fome sem acrescentar as reformas Trabalhista e Sindical aprovadas nos últimos anos. “A reforma Trabalhista, efetuada pelos governos golpistas de Michel Temer [MDB] e de Jair Bolsonaro [PL], tem por objetivo conduzir o trabalho ao ponto em que ele possa produzir mais valor e a atender ao objetivo de acumulação. As reformas tornam mais precárias as condições de trabalho. O trabalho remoto, a exemplo, não tem contadas as horas laborais. E como resultados de pesquisas mostram, a duração dos tempos de trabalho alongou-se para trabalhadores e trabalhadoras que operam em trabalho online. Com isso, as reformas não apenas precarizam o trabalho, como também o tornaram moldável para o processo de acumulação”, apontou.

Para o docente aposentado, as reformas contém uma dimensão política antidemocrática ao não incorporarem nenhum representante das trabalhadoras e dos trabalhadores ao debate, apenas as e os representantes das empresas e do governo. “São reformas que apresentam déficits de legitimidade, enquanto excluíram consultar o mundo das trabalhadoras e dos trabalhadores. Nenhum representante de sindicatos foi incluído, como se aquelas e aqueles nada tivessem a dizer”, criticou.

 

Fonte: ANDES-SN (originalmente publicada na edição de fevereiro/2022 do InformANDES)

Sexta, 03 Dezembro 2021 15:58

 *Atualizada às 11h03 do dia 04/12/21. 

 

Mobilizados há 12 semanas em Brasília, servidores de todo o país permanecem em luta contra a PEC 32 (Reforma Administrativa), que ameaça os poucos direitos sociais ainda ao alcance da população brasileira. Essa semana, além das intervenções no aeroporto e na Câmara de Deputados, chamou a atenção o fato de algumas pessoas terem pedido as carcaças utilizadas numa intervenção política realizada na Rodoviária Central para se alimentarem.

 

“A intervenção era uma geladeira com carcaças de ossos, mostrando para a população o quanto a gente está vivendo um momento em que as pessoas estão passando fome. O preto, pobre, de periferia, está vendo a realidade desse Brasil dentro da sua casa, considerando o preço do óleo, do feijão, do arroz, do osso da galinha, que é R$ 10. A gente fez esse ato para demonstrar o quanto estamos indignados e que ninguém vai nos silenciar”, disse a professora Larissa Dall Agnol da Silva, que representa a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas (Adufpel) na capital federal .

 

 

A docente da UFPel contou, ainda, que muitas das pessoas que passavam pelos servidores também manifestaram sua indignação no microfone e, algumas, chegaram a pedir os ossos utilizados no protesto para levarem para casa.

 

“Nessa intervenção o povo pode, de alguma forma, contribuir com suas impressões com relação à conjuntura na construção do dia-a-dia. Mas nos impacta, nesse contexto, encontrar pessoas em vulnerabilidade social, pedindo a carcaça de osso que nós utilizamos na intervenção para levar para casa, para comer. Pessoas em situação de rua, trabalhadores ambulantes, pessoas que estão ali no dia-a-dia, construindo essa forma de viver que a gente não aguenta mais, que nos sufoca. O Brasil tem que mudar. A gente precisa trabalhar na base e foi esse o movimento que a gente fez. Muitas pessoas também manifestaram no microfone sua indignação perante a situação desse governo genocida que a gente está vivendo”, concluiu a professora, dizendo também que gostaria de ampliar o trabalho rumo à construção de uma grande greve em 2022.

 

Essa semana representaram a Adufmat-Ssind em Brasília os professores Clarianna Silva, Paula Moreira e José Domingues de Godoi Filho.

 

 Mato Grosso representado, também, pela professora Thiélide Troian (Adunemat), que aparece na imagem acima junto a professora Clarianna Silva.  

 

Entre 06 e 10/12 será realizada a Semana Nacional de Luta em Defesa da Educação e contra os cortes orçamentários, no contexto da campanha nacional do ANDES-SN “Defender a Educação Pública é nossa escolha para o Brasil”. A construção da semana foi encaminhada na última reunião conjunta dos Setores das IFES, IEES/IMES e está sendo construída em unidade com a FASUBRA, SINASEFE, UBES, UNE e FENET. Durante a semana serão realizadas várias atividades em Brasília reforçando nossa luta contra a PEC 32 e denunciando os cortes da Educação Pública.

 

Acompanhe as informações e imagens dos atos contra a PEC 32 em Brasília pelo site e pelas redes do ANDES-Sindicato Nacional. 

 

Fonte: Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Quarta, 20 Outubro 2021 16:10

 

 

Foto: Roberto Parizotti / Fotos Públicas

Enquanto a população brasileira sofre com a elevação dos preços de itens básicos de consumo - como alimentos, gás de cozinha, energia elétrica -, com o aumento do desemprego e da informalidade, o que tem deixado um maior número de pessoas em situação de fome e miséria, o sistema bancário lucrou, no primeiro semestre de 2021, R$ 62 bilhões. A informação foi divulgada em relatório do Banco Central do Brasil (BCB), publicado nessa segunda-feira (18).

De acordo com as análises realizadas pelo BCB, não há risco relevante para a estabilidade financeira.  “A liquidez do sistema bancário retorna gradativamente ao patamar pré-pandemia e mantém-se em nível confortável e compatível com o balanço de riscos”, diz o documento.

O relatório demonstra que a realidade do povo brasileiro pouco impacta na lucratividade do sistema bancário. Ao contrário, enquanto os bancos aumentam seus patrimônios, a chamada insegurança alimentar disparou nos dois últimos anos e atinge 117 milhões de pessoas no país. Há ainda 19,1 milhões de brasileiros e brasileiras que efetivamente passam fome, vivendo em um quadro insegurança alimentar grave.

Os dados fazem parte do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan). Pela pesquisa, mais da metade da população está em situação de insegurança alimentar, seja leve, moderada ou grave.

As palavras miséria, fome, informalidade, insegurança alimentar não constam do estudo do Banco Central e nem são consideradas fatores que impactam a estabilidade do sistema financeiro. O único termo presente no relatório que tem alguma relação entre a vida de boa parte da população brasileira e o sistema bancário do país é o desemprego.

A realidade que afeta a vida de, ao menos, 14 milhões de brasileiras e brasileiros é utilizada no estudo do BCB como um dos elementos de risco para testes de estresse de capital, que avaliam a estabilidade do sistema. “Compostos por um teste de estresse macroeconômico e por análises de sensibilidade a fatores de risco julgados relevantes, os testes de estresse são simulações utilizadas para estimar as perdas resultantes da materialização de eventos extremos, porém plausíveis, e avaliar a resiliência de uma instituição ou do sistema financeiro”, explica o relatório.

Ainda conforme o documento divulgado pelo BCB, testes de estresse de capital demonstraram que o sistema bancário está preparado para enfrentar todos os choques macroeconômicos simulados. Foram utilizados três cenários. O primeiro considera uma queda conjunta na atividade econômica, na inflação e na taxa de juros. O segundo provocaria queda na atividade econômica, com aumento na inflação e na taxa de juros. Ambos não afetariam a rentabilidade do sistema financeiro.

Já o terceiro cenário avaliado nos foi o efeito sobre o capital caso a reforma tributária, em discussão no Congresso Nacional, seja aprovada. “No primeiro momento, haverá reavaliação do crédito tributário, sem efeito no caixa dos bancos. No médio prazo, a alíquota menor reduzirá o dispêndio com tributos”, afirma o BCB.

Segundo o Banco Central, a rentabilidade dos bancos já está no nível pré-pandemia. Por outro lado, a incerteza continua acima do usual. “No primeiro semestre de 2021, o SFN [Sistema Financeiro Nacional] manteve as provisões elevadas, as perdas esperadas com crédito se reduziram, a capitalização do sistema bancário melhorou, e a liquidez manteve-se confortável”, sinaliza o Banco Central.

A diminuição das despesas com provisões, a melhora nas receitas com serviços e um crescimento das despesas administrativas abaixo da inflação também impactaram na recuperação da rentabilidade dos bancos.

Confira aqui o relatório.

 

Fonte: ANDES-SN

Quarta, 21 Julho 2021 12:40

Imagem: TVCA

 

Não é uma figura de linguagem. Em Cuiabá, capital de Mato Grosso, pessoas formaram fila em um açougue no bairro CPA para receber doação de ossos. O estado que exportou mais de 30 milhões de cabeças de gado em 2020, que bate novos recordes a cada trimestre, que se orgulha de proclamar sua contribuição ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional, não consegue alimentar seus 3, 2 milhões de habitantes.

A notícia de que pessoas se glomeraram para receber doação de ossos em Cuiabá foi repercutida nacionalmente no último final de semana. Na fila, que aumenta a cada distribuição, feita duas vezes por semana pelos donos do açougue, dezenas de pessoas afirmaram que recolhem os restos de gado porque estão com dificuldades financeiras e não conseguem comprar alimentação suficiente e precisam de doações.

O professor e morador do bairro, Edzar Allen, afirmou que o açougue já distribui os ossos há algum tempo, mas desde o ano passado as filas estão cada vez maiores. “Tem tomado uma proporção enorme esse fato, após o vídeo divulgado na internet. Um estado com milhões de cabeças de gado, nessa situação, certo que não é só uma problemática local, mas denuncia uma política de precariedade, de carestia, de ferrar a vida da população”, afirmou.

As políticas neoliberais de austeridade levaram o Brasil novamente para o mapa da fome em 2018, segundo o IBGE, com mais de 10 milhões de pessoas em situação de miséria.

Com as políticas adotas pelo Governo Federal durante a pandemia, em 2020, cerca de 7,8 milhões de pessoas perderam o emprego, outros milhares caíram na informalidade tentando sobreviver, e o auxílio emergencial oferecido nunca foi o suficiente para atender às necessidades básicas de uma família com dois adultos e duas crianças, como sugere a Constituição Federal com relação ao salário mínimo.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 26 Maio 2021 09:49

 

 

 

Pandemia, desemprego, falta de vacina no braço e de comida no prato. O povo brasileiro está passando fome e a redução do valor e do alcance do auxílio emergencial, um crime cometido pelo governo federal, levou essa situação ao extremo. Por isso, nesta quarta-feira (26), a partir das 10h, as Centrais Sindicais e os Movimentos Sociais, de forma unitária, farão ato nacional e presencial em Brasília, em frente ao Congresso Nacional.

 

Foto: Sérgio Lima/Poder360

 

Apesar de ser presencial, não haverá aglomeração e ocorrerá sob todos os protocolos sanitários para evitar contágio e propagação do coronavírus, em respeito à vida, à ciência e às famílias de quase meio milhão de pessoas que morreram de Covid-19 e em consequência do negacionismo e incompetência do governo federal.

 

O ato será integralmente transmitido, ao vivo, para todo o Brasil, via redes sociais e Youtube dos organizadores, além de TVs comunitárias.

 

CSP-Conlutas, CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central, CSB, Intersindical, Pública, CGTB, CONTAG, MST e Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo organizaram o ato 26M em defesa do auxílio emergencial de R$ 600,00, contra a fome e a carestia, por vacina no braço e comida no prato. Também ratearam o custo da doação de três toneladas de alimentos agroecológicos a catadores de material reciclável cooperativados.

 

A mobilização terá as presenças e falas dos presidentes nacionais das centrais sindicais e das lideranças dos movimentos sociais, além de parlamentares. Todos falarão do alto de um caminhão de som, voltados ao Parlamento.

 

O ato também marcará o lançamento e a entrega a lideranças partidárias no Congresso Nacional da primeira Agenda Legislativa das Centrais Sindicais para a Classe Trabalhadora. Os sindicalistas solicitaram audiência com os presidentes Arthur Lira (Câmara dos Deputados) e Rodrigo Pacheco (Senado) para entregar o documento.

 

Elaborada em conjunto com o DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), a Agenda é um documento de resistência e atuação propositiva junto ao Congresso Nacional, que traz o posicionamento e faz propostas do movimento sindical a 23 projetos em tramitação na Câmara dos Deputados e Senado. A maioria desses projetos afeta negativamente a vida e os direitos da classe trabalhadora, como a reforma administrativa, privatizações, auxílio emergencial, reduz a geração de emprego e renda.

 

Ato começa na colheita

Ao final do ato, serão doados alimentos, cultivados sem agrotóxicos, pela agricultura familiar em áreas da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares) e assentamentos do MST.

 

Serão mais de 600 cestas com, ao mínimo, 16 itens colhidos na véspera (terça-feira, 25) do ato e transportados em quatro caminhões até a frente do Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios, onde serão expostos simbolicamente no gramado, em forma de mosaico. Serão doados a 600 catadores de material reciclável da CENTCOOP, cooperativa na periferia do Distrito Federal, trabalhadores atingidos pela falta de emprego e redução do auxílio emergencial.

 

30 milhões sem auxílio

Em 2020, o auxílio emergencial foi de R$ 600, chegando até 1,2 mil para mães chefes de família com filhos menores de 18 anos. Neste ano, por decisão do governo federal, esse valor vai de R$ 150 a R$ 375, no máximo.

 

No ano passado, 68 milhões de brasileiros tinham direito ao auxílio por conta da pandemia. Neste ano, esse número, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), baixou para 38,6 milhões de beneficiados. Em consequência das novas regras impostas pelo governo federal, quase 30 milhões de brasileiros passaram a viver em insegurança alimentar.

 

Oficialmente, o Brasil tem 14,5 milhões de famílias vivendo em extrema pobreza registradas no CadÚnico (Cadastro Único do governo federal), ou seja 40 milhões de pessoas, mas milhões estão fora das estatísticas oficiais nessa pandemia.

 

Os R$ 600,00 garantiram a segurança alimentar e a roda da economia girando, em 2020, quando a cesta básica nas maiores capitais do país era de R$ 500,00. Neste ano, subiu e custa R$ 600,00, enquanto o auxílio, para milhões, baixou a menos de um terço do valor do ano passado.

 

O valor vergonhoso do auxílio

Durante o ato, em frente ao caminhão de som, serão colocados três carrinhos de compras (aqueles de supermercado) com produtos possíveis de comprar com o auxílio emergencial (R$ 600 reais e R$ 1,2 mil), de 2020, e com o valor médio atual, R$ 250,00. Faixas com o mote do ato – Vacina no Braço/Comida no Prato; Pelo auxílio de R$600 – também estarão dispostas no gramado.

 

Programação do ato (sujeita a alterações)

TAG #600ContraFome

– 7h: Chegada dos caminhões com as cestas do MST e da CONTAG no estacionamento

em frente à Praça do Buriti.

– 8h: Os caminhões partem para a Esplanada dos Ministério, atravessando todo Eixo

Monumental, pela faixa mais à esquerda

– 8h30: Chegada dos caminhões com as cestas verdes na Esplanada dos Ministérios

– 9h: Passagem dos dirigentes que vão falar pela tenda de protocolo sanitário

– 10h: início das falas de convidados

– 10h30: início das falas dos organizadores do ato (Centrais, MST, CONTAG, Frentes)

– 11h30/12H: Fim das falas (caminhão)

– 12h: Ato de entrega da Agenda Legislativa das Centrais Sindicais a lideranças do

 

Protocolo

Ao lado do caminhão de som, haverá barraca para reforçar o respeito aos protocolos sanitários: distribuição e orientação ao uso de máscaras e álcool gel, medição de temperatura e instruções para manter distanciamento.

 

Fonte: CSP-Conlutas

Quinta, 29 Abril 2021 15:15

 

A Frente Popular pela Vida: em Defesa dos Serviços Públicos e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19 lançará, nessa quinta-feira, 29/04, durante a Live “Latifúndio: quem planta lucro colhe miséria”, às 19h, mais um vídeo para incentivar a doação de alimentos e recursos para a campanha de alimentação.

 

Na semana passada, após receber mais 23 mil kg de alimentos da Organização Não Governamental Ação da Cidadania, representantes do ANDES-Sindicato Nacional Regional Pantanal, entre outros membros da Frente, distribuíram 150 cestas em aldeias do povo chiquitano do estado.

 

Desde o ano passado, a Frente conseguiu arrecadar e distribuir 100 toneladas de alimentos, além de produtos de higiene, máscaras, cobertores, fraldas, leite e outros materiais entregues a comunidades indígenas, camponesas, LGBTQI, imigrantes, portadores de HIV, trabalhadores terceirizados da UFMT e estudantes. Foram beneficiados moradores de Cuiabá, nos bairros Pedregal, Renascer, Jd. Glória 1, Parque Cuiabá, Pedra 90 e região do Cinturão Verde, Cohab São Gonçalo, Osmar Cabral,  Bela Vista, Jd. Vitória, Praeirinho, Novo Paraíso, Terra Prometida, além de outros municípios como Várzea Grande (incluindo trabalhadores despejados do Residencial Colina Dourada), Barão de Melgaço, Comodoro, Vila Bela da Santíssima Trindade e Porto Esperidião.

 

O primeiro vídeo da campanha e o debate sobre como ajudar podem ser vistos clicando aqui

 

Segundo o professor Reginaldo Araújo, um dos participantes da Frente, a ação pressiona os governantes com relação à situação de fome da população, mas também tem como objetivo despertar a solidariedade entre docentes da UFMT, entre outros trabalhadores. “Nosso esforço é para sensibilizar os professores, servidores em geral, para que as doações se tornem um compromisso regular, mensal, pelo período que for necessário. Alguns professores já se movimentam nesse sentido, mas ainda é um número reduzido”, afirmou.

  

As doações de alimentos e material de limpeza está sendo feita na Adufmat-Ssind, dentro da Universidade Federal de Mato Grosso. A Oca fica quase em frente ao Hospital Veterinário da UFMT. O endereço é Avenida Fernando Corrêa da Costa, S/Nº, Coxipó, Cuiabá. Há segurança no espaço durante 24h, que poderá receber e guardar as doações.

 

Para doar recursos, a Frente criou uma conta exclusivamente para este fim na Caixa Econômica Federal. Agência: 0686 | Op.: 013, Conta Poupança: 00034474-8. CNPJ: 149120750001/53. Titular: ADUFMAT SOLIDARIEDADE COVID-19

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quarta, 28 Abril 2021 14:50

 

A Adufmat-Ssind inicia nesta quinta-feira, 27/04, às 19h, uma série de lives sobre os problemas relacionados a fome e o Agronegócio no estado de Mato Grosso. Sob a mediação da professora Lélica Lacerda, o tema da primeira live da série será "Latifúndio: Quem planta lucro, colhe miséria". Os convidados são Lucinéia Soares (servidora pública e doutora em Sociologia), Eloenia Ararua (assistente social e militante do movimento Mulheres Indígenas) e Vanderly Scarabeli (diretor regional do Sul do MST).

O debate será transmitido pelos canais oficiais da Adufmat-Ssind no Youtube e Facebook.

Não percam! Participem da Live enviando perguntas e comentários.

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=VDfybfnxS1A

Link para o Facebook: https://www.facebook.com/211669182221828/posts/4223692734352766/

 

Terça, 13 Abril 2021 12:32

 

A Frente Popular pela Vida: em Defesa dos Serviços Públicos e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19 está iniciando a campanha de solidariedade 2021. Uma Live nessa quinta-feira, 15/04, às 19h, e dois vídeos pretendem expandir a arrecadação, diante da redução do auxílio emergencial e também das dificuldades de instituições e empresas mobilizadas desde o ano passado em todo o país. A intenção agora é sensibilizar ainda mais os docentes e outras categorias sindicalizadas para conseguir manter as doações.

 

Desde o ano passado, a Frente conseguiu arrecadar e distribuir 100 toneladas de alimentos, além de produtos de higiene, máscaras, cobertores, fraldas, leite e outros materiais entregues a comunidades indígenas, camponesas e de imigrantes. Foram beneficiados moradores de Cuiabá, nos bairros Pedregal, Renascer, Jd. Glória 1, Parque Cuiabá, Pedra 90 e região do Cinturão Verde, Cohab São Gonçalo, Bela Vista e Jd. Vitória, além de outros municípios como Barão de Melgaço, Comodoro, Vila Bela da Santíssima Trindade e Porto Esperidião.  

 

“Nosso objetivo é sensibilizar os professores, os trabalhadores sindicalizados, para contribuir com esse processo num momento de aumento da fome. No ano passado, além das doações de parceiros, nós usamos recursos próprios para adquirir 20 mil máscaras, medicamentos para a população indígena, combustível, ferramentas, sementes, fraldas, leite”, explicou o professor Reginaldo Araújo, membro da Frente de Solidariedade.

 

O professor disse, ainda, que o grupo parceiro Ação Cidadania está tendo dificuldades para disponibilizar novas cestas básicas. “Pelos dados que nós temos, a população está em situação ainda pior hoje do que no ano passado, porque o auxílio foi reduzido e caiu a arrecadação de instituições e empresas”, afirmou.

 

A Frente atua, ainda, junto aos profissionais de Saúde durante a pandemia, realizando intervenções para cobrar melhorias das condições de trabalho e vacinação gratuita para toda a população.

 

Participe da Live dessa quinta-feira, 15/04, às 19h, e saiba como ajudar quem enfrenta a fome e o desemprego.

 

As arrecadações continuam sendo feitas. Para doar alimentos e material de limpeza, a Adufmat-Ssind é um ponto de arrecadação dentro da Universidade Federal de Mato Grosso. A Oca fica quase em frente ao Hospital Veterinário da UFMT. O endereço é Avenida Fernando Corrêa da Costa, S/Nº, Coxipó, Cuiabá.

 

Para doar recursos, a Frente criou uma conta exclusivamente para este fim na Caixa Econômica Federal. Agência: 0686 | Op.: 013, Conta Poupança: 00034474-8. CNPJ: 149120750001/53. Titular: ADUFMAT SOLIDARIEDADE COVID-19

 

Leia mais sobre o trabalho da Frente Popular pela Vida: em Defesa dos Serviços Públicos e de Solidariedade ao Enfrentamento à Covid-19:

 

FRENTE DE SOLIDARIEDADE DISTRIBUI ALIMENTOS E MATERIAL DE LIMPEZA EM COMUNIDADES INDÍGENAS E PRESENCIA HOSTILIDADE DO AGRONEGÓCIO

 

SOLIDARIEDADE – MAIS MIL CESTAS DE ALIMENTOS SÃO ENTREGUES POR FRENTE DE TRABALHADORES EM MATO GROSSO

 

CAMPANHA “SOLIDARIEDADE PELA VIDA” JÁ ARRECADOU CERCA DE 20 TONELADAS DE ALIMENTOS