Quarta, 14 Setembro 2022 08:45

 

A Adufmat-Ssind traz a público, conforme Regimento Eleitoral, as informações acerca da chapa inscrita para as Eleições Extemporâneas para escolha da Diretoria da Subseção da Adufmat-Ssind em Sinop (2022-2023), deferida pela Comissão Eleitoral: 

 

Nome da Chapa: Adufmat Viva para Resistir 

Membros: 

Coordenadora Geral de Subseção: Pacífica Pinheiro Lima Neta

Coordenadora-secretária de Subseção: Claudia dos Reis

Coordenadora-tesoureira de Subseção: Sônia Vivian de Jezus

Coordenador de Comunicação: Handrey Borges Araujo

Coordenador de Planejamento: Ricardo da Silveira Carvalho 

Sexta, 09 Setembro 2022 08:09

 

Conforme calendário eleitoral do processo extemporâneo para escolha da Diretoria da Subseção da Adufmat-Ssind em Sinop, tornamos pública a lista de docentes aptos a votar. 

Os interessados têm até o dia 12/09 para contestar eventuais inconsistências, por meio do e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. .  

Clique no arquivo anexo abaixo para acessar a lista. 

Terça, 06 Setembro 2022 10:56

 

Conforme aprovado em Assembleia Geral realizada em 05/09/22, a Adufmat-Ssind torna público o Regimento Eleitoral da Adufmat-Seção Sindical do Andes-SN para escolha da Diretoria de sua Subseção em Sinop, bem como a Ficha de Inscrição de Chapa (Anexo I) e o Calendário Eleitoral, disponíveis para download nos arquivos anexos abaixo.  

 

 

Terça, 15 Março 2022 17:03

 

Enquanto o Brasil vê, finalmente, a suspensão da autorização do cônjuge para que a mulher possa fazer procedimentos cirúrgicos para não engravidar, o município de Sinop, localizado a 479,4 km da capital mato-grossense, Cuiabá, caminha para trás. A Câmara Municipal, que tem apenas uma mulher como parlamentar, aprovou, e o prefeito Roberto Dorner (Republicanos) aprovou, na semana passada, uma lei que proíbe qualquer manifestação, divulgação, publicação ou discussão em ambientes públicos e privados sobre gênero, sexualidade e direitos reprodutivos.

 

O argumento utilizado pelo parlamento que tem se mostrado um dos mais reacionários no país, atualmente, é que o conteúdo citado poderia promover a “desconstrução da família e do casamento tradicional”.

 

“Nós estamos impossibilitadas de falar, por exemplo, sobre anticoncepcional, camisinha, mudanças do corpo, em nome da família tradicional brasileira. Eu não sei por que eles chamam isso de modelo de família, mas a gente sabe que boa parte dos lares são chefiados por mulheres. Essa lei veio como um ‘presente’, foi sancionada pelo prefeito após o Dia Internacional das Mulheres, exatamente no dia 09 de março. E o prefeito validou uma ação inconstitucional dos vereadores, porque a lei foi aprovada apesar dos impactos serem publicamente conhecidos e, inclusive, com parecer jurídico contrário à aprovação. As duas únicas pessoas que não votaram a favor foram os vereadores professora Graciele (PT) e Mário (PODE) (que costuma votar com os conservadores, mas nessa ocasião, não votou)”, explicou a professora da Universidade Federal de Mato Grosso em Sinop, e membro do Grupo de Trabalho Políticas de Classe para questões de Gênero, Etnia e Diversidade Sexual (GTPCGEDS) da Adufmat-Seção Sindical do ANDES Sindicato Nacional, Clarianna Silva.

 

 

Mas o cerceamento às mulheres e a outros grupos sociais não se restringe à Lei 3046/22, já apelidada “Lei Conto de Aia”, em referência a uma série norte americana (The Handmaid's Tale, 2017). A docente lembrou que a Casa de Leis sinopense tem um histórico nesse sentido.   

 

No final do ano passado, a Câmara Municipal aprovou a Lei 3006/21, que proíbe a flexibilização do gênero neutro, também tendo como justificativa a defesa da família tradicional brasileira. Silva sustenta que lei também é inconstitucional, e já foi denunciada ao Ministério Público de Cuiabá. “O Ministério Público de Sinop, aparentemente, tem anuência com o comportamento da Câmara Municipal de Sinop. Ele nunca faz nada. Então nós começamos fazer as denúncias em Cuiabá”, afirmou.

 

Houve também ataques à população negra. “No Dia da Consciência Negra, representantes de entidades organizadas em defesa da população negra foram chamados pela vereadora Graciele para serem homenageados e também para discutir igualdade racial. Naquela ocasião, seria debatida uma proposta de lei que visava que a publicidade do município fosse mais diversa, que tivesse uma cota para pessoas negras, cadeirantes, entre outros, porque nas propagandas só aparecem pessoas brancas, mas segundo o IBGE, metade de Sinop é constituída por pessoas que se autodeclaram negras ou pardas, embora a narrativa permaneça de que Sinop é praticamente uma cidade do sul do país. O Movimento Negro se fazia presente, mas empurraram a aprovação da lei para a outra semana, justamente para desmobilizar. Na semana seguinte, tinha poucas pessoas do Movimento Negro e alguns professores apoiando a aprovação da lei, que nada impacta ao município, no que se refere a gastos. Mas chamaram a polícia para meia dúzia de pessoas, porque nós, teoricamente, quebramos o protocolo. Isso é, algumas pessoas verbalizaram indignação pela não aprovação da lei, mas ninguém agrediu ninguém”, contou Clarianna Silva.

 

Em ocasiões similares, citou a docente, representantes do Movimento Conservador foram privilegiados. Na semana que antecedeu o Dia da Consciência Negra, enquanto as mulheres do Movimento Conservador passeavam pelos corredores da Câmara, o presidente do Conselho Estadual da Diversidade Racial, que pretendia solicitar apoio à aprovação da lei de cotas para a publicidade do município, não pode ir aos gabinetes sem prévio agendamento para “cumprir um protocolo” que não foi exigido ao Movimento Conservador.

 

“O movimento conservador quebra o protocolo de Covide-19, pode bater palma, pode gritar, e ninguém chama a polícia para ele. Nós, professores, meia dúzia de pessoas, saímos de lá indignados, porque historicamente vamos à Câmara e nunca tivemos problemas. Foi um gesto simbólico de racismo”, reclamou.

               

Durante o debate sobre a Reforma Administrativa, em agosto do ano passado, a professora Lélica Lacerda foi hostilizada e ameaçada após apresentar um debate sobre decolonialidade. “A despeito da docilidade que se espera da mulher, e a voz dela não tinha essa docilidade, que não é um atributo feminino, embora queiram dizer que é, essa professora fez uma fala absolutamente qualificada sobre colonização, o modelo de colonização que nós ocupamos e como isso reflete nas sociedades contemporâneas, sendo sua linha de pesquisa. Desvirtuaram a fala da professora, ela foi ameaçada, disseram para ela nunca mais pisar em Sinop, inclusive por meio da imprensa local. Foram falas absurdas, violentas, descontextualizando absolutamente a intervenção da professora. O próprio vereador presidente da Câmara quis trazer a questão do racismo reverso, também com base na fala da professora”, contou Silva.

 

Houve também, em maio de 2021, o episódio dos outdoors, que foram derrubados a motosserra porque faziam críticas ao Governo Bolsonaro, expondo a alta de preços, os altos índices de desemprego e a negligencia do Governo Federal com relação à pandemia. “Nesse episódio chamou a atenção o monopólio da mídia, que está nas mãos de particulares que se negam a fazer qualquer coisa que critique o governo. Os outdoors foram vandalizados, destruídos, depredados. Quem assinou os outdoors foi perseguido na cidade de todas as formas possíveis, repreendido, fotografado em ambientes, mapeados por pessoas do Movimento Conservador” afirmou Silva, como que fazendo um pedido de socorro.

 

O mandato da vereadora Graciele não chegou a assinar os outdoors, mas a vereadora sofreu diversos ataques e violências políticas, especialmente com relação aos projetos de lei apresentados, em sua maioria reprovados pelos colegas. Entre as propostas estava a elaboração de um o mapa da violência contra a mulher e a Lei Maria da Penha municipal - que admitia prioridade para mulheres na reinserção no mercado de trabalho e no programa de habitação, considerando que pensar no fim da violência contra a mulher é, também, garantir condições de sustentarem suas casas.

 

Silva contou, ainda, que no início da legislatura atual, o Conselho da Mulher foi coagido a retirar as palavras “transversal” e “equidade de gênero” de todo o seu estatuto para conseguir aprovar outras alterações necessárias à época. A coerção teria sido feita dentro da Câmara, mas as vítimas não denunciaram por medo.  

 

Outro fato preocupante foi a retaliação da Câmara Municipal e da Prefeitura de Sinop à pintura da Greta Thunberg, feita entre setembro e outubro de 2019. “Em Sinop, hoje, é proibido pintar qualquer pessoa sem a aprovação dos homens da Câmara. Esses mesmos que fizeram duas menções honrosas à Bolsonaro. Esses homens, inclusive, dão entrevistas e dizem para quem quiser ouvir que são bolsonaristas, todos os 14, só a mulher que não é. É um posicionamento claro deles”, destacou a professora.

 

Outro ponto foi a polêmica acusação, por parte de alguns vereadores, ao governo da prefeita Rosana Martinelli (2017-2020), porque foi uma gestão de mulheres. Após observações sobre os comentários machistas, os vereadores tentaram dizer que, em suas casas, quem manda são suas esposas, mas não adiantou.

 

Por fim, a professora destacou outro fato histórico relevante: um esforço conjunto para ignorar a presença de indígenas na região. “No museu de Sinop, quando ele era aberto, só havia homens brancos na história de Sinop a partir da colonização. Mesmo existindo trabalhos dizendo que havia indígenas aqui, que as castanhas teriam sido plantadas por indígenas. Quando da escavação da usina, acharam um sítio arqueológico com vários artefatos de cerâmica que sumiram sem nenhuma explicação à população sinopense. O município não quis ficar com esses artefatos porque teria que assumir que aqui, sim, foi terra de povo indígena, e assumir historicamente o que foi que fizeram com esses indígenas. O impacto prático disso seria assumir as contradições do Agro, desse modelo colonialista e parar de negar, reiteradamente, saúde a esses indígenas, alegando que não há indígenas, tentando minar a Casas de Apoio a Saúde Indígena (CASAI) de Sinop. Há sempre dificuldade de encaminhamento dos indígenas na rede municipal por causa disso. Sinop é o único polo da região que tem média e alta complexidade. O que há mesmo é falta de vontade do município em atender a esses indígenas. Mas nós precisamos que Sinop assuma que aqui é terra de povo Kayabi”, finalizou a docente.  

    

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind   

Sexta, 27 Agosto 2021 20:14

A Congregação do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso (ICHS/UFMT) deliberou, na manhã dessa sexta-feira, 27/08, a emissão de uma nota de apoio à docente da universidade atacada após um debate sobre a Reforma Administrativa na Câmara Municipal de Sinop.

Após fazer uma contextualização sobre o processo de colonização da América Latina, do Brasil e de Mato Grosso, a professora Lélica Lacerda passou a ser agredida, perseguida e ameaçada por lideranças políticas locais que descontextualizaram o caráter histórico de sua exposição para desviar o foco do debate (leia mais aqui). A professora da rede municipal do município e vereadora pelo Partido dos Trabalhadores, Graciele Santos, que convocou e presidiu a audiência pública, também foi agredida.

Mais de cem entidades – incluindo outras universidades, além de institutos e departamentos da própria UFMT - e pessoas físicas já se manifestaram em solidariedade às professoras e, nessa sexta-feira, a Congregação do ICHS, órgão deliberativo máximo dentro da unidade, reunindo representantes dos departamentos de Serviços Social, Filosofia, Antropologia e Sociologia e Ciências Política, aprovou a nota que expressa solidariedade à professora Lélica Lacerda e repúdio às tentativas de calar a universidade.

Na nota, a Congregação afirma que a “docente foi convidada a participar daquele evento não por suas opiniões pessoais, mas por ser uma pesquisadora, com formação e titulação acadêmica para tratar de assuntos pertinentes à sua área de atuação profissional. Quando uma docente fala sobre assuntos relacionados ao seu trabalho, está tratando de resultados de suas pesquisas científicas, atividade intrínseca ao Magistério Superior”.

Reunião com o reitor

Na quinta-feira, 26/08, a diretora do ICHS, Marluce Souza e Silva, e o diretor-geral da Associação dos Docentes (Adufmat –Ssind) realizaram uma reunião com o reitor Evandro Soares para falar sobre assunto. A iniciativa de convocar a reunião partiu do ICHS e da Adufmat-Ssind, especialmente após a circulação de uma mensagem convocando coletiva de imprensa em Sinop, com a participação do reitor.

Na reunião, Soares afirmou desconhecer qualquer agenda de coletiva de imprensa e que, pessoalmente, jamais se manifestaria no sentido de cercear a liberdade de fala e expressão de qualquer pessoa. “Antes de ser reitor, eu sou professor, e não tenho dúvida de que o direito à liberdade de fala é fundamental, além de ser previsto na Constituição”, afirmou o reitor, concluindo que os debates fazem parte do universo social e da própria universidade.

O reitor se comprometeu, no entanto, a informar ao sindicato e ao ICHS, caso a direção da UFMT Sinop convoque alguma coletiva de imprensa, para que haja garantia da defesa do contraditório na ocasião.

Um dia antes do encontro com o reitor, na reunião do Conselho Universitário, a diretora do ICHS fez um informe sobre o caso, o que causou a comoção de docentes e técnicos administrativos, que manifestaram apoio às professoras no chat da reunião do Consuni.

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 20 Agosto 2021 15:58

 

Já são mais de cem nomes, entre entidades e pessoas físicas, que se colocaram à disposição para assinar a nota de solidariedade às professoras Lélica Lacerda e Graciele Santos, e repúdio às agressões e perseguições após audiência pública para debater a Reforma Administrativa na Câmara Municipal de Sinop, na última sexta-feira, 13/08.

 

Depois de contextualizar o processo histórico de colonização do Brasil, de Mato Grosso e de Sinop, afirmando que as ocupações não se deram de forma pacífica, mas violenta, exercida em benefício de homens brancos, em sua maioria, a professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Lélica Lacerda, foi verbalmente agredida, ameaçada e perseguida nas redes sociais e programas locais (saiba mais aqui).

 

A intenção da docente foi justamente demonstrar que esse processo histórico de retirada de direitos e desrespeito às diferenças repercute, até os dias de hoje, na adoção de políticas públicas que seguem a mesma lógica, como é o caso da Reforma Administrativa, que pretende enfraquecer ainda mais o Estado, prejudicando o direito social à Educação, Saúde, Assistência Social, Segurança, entre outros.

 

Não é por acaso que os parlamentares e lideranças políticas locais que atacaram as professoras não só defendem a Reforma Administrativa, como são apoiadores do Governo Federal. O grupo, que já atuou em ações de censura e violência às liberdades anteriormente, persegue sistematicamente a vereadora eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Graciele Santos, que solicitou e mediou a audiência pública do dia 13/08.

 

Uma das assinaturas da Nota é da diretora do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFMT, Marluce Sousa e Silva. “Como docente e como cidadã estou convicta de que a professora Lélica não foi ofensiva e tampouco usou o espaço público para difamar pessoas e autoridades daquela cidade. Ela é uma profissional comprometida com o projeto de construção de uma sociedade justa, portanto, não pode se calar diante da realidade brasileira. Realidade feia? Sim, mas é a realidade. Ouvi todo o áudio e constatei que o pronunciamento foi apenas uma excelente e verdadeira aula de história do Brasil. A voracidade dos capitalistas, homens brancos em sua maioria, destruiu e continua destruindo o meio ambiente e os povos originários. Isso é mentira? Não é. Não vejo motivo para se ofenderem com isso. O melhor a ser feito por todos os brasileiros, inclusive pelos sinopenses, é algo para mudar essa realidade e aplaudir a coragem e a garra da professora Lélica, que continuará se pronunciando a favor da saúde do planeta e da justiça social. Ninguém pode calar a voz da verdade. Não adianta ameaçar, pessoas como a Lélica não se calam. E existem milhares de Lélicas pelo mundo. Ainda bem”, declarou a docente, que é diretora do Instituto em que Lacerda está lotada.

 

Também assinou a nota a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS). “Assim que a entidade tomou conhecimento do ocorrido, se colocou prontamente em solidariedade. Sabemos do compromisso intelectual e prático da docente contra as desigualdades e a exploração do trabalho no capitalismo. O debate sobre os impactos que a PEC 32 trará para toda a sociedade deve ser pautado e denunciado, os serviços públicos correm sério risco. O pensamento crítico que ancora o projeto de formação profissional em Serviço Social não pode ser cerceado, nenhuma forma de intimidação, ataques e ameaças devem ser aceitas. A ABEPSS reitera e defende a liberdade como valor ético central e encampa as lutas em defesa da radicalização da democracia”, afirmou o presidente da ABEPSS, Rodrigo Teixeira.

 

A professora Raquel Brito, diretora da Vice-presidência Regional do ANDES - Sindicato Nacional (VPR Pantanal), afirmou que defender as professoras significa defender o direito de todos os docentes de liberdade de Ensino, Pesquisa e Extensão, além de suas liberdades como profissional e de cátedra. “A solidariedade às professoras Lélica e Graciele é uma defesa da democracia e das instituições que vêm sendo atacadas cotidianamente por esse Governo. A professora Graciele chamou uma audiência pública para debater um tema importantíssimo, sobre os impactos da PEC 32 para toda a população. Não é uma mera reforma, não atinge apenas os servidores públicos. A Reforma Administrativa significa um atentado aos serviços públicos em geral e ao acesso aos direitos e à cidadania. A fala pra professora Lélica é fundamentada por seus estudos como professora universitária, por referências e estudos acerca do processo de colonização do Brasil, da América Latina, de Mato Grosso e de Sinop. A professora não pode ser atacada por sua fala em defesa das minorias, por explicitar a formação social do nosso estado. Além disso, algumas das acusações à professora falam de racismo reverso, e nós reiteramos que racismo reverso não existe”, disse Brito.  

 

“A Lélica é uma colega que está sendo ameaçada em sua liberdade de expressão, de manifestação de pensamento crítico, isso por si só já é um motivo para se posicionar. Mas a Lélica também é uma colega coerente com os princípios éticos da profissão, com o projeto ético-político da profissão, tem compromisso com as lutas populares, com as causas democráticas. A nossa profissão defende, se pronuncia, se coloca em apoio às lutas e causa populares, e esse compromisso pressupõe participar dos espaços de debates, dos espaços públicos em que é possível o confronto de opiniões, para desmistificar as políticas de privatização, ou discutir as consequências disso. Se trata da defesa dos direitos, da cidadania, das lutas contra a privatização, contra a entrega do nosso patrimônio público para o capital. Mais do que isso, está em questão a própria sobrevivência da universidade enquanto espaço de formação do pensamento crítico, que possibilita o debate. Está em questão a liberdade de cátedra de qualquer professor que venha se posicionar criticamente em relação a essas políticas de desfinanciamento das políticas sociais, de desregulamentação de direitos, contra as práticas autoritárias, racistas, intolerantes, de opressão. Nós vivemos num estado altamente conservador, em que essas forças autoritárias, reacionárias, que não têm respeito ao pensamento crítico, são indiferente às desigualdades, à miséria, à fome, se sentem muito a vontade para se manifestarem. Essa é a grande questão que nos mobiliza a todos”, afirmou a professora Imar Queiróz, chefe do Departamento de Serviço Social da UFMT, que também produziu uma nota em defesa das docentes.

 

Interessados em assinar a nota coletiva, disponível abaixo, na íntegra, devem entrar em contato com a Adufmat-Ssind em Sinop, por meio do telefone (65) 99686-8668.

 

NOTA DE REPÚDIO

 

Começa a haver um tempo de diálogo e racionalidade para além do pensamento único. Há  esperança em meio a Ignorância. Ignorância daqueles que ignoram sem querer saber. Insensatos. A sabedoria é amiga do pensamento crítico. Por que ignorá-lo?

 

As instituições e organizações da Sociedade Civil signatárias desta nota, repudiam os recentes ataques dirigidos à Vereadora de Sinop, Professora Graciele  Marques dos Santos (PT) e a Professora Dra. Lélica Elis Pereira de Lacerda, professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Apoiamos o pensamento crítico, a autenticidade e a criatividade dessas mulheres. São de coragem e com estatura intelectual e política. Manifestamos apoio ao mandato da Vereadora Professora Graciele Marques dos Santos (PT) e à Professora Dra. Lélica Elis Pereira de Lacerda, professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que foram atacadas nas redes sociais por grupos de pessoas com pouca afeição à democracia e ao contraditório. Tentam impor uma única forma de convivência social, cujas regras são por elas mesmas interpretadas, retroagindo às normas de condutas medievais.

A Professora Graciele Marques dos Santos e a Professora Lélica Elis Pereira de Lacerda, são mulheres com nome e sobrenome, com história, postura e ternura. Solidárias e guerreiras. Defendem as lutas da classe que vive do trabalho e o fazem por princípio da livre manifestação do pensamento, consagrado na Constituição de 1988. Não podem calar essas vozes autênticas carregadas de conteúdo.

Mas, o que provocou este coletivo para produzir uma Nota de Repúdio? Por que escrevê-la a partir de um território tão promissor e ainda tão pobre?

Escrevê-la é necessário para demarcar o conteúdo da Audiência Pública - PEC 32/2020, Reforma Administrativa, proposta e conduzida pelo mandato Vereadora Professora Graciele Marques dos Santos (PT), realizada no dia 13 de agosto de 2020, na Câmara Municipal de Sinop-MT.

Dentre os participantes da audiência, que incluiu parlamentares, representantes de sindicatos, organizações, universidades, coletivos e de movimentos populares, a Professora Dra. Lélica Elis Pereira de Lacerda foi convidada para esta audiência. A sua fala apontou o que incomoda a sociedade patriarcal local. É bom que se diga com ênfase: todas as vezes que parte desse segmento é confrontado diante da sua incapacidade de autocrítica sobre si e sobre o mundo ao seu redor, age com violência, desrespeito e ameaças.

São incapazes de ler a realidade social, diante da própria incapacidade de propor soluções para as graves crises da atualidade. Como consequência cíclica de tal prática, são provocadoras da crise econômica, da crise política, da crise ética, da crise estética, da crise ambiental e da crise sanitária. Incomodados, eles não dialogam, preferem insurgir trazendo à tona o pior da sua primitividade. 

Apontar caminhos e discutir alternativas é papel de uma Audiência Pública, devidamente convocada e com temática aprovada pela Câmara Municipal de Sinop. Discutir a PEC 32/2020 e os desmontes sobre o Estado e as Políticas Públicas é imprescindível.

Repudiamos a forma violenta e pouco democrática de manifestação grupos sociais, inábeis de ler a realidade social. A fala da Professora Dra. Lélica Elis Pereira de Lacerda os deixou nus na sua estupidez. Com resgate histórico e com fundamentos da antropologia social, a professora traçou um panorama sobre a presença do homem no Brasil e sua relação com a natureza. Não há nada ofensivo poder explicar e compreender como essas relações contribuem para melhorar as condições da vida em sociedade.

Quem sabe um bom estudo realizado pelos representantes desses grupos sociais, sobre história social, as contribuições do serviço social e a ontologia do ser social, ajude na direção dos seus mandatos e os tornem sensíveis e solidários.

A democracia que propomos é maior do que a ignorância.

 

Sinop, 16 de agosto de 2021

 

Signatários assinantes:

 

1)      AAMOBEP – Associação dos Amigos e Amigas do Centro de Formação e Pesquisa Olga Benário Prestes

2)      Adriana Edna Ferreira Duarte – Sistema Socioeducativo de Cuiabá/MT

3)      ADUFDOURADOS - Associação dos Docentes da Universidade Federal da Grande Dourados

4)      ADUFMAT –  Universidade Federal de Rondonópolis / UFR

5)      ADUFMAT/Seção Sindical - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso

6)      ADUNEMAT – Associação dos Docentes da UNEMAT

7)      AGGEMT - Associação de Gestores Governamentais do Estado de Mato Grosso

8)      Alternativa Sindical Socialista

9)      ANDES-SN – Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior

10)   André Barros de Araújo – Representante do CRP18/MT Pela Coordenação Executiva  do FEtSUAS/MT

11)   Articulação do Grito dos Excluídos/as de MT

12)   Associação Filhos de São Jorge

13)   Auditoria Cidadã da Dívida – Núcleo Mato Grosso

14)   Autonomia e Luta – Tendência Sindical

15)   Bloco das Mulheres: Tambores de Maria Taquara

16)   Carlos Alberto de Almeida - Presidente do SINDSEP-MT

17)   Central dos Sindicatos Brasileiros – CSB/

18)   Central Única dos Trabalhadores – CUT/MT

19)   Club de Mães do Bairro Jardim Renascer

20)   Coletivo Clóvis Moura - UNICAMPI

21)   Coletivo Colíder Para Elas

22)   Coletivo de Mulheres Camponesas e Urbanas de MT - COMUCAMT

23)   Coletivo de Mulheres do Lemarx – Grupo de Estudos de Angela Davis

24)   Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro – CFCAM-MT

25)   Coletivo Negro Universitário – UFMT Campus Cuiabá

26)   Conselho Regional de Serviço Social 20ª Região

27)   Cristiane Lopes da Silva – Assistente Social CRAS Osmar Cabral, Prefeitura Municipal de Cuiabá

28)   Dep. Est. Lúdio Cabral

29)   Dep. Est. Valdir Barranco

30)   Dep. Fed. Rosa Neide

31)   Dep. Fed. Valtenir Pereira

32)   Deva Neves - Vice-presidente do Partido dos Trabalhadores de Sinop

33)   Diretório Central dos Estudantes – DCE/UFMT Cuiabá

34)   Domingos Sávio - Presidente da Associação dos Docentes da UNEMAT (ADUNEMAT)

35)   Edson Marques dos Santos

36)   Ellen Mariane Alves Coleraus – Assistente Social – trabalhadora do SUAS e mestranda em Política Social UFMT

37)   Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso - FEPOIMT

38)   Fernanda dos Santos da Costa – CRAS – Sorocaba/SP

39)   Fórum de Direitos Humanos e da Terra – FDHT/MT

40)   Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso

41)   Fórum Estadual de Trabalhadoras e Trabalhadores do SUAS do Mato Grosso

42)   Fórum Popular em Defesa do Sistema Único de Saúde – SUS/MT

43)   Frente Popular Pela Vida: Em Defesa do Serviço Público e de Solidariedade no Contexto de Enfrentamento a Pandemia do COVID-19

44)   Gerdine Ferreira de Oliveira Sanson - Diretora Geral Adjunta da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (ADUFMAT)

45)   Grupo de Pesquisa Ética e Direitos Humanos: princípios norteadores para exercício profissional do Serviço Social

46)   Heitor Gonçalves Gomes (Ahgave) - Comunicador e Integrante do Núcleo de Comunicação da ADUFMAT -SSIND

47)   Henrique Lopes – Diretor-Presidente do CUT - MT

48)   Hugo Vinicius Barcelos Massotti – Presidente do DCE Unemat -Sinop

49)   Imune – Instituto de Mulheres Negras do Estado de Mato Grosso

50)   Instituto de Negras e Negros pela Igualdade UNEGRO PANTANAL/ MT

51)   Intersindical - MT

52)   Jelder Pompeo de Cerqueira – Coordenador Sinasefe MT, Técnico em assuntos Educacionais no IFMT

53)   Jennifer Josiane Nesnik Jeronymo – Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania

54)   José Domingues de Godói Filho – UFMT/FAGEO

55)   Josi Crispim – Conselheira Municipal de Política Cultural – Cuiabá-MT

56)   Jucélia dos Anjos Ferreira, Assistente Social, em afastamento não remunerado para estudos. Servidora Efetiva da Secretaria Municipal de Saúde de Poxoréu/MT

57)   Juliana Garcia de Brito de Lima e Silva – CRAS - Sorocaba/SP

58)   Júnior César Gomes Guimarães – Mestrando em Política Social UFMT

59)   Liberio Uiagumeareu – Indígena Boe/Bororo, Residente da Clínica de Direitos Humanos do Amazonas da UFPA e Membro da Clínica e Observatório Justiça Criminal e Povos Indígenas da APIB

60)   Lisanil Patrocínio Pereira – Professora da Unemat e líder de pesquisa LEAL (Laboratório de Estudos e pesquisas da Diversidade da Amazônia Legal)

61)   Lívia Papile Galhardi – CRESS 62208/SP

62)   Lorena Barbosa Souza e Silva - Estudante de Comunicação Publicidade e Propaganda, integrante do Núcleo de Comunicação da ADUFMAT -SSIND

63)   Luana Soutos – Jornalista e socióloga, integrante do Núcleo de Comunicação da ADUFMAT -SSIND

64)   Madeliz Saldanha

65)   Mandato Ilma Viana – Vereadora Camila Valadão PSOL/ES

66)   Maria das Graças de Mello Carvalho – CREAS de Almirante Tamandaré/PR

67)   Maria Luiza Troian – Vice-Presidente SINPROTEC

68)   Maria Oseia Bier – Coordenadora do SINASEFE, Professora de Filosofia do IFMT

69)   Mateus de Souza Santos – Técnico Legislativo da Assembléia Legislativa de Mato Grosso

70)   Michelle Fransoyze Campos Souza – Pesquisadora do Gepproc

71)   Milton Mauad – Membro do SINPROTEC

72)   Movimento Bem Viver Araguaia

73)   Movimento Correnteza

74)   Movimento de Mulheres Olga Benário

75)   Movimento LGBTQI de Mato Grosso

76)   Movimento Popular Nós do Renascer

77)   Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra de Mato Grosso

78)   Mulheres Pela Vida

79)   Mulheres Resistem

80)   Núcleo Bem Viver Araguaia – PSOL BG/MT

81)   Núcleo de Estudos Ambientais, Saúde e Trabalho (NEAST/ISC) Campus de Cuiabá

82)   Partido dos Trabalhadores PT DM Colíder/MT

83)   Priscila Ferrari – psicóloga do IFMT – Coordenadora de Administração e Finanças do SINASEFE – MT

84)   Prof. Dra. Irenilda Angela dos Santos

85)   Prof. José Jaconias da Silva – Departamento de Administração da UFMT Campus de Cuiabá

86)   Prof. Paulo Alberto – UNEMAT Campus Sinop

87)   Raquel de Brito Sousa - Primeira Vice-Presidente Regional Pantanal ANDES-SN

88)   Roberto Alves de Arruda - Membro do Conselho Municipal de Educação - Professor da UNEMAT

89)   Rusga Libertária

90)   Sérvulo Del Castilo Raiol Neuberger - Radialista e militante da Intersindical, integrante do Núcleo de Comunicação da ADUFMAT -SSIND

91)   Setorial Ecossocialista do PSOL- MT

92)   SINASEFE/ MT - Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica – Seção Sindical Mato Grosso

93)   SINASEFE/MS – Sindicato dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissionais e Tecnológica em Mato Grosso do Sul

94)   SINASEFE/SP – Sindicato Nacional dos servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica  - Seção Sindical São Paulo

95)   Sindicato dos Profissionais da Área Instrumental do Governo – SINPAIG/MT

96)   Sindicato dos Servidores do Departamento Estadual de Trânsito do Estado de Mato Grosso – Sinetran/MT

97)   Sindicato dos Servidores Públicos Estaduais da Carreira de Desenvolvimento Econômico e Social – SINDES/MT

98)   Sindicato dos Técnicos da Educação Superior da UNEMAT - SINTESMAT

99)   Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso – SINTEP/MT

100)                      SINTECT/MT - Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Serviços Postais

101)                      Tamires Maia Araújo – estudante da Pós-Graduação em Política Social na UFMT

102)                      Thayssa Silva Almeida – Assistente Social Unidade de Pronto Atendimento /Primavera do Leste

103)                      Thiélide Veronica da Silva Pavanelli Troian - Presidente da Subseção da Associação dos Docentes da UNEMAT (ADUNEMAT)

104)                      UNAFRO – União de Negros e Afros de Sinop SINASEFE/ MT SINASEFE/ MT SINASEFE/ MT

105)                      União Brasileira dos Estudantes Secundaristas – UBES/MT

106)                      União da Juventude Comunista

107)                      União da Juventude Rebelião

108)                      União da Juventude Socialista UJS/MT

109)                      União Estadual dos Estudantes do Estado de Mato Grosso – UEE/MT

110)                      União Nacional dos Estudantes MT/MS

111)                      Unidade Classista – MT

112)                      Unidade Popular pelo Socialismo

113)                      Valdeir Pereira - Presidente do SINTEP-MT

114)                      Vanessa Fernandes da Silva - Presidente do SINTESMAT

115)                      Vera Lúcia Martins Pereira CREAS Centro - Cuiabá

116)                      Vereadora Edna Sampaio

117)                      Yasmim Nascimento Tonelli – Residência Multiprofissional PRIMSCAV – Cuiabá/MT

 

 

  

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

 

Quinta, 19 Agosto 2021 16:57

Dizer que o processo de colonização foi marcado por destruição e desigualdades de classe, raça e gênero, utilizando-se de diversas formas de violência, é uma ofensa?

O episódio ocorrido em Sinop nos últimos dias demonstrou, mais uma vez, que a história do Brasil e do mundo, contada historicamente pelas elites, não é só mentirosa. É, sobretudo, estratégica para a manutenção de uma lógica de exploração, baseada nas diferenças - que deveriam, ao contrário, representar as verdadeiras riquezas da humanidade.

Os mais de 300 anos de capitalismo - isto é, de ganância e crueldade - nos trouxeram para onde? Para um mundo onde milhares de pessoas passam fome; onde a natureza pede socorro; onde pessoas morrem e matam umas as outras para obter poder; onde para muitos, já adoecidos, não faz mais sentido viver. A ciência comprova isso, e esse é motivo pelo qual ela ainda incomoda tanto.

Por isso, nessa sexta-feira, 20/08, às 19h, o De Papo com Almerinda vai abordar o tema "Ciência não é Ofensa", novamente com a participação do professor do Departamento de Psicologia da UFMT, Maelison Neves e a administradora e técnica do IFSP Guery Baute.

Não perca, a partir das 19h, nos canais oficiais da Adufmat-Ssind do Facebook e do Youtube.

Link direto para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=R1offQiLhiA 

Terça, 17 Agosto 2021 18:35

 

A violência na formação político-econômica do Brasil é um histórico difícil de superar. Escravizar pessoas, expulsar indígenas de suas terras, matar por poder e dinheiro, tudo o que parece parte de um passado distante da nossa história, vez ou outra, ressurge como uma onda de ressaca.

 

Entre o final da semana passada e o início desta, aconteceu mais uma vez. De novo, em Sinop (479,4 km ao norte de Cuiabá). Não bastasse a recente censura aos outdoors críticos ao Governo Bolsonaro (leia mais aqui), e a perseguição deliberada à delegada que debateu violência contra as mulheres em abril desse ano (saiba mais aqui), a sede do gabinete do ódio no município do centro norte mato-grossense voltou a agir na última sexta-feira, 13/08. Talvez o mais grave seja que o local, tanto do primeiro ataque quanto dos seguintes, tenha sido um órgão público que deveria zelar pelo decoro e pela democracia: a Câmara Municipal de Sinop.

 

O suposto problema dos bolsonaristas - negacionistas, por padrão - foi ouvir da professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Lélica Elis Lacerda, que a história da colonização de Sinop - assim como a brasileira, no geral – não é o jardim florido que gostam de reafirmar. A riqueza capitalista, que inclui o Agronegócio foi forjada na violência e na exploração dos povos originários e escravizados – majoritariamente por homens brancos -, e é ainda hoje produtora de violência, morte e desigualdades no campo e na cidade. Nenhuma novidade.

 

Não são poucas as produções científicas que demonstram isso. José de Souza Martins, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Octávio Ianni, são algumas referências internacionais sobre o assunto. A própria UFMT, inclusive, tem o professor Wanderlei Pignati como uma grande referência internacional, e núcleos de estudos inteiros, em diversas áreas, produzindo vasto conteúdo com dados, relatos e informações diversas que comprovam os fatos citados pela docente durante o debate na Câmara de Sinop (assista aqui a íntegra da contribuição da professora Lélica Elis Lacerda ao debate a partir do minuto 50 do vídeo).

 

No entanto, descontextualizando a intervenção da docente e desviando o foco da audiência pública sobre a Reforma Administrativa (PEC 32), que o Congresso Nacional pretende aprovar ainda esse mês, vereadores conservadores e seus apoiadores iniciaram uma série de ataques não só à figura feminina da docente, à democracia e à ciência – como já é de costume -, mas também à estabilidade da servidora pública, não por acaso uma das críticas fundamentais à Reforma Administrativa, que estava sendo debatida na ocasião.

 

Além das manifestações desrespeitosas e, muitas vezes, indecorosas de parlamentares e figuras políticas locais – algumas, inclusive, com histórico nada decoroso no que diz respeito ao patrimônio público – entidades, como o Sindicato Rural de Sinop, que se reivindica representante de empresários e trabalhadores do mesmo setor, emitiu uma nota afirmando que Lacerda “não se ateve ao assunto e se utilizou da palavra para discorrer ofensas morais, regionais e desmerecimento dos pioneiros e produtores rurais e população de Sinop”, que sua intervenção foi “imoral, discriminatória, fomentando a separação de classes e raças”, e que, por isso, a Câmara deveria adotar “medidas enérgicas e eficientes” contra a professora, além de obrigar uma retratação por parte da vereadora e também professora Graciele Santos – proponente do debate e vítima constante do grupo, por ser mulher e eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

 

Num áudio disseminado pelas mídias sociais, sem identificação, um homem defende que as pessoas se mobilizem “democraticamente”, em Sinop, pela exoneração de Lacerda e cassação do mandato da vereadora Graciele. O crime cometido, além de calúnia e difamação, incluiria racismo inverso. Como não existe racismo inverso e todas as demais afirmações feitas no debate são científicas, a Assessoria Jurídica da Adufmat-Ssind assegura que o ocorrido não deve passar de mais um show de pirotecnia, desses que o Governo Federal e seus aliados gostam de promover.   

       

O que fica, no entanto, é a prova da necessidade de barrar a Reforma Administrativa, como conclui a professora Lélica Lacerda. “A cadeira que eu ocupo na universidade não é do Agro. Eu falo aquilo que a ciência quer dizer, e não o que o Agro quer dizer”, afirma a docente.

 

Entidades e pessoas solidárias estão construindo uma nota de apoio às professoras Lélica Lacerda e Graciele Santos (disponível abaixo). Interessados em assinar devem entrar em contato com a Adufmat-Ssind em Sinop, por meio do telefone (65) 99686-8668.

 

NOTA DE REPÚDIO

 

Começa a haver um tempo de diálogo e racionalidade para além do pensamento único. Há  esperança em meio a Ignorância. Ignorância daqueles que ignoram sem querer saber. Insensatos. A sabedoria é amiga do pensamento crítico. Por que ignorá-lo?

 

As instituições e organizações da Sociedade Civil signatárias desta nota, repudiam os recentes ataques dirigidos à Vereadora de Sinop, Professora Graciele  Marques dos Santos (PT) e a Professora Dra. Lélica Elis Pereira de Lacerda, professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Apoiamos o pensamento crítico, a autenticidade e a criatividade dessas mulheres. São de coragem e com estatura intelectual e política. Manifestamos apoio ao mandato da Vereadora Professora Graciele Marques dos Santos (PT) e à Professora Dra. Lélica Elis Pereira de Lacerda, professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que foram atacadas nas redes sociais por grupos de pessoas com pouca afeição à democracia e ao contraditório. Tentam impor uma única forma de convivência social, cujas regras são por elas mesmas interpretadas, retroagindo às normas de condutas medievais.

A Professora Graciele Marques dos Santos e a Professora Lélica Elis Pereira de Lacerda, são mulheres com nome e sobrenome, com história, postura e ternura. Solidárias e guerreiras. Defendem as lutas da classe que vive do trabalho e o fazem por princípio da livre manifestação do pensamento, consagrado na Constituição de 1988. Não podem calar essas vozes autênticas carregadas de conteúdo.

Mas, o que provocou este coletivo para produzir uma Nota de Repúdio? Por que escrevê-la a partir de um território tão promissor e ainda tão pobre?

Escrevê-la é necessário para demarcar o conteúdo da Audiência Pública - PEC 32/2020, Reforma Administrativa, proposta e conduzida pelo mandato Vereadora Professora Graciele Marques dos Santos (PT), realizada no dia 13 de agosto de 2020, na Câmara Municipal de Sinop-MT.

Dentre os participantes da audiência, que incluiu parlamentares, representantes de sindicatos, organizações, universidades, coletivos e de movimentos populares, a Professora Dra. Lélica Elis Pereira de Lacerda foi convidada para esta audiência. A sua fala apontou o que incomoda a sociedade patriarcal local. É bom que se diga com ênfase: todas as vezes que parte desse segmento é confrontado diante da sua incapacidade de autocrítica sobre si e sobre o mundo ao seu redor, age com violência, desrespeito e ameaças.

São incapazes de ler a realidade social, diante da própria incapacidade de propor soluções para as graves crises da atualidade. Como consequência cíclica de tal prática, são provocadoras da crise econômica, da crise política, da crise ética, da crise estética, da crise ambiental e da crise sanitária. Incomodados, eles não dialogam, preferem insurgir trazendo à tona o pior da sua primitividade. 

Apontar caminhos e discutir alternativas é papel de uma Audiência Pública, devidamente convocada e com temática aprovada pela Câmara Municipal de Sinop. Discutir a PEC 32/2020 e os desmontes sobre o Estado e as Políticas Públicas é imprescindível.

Repudiamos a forma violenta e pouco democrática de manifestação grupos sociais, inábeis de ler a realidade social. A fala da Professora Dra. Lélica Elis Pereira de Lacerda os deixou nus na sua estupidez. Com resgate histórico e com fundamentos da antropologia social, a professora traçou um panorama sobre a presença do homem no Brasil e sua relação com a natureza. Não há nada ofensivo poder explicar e compreender como essas relações contribuem para melhorar as condições da vida em sociedade.

Quem sabe um bom estudo realizado pelos representantes desses grupos sociais, sobre história social, as contribuições do serviço social e a ontologia do ser social, ajude na direção dos seus mandatos e os tornem sensíveis e solidários.

A democracia que propomos é maior do que a ignorância.

 

Sinop, 16 de agosto de 2021

 

Signatários assinantes:

 

1)      AAMOBEP – Associação dos Amigos e Amigas do Centro de Formação e Pesquisa Olga Benário Prestes

2)      ADUFDOURADOS - Associação dos Docentes da Universidade Federal da Grande Dourados

3)      ADUFMAT/Seção Sindical - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso

4)      ADUFMAT –  Universidade Federal de Rondonópolis / UFR

5)      ADUNEMAT – Associação dos Docentes da UNEMAT

6)      Adriana Edna Ferreira Duarte – Sistema Socioeducativo de Cuiabá/MT

7)      AGGEMT - Associação de Gestores Governamentais do Estado de Mato Grosso

8)      ANDES-SN – Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior

9)      Auditoria Cidadã da Dívida – Núcleo Mato Grosso

10)   Autonomia e Luta – Tendência Sindical

11)   Bloco das Mulheres: Tambores de Maria Taquara

12)   Carlos Alberto de Almeida - Presidente do SINDSEP-MT

13)   Club de Mães do Bairro Jardim Renascer

14)   Coletivo Colíder Para Elas

15)   Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro – CFCAM-MT

16)   Coletivo de Mulheres Camponesas e Urbanas de MT - COMUCAMT

17)   Coletivo de Mulheres do Lemarx – Grupo de Estudos de Angela Davis

18)   Coletivo Negro Universitário – UFMT Campus Cuiabá

19)   Dep. Est. Lúdio Cabral

20)   Dep. Est. Valdir Barranco

21)   Dep. Fed. Valtenir Pereira

22)   Dep. Fed. Rosa Neide

23)   Deva Neves - Vice-presidente do Partido dos Trabalhadores de Sinop

24)   Diretório Central dos Estudantes – DCE/UFMT Cuiabá

25)   Domingos Sávio - Presidente da Associação dos Docentes da UNEMAT (ADUNEMAT)

26)   Fernanda dos Santos da Costa – CRAS – Sorocaba/SP

27)   Frente Popular Pela Vida: Em Defesa do Serviço Público e de Solidariedade no Contexto de Enfrentamento a Pandemia do COVID-19

28)   Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso

29)   Gerdine Ferreira de Oliveira Sanson - Diretora Geral Adjunta da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (ADUFMAT)

30)   Henrique Lopes – Diretor-Presidente do CUT - MT

31)   Hugo Vinicius Barcelos Massotti – Presidente do DCE Unemat -Sinop

32)   Intersindical  - MT

33)   Jelder Pompeo de Cerqueira – Coordenador Sinasefe MT, Técnico em assuntos Educacionais no IFMT

34)   Jennifer Josiane Nesnik Jeronymo – Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania

35)   José Domingues de Godói Filho – UFMT/FAGEO

36)   Josi Crispim – Conselheira Municipal de Política Cultural – Cuiabá-MT

37)   Juliana Garcia de Brito de Lima e Silva – CRAS - Sorocaba/SP

38)   Lisanil Patrocínio Pereira – Professora da Unemat e líder de pesquisa LEAL (Laboratório de Estudos e pesquisas da Diversidade da Amazônia Legal)

39)   Lívia Papile Galhardi – CRESS 62208/SP

40)   Maria Luiza Troian – Vice-Presidente SINPROTEC

41)   Maria Oseia Bier – Coordenadora do SINASEFE, Professora de Filosofia do IFMT

42)   Mateus de Souza Santos – Técnico Legislativo da Assembléia Legislativa de Mato Grosso

43)   Milton Mauad – Membro do SINPROTEC

44)   Movimento Correnteza

45)   Movimento de Mulheres Olga Benário

46)   Movimento Popular Nós do Renascer

47)   Mulheres Pela Vida

48)   Mulheres Resistem

49)   Núcleo de Estudos Ambientais, Saúde e Trabalho (NEAST/ISC) Campus de Cuiabá

50)   Priscila Ferrari – psicóloga do IFMT – Coordenadora de Administração e Finanças do SINASEFE – MT

51)   Prof. Dra. Irenilda Angela dos Santos

52)   Prof. José Jaconias da Silva – Departamento de Administração da UFMT Campus de Cuiabá

53)   Prof. Paulo Alberto – UNEMAT Campus Sinop

54)   Raquel de Brito Sousa - Primeira Vice-Presidente Regional Pantanal ANDES-SN

55)   Roberto Alves de Arruda - Membro do Conselho Municipal de Educação - Professor da UNEMAT

56)   Rusga Libertária

57)   Setorial Ecossocialista do PSOL- MT

58)   SINASEFE/ MT - Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica – Seção Sindical Mato Grosso

59)   SINASEFE/MS – Sindicato dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissionais e Tecnológica em Mato Grosso do Sul

60)   Sindicato dos Servidores do Departamento Estadual de Trânsito do Estado de Mato Grosso – Sinetran/MT

61)   Sindicato dos Técnicos da Educação Superior da UNEMAT - SINTESMAT

62)   SINTECT/MT - Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Serviços Postais 

63)   Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso – SINTEP/MT

64)   Thiélide Veronica da Silva Pavanelli Troian - Presidente da Subseção da Associação dos Docentes da UNEMAT (ADUNEMAT)

65)   União Estadual dos Estudantes do Estado de Mato Grosso – UEE/MT

66)   União da Juventude Comunista

67)   União da Juventude Rebelião

68)   União da Juventude Socialista UJS/MT

69)   União Nacional dos Estudantes Bianca Bezerra Vice-Presidente Regional MT/MS

70)   Unidade Classista – MT

71)   Unidade Popular pelo Socialismo

72)   Valdeir Pereira - Presidente do SINTEP-MT

73)   Vanessa Fernandes da Silva - Presidente do SINTESMAT

74)   Vereadora Edna Sampaio

75)   Yasmim Nascimento Tonelli – Residência Multiprofissional PRIMSCAV – Cuiabá/MT                                                      

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 28 Maio 2021 18:16

 

 

Após ameaças de donos de terreno e anunciantes, a empresa contratada pelas entidades apagou os painéis com críticas ao Presidente​​​​​

Menos de 24 horas após o início de uma grande campanha de outdoor na cidade de Sinop (MT), as 10 placas contratadas por sindicatos e entidades da educação começaram a ser removidas antes mesmo de finalizar todas as fixações. A campanha, que faz parte de uma ação nacional pelo fim do governo Bolsonaro, enfatizava os altos preços de alimentos e combustível, bem como as mais de 450 mil mortes por covid-19 no Brasil. 

Segundo as entidades responsáveis pela campanha, a empresa recebeu inúmeros telefonemas e ameaças por parte dos empresários e sojicultores, donos dos terrenos locados pela empresa onde são fixados os outdoors.

De acordo com secretária geral da Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Mato Grosso (Adunemat – Seção Sindical do ANDES-SN), Thiélide Pavanelli, um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro começou a atacar a empresa e um carro perseguiu os funcionários que fariam a instalação das duas últimas placas. A empresa comunicou que não seria possível seguir com a campanha e cogitou a possibilidade de danos, caso não houvesse a remoção imediata do material.  

Em nota apócrifa, apoiadores de Bolsonaro expuseram os dados da empresa de mídia que veiculou os outdoors e convocaram os cidadãos a se manifestarem em tom de ameaça. “Em Sinop petista e esquerdista não vai se criar, serão sempre escorraçados para bem longe”, diz trecho da nota. 

Thiélide avalia que trata-se de um caso nítido de censura por parte dos empresários da região, que usam de suas estruturas e do capital para desmontar qualquer possibilidade de crítica ao governo Bolsonaro. “O material não faz uso de qualquer conteúdo discriminatório ou de baixo calão”, reforçou a professora.

As entidades responsáveis pela campanha, entre elas as seções sindicais do ANDES-SN na Unemat (Adunemat SSind.) e na Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat SSind.) e a Regional Pantanal do ANDES-SN, afirmaram, em nota, que Sinop “é conhecida por episódios de extremismo político em torno de pautas ultraconservadoras e contra causas sociais e ambientais, mas isso é censura!”

“A campanha é fundamental por alertar a população sobre os posicionamentos criminosos e abusivos do governo, com a dilapidação dos direitos sociais, o desastre econômico, aumento de preços, a catastrófica falta de gestão durante a pandemia que vitimou quase 500 mil brasileiros”, acrescentam as entidades.

Ainda conforme a secretária geral da Adunemat SSind., as seções sindicais do ANDES-SN já se reuniram com seus departamentos jurídicos e irão denunciar o caso. “Vamos registrar BO [boletim de ocorrência], fazer denúncia ao Ministério Público e acionar a OEA [Organização dos Estados Americanos], de maneira a dar visibilidade internacional também, pois esse tipo de censura já aconteceu outras vezes em Sinop”, explicou a docente.

Fonte: ANDES-SN (imagens da Adunemat SSind./ Divulgação)

Sexta, 28 Maio 2021 17:46

 

A elite sinopense é a cara escrachada do poder colonial que usa da força para subjugar povos inteiros a interesses de uma meia de dúzia de famílias brancas e ricas que se sentem donas do mundo!

Tanto assim que nem disfarçam! Deram por nome da cidade uma sigla que não omite sua lógica colonial: Sociedade Imobiliária do Norte do Paraná. Um produto da truculência do Estado brasileiro contra os povos originários durante as marchas para o Oeste. E a cada violência que foi naturalizada gerou-se novos Hitlers.

Por onde a elite do Agro leva seus tentáculos, leva consigo degradação ambiental, trabalhos precários, corrupção, violência e autoritarismo, confundindo liberdade com permissividade para oprimir. Por isso, são a base do atual governo que os representa fielmente.

Os outdoors publicados contra as políticas do Governo Federal, que não salvou nem vidas nem a Economia, é também a crítica ao próprio projeto do Agronegócio. Acostumados a impor seus interesses pela força e por se considerarem donos de terras que invadiram, sentiram-se no direito de apagar a crítica que expressa a opinião de ao menos 59% dos brasileiros que avaliam como péssimo este governo. Calaram a liberdade de expressão por darem-se liberdade de opressão.

Parece que nada aprendem sobre o uso da força! Marielle foi morta e virou semente. O outdoor foi apagado, mas o que já havia reverberado nas redes sociais ganhou ainda mais impulso. E amanhã será maior, pois a resposta será nas ruas.

A Adufmat - Ssind manifesta seu repúdio ao autoritarismo bolsonarista por meio desta nota, das lutas de rua e na forma da lei. Não pouparemos esforços na defesa da democracia.

Diretoria da Adufmat-Ssind
Mato Grosso, 28 de maio de 2021