Quarta, 04 Novembro 2020 20:19

 

O caso de Mari Ferrer chocou o país devido à impunidade no julgamento realizado nesta terça-feira (3), em que empresário André de Camargo, acusado por ela de estupro, foi absolvido, em meio a insultos contra a vítima. Em dezembro de 2018, Mari acusou o empresário de tê-la drogado e estuprado em uma sala reservada de uma casa noturna da capital catarinense.  Confira a sentença aqui

 

Contra esse absurdo, mulheres de todo país estão convocando atos por justiça à Mari Ferrer. Confira ao final da matéria a lista parcial dessas manifestações.

 

 

Justiça machista e burguesa

Movimentos ligados aos direitos das mulheres apontam que a sentença reflete a justiça machista e burguesa existente no país,  que absolveu um estuprador. A sentença revoltou pela humilhação a que Mari foi submetida, diante de uma corte masculina, que garantiu a impunidade do empresário.

 

O advogado do empresário, Claudio Gastão, conseguiu que seu cliente fosse absolvido ao custo de humilhações contra Mari e inércia do juiz Rudson Marco. O site The Intercept mostrou cenas de podem ser comparadas a momentos de tortura. O advogado de Camargo apresentou fotos de Mari, que é modelo, com a alegação de que tais imagens eram “ginecológicas”, para usar como justificativa para um possível convite para ao delito.

 

Mari, aos prantos, diante de tanta humilhação, teve que ouvir ainda de Gastão que “não adianta vir com choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”.

 

Diante da conduta da corte, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) irá investigar e pedir instauração de uma reclamação disciplinar contra o juiz Rudson Marcos.

 

Justiça por Mari Ferrer

Contra a cultura de estupro e em defesa de Mari Ferrer mulheres de todo o país estão convocando atos em repúdio a esse caso marcado pela impunidade.

 

Para Marcela Avezedo, integrante do Movimento Mulheres em Luta, filiado à CSP-Conlutas, e que também compõe a Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas é preciso denunciar mais esse caso absurdo. “Se diante de um juiz, Mari foi humilhada, violentada psicologicamente e viu seu agressor sair inocente, imagina o que acontece com as mulheres negras, trabalhadoras, nas periferias do país! Não temos nenhuma ilusão na justiça burguesa, sabemos que no capitalismo quem tem dinheiro é colocado acima da lei, por isso, só com a nossa mobilização é que vamos derrubar essa sentença e fazer justiça para Mari Ferrer e para todas nós”, frisou.

 

Confira o quadro parcial com os atos já marcados:

 

AMAZONAS

MANAUS

– 8/11 (domingo)

– 13h

– TEATRO AMAZONAS

 

BAHIA

SALVADOR

– 7/11 (sábado)

– 15h

– OAB BA, Rua Portão da Piedade.

 

CEARÁ

FORTALEZA

– 7/11 (sábado)

– 15h

– Praça da OAB/CE

 

MINAS GERAIS

BELO HORIZONTE

– 7/11 (Sábado)

– 15h

– Praça 7 de Setembro

 

UBERLÂNDIA – MG

– 8/11 (domingo)

– 13h

– PRAÇA TUBAL VILELA

 

JUIZ DE FORA – MG

– 7/11 (sábado)

– 15h

– Parque Halfeld

 

PARÁ

BELÉM

– 8/11 (domingo)

– 14h

– CAN (em frente a basílica de Nazaré)

 

PARANÁ

CURITIBA

– 7/11 (sábado)

– 14h30

– Santos Andrade

 

FOZ DO IGUAÇU

– 7/11 (sábado)

– 15h

– Praça da Paz

 

RIO DE JANEIRO

RIO DE JANEIRO

– 8/11 (DOMINGO)

– 14h

– Cinelândia

 

RIO GRANDE DO SUL

PORTO ALEGRE

– 8/11 (sábado)

– 15h

-Redenção

 

SANTA CATARINA

 FLORIANÓPOLIS

– 4/11 (quarta-feira)

-17h

– Em frente ao Tribunal de Justiça de SC

– 7/11 (sábado)

– 15h

– Beira mar

 

 BALNEÁRIO CAMBORIÚ 

– 8/11 (domingo)

– 13h

– Itajaí

 

CRICIÚMA

– 7/11 (sábado)

– 10h

– Praça Nereu Ramos, em frente à Casa da Cultura

 

SÃO PAULO

SÃO PAULO

– 8/11 (domingo)

– 13h

– Vão Livre do MASP

 

RIBEIRÃO PRETO

– 6/11 (sexta-feira)

– 13h

– Teatro Pedro II

 

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

– 7/11 (sábado)

– 10h

Praça Afonso Pena

 

OSASCO

– 5/11 (quinta-feira)

– 17h

– Calçadão em frente ao Shopping

 

CAMPINAS

– 8/11 (domingo)

– 10h

– Largo do Rosário – Campinas

 

DISTRITO FEDERAL

BRASÍLIA

– 4/11 (quarta-feira)

– 19h

– Praça dos três poderes

 

RIO GRANDE DO NORTE

NATAL

– 8/11 (domingo)

– 15h

– Midway mall

 

PIAUÍ

TERESINA

-7/11

16h

– Parque da Cidadania

 

Atenção: a lista pode não refletir todos os atos do país, é uma parcial

 

Fonte: CSP-Conlutas

Terça, 25 Setembro 2018 17:24

 

 

 

Depois do fenômeno #EleNão nas redes sociais, o repúdio ao candidato Jair Bolsonaro vai ganhar as ruas neste sábado (29). Em diversas cidades brasileiras, e até mesmo fora do país, estão programadas manifestações contra o candidato do PSL e seu discurso machista, de ódio contra as mulheres e de desprezo à democracia.

 

O Facebook já registra mais de 100 eventos que estão sendo convocados em capitais brasileiras, em cidades do interior de vários estados e até no exterior, como Lisboa, Porto e Coimbra (Portugal), Berlim e Munique (Alemanha), Paris e Lyon (França), Galway (Irlanda), Barcelona (Espanha), Sidney e Gold Coast (Austrália), Londres (Inglaterra) e Haia (Holanda), entre outras.

 

Artistas e torcidas contra o “Coiso”

Além de mulheres da população em geral e movimentos feministas, diversas artistas também estão se mobilizando e convocando os atos deste sábado. Atrizes, cantoras e influenciadoras digitais estão gravando vídeos explicando os motivos pelos quais aderiram à campanha #elenão e convocando as mulheres a participarem do ato. No vídeo, outras três mulheres são desafiadas a fazer o mesmo.

 

“Fiz meu vídeo convidando todas as mulheres para a passeata do dia 29. Vamos dizer juntas #elenao! Vamos reafirmar a democracia, a igualdade, a liberdade, e acima de tudo o amor!”, postou a atriz Sophie Charlotte.

 

Desafiada por Maria Gadu, a cantora sertaneja Marília Mendonça publicou em sua conta um vídeo que já tem mais de 1 milhão de visualizações. “Por que no final das contas, não é uma questão de opção política, é uma questão de bom senso!”

 

Torcidas organizadas de futebol também se pronunciaram, como Gaviões da Fiel, do Corinthians, a Torcida Jovem, do Santos, Palmeiras Antifacista e Palmeiras Livre, torcedores do Flamengo e do Internacional.

 

Discurso de ódio

Os atos estão sendo organizados por mulheres, mas homens também prometem se juntar à manifestação. Os protestos ocorrerão em meio a um crescente movimento de repúdio ao candidato e sua campanha, que coleciona uma série de ataques repulsivos às mulheres, mas também a negros, quilombolas, indígenas, pobres e favelados.

 

O mais recente ataque ocorreu em Recife (PE), no último domingo (23). Reproduzindo o discurso que Bolsonaro já fez em vários momentos, apoiadores de sua campanha realizaram a “Marcha da Família” na capital pernambucana. A manifestação foi feita ao som de uma paródia do funk Baile de Favela, em que se comparou as mulheres que não votam em Bolsonaro a “cadelas”. “Para as feministas, ração na tigela. As minas de direita são as top mais belas, enquanto as de esquerda têm mais pelo que as cadelas”, dizia um trecho da letra.

 

Na semana passada, o vice de Bolsonaro, General Mourão, declarou que famílias pobres “só com mãe e avó” são “fábricas de desajustados”, num absurdo desrespeito e preconceito contra milhões de mulheres que dignamente chefiam famílias e criam sozinhas filhos e netos no país.

 

As declarações são semelhantes às falas do próprio Bolsonaro que já disse que “mulher feia não merece ser estuprada”, que “fraquejou” quanto teve uma filha, que mulher tem de ganhar menos que homens, sem contar a defesa de torturadores da ditadura, apologia à violência contra gays, entre vários outros absurdos.

 

“No próximo dia 29 as mulheres estarão, novamente, a frente de um importante movimento político no país. Vamos às ruas lutar contra um projeto que escancara a naturalização do machismo e reafirma a utilização dessa ideologia para explorar ainda mais as mulheres e os demais setores oprimidos da classe trabalhadora”, afirma a integrante do  MML (Movimento Mulheres em Luta), Marcela Azevedo.

 

“Contudo, sabemos que esse projeto não está restrito a um único representante. Mesmo que mascarado ou velado, esse é o projeto defendido por qualquer um que mantenha suas ações no marco do capitalismo e não aponte a necessidade de construir uma sociedade socialista, para garantirmos, de fato, a emancipação das mulheres e a libertação de negros e negras, LGBTs e toda a classe”.

 

“Por isso, nós do MML vamos com tudo construir as manifestações do próximo sábado, para derrotar o Coiso, mas também para fazer um chamado à mulherada a não depositar suas ilusões no “mal menor” e não aceitar nada menos do que todos os nossos direitos historicamente negados”, afirmou.

 

#EleNão

 

#ContraTodosQueOprimem

 

#ContraOMachismoEAExploração

 

 

Abaixo as manifestações marcadas em outros países: 

https://mucb-exterior.com/

 

 

ALEMANHA

Berlim
Local: May-Ayim-Ufer
Data e hora: 29 de Setembro as 3pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/1102666529884503/

 

ARGENTINA
Buenos Aires
Local: Obelisco de Buenos Aires
Data e hora: 29 de Setembro as 11am
Link do evento: https://www.facebook.com/events/727739017605121/

 

AUSTRALIA

Sydney
Local: Sydney Opera House
Data e hora: 30 de Setembro as 11am
Link do evento: https://www.facebook.com/events/478925589254448/

Gold Coast
Data e hora: 30 de Setembro as 11 am
Link do evento: https://www.facebook.com/events/289385025225239/

 

CANADA

Montreal
Local: Place des Arts
Data e hora: 29 de Setembro as 5pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/2391914377491364/

 

ESPANHA

Barcelona
Local: Placa Sant Jaume
Data e hora: 29 de Setembro as 5pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/676467622721711/

 

FRANÇA

Lyon
Local: Place Bellecour
Data e hora: 29 de Setembro as 2pm
Link do evento:
https://www.facebook.com/events/1777528955648825/?ti=as

 

HOLANDA

Local: Peace Palace
Data e hora: 29 de Setembro as 3pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/1024556484406434/

 

INGLATERRA

London
Local: Emmeline Pankhurst Statue
Data e hora: 29 de Setembro as 3pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/262625684387001/

 

PORTUGAL

Porto
Local: Praca dos Leoes
Data e hora: 29 de Setembro as 3pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/2134491663482606/

Lisboa
Local: Praca Luis de Camoes
Data e hora: 29 de Setembro as 4pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/546455489133848/

Coimbra
Local: Praça 8 de Maio
Data e hora: 29 de Setembro as 4pm
Link do evento:
https://www.facebook.com/events/2300041976677018/?ti=cl

 

USA

New York
Local: Union Square Station
Data e hora: 29 de Setembro as 3pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/271113373741846/

Boston
Local: Harvard Square
Data e hora: 29 de Setembro as 5pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/2205638479683563/

Atlanta
Local: Center for Civil and Human Rights
Data e hora: 29 de Setembro as 3pm
Link do evento: https://www.facebook.com/events/1982494748483241/?ti=icl

 

Fonte: CSP-Conlutas

Quinta, 23 Agosto 2018 09:34

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Que dentre as manifestações artísticas, a fotografia se tornasse uma das mais vulneráveis por conta do processo de massificação das tecnologias, nunca tive dúvidas. Com tanta gente com um celular nas mãos e um ego gigantesco na cabeça, tudo estava propício à degeneração dessa arte.

Todavia, ressalvando quem consegue respeitar a arte fotográfica, a degeneração que supus circunscrevia-se ao processo de vulgarização da fotografia em si; ou seja, com as facilidades para registros quaisquer, até mesmo o antigo fotógrafo profissional seria esquecido aos poucos. Em seu lugar, qualquer criatura poderia se colocar. E isso tem ocorrido à exaustão, incluindo no espaço as esdrúxulas e caricatas selfies.

Mas o que poderia ser apenas ruim – por perdas do toque e retoque artístico – tem sido pior no tocante a inúmeros “conteúdos” fotográficos disseminados em redes sociais. De incontáveis exemplos, destaquei para comentar neste artigo duas fotografias produzidas em universidades federais.

O primeiro destaque ganhou repercussão nacional. O portal G1, de 16/04, extraindo uma foto do Instagran/paulomaiaadv, a publicou para ilustrar o seguinte título: “Estudantes postam foto de formatura com gesto obsceno e UFCG abre sindicância”.

Os estudantes da Universidade Federal de Campina Grande, campus de Sousa, na Paraíba, eram formandos em Direito. O gesto obsceno – feito por quase todos os que estão presentes na foto – reproduzia – com as mãos unidas pelos polegares e indicadores – a genitália feminina.

Diante da repercussão, os novos advogados, formados com recursos públicos, alegaram que foram “ingênuos”, pois “não perceberam que tal imagem poderia trazer uma conotação negativa à imagem da mulher”.

Seria mesmo “ingenuidade”? Se for, pergunto: que tipo de formação eles receberam? Será que nunca leram algo sobre ética, que envolve a noção de respeito social?

A segunda foto foi tirada em frente ao pórtico da UFMT, campus de Sinop-MT. Possivelmente inspirados pelo grupo de Sousa, formandos de Agronomia enfileiraram-se para escrever a palavra “vagina”.

Buscando dar criatividade à foto, o registro da letra “V” foi “desenhado” pelas pernas abertas de um dos estudantes, que se pôs de cabeça para baixo na cena. Na sequência do emparelhamento humano, outros jovens seguravam um cartaz contendo as demais letras da palavra, que parece ser o maior legado intelectual daquelas criaturas.

Pelo menos por enquanto, a repercussão desse episódio, produzido em solo da estuprada Floresta Amazônica, não ganhou mundo; todavia, de pronto, recebeu a defesa de um dos docentes da turma. Em um grupo de whatsapp, o colega defendeu a “arte” de seus pupilos, dizendo o previsível diante do inaceitável: “aquilo foi apenas uma brincadeira”.

Se não fosse absurdo, brincadeira seria uma defesa boçal como essa, que beira a irracionalidade, pois as mulheres, apesar de uma lei específica visar protegê-las, continuam a sofrer todo tipo de violência neste país, inclusive a violência simbólica, como, p. ex., a contida na foto, que é tão ou mais perigosa quanto a física, posto ser algo que humilha o gênero feminino como um todo. Se tais violências não forem exemplarmente repudiadas, elas voarão ao infinito. 

Por isso, sobre esse episódio, quero ver quebrado o silêncio da Instituição, que, aliás, precisa apostar numa política cultural mais intensa nos campi universitários, afinal, as fotografias em pauta também são reflexos do baixo nível cultural da juventude que povoa também as universidades.

Sábado, 20 Maio 2017 22:51

 

Um aviso no mural: “Vocês fingem que não sabem, mas nós sabemos”. A frase, estampada num enorme cartaz, bem diferente dos habituais, chama a atenção de quem entra no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Não há assinatura, mas uma rápida leitura evidencia os motivos. São denúncias de assédios contra mulheres.

 

Divididos em quadrinhos de diferentes proporções, relatos explicitam fatos lamentáveis, que ocorreram dentro de um espaço cuja função é estimular a reflexão. “Numa certa matéria, estudávamos diversas formas de estacionamento numa via, até que o professor mostrou uma que ‘era mais fácil apara as mulheres’”, lê-se no canto mais à direita. “Coloque uma roupa decente na sua qualificação. Nada de roupa provocante!”, consta em outro quadro, escrito a caneta, mais ao centro. “Fiquei com tanto medo que nem saía mais a noite”, relata o texto de outro quadro.

 

Acima dos relatos, lê-se ainda, escrito a caneta: “e todas passam como inocentes e vítimas de assédio. Já podem trabalhar em Hollywood como atrizes”, comentou alguém, que possivelmente não queria contribuir, mas acabou reforçando a necessidade da campanha.    

 

Os casos de abuso, violência e opressão contra mulheres têm sido cada vez mais denunciados na UFMT. Não que os assédios fossem menos praticados anteriormente, mas as discussões sobre o tema têm mudado a percepção das vítimas sobre o que realmente caracteriza esse tipo de agressão, bem como as formas de reação.

 

Para quem estuda o tema, a exposição dos casos de assédio é uma das ferramentas fundamentais na luta contra essa expressão machista. “O machismo é, ainda, visto como algo natural. Por vir disfarçado de brincadeira, de relação de cordialidade, a maioria das pessoas, principalmente as mulheres, não conseguem perceber que estão sofrendo uma violação ou algum tipo de abuso. Também pela própria perspectiva binarista das relações de gênero, que atribui papéis diferentes e inferiores às mulheres, os homens acabam achando que os papéis que nos são atribuídos justificam essas relações de opressão e hierarquia. Então, trazer a contradição, evidenciar que isso não é natural, mas um processo de sociabilidade que deve ser negado, superado e estranhado, tem de ser uma prática cotidiana. O que as meninas fizeram lá, colocando o cartaz demonstrando que abuso não é normal, é uma das medidas mais socioeducativas no processo de superação das relações machistas”, afirma a professora do departamento de Serviço Social da UFMT, Qelli Rocha. A docente, que estuda as relações de gênero há 14 anos, faz parte do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe para Questões Etnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual da Adufmat-Seção Sindical do ANDES (GTPCEGDS).

 

Quanto ao comentário escrito no cartaz a caneta, a docente enfatiza o incômodo causado pelo processo de desconstrução. “Quando a gente evidencia que isso não é normal, mas sim um processo sociocultural embasado nessa dicotomia das relações de gênero, dentro de uma sociedade que tende sempre a explorar um em detrimento do outro, as pessoas que são beneficiadas por esse sistema de subordinação, exploração e opressão tendem a se sentir vitimizadas, invertendo o papel. Quando a pessoa escreve lá que nós somos atrizes, que estamos fazendo performance de situações que não aconteceram, é porque, para essa pessoa, não aconteceram mesmo. Embora materialmente tenha acontecido, simbolicamente ela não compreende como ato abusivo, violador, agressor. Mas é aquela perspectiva: o abusador, por ele sentir que detém o poder, ele acha que pode, inclusive, determinar se a gente é vítima ou não”, explicou.

 

“Eu parabenizo quem escreveu o cartaz, reforço que é necessário permanecer em luta constante, e coloco o GTPCEGDS à disposição para o fortalecimento dessa luta”, concluiu Rocha.    

 

Qualquer tipo de ação ou comentário que constranja ou tente estabelecer relação de desvantagem para mulheres pode ser considerada uma manifestação de assédio.

 

As imagens do cartaz, com os diversos relatos, estão disponíveis abaixo.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind        

 

 

Sexta, 04 Novembro 2016 15:14

 

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública estima que devem ter ocorrido entre 129,9 mil e 454,6 mil estupros no País em 2015

Mais de cinco pessoas são estupradas por hora no Brasil, mostra o 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado na quinta-feira (3). O país registrou, em 2015, 45.460 casos de estupro, sendo 24% deles nas capitais e no Distrito Federal. Apesar de o número representar uma retração de 4.978 casos em relação ao ano anterior, com queda de 9,9%, o FBSP mostrou que não é possível afirmar que realmente houve redução do número de estupros no Brasil, já que a subnotificação desse tipo de crime é extremamente alta.

 

“O crime de estupro é aquele que apresenta a maior taxa de subnotificação no mundo, então é difícil avaliar se houve de fato uma redução da incidência desse crime no país”, disse a diretora executiva do Fórum, Samira Bueno. O levantamento estima que devem ter ocorrido entre 129,9 mil e 454,6 mil estupros no Brasil em 2015. O número mínimo se baseia em estudos internacionais, como o “National Crime Victimization Survey (NCVS)”, que apontam que apenas 35% das vítimas de estupro costumam prestar queixas.

 

O número máximo, de mais de 454 mil estupros, se apoia no estudo “Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que aponta que, no país, apenas 10% dos casos de estupro chegam ao conhecimento da polícia.

 

“Pesquisas de vitimização produzidas no Brasil e no mundo indicam que os principais motivos apontados pelas vítimas para não reportar o crime às instituições policiais são o medo de sofrer represálias e a crença que a polícia não poderia fazer nada ou não se empenharia no caso”, afirma Samira.

 

Considerando somente os boletins de ocorrência registrados, em 2015 ocorreu um estupro a cada 11 minutos e 33 segundos no Brasil, ou seja, 5 pessoas por hora.

 

O estado com o maior número de casos foi São Paulo, que responde por 20,4% dos estupros no país, com 9.265 casos. O número, no entanto, representa uma redução de 761 casos (7,6%) em relação ao ano anterior, quando foram registrados 10.026 casos.

 

Roraima foi o estado com o menor número de estupros registrados, 180, o que representa 98 casos a menos do que no ano anterior – queda de 35,3%.

 

Roubos
A cada 1 minuto e 1 segundo, um veículo foi roubado ou furtado em 2015 no país, totalizando 509.978. Apesar do resultado, houve uma queda de 0,6% na comparação com 2014, sendo 3.045 veículos a menos. Somando os casos de 2014 e 2015, foram roubados ou furtados 1.023 milhão de veículos, segundo os dados do anuário.

 

O levantamento mostra ainda, segundo o FBSP, a necessidade de fortalecer a capacidade de investigação da polícia. “O roubo e o furto de veículos, muitas vezes, acabam por financiar organizações criminosas envolvidas com tráfico e outros delitos mais graves”, disse, em nota, o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima.

 

 “O que torna fundamental o constante aperfeiçoamento da capacidade investigativa da polícia e o combate a esse tipo de crime”, destacou.

 

Fonte: Carta Capital  (original da Agência Brasil, com edição do ANDES-SN; Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil)


 
Segunda, 26 Setembro 2016 10:36

 

 

 

Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso

Sindicato dos Servidores Técnicos-Administrativos

 

MOÇÃO DE APOIO

 

A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – Seção Sindical Rondonópolis – e o Sindicato dos Servidores Técnicos-Administrativos, vêm a público manifestar seu irrestrito apoio e solidariedade às estudantes do Curso de Psicologia do Campus universitário de Rondonópolis/UFMT, vítimas de violência contra a mulher, pois atos dessa natureza violam os direitos humanos, afetam negativamente o bem-estar geral das mulheres e as impedem de participar plenamente na sociedade.

Como entidades defensoras da igualdade plena, do enfrentamento à violência, e na luta pela garantia dos direitos em favor do empoderamento damulher, protestamos veementemente contra a banalização de qualquer tipo de violência praticada contra a mulher e conclamamos a sociedade brasileira e o poder público para a tolerância zero à violência.

Exigimos da Administração Superior da Universidade Federal de Mato Grossoprovidências no sentido de punir todos os atos de violência contra as estudantes desta Instituição, uma vez que elas sofrem diariamente diversos tipos de violência como: assédio moral, assédio sexual, racismo, misoginia, homofobia e lgbtfobia.

 

Rondonópolis, 23 de setembro de 2016.

 

ADUFMAT – SEÇÃO SINDICAL RONDONÓPOLIS

SINTUF - SEÇÃO SINDICAL RONDONÓPOLIS