Sexta, 18 Março 2016 11:15

 

 

JUACY DA SILVA

 
Durante o MENSALÃO, todo mundo sabia que a “compra’ de parlamentares por parte de  um grande esquema visava ajudar o então governo Lula, apesar de que a chefia do esquema acabou sendo colocada no colo do então chefe da casa civil e todo poderoso ministro José Dirceu, o presidente acabou ficando de fora das investigações. Ele não sabia de nada!


Com o estouro do PETROLÃO, o maior esquema  de roubalheira de que se tem notícia no Brasil até  esta data, com suas ramificações para o meio empresarial e politico, muitos dos presos  acabaram aceitando fazer  delação  premiada, para livrar a pele e pegar uma pena mais branda, volta  meia esses delatores  confessaram que repassavam dinheiro desviado da Petrobras, na forma de propina ou caixa dois para vários partidos e políticos do PT, PMDB, PP, PTB e outros mais que sempre fizeram parte da “base” de sustentação política e parlamentar do Governo Dilma.


Desde  então as investigações dessas denúncias feitas por delações premiadas tem chegado cada vez mais perto do Palácio do Planalto, de Dilma e de Lula. Vários dos empresários e políticos que  estão presos acusados e sendo investigados por corrupção estão dizendo de forma clara que Lula não apenas sabia como teria se  beneficiado desses esquemas.


Essas  acusações  rondam  em torno do Triplex  do Guarujá, do Sítio de Atibaia e também de outros favores e regalias que empresários teriam obsequiado o ex-Presidente   e seus familiares. Coube ao Ministério Público de SP  iniciar as investigações sobre a corrupção que levou o Bancoop  a liquidação e se o tal triplex  que uma das empreiteiras reformou  e, por coincidência Lula e seus familiares estiveram dando algum pitaco na  reforma luxuosa.


De forma semelhante também a reforma do sítio que custou uma boa  grana, mesmo não sendo de propriedade de Lula como ele sempre faz  questão de dizer,  foi o  local escolhido para que o mesmo enviasse  vários de seus pertences quando deixou a Presidência, a outra parte foi armazenado em um galpão pago pelo sindicato dos bancários. Foi também no sítio de Atibaia que um barco adquirido pela ex-primeira dama foi entregue, além dos famosos pedalinhos.


Coube ao Senador Delcídio Amaral, do PT de MS, que   até sua prisão era nada menos do que o LIDER DO GOVERNO DILMA NO SENADO, preso durante 85  dias, acusado de tentativa  de obstrução da operação lava jato, abrir o bico e também  em uma delação  premiada, cujo teor acabou vazando e publicado pela Revista Isto É.  Em  sua delação premiada, aceita pelo Ministro do STF, Teori Zavaski, na última terça feira, Delcídio acusa Lula, Dilma, o Ministro da Educação Aloizio Mercadante, a ex-ministra chefe da casa civil e  outros senadores, inclusive Aécio Neves, de terem conhecimento do esquema de dilapidação da Petrobrás  e de forma direta ou indireta terem se beneficiado do referido  esquema.


Através de uma ação junto ao Conselho Nacional do Ministério Lula conseguiu uma liminar, depois derrubada pelo pleno do referido  Conselho, no sentido de trancar as investigações  do MP  de São Paulo.


De forma semelhante Lula tentou e continua tentando de forma desesperada desqualificar tanto a Polícia Federal, o Ministério  Público, a  Força Terefa da Operação Lava Jato e o próprio Juiz Sérgio Moro, tanto em seus pronunciamentos quanto através de questionamento sobre a referida operação junto ao STF, tudo isto demonstrando que não  está disposto a colaborar com a Justiça e com as investigações para que a verdade possa vir a tona.


O desespero de Lula, do PT, do Governo Dilma e dela própria com os rumos da operação lava jato chegou ao seu ápice com a condução  coercitiva pela Policia Federal na semana passada para prestar um longo depoimento policial, além de ter tido sua residência, o triplex, o sítio em Atibaia, os Galpões  onde guarda parte de seus pertences, inclusive um apartamento que ha 13 anos está sendo ocupado pelo mesmo, sendo que durante alguns anos quem pagou o aluguel  foi o PT,  depois a presidência da República e ultimamente o próprio Lula.  O mandato de busca e apreensão e as investigações, inclusive as  da operação zelotes envolvem alguns  de seus familiares.


Com o  fim  do mandato Lula deixou  de ter foro privilegiado, ou seja, até então só  o STF poderia receber denuncias e autorizar investigações sobre Lula e qualquer pessoa  que tenha este privilégio. Diante disso, Lula voltou a ser um cidadão como outro qualquer  e deverá ser investigado por essas acusações pela Justiça Federal, vale dizer, OPERAÇÃO LAVA JATO.


Para tentar burlar essa possibilidade o PT e o Governo Dilma resolveram nomear Lula como ministro Chefe da Casa Civil, mesmo cargo que foi ocupado por José Dirceu até que estourou o MENSALÃO  e também  Ereni Guerra e a Senadora Gleici Hofman, do PT/PR, cujas  estórias de envolvimento com corrupção são bem conhecidas, para que assim possa escapar das investigações da  LAVA JATO conduzida pelo Juiz Sérgio Moro. Concretizada tal manobra no tapetão a mesma  é mais uma vergonha para Lula, para o PT e para  o Governo Dilma.  Além disso seria a demonstração de que Lula é realmente quem manda no Governo Dilma, um superministro e nesta condição, além de escapar  das  garras da justiça poderia iniciar sua campanha para retornar a Presidência da República, usando os mesmos esquemas corruptos que tanto proliferaram em seu Governo.


Dilma, a partir de agora  passa  a ser figura meramente decorativa, pois quem vai mandar e desmandar no governo, no PT e demais partidos aliados será  o mesmo. O Brasil não merece ser governado por políticos deste quilate!


Em tempo, a posse de Lula que, inicialmente estava prevista para a próxima  terça feira, foi, por quais razões não se sabe, antecipada para esta quinta feira, dia 17 março. Entre o anúncio de que Lula seria ministro chefe da casa civil e a posse do mesmo, ocorreram manifestações e protestos em todas as capitais e inúmeras cidades do pais.


Após  a posse de Lula, o Juiz Federal de Brasília, Catta Preta, concedeu liminar suspendendo tanto a posse e caso a mesma já tivesse ocorrido, como de fato ocorreu, seus efeitos deveriam ser suspensos e nulos, ou seja, mesmo empossado Lula não é ministro até que as  demais instâncias  da justiça possam se manifestar.


Outro fato para agravar mais ainda a crise, em  um dos áudios divulgados após  o sigilo das investigações da 24a. fase da Lava Jata, com o fim do sigilo das investigações determinado pelo Juiz Sérgio Moro,  pode-se constatar ofensas e formas desrespeitosas do ex-presidente em relação a várias autoridades do Ministério Público e também do poder judiciário e diálogos que indicam tentativa de tráfico de influência junto a ministros do STF, utilizando-se da figura da presidente Dilma para tentar  influenciar ou mudar decisões de ministros da Suprema Corte, no caso específico da ministra Rosa Weber.


Tudo isso, contribui para que Lula se acabar sendo ministro  vai causar mais problemas para si mesmo e para o Governo Dilma, do que ajudar a debelar uma crise que a  cada dia se torna mais grave e complexa.


JUACY  DA SILVA,  professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta.

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Sexta, 18 Março 2016 11:05

 

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Hoje, falarei de protesto. Todavia, não do ocorrido no final de semana, quando uma multidão “nunca antes vista na história deste país” foi às ruas para apoiar a operação Lava-Jato, pedir oimpeachment de Dilma, gritar “Fora Lula/PT” etc. Falarei do protesto adulto de Taylan Maia, um menino de apenas nove anos, nascido em Peritoró/MA.

 

O protesto do garoto veio a público inicialmente por imagens de celular. Depois, foi parar nas telas do “Bom dia Brasil” da Rede Globo, de 11/03/16.

 

No vídeo original, Taylan – de marcante personalidade, e com a devida consciência da miserável condição de sua escola – faz um desabafo, apontando para duas questões: uma objetiva e outra subjetiva.

 

Do viés concreto, diz que em sua escola falta tudo: “filtro para água potável, banheiro, lugar para guardar os livros”, mas, antes de tudo, “falta uma boa escola”; ou seja, a seu modo, ele ainda está falando das condições materiais da escola. Ele está se referindo às condições do casebre onde estuda.

 

O casebre é de “pau a pique”, tipo de construção antiga e rudimentar muito presente em áreas rurais. A matéria prima desse tipo de construção é o barro, que preenche os vãos dispostos em bambus, amarrados com cipós, que se entrelaçam a madeiras verticais fixadas no chão, com vigas horizontais. Os vãos preenchidos com barro transformam-se em paredes.

 

Quando tais construções são malfeitas, abrem-se fendas no barro. Essas fendas podem servir de habitat para vários tipos de insetos, com destaque ao barbeiro (Triatoma infestans), transmissor da doença de chagas.

 

Não bastasse esse tipo de precariedade, há outra mais chocante: por falta de banheiros, as crianças improvisam-nos em um matagal, atrás da “escola”. Degradante.

 

Outra degradação fica por conta da merenda, que, aliás, este ano ainda não chegou. Pior: conforme depoimentos das crianças e de seus pais, é até melhor que a merenda nem chegue, pois mais parece um “mingau véio doce”, que provoca dores estomacais.

 

Além dessas precariedades materiais, o estudante aponta, em tom de indignação e denúncia, o mais importante: a disposição da “escola” em classes multisseriadas; ou seja, alunos de séries diferentes em uma mesma sala de aula: “É o primeiro ano junto com o segundo, o terceiro junto com o quarto... É tudo a maior bagunça”, sentencia Taylan.

 

Agora, o que estudante não disse – e talvez nem tivesse condições de observar – é que, em cartazes de cartolina produzidos por algum adulto (provavelmente, professor ou professora), detalhes básicos da norma padrão da língua portuguesa – a que é exigida em concursos públicos, inclusive no ENEM – deixaram de ser observados. Em um dos cartazes, lê-se: “Os encontros vocalicos menusculos”.

 

Assim, tal inobservância está fazendo aquelas crianças que aparecem na reportagem aprenderem a escrever as palavras proparoxítonas sem o acento marcador da antepenúltima sílaba. O antônimo de “maiúsculo” está sendo ensinado como “menusculo", e não como “minúsculo”.

 

Pois bem. Se itens elementares de nossa língua estão sendo assim “ensinados”, fico pensando como outros tópicos linguísticos que demandam mais complexidades, como as regências e as concordâncias, estão sendo expostas, se é que estão. 

 

Ao pensar nisso, fico imaginando se há muita diferença entre quem ensina e quem aprende em contextos semelhantes. Talvez não haja. E isso é desumano, pois é o extremo da subtração da cidadania a um contingente imenso de nossas crianças que vão tendo um futuro cada vez mais comprometido, cada vez mais excludente. 

 

Quarta, 16 Março 2016 11:53

 

 

JUACY DA SILVA

 

Ao aceitar os termos da delação premiada ou a chamada “colaboração com a justiça”,  em troca de redução das penas a que estaria sujeito, o Senador petista de MS Delcídio Amaral, em processo de cassação no Conselho de Ética e ex-líder do Governo Dilma no Senado, jogou M…no ventilador da cúpula petista e de outros partidos que apoiam o governo,  tendo como figuras maiores Lula e Dilma, e também  o Ministro da Educação Aloízio Mercadante e a ex-chefe da Casa  Civil Erenice Guerra, os quais passam a ser envolvidos em denúncias graves, inclusive corrupção, desvio de $$$ público e outros mais.


Como Lula já  está sendo investigado pela Operação Lava Jato, tendo sido obrigado a prestar depoimento ao ser conduzido COERCITIVAMENTE  pela Polícia Federal, tendo seus endereços vasculhados e  poucos dias depois ter sido denunciado junto a Vara Criminal da Justiça Estadual de SP, denunciado que foi por outros crimes, tendo sido, inclusive pedida a sua prisão preventiva e a quebra de seu sigilo fiscal pelo  Ministério Público de SP.
A  juíza criminal, a quem foi distribuído o processo na última sexta feira, já na segunda  feira decidiu encaminhar o mesmo para o Juiz Sérgio , o mais novo herói do povo brasileiro, a quem cabe agora juntar mais essas denúncias e determinar que a força tarefa  de Curitiba, composta de procuradores do Ministério Público Federal , delegados e agentes da polícia federal aprofundem as investigações, para que o referido juiz  federal possa decidir se condena ou absolve Lula. Se for condenado, Lula e seus familiares poderão  fazer  companhia para alguns  de seus amigos políticos e empresários, como José Dirceu, Bumlai, Marcelo Odebrecht, Leo Pinheiro , doleiros e ex-dirigentes da Petrobrás, todos já condenados a penas razoáveis, menores do que merecem todos os corruptos,  segundo a ótica da população.


As delações  premiadas, mesmo sendo um instituto jurídico,  em termos práticos  mais se  parecem  briga interna de quadrilhas, semelhante ao crime organizado, quando um/uma  integrante e apanhad@ pela policia acaba entregando os comparsas para livrar a própria pele.


Tanto na época do  MENSALÃO  quanto agora no PETROLÃO/LAVA  JATO, vários dos denunciados foram acusados de praticarem diversos crimes, inclusive FORMAÇÃO DE QUADRILHA,  lavagem de dinheiro,  formação de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, CORRUPÇÃO ATIVA E PASSIVA, tráfico de influência  e falsidade ideológica.


A População brasileira que saiu `as ruas/avenidas/praças  deste pais, aos  milhões, para protestar contra a corrupção, pelo IMPEACHMENT de Dilma, gritando FORA DILMA, FORA LULA, FORA PT, ou seja, o  povo  espera que o procurador Geral da República, da mesma forma que tem sido tão caustico e  eficiente em relação `as  investigações envolvendo os presidentes da Câmara Federal e Senado, respectivamente, Dep Fed Eduardo Cunha e Sen Renan Calheiros, também  vá  fundo e com bastante rapidez  nas investigações envolvendo o senador Delcídio Amaral e demais  mencionados em sua Delação premiada.


De forma semelhante, a população  também  reclama urgência nas demais investigações por parte do Ministério Público Federal, capitaneadas pelo Procurador Geral, dos demais políticos, com ou sem mandato, que fazem parte  da LISTA DO JANOT, onde estão incluídos vários senadores e deputados federais do PT , PMDB, PP  e outros partidos da base do Governo Dilma  e também  alguns integrantes de partidos de oposição.


Creio que não seria muito também  pedir que o TSE acelere as investigações e o julgamento de ações que tramitam naquela Corte Superior  eleitoral quando `a cassação  do registro da Chapa Dilma/Temer, por uso de caixa  dois, incluindo dinheiro surrupiado da corrupção na Petrobrás e agora mais 45  milhões desviados da construção de obras bilionárias “tocadas” pelas mesmas empreiteiras , cujos executivos estão presos, constantes  da delação premiada do Senador Delcídio, que incrimina não apenas a ex-ministra chefe da Casa Civil Erenice Guerra, como outros ex-ministros.


O Brasil espera e aguarda que as instituições como Ministério Público Federal, Polícia Federal e Justiça Federal, incluindo STF, TSJ  e TSE  cumpram um papel decisivo na limpeza  desta mácula  que é a corrupção, nunca  vista em tamanha proporção em nosso país e que a todos envergonha.


Se tudo isso virar pizza  ou se apenas uns poucos, boa parte bagrinhos, forem condenados ou se os condenados, como aconteceu com os do MENSALÃO,  receberem indulto e suas penas forem extintas, na verdade, a mensagem que  estará sendo transmitida ao povo é que a impunidade continua e o crime compensa. Assim, tanto o MENSALÃO quanto o PETROLÃO/LAVA JATO serão apenas mais um  sonho de verão do sofrido povo brasileiro!


Em tempo, as últimas notícias dão quase como  certa a nomeação de Lula para algum ministério, como forma de o mesmo escapar de ser investigado pela LAVA JATO de Curitiba, sob a batuta do Juiz Sérgio Moro, que recentemente autorizou a Polícia Federal a conduzi-lo coercitivamente para depor em SP.


A mensagem é que gozando de foro privilegiado as investigações seriam conduzidas pelo Procurador Geral da República Rodrigo Janot e o relator seria o Ministro DO STF Teori Zavaski,  será que ambos vão ser menos rigorosos do que a força tarefa de Curitiba e do Juiz Sérgio Moro? Eu não creio que Lula vá ter tratamento especial nessas instâncias superiores, do MPF e da Justiça, afinal, ninguém está acima das Leis e da Constituição. Basta a gente aguardar para conferir!


JUACY DA SILVA,  professor  universitário, titular e aposentado UFMT, mestre  em sociologia,  articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação.

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Segunda, 14 Março 2016 08:43

 

 

JUACY DA SILVA*

 
Diversos movimentos sociais, ONGs, entidades sindicais de trabalhadores e também de representação do empresariado como a ponderosa FIESP, a OAB  e outros mais, incluindo os partidos de oposição ao governo Dilma/Lula/PT/PMDB, há meses  estão preparando  grandes manifestações populares contra a corrupção, pelo IMPEACHMENT de Dilma, pelo fim da impunidade, contra o caos na saúde, o  desemprego, a violência , a recessão, em defesa da operação lava jato e do Juiz Sérgio Moro, das  operações da polícia federal   e do Ministério Público, enfim, contra as  crises econômica, financeira, política e moral que estão afundando o Brasil a cada dia mais.


Esses  protestos devem ocorrer neste DOMINGO, 13 de março e, dependendo da participação massiva da  população possibilitará  tanto ao governo quanto aos partidos de oposição e também  a todas as instituições avaliarem como o povo está se sentindo diante de um país sem rumo, desgovernado, em conflito, em crise institucional e `a beira de uma  catástrofe.


Deverão ocorrer grandes manifestações em todas as capitais e na grande maioria das cidades com mais de cem mil habitantes, enfim, a voz  das ruas, da mesma  forma que se manifestação pelas DIRETAS JÁ  e pelo FOR A COLLOR, volta novamente para dizer de forma bem clara: FORA DILMA, FORAPT, FOR A CORRUPÇÃO e contra  este estado  de coisas  que ninguém aguenta mais. Oxalá os atuais donos do poder, incluindo o Palácio do Planalto e também nossos Congressistas, tanto na Câmara Federal quanto no Senado possam ouvir e entender o recado do povo e tomarem as medidas para que este sofrimento nacional possa ser abreviado.


Diante  de algumas crises  bem menores do que a atual o Presidente Vargas cometeu suicídio como forma de desatar o nó em que seu governo estava envolvido; de forma semelhante Jânio Quadros renunciou; o Presidente João Goulart  abandonou a presidência e fugiu para o Uruguai, dando lugar aos militares que ocuparam o poder, e, Collor foi afastado por pressão dos “caras pintadas” e o seu impeachment pelo Congresso.


O momento atual é extremamente grave, talvez  o mais grave em toda a história da República.  Com cerco da operação lava jato e do Ministério Público de São Paulo se fechando  em torno de Lula e seus familiares, como a tramitação dos processos de cassação das  candidaturas Dilma/Temer em tramitação no TSE, com as delações do Senador Delcídio Amaral e o início do processo de cassação do mesmo na Comissão da Ética no Senado; com a tramitação dos vários processos contra o Presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, segundo na linha sucessória, caso Dilma e Temer sejam cassados ou Dilma renuncie ou sofra “impeachment”,  com as investigações sobre denúncias de corrupção contra o Senador Renan Calheiros, Presidente do Senado, terceiro na linha sucessória; com as investigações sobre dezenas de senadores e deputados federais que fazem parte da famosa Lista DO JANOT, com   certeza  Brasília vive em um clima de medo e incerteza, entre  os donos do poder.


O racha no PMDB, manifesto na  escolha do líder do partido na Câmara Federal  e  a  possibilidade de praticamente metade do partido abandonar  a base do governo, incluindo a permanência de Temer  no comando do partido, com  certeza  vai deixar o governo Dilma muito mais enfraquecido e desnorteado como acaba de acontecer com o “imbróglio” da nomeação do ministro da Justiça, quando o  Governo Dilma, representado pelo ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardoso, atual advogado Geral da União e também o Procurador Geral de Justiça, foram fragorosamente derrotados pelo STF, por dez  votos  a um, são ingredientes  que farão  a  temperatura da crise aumentar nos círculos palacianos.


A pressão popular, nas ruas, praças e avenidas do país prenunciam, cada vez  mais, tanto o agravamento da crise quanto a necessidade de que a mesma  tenha uma resolução breve e isto só será possível com a mudança de governo.


Se as hipóteses de impedimento de Dilma/Temer  e a impossibilidade  de que tanto Eduardo Cunha quanto Renan Calheiros assumam, pelas razões de estarem sendo investigados por acusações de prática  de corrupção, o quarto na linha sucessória é o Presidente do STF, que em poucos meses deverá convocar novas eleições para Presidente da República e vice.


A possibilidade de que esse desenlace aconteça ainda em 2016 pode se  dar em dois cenários: o primeiro de uma  escalada dos conflitos  como aconteceu na Venezuela e só Deus sabe onde isto vai acabar, neste caso a tão propalada normalidade democrática e institucional podem ser afetadas;  o segundo, é que os partidos que apoiam o atual governo e as oposições  estabeleçam  um pacto para que novas eleições sejam realizadas dentro de um clima de entendimento nacional, sem revanchismo, mas como um caminho para que a corrupção seja banida da vida pública brasileira, possibilitando governabilidade e o retorno do país a normalidade institucional, únicas bases para a superação da atual crise econômica, política e institucional.


Somente um governo que goze  da credibilidade e confiança do povo, dos vários setores econômicos, sociais e políticos tem energia suficiente para superar essas crises dentro dos princípios democráticos, sem quebra da ordem constitucional. Parece que isto não acontece com o atual governo e sua base de sustentação política e parlamentar que não inspiram nem confiança e nem esperança no povo brasileiro.


*JUACY DA SILVA, professor  universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador e articulista de jornais, sites, blogs e outros veículos de comunicação. E-mail  O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blogwww.professorjuacy.blogspot.com

 

 

Quarta, 09 Março 2016 19:05

 

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

No campo político, se uma palavra pode valer ouro, imaginem o valor de um enunciado completo. Digo isso para, outra vez, parodiar a mais famosa das jararacas brasileiras, a nossa “Jararaca-mor”: “nunca antes na história deste país” vivemos uma semana tão anômala como a semana passada. E para ilustrar o ineditismo histórico, a protagonista dos acontecimentos era exatamente a Jararaca-mor.

Mal raiava o sol de uma sexta-feira profana (04/03), e um ex-presidente da República – que se fez elevar à potência máxima de mito político deste país – era levado de seu apartamento (o de São Bernardo) para coercitivamente depor em uma das sedes da Política Federal (PF).

Enquanto depunha, buscas em um famoso apartamento tríplex no Guarujá, em um sítio (de muito bom gosto) em Atibaia, bem como em um Instituto, que “humildemente” leva o nome da Jararaca-mor, eram vasculhados por agentes da PF. Claro que tais agentes podem ter encontrado preciosidades nesses espaços, embora, por conta de um vazamento de informações, uma “limpeza documental” provavelmente já houvesse ocorrido, afinal, a base política da Jararaca-mor tratou de infiltrar seus filhotes em todos os espaços possíveis do estado brasileiro. Nada escapou dessa invasão; as universidades federais, os bancos, as empresas estatais etc. que o digam!

Simultaneamente ao depoimento e às buscas alhures, dois grupos de manifestantes antagônicos aglomeravam-se em frente à sede da PF no Aeroporto de Congonhas. Aquelas cenas eram as primeiras de outras que se seguiram durante o dia todo país afora. O enfrentamento físico entre patrícios foi inevitável em alguns lugares. E era só o começo, pois um cenário de violência “nunca antes visto” – sequer imaginável – pode estar bem próximo de todos nós.

E por que a violência – agora motivada também por paixões políticas – pode estar se aproximando?

Porque enquanto o clima começava a esquentar, o sangue da Jararaca-mor já fervia. À frente das câmeras da TV dos Trabalhadores, depois de desqualificar a operação Lava-jato e o Ministério Público, de se fazer de vítima das elites, colocando-se como político de esquerda perseguido pela direita e pela mídia, sempre ancorada no velho discurso da divisão do “nós” e “eles”, a Jararaca-mor – esmurrando uma mesa – bradou jurando não estar morta, pois, conforme afirmou, não lhe acertaram a cabeça, mas sim o seu rabo.

Dessa forma, a Jararaca-mor, mesmo com o rabo machucado, para se apresentar como um ente político vivo, depois de cenas que podem leva-lo à morte na política nacional, perdeu a chance de um ato altruísta; perdeu a chance de se mostrar como um grande estadista que fato respeita o povo de seu país. E a chance foi perdida na medida em que incitou sua militância a ir para as ruas; aliás, fez mais: disse que ele próprio – lembrando sua peregrinação das antigas caravanas da cidadania – para as ruas iria, se preciso fosse.

Sua fala soou como um canto de guerra, e bem em exata hora em que a maioria do povo brasileiro já trava uma verdadeira guerra cotidiana para não ser devorada por uma crise alarmante do sistema, sustentado por séquitos fiéis, que tudo fazem para se manter nos espaços de poder.

Agora, resta-nos ver até onde vai e a quantos atingirá o eco do canto de guerra de uma jararaca em desespero.

Em tempo: acaba de ser noticiado que a Jararaca-mor não quer ser investigada. Por isso, seu advogado (um dos mais caros do país) quer a suspensão das investigações contra seu cliente, que tem história, embora algumas sejam mal contadas.

 

Segunda, 07 Março 2016 10:11

Por Waldir Bertulio*

 

A história dos retornos do AEDES, suas idas e vindas, o recrudescimento de doenças por eles transmitidas impõem medo e pânico à população. Em sua evolução, a Dengue, Chikungunya e Zika, favorecidas pela incúria na evolução da gestão pública. Por que os mosquitos expandem seus espaços? Especialmente na alteração de habitats naturais, com sua expansão para ambientes artificialmente criados pela ocupação humana. A urbanização desregrada e implacavelmente destrutiva mais a degradação ambiental que vem desde a área rural, são motores que condicionam a escalada de mosquitos, outros tipos de vetores e suas doenças.  Em 1854 Jonhn Snow, o primeiro pensador que criou as bases da epidemiologia, utilizou método de investigação ligando o surto da cólera em Londres com a água poluída e infectada pelos esgotos do Rio Tâmisa, que eram consumidas pela população. Ele, como médico, investe no processo preventivo, que evolui para as técnicas de investigação de doenças hoje disponíveis. Desde lá então, já está bem definido que o monitoramento de vetores, de doenças, o processo de   pesquisa são fundamentais para que não sejamos pegos de “calças curtas”. Esta é função do poder público, para que não ocorram ameaças pontuais, como do vírus Ébola e outros no processo migratório. O caso do Zika é emblemático, entrada transfronteira e que exige variadas linhas de pesquisas, tal a sua complexidade. É importante saber o que ocorre além fronteira em relação a expansão destes vetores, destas doenças. Lições que apesar do Brasil ter muitos problemas, passa ao largo dos impactos ambientais que atingem a população em seu “modelo” de ocupação rural e urbana. A construção de barragens e reservas aquáticas proliferam potencialmente vetores como o casa da equistossomose em Gana, alimentada pelo rio Volta. Estes vetores, caramujos de água doce, são ameaças no Brasil, que já enfrentou enormes surtos da doença, inclusive em São Paulo.  A Malária, na África Subsaariana foi agravada pela construção de grandes barragens. Foram 1,1 milhão de novos casos, sabendo que as águas represadas são habitats para os mosquitos transmissores (Anopheles). Aqui em Mato Grosso e na Amazônia sofremos por décadas a tragédia da Malária, com o desmatamento indiscriminado desde a região de Cáceres, Barra do Bugre até as fronteiras amazônicas. A migração contribui para a expansão da doença, invadindo novas regiões, especialmente quando são frágeis os sistemas de monitoramento. Na África Ocidental, 1987, uma pesada epidemia da “Febre do Vale do Rio Rift”. Causa? – modificações ecológicas nos rios, conduzidas pelos Governos da Mauritânia e do Senegal. O Centro de Pesquisas Médicas, Veterinárias e Agrícolas dos EUA elaborou longo estudo concluindo que modificações de áreas naturais como desmatamento, queimadas, barragens, trouxeram endemias. Tal como aconteceu no Brasil e em MT.  Desmatamento, mosquitos e falta de política de saneamento do meio consequente, colocaram em emergência doenças como o Ébola na África Ocidental, e aqui no Brasil continua grande descuido no controle da entrada deste vírus no País. Desde cidades como Sorriso na área Amazônia até Cuiabá e Várzea Grande, o avanço da leishmaniose ameaçando a população urbana como no caso do AEDES. A temperatura alta e a umidade favorecem muito a expansão dos mosquitos transmissores. Pesquisas da Universidade de Winsconsin mostram desde o Quênia, que em áreas desmatadas, mudanças do uso do solo, afetam o clima local, habitats e a biodiversidade, favorecendo a migração das doenças.  Nos EUA o AEDES já é uma ameaça, principalmente o ALBOPTICUS, oriundo da Ásia, expandindo perigosamente (Chikungunya). Portanto,  Dengue, Chikungunya e Zica tem  nas alterações urbanas e rurais e na pobreza sua determinação, implementada tragicamente com a falta de investimentos em pesquisas, vigilância de vetores e doenças, e no recrudescimento para aniquilar com o SUS em nosso país. É dizer, essas doenças tem que ser entendidas no viés da ecologia política. A saúde, como as políticas estruturantes e sociais, são decididas na política. Qual política?

 

WALDIR BERTÚLIO é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

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Segunda, 07 Março 2016 08:08

 

 

Por JUACY DA SILVA*
 

Enquanto você para alguns minutos para ler  este artigo, com  toda certeza que ao redor do mundo e também no Brasil centenas de milhares de mulheres  estão sendo vítimas de violência,  de abusos sexuais, estupros, espancamentos e assassinadas de forma  cruel,  covarde por aqueles que tem a certeza  de que a impunidade  vai lhes garantir continuar praticando esses e outros atos que violentam pessoas frágeis e indefesas.


A convenção de Istambul, da qual participam  todos os países europeus, seguindo  exemplo da ONU, em 11 de maio de 2011, definiu que “violência contra a mulher é uma violência contra os direitos humanos” e também significa que este tipo de violência tem como base a questão de gênero  e inclui violência física, sexual, psicológica, econômica-financeira que  impõem  sofrimento `as mulheres, incluindo ameaças, coerção, cárcere privado, espancamentos, tortura e atentado contra a Liberdade e os direitos das mulheres, que pode  ocorrer tanto nos. espaço doméstico quanto público.


Uma das formas mais hediondas de violência contra a mulher é o estupro  que deixam marcas profundas no corpo, na mente e na alma das vítimas, além de inúmeros casos que acabam em morte da mulher estuprada.


No mundo a cada ano acontece em mais de 100 milhões de atos de violência contra  as  mulheres, incluindo mais de 15  milhões de estupros. A  realidade  pode ser  muito mais grave  tendo em vista a subnotificação dos casos de violência contra as mulheres em todos os países, inclusive no Brasil, onde a cada ano acontecem mais de 50 mil estupros. Entre 2012 e 2015  foram registrados 203.211 estupros em nosso país.


COMPROMISSO COM A IGUALDADE DE GÊNERO. Este e o tema para as comemorações do DIA  INTERNACIONAL DA MULHER, em 2016, que vai ocorrer  na terça feira da próxima semana,  08 de marco.


Este é o momento para que homens e mulheres, se  comprometam, a lutar para acelerar  a tão  sonhada conquista da  IGUALDADE DE GÊNERO, um os objetivos do Milênio por parte da ONU e novamente reforçado nos novos objetivos do desenvolvimento sustentável, com horizonte para 2030.


Procure saber o que vai ser feito em sua cidade, seu bairro, no seu local de trabalho, em sua escola/universidade, sua igreja, seu estado, enfim, em diferentes locais  para  que esta data seja comemorada com entusiasmo e cidadania. Se  não  houver nada programado  discuta com outras pessoas  e faça alguma programação, uma palestra, uma discussão sobre o tema, uma caminhada, enfim, desperte para a importância  desta luta, desta cruzada.


Procure conhecer a  real  situação  das mulheres em suas dimensões concretas: a mulher negra, discriminada, a mulher trabalhadora que ainda ganha muito menos do que os homens por igual jornada e igual trabalho; tem  também a mulher trabalhadora que está desempregada e no sufoco, procure saber como vive a mulher favelada, a mulher deficiente, a mulher  que é mãe  solteira e como é sua luta para sobreviver e criar seus filhos; indague sobre a realidade da mulher encarcerada, em que condições  sobrevive a privação da Liberdade, pense no sofrimento da mulher estuprada, violentada física, emocional  e psicologicamente.


Lutar  por direitos iguais para  mulheres  e homens, lutar contra a discriminação, contra os abusos e a violência contra a mulher, lutar por igualdade de oportunidades para  as mulheres  são formas de contribuirmos para a construção de uma sociedade e um pais justo, desenvolvido, humano e solidário.  Esta luta começa  dentro de casa, na sua rua, em seu bairro, seu local de trabalho e avança a níveis mais abrangentes.

 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e  aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta há mais de 22 anos.

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Quarta, 24 Fevereiro 2016 13:36

Somando-se à crise política, econômica e social brasileira, o mosquito aedes aegypti ameaça todos os continentes. No Brasil, avança há mais de um século, compondo hoje a crise no setor estatal da saúde, diante do trágico avanço das doenças transmitidas através deste mosquito. Desde a febre amarela no início do século, este mosquito vem produzindo doenças que desaguaram na Dengue, Chikunguniya e Zika. Infelizmente, todas as sinalizações e alertas estão historicamente demarcados. Indicam que a saúde pública não avançou o necessário, as expensas da morosidade concreta na implementação de Políticas Públicas abrangentes conectadas com o setor saúde. A saúde pública é, “prima-pobre” na relação de prioridades que caminham na mercantilização da saúde no País. É preciso alertar para os sinais que abatem-se sobre a população, na tragédia que chega ao vírus Zica. Sabe-se não muito sobre ele, mas que é capaz até de comprometer futuras gerações, frear este tipo de doença não está no campo das concepções hegemônicas da prática médica. Vítima também da expansão de um mercado chamado: complexo médico/industrial (como o agroindustrial), centrado no lucro e na ampliação da demanda de mercado, na lógica da doença. Assim, a prática médica pode até não significar saúde, em sua concepção densa e ampliada.. Para se ter uma ideia, as residências em Saúde Coletiva multidisciplinares, mesmo em clinica médica (geral) são pouquíssimas, e desvalorizadas pela própria lógica de mercado. Adeus generalistas na medicina, quase todos demandam para a superespecialização, em cada vez menores partes do corpo, em um país onde mais de 80% das doenças são prevenidas e/ou contidas e curadas na atenção básica. Os sanitaristas, profissionais de Saúde Coletiva, são essenciais na mudança necessária que desafia a saúde aqui no Brasil e em Mato Grosso. Lutamos para a criação de graduações na área, também aqui na UFMT, e que já dispõe de profissionais formados em outra lógica ao setor hegemônico da saúde. Forma Sanitaristas, que anteriormente eram egressos de cursos de pós graduação, preparados para a gestão e operacionalização integral do sistema.  Pelo visto, os sistemas Estaduais e Municipais de Saúde não estão absorvendo estes profissionais. Uma pena, este tema deveria ser pauta da AMM, do COSEMS e de toda gestão do setor. Suas práticas ancoram-se em determinantes sociais, ambientais, culturais, além do enfoque biológico. Um dos inúmeros exemplos de distorção na rede de serviços é a disfunção das UPAS, tornando-se ao invés de atendimento de urgência e emergência, uma porta de entrada do sistema, além de ameaçar o esvaziamento da atenção básica. Neste rumo, demanda para a hospitalização, grande parte das vezes desnecessárias se ocorresse de fato atendimentos de qualidade nos níveis básicos e intermediários. O alerta é, para onde caminha o SUS? Sem ação intersetorial nas políticas públicas, especialmente sociais e infraestrutura, não é possível avançar, conter a escalada destas doenças. São doenças típicas da pobreza, agora atacando de alguma forma outros grupos sociais neste processo de ocupação rural e urbana desumanizadas. Para entender melhor a saga deste mosquito e destas doenças, não há como, sem entender o papel do Estado nesta tragédia anunciada, imposta pelo Aedes Aegypti. Está no cenário o aumento da epidemia de dengue, com 1,6 milhões de casos e 839 mortes, mais de 500 mil casos de contaminação pelo vírus Zika, com 2975 casos de microcefalia sendo investigados. As projeções apontam cem mil casos em 2016. Falta de saneamento básico e ambiental, desfiguração do meio ambiente, ausência de investimentos e prioridades na  atenção à saúde, Vigilância Sanitária, Ambiental e Epidemiológica, Ciência e Tecnologia e descaso histórico do poder público completam a equação desta tragédia. Anunciada!

Waldir Bertúlio

Professor aposentado da UFMT

Segunda, 22 Fevereiro 2016 13:55

 

 

JUACY DA SILVA* 

O Brasil nos últimos anos não tem sido bem avaliado pelos organismos internacionais, incluindo as empresas que realizam o que é chamada de classificação de risco. Essas  empresas orientam e são consultadas pelos grandes investidores internacionais quando decidem investir ou deixar de investir em outros países, principalmente os chamados “mercados emergentes”, onde nosso país está incluído.

No ultimo ano duas dessas empresas rebaixaram o nível do Brasil, colocando nosso país na categoria de mercados especulativos e de alto risco e com isso diversos grandes fundos americanos e europeus, inclusive poderosos fundos de pensão começaram a avaliar a possibilidade de deixar de investir no Brasil ou até mesmo a transferir investimentos aqui realizados.

Na  avaliação  que essas empresas fazem  elas levam  em conta a situação  geral da economia do país avaliado, incluindo índices de crescimento do PIB nos últimos anos;  taxas de inflação, taxas de investimentos internos, públicos e privados, equilíbrio e  controle das contas públicas,  índices de corrupção relacionados com a economia e a  gestão pública, carga tributária, estabilidade nas regras contratuais, enfim, se a economia do país está  estável , em crescimento ou em recessão e qual a capacidade do  governo   central em gerenciar uma crise existente.

Em todos esses quesitos o Brasil foi redondamente reprovado e todas as medidas tomadas pelo governo, inclusive o chamado “pacote fiscal” não tem conseguido  ser corretamente definido e tudo leva a crer que o Congresso não  tem sido convencido pelo Governo Dilma quanto `a propriedade e efetividade das medidas.  Muitos setores, inclusive parte da bancada de apoio de Dilma no Congresso Nacional são contrários ao aumento da carga tributária, a volta da CPMF e a questão da dívida pública, que tem aumentado muito nos últimos anos e é o ponto central  do estrangulamento das contas públicas e da crise econômica, fiscal e financeira que a cada dia está mais complexa e difícil de ser equacionada.

Há quase 20 anos praticamente metade do OGU – Orçamento Geral da União, variando de 42% a 49%, tem sido destinados para o pagamento de juros, encargos , rolagem e uma pequena parte para amortização. Mesmo assim o crescimento da dívida bruta e líquida, tanto em relação ao PIB  quanto no total tem aumentado de forma acelerada. As  razões básicas  deste problema são: a) desvalorização cambial; b) aumento absurdo da taxa básica de juros  e c) subsídios a diversos setores da economia e, finalmente, o volume de renúncia fiscal que o governo tem feito em favor de grandes grupos e setores da economia.

Em 2006, por exemplo, o total da dívida pública era de 1,34 trilhões de reais e representava 55% do PIB; em 2016 deverá atingir 3,64 trilhões de reais e vai representar 71,5%  do PIB. No orçamento da União de 2016 a rubrica da dívida pública tem  uma dotação de R$ 304,1 bilhões só para pagamento de juros e nada menos do que 1.044,8 trilhões de reais para rolagem e amortização, totalizando R$1,348,9 trilhões de reais. Como o Governo não consegue  fazer “superavit” nem para pagar os juros, terá que refinanciar R$855bilhões, na forma de novas dívidas que entra no orçamento como receita. Como o orçamento líquido da União para2016 é de R$ 2,1 trilhões, com  este aporte o orçamento  geral passa para três  trilhões. Desta forma, o peso da dívida sobre o orçamento líquido da união é de 64,3%  e de 44,96% da LOA para 2016. Como a taxa básica de juros pode subir em 2016, ao lado da recessão que deverá ser praticamente a mesma de 2015 e a desvalorização  cambial que também deverá continuar, o cenário para  este ano é muito complicado, incluindo redução das atividades econômicas, queda acentuada  na  arrecadação  e dificuldades para honrar os compromissos do governo com seus credores, que são implacáveis, como os agiotas costumam  ser.

A  única solução é a  realização de uma auditoria independente , a chamada Auditoria cidadã da divida pública e uma lei , à semelhança da Lei de Reforma de Responsabilidade Fiscal, que estabeleça  um teto máximo no OGU para fazer face ao pagamento de juros, encargos, rolagem e amortização  da dívida, antes que a mesma estrangule de vez a economia e a vida do país, inviabilizando todas as políticas públicas por falta de recursos orçamentários e financeiros.

*JUACY DA SILVA,  professor  universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.  Blog  www.professorjuacy.blogspot.com  Twitter@profjuacy

Terça, 16 Fevereiro 2016 17:09

 

Habita outro plano, Gegé de Oyá. Você, figura proeminente em nossa sociedade, que sonhou com uma família, achando força na espiritualidade e na contenda com os reflexos da escravidão e na sua ancestralidade. Esta que foi tão dura aqui na baixada cuiabana, e que levou negros a serem jogados tal qual buchas de canhões ao morticínio da Guerra do Paraguai, com a promessa de libertação. Você, que condoía com o sofrimento da escravidão negra nas minas do Sutil. Como primeiro colunista social da nossa cidade, saudado e bajulado pelas elites da terra na fotogenia narcísica dos demandantes no desfile das colunas sociais. Mais do que isto, guia espiritual até de curas, de reencontros, de amores clandestinos guardados a chaves possíveis nas intempéries das falsas e reais relações amorosas, que levou tantos para terreiros, a conhecer um pouco da crença na religiosidade afro. Que construiu em terreno fértil a poética da resistência, do enfrentamento ostensivo das diferenças, do conservadorismo e da intolerância. Enfrentou de peito aberto, nunca recuando no orgulho à dignidade e na conquista dos seus desejos. Menino que nasceu na síndrome da fome, no velho sertão de Rosário Oeste. Acolhido e apoiado em pequeno, pela família Cuiabano. Que foi estudar Artes e Ofícios desde o primário no Colégio São Gonçalo, já encantado com a arte da costura, que continuou na antiga Escola Artífice. Gegé sempre se postou como um príncipe negro, incorporando como marca em seu talento, criatividade, a estética e o vestuário afro. Estudou, pesquisou, desde os trabalhos como alfaiate (dizia costureiro), até a de colunista social badalado nas hostes ditas “chiques”. Nunca deixou de lado as referências das famílias pobres e tradicionais em seus textos. Sobretudo, sarcástico com as incoerências das superficialidades que marcam um tipo de colunismo servil, mercantil e vazio. Tinha uma visão crítica sensata e 'finória' da alta sociedade, sabendo que acumulou poder e força através deste ofício, vendo isto como um instrumento de resistência em sua ligação sincrética com o catolicismo e a religiosidade afro. Foi amigo desde Dom Aquino, outras referências católicas em Cuiabá, até os núcleos de Candomblé, Umbanda e Espiritismo. Referências como Dandi, Pai Edésio, Joãozinho do Axé, Jojô, Robson e Seo Arlindo. Certa feita, em Brasília (levado por Isabel Campos, amizade forte), foi recepcionado com honras de Chefe de Estado, confundido com o Rei da Nigéria, que ainda não tinha chegado. Sua indumentária afro era componente da sua arte e estética. Carnavalesco, sua presença era marcante, o povo aplaudia em delírios, as crianças adoravam suas performances nos velhos carnavais e batalhas de rua. Assinava ponto nas madrugadas em bares e espaços como Choppão e Sayonara, passando por clubes como Operário, o Dandi, Náutico, Grêmio Antonio João, além dos clubes Feminino e Dom Bosco. Sua entrada foi vetada no Dom Bosco em uma comitiva dirigida pelo saudoso Mestre Batista, que culminou com contendas e o encerramento da festa naquela noite. Quando podia, “dava bananas” ao racismo e machismo da cidade, com o desprezo e elegância de sempre, ele, que enfrentou centenas de hostilidades desta natureza. Também produziu na rádio Difusora o programa denominado “ Uma Rosa para uma Dama Triste”. Gegé de Oyá foi fortemente identitário, pioneiro e verdadeiro no seu pertencimento cultural, racial, no gênero e na orientação sexual. Em tempos dificílimos. Sempre ancorado na religiosidade e no sincretismo. Gegé de Oyá é história, memória e orgulho da nossa terra! 

Waldir Bertúlio

Professor aposentado da UFMT