Quinta, 15 Dezembro 2022 10:10

 

 

****

Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.

 ****




Roberto Boaventura da Silva Sá
Dr. em Ciências da Comunicação/USP


               No universo das artes, é sempre difícil à crítica se manifestar de forma coerente diante de possíveis desvios de percurso de artistas que já tenham atingido um ponto de excelência e de reconhecimento público. Sendo assim, ao famoso, tudo é permitido: o que dele vier, a ele, aplausos e mais aplausos retornam. Em “outras palavras” – expressão que coincide com o título de uma genial canção de Caetano Veloso (1981) –,um artista de renome, depois que a fama “pegou”, raramente é questionado naquilo que faz.
              Mas por que começo a tratar de arte, ou do artista famoso, neste artigo?
              Porque em um bate-papo com amigos – todos preparados academicamente para a crítica artística –houve recepção naturalizada da gravação de “Deus cuida de mim”, com o pastor/cantor/compositor gospel Kleber Lucas e Caetano Veloso, um ex-ateu, um expoente do Tropicalismo, bem como um dos mais “ácidos” dos “Doces Bárbaros” da MBP. A anuência de meus amigos pode estar embutida no silêncio ou, quando muito, nas meias-palavras, ditas quase em sussurros, de meia-dúzia de críticos, sobre esse trabalho empreendido pela Sony Music.
              De um dos amigos, acerca da gravação, previamente relativizando um estranhamento, é dito que seu ateísmo não é impeditivo para ver Caetano “sempre ‘caetanear’”; logo, “arrasar”. Encantada, uma amiga até filosofou! Por isso, cá estou refletindo sobre esse “caetaneamento”, que, desta vez, além de não “caetanear” nada, ainda se prontificou a cantar um gospel, poeticamente falando, longe da genialidade, repito, de “Outras Palavras” e de quase tudo o que compôs ao longo de décadas.
              Artisticamente, a gravação desse gospel – estilo que tem elevado os lucros de artistas e empresários às alturas– é um susto daqueles de fazer o sujeito cair das nuvens! É mesmo de “arrasar”, mas não no sentido positivo que esse termo até pode assumir.
              Mas antes que alguém gaste energia me praguejando por conta dessa franqueza, quase sem filtros, digo que meu susto não está na conversão do “mano Caetano” de Bethânia, que, ao Fantástico (Rede Globo: 04/12/22),disse que essa gravação só pode ter sido “coisa de Deus”, embora reconheça não ter sido, até ali, “propriamente religioso”.
              Como tudo isso, a mim, soou inusitado, fui tentar entender essa novíssima “força estranha” na obra de Caetano. Rapidamente, encontrei a matéria “Fé no vídeo! Mídia NINJA dirige novo clipe de Caetano Veloso e Kleber Lucas”, assinada por Felipe Altenfelder, de 04/12/22.
              De início, o jornalista contextualiza a aproximação de Caetano com o NINJA, iniciada há quase dez anos (2013), durante o movimento Black Bloc, e continuada por conta da “regulamentação do ECAD, do show no Ocupa MINC..., das apresentações em apoio ao surgimento da chapa dos sonhos de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara...”
              Depois, Altenfelder passa a “celebrar o nascimento do clipe de ‘Deus Cuida de Mim’, dirigido pelo Mídia NINJA...”, que estava em ativismo político pró-eleição de Lula contra Bolsonaro. Para isso, às vésperas do segundo turno (última semana de outubro/22), inúmeros artistas participavam, na sede do NINJA, da gravação do clipe “Vamos lá votar”; na verdade, uma “convocação geral” para “lular”.
              Nessa conjuntura, com as pesquisas mostrando empate técnico entre Lula e Bolsonaro, Altenfelder diz que todos passaram a fazer “...um respiro criativo, trazendo novos entendimentos para o fluxo de trabalho da campanha que canalizou no trabalho coletivo que sinergizou articulação, curadoria, estrutura, música, vídeo e fé”.
              Na sequência, eis um recorte do depoimento do mesmo jornalista:
              “...É difícil recordar do momento exato quando acabou a gravação de ‘Vamos lá Votar’, e Caetano e Kleber começaram a cantar ‘Deus Cuida de Mim’. Foi daqueles momentos em que todas as pessoas que estavam no estúdio assumiram suas funções e a mágica foi acontecendo”.
              Em outros espaços da mídia, ficamos sabendo que os dois cantores já haviam se encontrado – na casa do expoente da MPB – para os cuidadosos ensaios dessa “mágica”.
              Mas voltando à matéria de Altenfelder, quase em seu final, é registrado que, “num diálogo sincero de um dos maiores mestres da MPB, Caetano diz que não é mais ateu e adentra no mundo gospel num novo tempo de esperança para mandar uma mensagem divina para os mais de 60 milhões de brasileiros dessa religião”.(!!!)
              Pois bem. Nas pegadas das sandálias do padre Anchieta e de outros jesuítas dos tempos coloniais, desejo ao pretensioso e mais novo mensageiro da fé, boa sorte na missão; ademais, para nosso conforto, diante de uma conversão exposta de forma tão aberta, é sinal de que nenhum oportunismo (político e/ou econômico) está em jogo, como esteve em nosso passado na atuação dos jesuítas durante a exploração portuguesa.
              E se de fato nenhum tipo de oportunismo se faz presente, melhor assim, mesmo não nos cabendo ter qualquer senão contra empreendimentos profissionais no campo das artes, tampouco na militância política de quem quer que seja; todavia, convenhamos, tem sido cansativo e constrangedor ver tanta gente usando o recurso da fé para interesses em nada afeitos à fé em si mesma. Numa proposital cacofonia, é fé demais neste país de cultura de menos, e, pelo jeito, desde sempre e pelos séculos e séculos.
              Seja como for, um momento ímpar como esse merecia ter sido, poeticamente, melhor preparado e apresentado ao público que admira Caetano e, creio, ao próprio Senhor dos Céus. Cá venhamos, uma conversão de um ateu desse nível e projeção merecia uma poesia de maior qualidade, que se aproximasse, pelo menos, daquele velho “Jesus Cristo”, de Roberto Carlos. Claro que muitos religiosos dirão o contrário; que em Matheus, 19.14, não se lê que o céu pertence aos intelectuais e eruditos, aos ricos e poderosos, mas àqueles que são semelhantes às crianças, aos simples. Se for assim, a canção que embala a conversão de Caetano está no patamar adequado, poeticamente falando. Tudo é muito raso; logo, longe de uma grande inspiração, humana que seja!
              Como contraponto disso tudo, resgato a canção, inteligentemente engajada, intitulada “Eterno Deus MU-Dança”, de Gilberto Gil, composta em 1989, ano de sua eleição como vereador de Salvador-BA, bem como da primeira eleição presidencial pós-golpe-ditadura militar/64, antagonizada, no segundo turno, por Collor e Lula.
              Naquele momento, o eu-lírico de Gil, ao invés de pedir cuidados exclusivos de Deus para si, numa perspectiva de obtenção dos privilégios individuais, apostou na força da multidão por meio de uma brincadeira fonética, que faz da primeira sílaba de “MU-dança” o nome de um deus hipotético, a quem o futuro se assemelha a uma dança, que aposta na dinamicidade da existência humana, marcada pelos processos de ruptura, e não de aceitação e/ou de resignação, com o establishment.
              Bem ao contrário dessa conexão trazida por Gil, arraigada à terra e à Terra, o mítico e o eflúvio celestial parecem ter tomado conta do espaço da gravação do clipe acima citado, culminando, mesmo em um ambiente de “conscientizados políticos” do campo progressista brasileiro, em uma retumbante vitória do teocentrismo à lá Idade Média, pautado pelo extremista de direita Jair Bolsonaro, aliás, de forma tão abrangente como nenhum outro político conseguiu, até então, pautar; quiçá, nem mesmo algum religioso tenha tido tanta força para esse tipo de imposição, intimamente, vinculada às pautas de costumes, tão rompidos, em idos tempos, justamente por Caetano e tantos outros ícones de nossa MPB, via de regras, magnífica em conteúdos e formas.
              Assim, ironicamente, Caetano, um opositor e crítico de Bolsonaro, a partir de sua conversão religiosa, materializada na gravação de “Deus cuida de mim”, coloca-se sob o mesmo manto do pesado lema “Deus acima de tudo e de todos”.
              Mistérios da “força estranha... no ar”?

Terça, 13 Dezembro 2022 17:13

 

 

Último dia teve performance, carimbó, maracatu e show com Letícia Sabatella e Caravana Tonteria, entre outras apresentações. Fotos: J. Alex

 

A importância da arte e da cultura como instrumentos de resistência dos povos da América Latina e Caribe e também como ferramenta de luta foram temas do último debate do evento realizado pelo ANDES-SN na Universidade Federal de Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu (PR), entre os dias 6 e 9 de dezembro. O dia também teve diversas apresentações musicais e foi encerrado com show de Letícia Sabatella e a caravana Tonteria.

Iniciando os trabalhos de sexta (9), houve a abertura do Festival Cultural (Fecult) da Unila, que coincidiu com a realização do I Festival de Arte e Cultura do ANDES-SN, com apresentações musicais. Na sequência, a mesa “O papel da arte e da cultura na resistência de nossos povos da América Latina”, com Priscila Rezende, artista visual e performer de Belo Horizonte (MG), Félix Eid, professor de música da Unila e Priscila Duque, artista do carimbó de Belém do Pará (PA).

As falas trouxeram diferentes referências de expressões artísticas e como elas contribuem para denunciar violências e expressar diferentes pautas, resgatar e divulgar saberes e tradições de diferentes povos. Também abordaram os diversos tempos do fazer artístico e as incompatibilidades com o tempo ocidental imposto pelo capitalismo, muitas vezes acelerado, inclusive nas produção de conhecimento dentro das universidades.

Priscila Rezende destacou a importância da arte como instrumento de denúncia das violências da sociedade capitalista, patriarcal, racista, machista, lgbtquiap+fóbica e capacitista. A artista utiliza seu corpo como ferramenta de seu trabalho e cunhou a expressão “corpo combate” para descrever sua obra.

 

“Eu costumo falar para as pessoas que o meu trabalho é totalmente incômodo, eu sei que assusta muita gente, a intensão é que seja incômodo mesmo”, afirmou Priscila. “A violência ela é atroz, a violência que a gente vive é atroz. O machismo, o racismo, a lgbtfobia são atrozes. Eu acredito que a reação não”, acrescentou, destacando que sua arte traz uma resposta ao racismo e machismo por ela vivenciados. 

Feliz Eid refletiu sobre o silenciamento das expressões artístico-culturais dos povos da América Latina e do Caribe, e salientou a resistência dessas culturas e povos, através da arte. “Os tempos impostos pelas instituições de ensino ‘normal’ nem sempre são compatíveis com a organicidade de tempo dos povos latino-americanos, indígenas e afrodescendentes. Temos que romper com essa estrutura”, afirmou, ressaltando que tem buscado encontrar esse tempo nas atividades de extensão que desenvolve na Unila. 

Priscila Duque trouxe sua vivência com movimentos de esquerda - partidários e sociais – e também com o carimbo, que segundo ela, carrega os saberes do estado do Pará. “O carimbó é o encontro dos povos subalternizados na Amazônia, criminalizados, exterminados em ideia, em afeto e em território na Amazônia. O carimbó é negro e é indígena”, afirmou.

 

A artista e jornalista destacou a necessidade dos movimentos sociais, sindicais e partidários valorizarem os artistas de resistência e as expressões culturais que não são absorvidas pela indústria cultural. “A esquerda precisa compreender que as ideias, os afetos, os sentimentos, a coesão, os laços com a ancestralidade não estão em panfletos, não estão em carros som, não estão em plenárias, apenas. Eles estão em toda a nossa força. E se a indústria cultural não absorve o artista de resistência, isso significa que ele só tem a vontade dele para existir. E eu percebo que a ampla esquerda também não absorve o artista de resistência. Discute a revolução, a tomada do poder, mas quando faz a sua festa coloca indústria cultural para tocar, quando paga artistas da indústria cultural paga o valor do mercado, e para o artista de resistência paga ajuda de custo, às vezes um lanche, porque ele tem consciência, porque ele é revolucionário”, ressaltou, convidando as e os participantes à reflexão.

Durante toda a sexta-feira (9), ocorreram atividades culturais do Fecult da Unila e, no final do dia, a apresentação dos maracatus Baque Mulher e Alvorada Nova conduziram, num cortejo pelos corredores da universidade, os e as participantes de volta ao auditório onde aconteceu o show de encerramento do evento com Letícia Sabatella e a Caravana Tonteria. 

Confira a cobertura fotográfica em nossa página no Facebook

Avaliação 

O evento do ANDES-SN na Unila reuniu o II Seminário Internacional Educação Superior na América Latina e Caribe e Organização dos/as Trabalhadores/as, I Seminário Multicampia e Fronteira e o I Festival de Arte e Cultura: Sem fronteiras, a arte respira lucha (arte respira luta. Luta respira arte), que aconteceram de forma intercalada de 6 a 9 de dezembro. 

 

Ao todo, cerca de 150 docentes de seções sindicais de todo o país, mais de 35 convidadas(os) debatedores(as) e mais de 50 artistas envolvidas(os) nas expressões individuais e coletivas foram recebidos no campus Jardim Universitário, que tem em sua entrara um mural em homenagem à Marielle Franco. A organização do evento envolveu membros da diretoria do ANDES-SN, da Sesunila SSind e também da Adunioeste SSind.  Dentro da programação também foi realizado um ato em defesa da Educação Pública e pela integração Latino-americana, na Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai.

“Para a Sesunila SSind, e certamente também para a Adunioeste SSind, foi muito importante receber os seminários e o festival, dando encaminhamento à deliberação do Congresso do nosso Sindicato. Realizar essas atividades de formação, debate e arte aqui na fronteira permitiu lançar luz não apenas à nossa realidade, mas também para as contradições e também para as potências dos territórios de fronteira. Pelo que pudemos debater numa das mesas do seminário, há uma estimativa de que temos em zonas de fronteira 12 universidades federais, com 22 campi, e 04 universidades estaduais, com 42 campi”, afirmou Fernando Correa Prado, presidente da Sesunila SSind. e representante da Comissão Local de organização.

Prado destacou o fato de que a Unila recebe estudantes de toda a América Latina e Caribe, o que também deu um sentido importante de integração às atividades. “Isso pôde ser sentido, por exemplo, na manifestação do movimento estudantil frente aos cortes criminosos que o atual governo tem feito na educação, que levam milhares de estudantes a situação de fome, de falta de moradia e impossibilidade de seguir estudante e criando ciência”, disse. “Em síntese, foi uma alegria e uma imensa honra receber esse evento. Que venham muitos pela frente, Brasil afora, com bons debates, muita arte e luta!”, concluiu.

Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, destacou que a programação recebeu muitos elogios das e dos participantes. Ela reforçou a riqueza imensa de debates, de trocas, de pluralidade de diversidade, de profundidade das discussões, com representação de vários países. “Nós vivenciamos, durante esses dias, debates de muita intensidade e, com certeza, nos fortalecemos muito para as nossas lutas e para os enfrentamentos que nós vamos precisar fazer e continuar fazendo ao longo da história do nosso sindicato”, avaliou. 

Para a presidenta do Sindicato Nacional, foi muito acertada a realização do I Festival de Artes e Cultura do ANDES-SN, que culminou com o Festival de Cultura da Unila. “Foi também um momento de muita troca e de muita diversidade, com a presença de vários artistas que passaram por aqui e que trouxera, em suas apresentações, a responsabilidade que esse Sindicato tem de fazer com que a política respire arte cada vez mais, que a arte continue respirando política e nos alimentando, porque a nossa vida e a nossa luta também é feita de arte, de poesia, de música, de maracatu e de tantas outras expressões culturais que tivemos nesses dias”, lembrou. 

“Que a arte possa ser também constante e possa ser também determinante para os nossos planos de luta e para o que temos construído no âmbito do nosso sindicato. Nós tivemos a honra de contar com a apresentação de Letícia Sabatella e a caravana Tonteria, uma grande artista mulher, que além de arte faz política, que também nos instiga, nos motiva, nos incentiva e também serve de exemplo. Certamente, saímos dessa semana de atividades bastante fortalecidas e fortalecido, com a certeza de que o ANDES-SN se constrói na base, se constrói na luta, e é na luta que nós vamos permanecer e vamos seguir, juntas e juntos”, finalizou.

 

 

Fonte: Andes-SN

Segunda, 05 Julho 2021 18:29

 

O coração vai bater mais forte nessa quarta-feira, 07/07. A partir das 19h, a Adufmat-Ssind anunciará os vencedores da primeira edição do Festival Contra Atacar, nas categorias Música e Poema.

 

Além das obras inscritas, os espectadores conhecerão um pouco mais da história dos artistas selecionados para o evento. Na categoria Poema, os indicados, por ordem alfabética, são: Adham Dantas, com a obra “Cotidiano”; Deh Galeano, com a obra “Isso favorece quem”; e Malu Pimentel, com a obra “Luto pelo mundo”, todas autorais.

 

São também autorais as obras inscritas na categoria Música, com os artistas Alexandre Smile, composição de nome “Contra atacar”; Glaucos Luis, com a obra “O representante”; Luth Peixoto, com “O Sonho na voz do povo”; Renata Cristina, com “Gente que Sonha”, e Zeh Gustavo com “O que é bom cultuar”.

 

O prêmio para quem vencer na categoria Música será o patrocínio da produção de um clipe single (áudio + videoclipe) no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Para quem vencer na categoria Poema, o prêmio corresponderá ao patrocínio da produção de um webclipe no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais). Também serão pagos cachês no valor de R$ 200,00 para as músicas e poemas classificados em 2º, 3º e 4º lugares, e de R$ 400,00 para a música e o poema vencedores. 

 

O Festival, já considerado histórico, marcará ainda a transição da gestão do sindicato, com a saída da diretoria “Luto Pela Universidade Pública” (2019-2021) e início da gestão “Dom Pedro Casaldáliga: por uma Adufmat de luta, autônoma e democrática”, eleita na última semana, e que será empossada no dia 09/07 para dirigir o sindicato pelo próximo biênio.  

 

O Festival será exibido ao vivo pelos canais oficiais da Adufmat-Ssind no Facebook e Youtube.

 

Link de acesso direito ao Facebook: https://www.facebook.com/211669182221828/posts/4424648607590510/

Link de acesso direto ao Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=d-UvuGEe79Q

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Quarta, 30 Junho 2021 19:37

 

Conforme Edital, a Adufmat-Ssind divulga, EM ORDEM ALFABÉTICA, a lista de artistas classificados para a final do Festival Contra Atacar, cujo resultado final - ganhadores e suas classificações - será anunciado no dia 07/07, às 19h, durante a realização online ao vivo do Festival Contra Atacar, nos canais oficiais da Adufmat-Ssind.

 

Categoria Poesias

Adham Dantas (Cotidiano)
Deh Galeano (Isso favorece quem)
Malu Pimentel (Luto pelo mundo)

 

Categoria Músicas

Alexandre Smile (Contra atacar)
Glaucos Luis (O representante)
Luth Peixoto (O Sonho na voz do povo)
Renata Cristina (Gente que Sonha)
Zeh Gustavo (O que é bom cultuar)

Terça, 08 Junho 2021 15:48

 

A Adufmat-Ssind prorrogou o período de inscrição para o Festival Contra Atacar, e alterou a data do evento de premiação. Os artistas locais terão, agora, a oportunidade de se inscreverem até o dia 25/06, e o Festival ocorrerá no dia 07/07. Devido à prorrogação do prazo de inscrição, o anúncio das músicas e poemas selecionados será feito na quinta-feira, 01/07.

 

Para participar basta enviar a música ou poema autoral para o e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo., junto a outros documentos solicitados pela organização (confira quais são aqui, no Edital de Retificação, também disponível para download no arquivo anexo abaixo).

 

 

Vale lembrar que a seleção do material autoral enviado está condicionada também à compreensão do tema do Festival, “Contra Atacar”, considerando que as entidades promotoras são sindicatos historicamente reconhecidos pela atuação em defesa dos direitos da classe trabalhadora.

  

O prêmio para quem vencer na categoria Música será o patrocínio da produção de um clipe single (áudio + videoclipe) no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Para quem vencer na categoria Poema, o prêmio corresponderá ao patrocínio da produção de um webclipe no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais).

 

Também serão pagos cachês no valor de R$ 200,00 para as músicas e poemas classificados em 2º, 3º e 4º lugares, e de R$ 400,00 para a música e o poema vencedores. 

 

Veja também o Edital de Lançamento do Festival Contra Atacar, clique aqui. 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 20 Outubro 2020 09:37

 

****
 
Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
****

  

Por José Domingues de Godoi Filho*

 

 

A vida é pra valer
Não se engane, não
É uma só
Duas mesmo que é bom
Ninguém vai me dizer que tem sem provar
muito bem provado com certidão passada em cartório do Céu assinado embaixo: Deus!
E com firma reconhecida (1)

 

 

Se estivesse por aqui tomando whisky e escrevendo poemas, em 19/10/2020, o grande “poetinha” estaria completando 107 anos. Sua presença, no meio de uma pandemia,  foi resgatada pelo Vaticano que “propõe um convite a um amor que ultrapassa barreiras da geografia e do espaço” e “...uma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita”.(2)

Ao resgatar o verso “...A vida é arte do encontro...”, o Papa Francisco o fez pinçando-o de um afrosamba, em tempos de racismo crescente, de desrespeito às religiões de matriz afrodescendentes, de negacionismo científico, de agressões impensáveis ao ambiente que vivemos e de uma desigualdade social jamais vista.

Nada mais atual, para nós brasileiros, num país majoritariamente cristão e com importante presença de religiões de matriz africanas ,  sermos lembrados que São Francisco, o mesmo que tem inspirado o Papa, “se sentia irmão do sol, do mar e do vento, sentia-se ainda mais unido aos que eram da sua própria carne. Semeou paz por toda parte e andou junto aos pobres, abandonados, doentes, descartados, dos últimos”.

Chegamos ao final da segunda década do século XXI com uma pandemia, que está expondo as entranhas do capitalismo e demonstrando a insuficiência da festejada interconexão existente para resolver os problemas que afetam a espécie humana. Também não se trata de pensar a volta ao normal e, negar a realidade que vivemos.

A vida é “arte do encontro” e, para que “os desencontros” sejam evitados, num dos momentos mais graves desde a II Guerra Mundial, se faz necessário, “um anseio mundial de fraternidade”(2) e de união daqueles que não têm nada a perder. Não haverá volta ao “normal”; ao contrário, a desigualdade social e a miséria só tenderão a aumentar. Para atender o pedido de “benção” do poetinha e fortalecermos a “arte do encontro”, se faz necessário barrar os métodos “democráticos e humanitários”, utilizados pelo governo americano  para garantir seus interesses e transformar o mundo num videogame, que  justifique suas intervenções militares,  em regiões como a América Latina, onde conta com o apoio da burguesia e das oligarquias locais. Há a necessidade urgente de unir forças para enfrentar o renascimento de velhas paranoias militares que justifiquem golpes e ações de “tocar a boiada”, ou seja: terras indígenas e áreas de preservação infiltradas por ongs; forças armadas revolucionárias; movimentos de trabalhadores rurais; renascimento de movimentos sociais urbanos; setores universitários e de instituições de pesquisa discutindo e construindo alternativas políticas “vermelhas” de desenvolvimento; povos indígenas latifundiários prejudicando os interesses das empresas de mineração e energia; relações promíscuas nas áreas de fronteiras internacionais, dentre outras.

O poetinha que está acrescentando mais um pedido de “benção” ao seu poema, não se furtará de incluir todos que passem a aceitar que, “de todos se pode aprender alguma coisa, ninguém é inútil, ninguém é supérfluo. Isto implica incluir as periferias. Quem vive nelas tem outro ponto de vista, vê aspetos da realidade que não se descobrem a partir dos centros de poder onde se tomam as decisões mais determinantes” (2).

Sarava!!

 

(1) Moraes, V. Samba da Bênção

Disponível em: http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/musica/cancoes/samba-da-bencao - Acessado em 19/10/2020

 

(2) CARTA ENCÍCLICA FRATELLI TUTTI DO SANTO PADRE FRANCISCO SOBRE A FRATERNIDADE E A AMIZADE SOCIAL. Disponível em:

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html  - Acesso em 19/10/2020

 

*José Domingues de Godoi Filho – Professor da Universidade Federal de Mato Grosso/Faculdade de Geociências