Terça, 01 Junho 2021 18:30

 

 

 

Não bastasse uma pandemia que já matou mais de 463 mil pessoas diante da política negacionista e genocida do governo Bolsonaro, os brasileiros (as) estão sob uma nova ameaça: um tarifaço nas contas de energia elétrica e o risco de apagão.

 

Na última sexta-feira (28), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou que a conta de luz ficará mais cara a partir de junho, quando entra em vigor a bandeira tarifária vermelha de patamar 2. Com isso, haverá um aumento de R$ 6,24 para cada 100 kWh consumidos.

 

 

Mas não é só isso. Com a combinação de um forte período de estiagem, concentrada na região Centro-Sul, com a falta de planejamento e investimentos por parte do governo, o risco de um racionamento de energia e apagões voltam a assombrar o país.

 

O Sistema Nacional de Meteorologia emitiu, também na sexta-feira, um comunicado de “emergência hídrica” em cinco estados do país: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Segundo o órgão do governo, essa situação deve se prolongar de junho a setembro. Na região, a situação é classificada como “severa” em razão da falta de chuvas no último período.

 

Má gestão

 

Mas, diferente do que o governo Bolsonaro tenta fazer parecer, de que o tarifaço e os riscos de racionamento e apagão seriam consequências unicamente da falta de chuvas, na realidade, a responsabilidade é a má gestão do governo.

 

Especialistas já alertam há algum tempo a iminente crise hídrica com a falta de chuvas (algo que era previsto) e defendem que a crise poderia ser minimizada com investimentos em infraestrutura energética, em fontes alternativas, sustentáveis e renováveis, como a eólica, solar e o bicombustível. Mas, ao contrário, dependente de hidrelétricas, quando o governo se vê diante de períodos de estiagem acaba por acionar usinas térmicas, cuja produção é mais cara e poluente.

 

Agora, com a falta de chuvas e sem opções para geração de energia, especialistas apontam o risco de racionamento. Em entrevista à BBC, a economista chefe da CM Capital Markets Carla Argenta destacou que a depender do regime de chuvas no próximo mês, um racionamento não está descartado. “O quadro pode demandar políticas governamentais específicas para contornar a situação”, disse.

 

Boa parte da população ainda tem na memória, quando durante o governo FHC, o país sofreu uma série de apagões e um período de racionamento de energia.

 

Inclusive, também na última sexta-feira, vários estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram atingidos por um apagão que durou 20 minutos. O problema teria sido numa linha de transmissão que leva energia da usina de Belo Monte, no Pará, para outros estados.

 

Analistas apontam ainda que essa crise terá efeito cascata no aumento da inflação, principalmente, no preços de alimentos, além da própria conta de luz.

 

Privatização da Eletrobras

 

Ainda mais alarmante é que na iminência de uma grave crise energética no país, governo Bolsonaro e o Congresso pretendem avançar com a privatização da Eletrobras, uma temeridade já que se trata da estatal responsável por 1/3 de toda a produção energética do país, responsável por todo um sistema de geração, transmissão e distribuição.

 

 

Cerca de seis meses depois do apagão que deixou o Amapá às escuras por mais de 20 dias, fruto da má gestão da empresa privada responsável pela energia no estado, Bolsonaro quer estender a mesma situação para todo o país com a privatização da Eletrobras, através da Medida Provisória 1.031. O texto foi aprovado na Câmara e agora tramita no Senado.

 

Leia: Câmara aprova MP que autoriza privatização da Eletrobras e texto segue para votação no Senado

 

Durante audiência pública realizada na Comissão de Direitos Humanos do Senado, nesta segunda-feira (31), para discutir esta MP, o engenheiro elétrico e integrante da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel), Ikaro Chaves, afirmou: “o racionamento é uma possibilidade cada vez maior, mas uma elevação substancial da tarifa é uma certeza”, com estimativas superiores a 10%.

 

 

Fonte: CSP-Conlutas (com informações da Agência Senado, BBC e UOL)

 

Terça, 10 Novembro 2020 11:53

 

Crise de energia no Amapá, apagão em Macapá (Foto: Rudja Santos/Amazônia Real)

 

No Amapá, a população sofre há 7 dias as duras consequências do apagão, decorrente de incêndio na subestação mais importante do Estado. A falta de energia afetou 13 dos 16 municípios.

 

Em nota enviada pela CSP-Conutas/AP, há o relato de que “nas demais horas, após inúmeras informações desencontradas, o governador Wadez (PTD) foi obrigado a assinar um Decreto de Calamidade Pública, justificando que tal medida seria para amenizar o sofrimento da população que já se arrastava por mais de dois dias”.

 

E o problema foi só crescendo. Depois de enfrentarem dias sem energia elétrica, o abastecimento de água também foi prejudicado. Além disso, alimentos estragaram e diante da alta demanda por água, os preços aumentaram drasticamente.

 

Quem mais sofre com essa situação, é claro, são os mais pobres. E a estabilidade dos serviços também se deu de maneira desigual. Neste domingo (8), teve início um processo de rodízio do abastecimento. Mas, conforme publicado em matéria do jornal Estadão, o restabelecimento parcial atendeu somente os bairros nobres, enquanto as periferias ficaram às escuras.

 

População busca água potável para consumo após fim de abastecimento | Foto: Sul21

 

 

O povo foi às ruas em protestos contra o caos e o abandono do Estado, enquanto no bairro de classe média alta do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), havia rodízio bem definido, com distribuição de luz  por 7 horas no período da manhã e mais 7 horas à noite.

 

Segundo informe enviado por Clodoaldo Rodrigues, da Executiva da CSP-Conlutas/AP, a situação da região é de completo caos. “É de desespero mesmo. Aqui é muito quente e, mesmo com as chuvas, o calor não foi amenizado. Além disso, estamos perdendo alimentos e outros materiais e ninguém cogita qualquer tipo de reparação à população”, comenta.

 

O dirigente ainda relatou que o aumento dos preços se tornou mais um desafio. Garrafões de água, que antes giravam em torno de 3 a 6 reais a unidade, agora são vendidos por 20 a 30 reais.

 

Solidariedade urgente – A CSP-Conlutas e outras diversas entidades sindicais organizam uma ampla campanha de arrecadação solidária para as famílias do Amapá. Até o momento, além da CSP-Conlutas, campanha inclui o Andes-SN, a Adufpa, o Sindufap e o Sinstaufap. Esta iniciativa seguirá aberta para novas adesões de entidades interessadas em reforçar o trabalho de apoio às população amapaense.

 

 

Caos e pandemia – Clodoaldo avalia que, da parte da empresa, “faltou disposição política quando se deram conta de que o problema era grave”. “A Isolux, empresa espanhola concessionária responsável pela transmissão de energia e que tentou fugir da responsabilidade, já tem uma trajetória extensa de negligência”, pontuou o dirigente.

 

Além disso, uma nova onda da pandemia toma o estado, e o governo tem utilizado a situação para argumentar restrições à população. “Houve decretos limitando circulação, mas aparenta ser mais uma uma farsa. Anteriormente, devido às eleições, foi proibido aglomerações por 7 dias, mas o decreto foi renovado nesta semana, justamente neste momento conturbado para o povo”.

 

Os hospitais, segundo o dirigente, estão com a capacidade máxima, próximos de entrar em colapso. “Há falta de leitos tanto no público quanto nos hospitais privados. É uma situação de pré-barbárie”, definiu Clodoaldo.

 

Contra reforma administrativa e por um programa dos trabalhadores – Essa luta tem urgência de ganhar amplitude nacional. Para a CSP-Conlutas, trabalhar nas ações mais imediatas, como a campanha de solidariedade para arrecadação financeira às famílias, bem como em programas de construção para a classe trabalhadora, é o caminho alternativo para evitar que essas tragédias anunciadas recaiam sobre as costas do povo mais pobre.

 

A Reforma Administrativa de Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes, tem relação direta com o que ocorre no Amapá. Isso porque o projeto estabelece a regra do Estado mínimo, acaba com direitos básicos, o fim dos serviços públicos e dos servidores.

 

A CSP-Conlutas reforça outros pontos de luta alternativa para o combate à crise, que se encaixa à situação vivida no estado do norte do país, como a luta contra o aumento dos preços de alimentos, por exemplo, e os processos de privatização de empresas com responsabilidade pública, como a de energia elétrica incendiada do estado.

 

Vamos à luta contra os efeitos do apagão no Amapá! Sigamos em defesa do Plano Emergencial da CSP-Conlutas para conter os efeitos da crise econômica e dos ataques de Bolsonaro e dos empresários que receberam incentivos mas continuaram demitindo. Chega de pagar como nossos sacrifício, direitos e nossas vidas.

 

 

Fonte: CSP-Conlutas