Quinta, 12 Abril 2018 13:51

 

 

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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*
 

O último final de semana foi marcado pela expedição da ordem de prisão do ex-presidente Lula, cuja repercussão ultrapassou as fronteiras do país, durante, praticamente quatro ou cinco dias, desde que o Supremo Tribunal Federal negou o “habeas corpus” para que Lula aguardasse em liberdade até que a ação fosse considerada “transitada em julgado”, até a noite de sábado, o noticiário dominante foi este fato.


Este pode ser considerado o final de um capítulo de uma longa história de um líder sindical, de origem nordestina, afrodescendente, pobre que enfrentou a repressão do período em que o Brasil viveu sob o regime militar, foi preso político e resolveu, juntamente com alguns intelectuais de esquerda ou centro esquerda, fundar um partido que buscava ser diferente na forma de se fazer politica no Brasil e na defesa verdadeira dos interesses e direitos dos trabalhadores.


Dentre os pilares do partido dos trabalhadores fundado e capitaneado por Lula por quatro década podemos destacar a ética na politica, a denúncia da corrupção e alguns dos ideais socialistas, um pouco distantes do marxismo e a defesa dos interesses da classe trabalhadora.


Por três vezes Lula tentou eleger-se presidente da República, mas só conseguiu este feito na quarta disputa, além de uma outra campanha fracassada quando tentou  ser governador de São Paulo. Tão logo eleito, em 2002, antes mesmo da posse, para acalmar o famigerado mercado, que estava todo arrepiado com a chegada da esquerda e de alguns comunistas ao poder, Lula divulgou a “carta ao povo brasileiro”, onde demonstrava que não iria romper radicalmente com o “status quo” e para governar iria seguir as expectativas do mercado. De sua equipe fazia parte Henrique Meirelles, presidente do Banco Central por oito anos, este mesmo que voltou como ministro da fazendo do governo impopular e corrupto de Temer.


Para tanto, para formar seu governo, não titubeou em aliar-se aos partidos de centro e de direita, além dos partidos de esquerda que com ele chegaram ao poder e, na composição de sua equipe de governo, buscou aliados nas forcas conservadoras, onde estavam e ainda estão boa parte dos políticos corruptos e fisiológicos que, por décadas, tem mamado nas tetas do governo e assaltado os cofres públicos.


Ao aliar a tais forcas corruptas e conservadoras, Lula ia aos poucos distanciando-se dos princípios basilares que sempre defendeu, descaracterizando o seu próprio partido, motivo pelo qual ao longo de seus oito anos no poder viu dezenas ou centenas de quadros que não concordavam com os rumos que seu governo ia tomando e abandonaram o PT fundando ou rumo a outros partidos de esquerda. Para manter-se no poder, o governo Lula utilizou-se dos mesmos mecanismos e práticas nada éticas, ou seja, formas corruptas e fisiológicas de se fazer politica, incluindo o peleguismo sindical e o aparelhamento da administração publica.


A partir deste ponto, o PT passou a preocupar-se muito mais com um projeto de poder do que com um projeto de país e os resultados deletérios não demoraram a se apresentar com o mensalão e depois com o petrolão/lava jato e tudo o mais que bem conhecemos.


Ao longo de décadas o Brasil vive em uma crise permanente, podendo estabelecer como pontos de referência o fim da ditadura Vargas, em 1945, o retorno de Vargas através das eleições de 1950, o suicídio de Vargas, o Governo meteórico e a renúncia de Jânio Quadros e a tentativa de impedimento da posse de João Goulart, a imposição do parlamentarismo, o retorno ao presidencialismo, através de um plebiscito, durante o governo João Goulart, a derrubada de João Goulart em 1964 e a intervenção militar, que durou até 1985, a eleição de Tancredo Neves e José Sarney, a morte de Tancredo antes da posse e a chegada de Sarney ao poder, que de apoiador incondicional dos governos militares se transformou em democrata de carteirinha, passando de cacique do PDS para cacique do PMDB, antes e novamente agora MDB.


Esta crise desembocou na convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a famosa “constituição cidadã” como a chamava o Dr. Ulisses Guimarães, Carta Magna já emendada e remendada centenas de vezes, cujo artigo quinto que pretendia ser a base das garantias individuas, incluindo o Famoso e controvertido item LVII, que apesar de muito claro tem merecido muito debate e um vai e vem por parte dos doutos ministros do STF, onde esta escrito de forma cristalina “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
 
Ao final do Governo Sarney temos as crises da renúncia/impedimento de Collor, as constantes disputadas ideológicas e políticas durante os governos FHC, o impeachment de Dilma e, finalmente, a crise atual, que pode ser considerada apenas mais um capítulo desta crise histórica que vivemos ao longo de mais 73 anos.
 
Muitos imaginam que com a prisão de Lula e as futuras condenações do mesmo em diversas ações que responde, o Brasil vai ser passado a limpo. Mero engano, a crise continua e a cada dia é mais grave do que podemos imaginar, como veremos nos próximos artigos sobre este mesmo tema.
 


*JUACY DA SILVA, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de jornais, revistas, sites e blogs. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com

 

Sexta, 29 Setembro 2017 16:21

 

 

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JUACY DA SILVA*


Diferente do que muita gente imagina ou afirma, a crise brasileira, principalmente a crise política, longe  de estar próxima de seu fim, a cada dia está ficando mais complicada e de difícil solução ou como se diz na linguagem popular, está azedando.

Mesmo que o espírito de corpo ou de porco da Câmara Federal e também do Senado  venha demonstrando que dificilmente a segunda denúncia contra Temer,  agora vindo também recheada com mais dois amigos  do peito do Presidente, os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, deverá ter prosseguimento para que o Supremo Tribunal Federal invetigue Temer, desta vez por organização criminosa  e obstrução de justiça,  isto não significa que as denúncias,  a primeira e esta segunda, vão para a lata do lixo. Vão ficar apenas suspensas, aguardando até que Temer termine seu mandato usurpado de sua antiga aliada Dilma e seja investigado, julgado e podendo até ser preso, como deve acontecer  com o ex Presidente Lula, que já  foi condenado pelo Juiz Sérgio Moro a quase dez anos de cadeia.

Para  o povo, os eleitores e contribuintes, é duro  e vergonhoso saber que o Presidente da República e pelo menos até agora dez de seus ministros, tenhan sido denunciados por corrupção passiva, formação de quadrilha, obstrução de justiça, lavagem de dinheiro, apropriação indébita (roubo), tráfico de influência e outros crimes de colarinho branco.

De forma semelhante, mais de uma centena de parlamentares federais, deputados federais e senadores, também foram denunciados ao longo dos últimos dez anos pela  Procuradoria Geral d República por cometerem diversos crimes de colarinho branco.  Todos  esses  parlamentares gozam dos privilégios dos cargos e também são  protegidos pelo famigerado foro privilegiado, que lhes garante serem investigados apenas pelo Supremo Tribunal de Justiça,  uma excrecência jurídica que, pela morosidade do STF, acaba favorecendo a impunidade dos poderosos e que precisa ser extinto o mais breve possível se quisermos ter uma democracia de verdade  e que o princípio da igualdade de todos perante a Lei seja um fato  e não apenas uma figura de retórica.

Para complicar este quadro e azedar ainda mais a crise política, o STF  acaba de afastar  de seu mandato o todo poderoso Tucano, que quase chegou a Presidência da República, Aécio   Neves, negando parte do pedido feito pelo então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, para que, além de ser afastado de seu cargo, o Tucano também fosse preso, como aconteceu com o Sen Delcídio do Amaral, então líder do Governo Dilma no Senado.

Mesmo negando esta parte do pedido da Procuradoria Geral da República,  uma das turmas do STF  entendeu que o senador Aécio além de ser afastado deve “permancer”  em casa  a noite e aos finais de semana e feriados, situação muito semelhante ou igual a uma prisão domiciliar, mesmo que  sem tornozeleira eletrônica, como aconteceu com o ex governador Garotinho ou o amigão de Temer, Ex ministro Gedel Vieira de Lima, aquele que foi pego com um montão de dinheiro, R$51 milhões de reais em malas, caixas de papelão, muito mais do que os deputados de Mato Grosso recebiam a título de propina ou 510 vezes o que Rodrigo Loure, o ex assessor de Temer apanhou em uma pizarria e saiu correndo com uma mala preta nas ruas de São Paulo.

Qualquer semelhança com bandidos que assaltam bancos, lojas e residências é mera coincidência.

Relativamente ao afastamento de Aécio  está havendo uma grande “articulação”  entre o governo Temer, o Senado, a Câmara Federal e há quem diga que com apoio dissimulado de algumas figuras expoentes do Judiciário, para livrar tanto o senador Tucano e muito mais do que isto, evitar que dezenas de figurões do Congresso Nacional e os ministros de Temer que estão sendo investigados pelo STF tenham o mesmo destino do Tucano  ou aconteça  como de  um deputado federal que está preso na Papuda e todos os dias vai `a Câmara Federal  para “trabalhar”.

Se  o Senado “revogar”  ou não aceitar a decisão da turma do STF, com certeza  estaremos diante de um confronto ou um conflito institucional grave, situação muito próxima `a descrita pelo General de Exército Antônio Hamilton Martins MOURÃO,  em conferência proferida recentemente na Maçonaria , Grande Oriente do Brasil, em Brasília, onde disse com todas as letras que se as Instituições Nacionais, principalmente o Judiciário não resolver a crise que se agrava,  não restaria `as  Forças Armadas outra opção a não ser  uma intervenção que “resolvesse’  esta crise. Pronunciamento que ainda continua ecoando tanto nas casernas quanto no meio politico, empresarial e na mídia.

É aguardar para  ver. De uma coisa estou certo, é  uma lastima para o Brasil e para o povo saber que estamos sendo governados por um grupo de pessoas que teimam em roubar os cofres publicos e continuarem impunes.

*JUACY DA  SILVA,  professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,  articulista e colaborador de jornais, sites, blogs. Twitter@profjuacy E-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blogwww.professorjuacy.blogspot.com

 

Sexta, 15 Setembro 2017 11:06

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Em 1975, Paulinho da Viola lançou “Pecado Capital”, música em que trata da relação de seres humanos – ricos e/ou pobres – com o dinheiro. Ao fazer isso, como poucos, “fotografa” o comportamento psicossocial da maioria das pessoas que vivem em sociedades capitalistas.

Em termos estruturais, quatro são as estrofes que compõem “Pecado Capital”. Como as duas últimas são repetições das duas primeiras, o texto apresenta dois movimentos apenas; e que não se opõem na essência, como normalmente ocorre em textos poéticos, mas que se complementam na oposição de dois distintos extratos sociais.

No primeiro movimento, o texto musicado alude a um “sonhador” que busca, sem limites, uma “grandeza” material, traduzida pela posse do dinheiro: representação, por excelência, dos seres bem-sucedidos em sociedades capitalistas.

No outro movimento, não há mais referência a um sonhador deslumbrado pelo acúmulo de capital, que não mede consequências para ver seu sonho realizado, mas daquele ser que, driblando adversidades do cotidiano, precisa lutar pela mera sobrevivência dentro da própria espécie. Darwiniamamente falando, se “viver não é brincadeira não,// Quando o jeito é se virar// cada qual trata de si// Irmão desconhece irmão”.

Mas por que, hoje, lanço mão de “Pecado Capital”?

Porque a imagem de 51 milhões encontrados no apartamento em Salvador não me sai do pensamento. Daquela chocante imagem, outras lembranças se sucedem. E saber que Geddel não usava tornozeleira porque a “Triste Bahia”, agora lembrando Gregório de Matos e Caetano, não dispunha de recursos para esse e outros “investimentos”.

Agora os têm. E muito!

Paradoxalmente, diante desse “muito”, o texto de Paulinho acaba não dando conta. Nem essa grande música parece alcançar a dimensão do desvario de um Geddel, que parece disputar com a ganância de um Sérgio Cabral, que parece querer superar a avareza de um Maluf, de um Lula, de um Aécio, de um Temer... A lista não é pequena, só alma desse tipo de gente é...

Em meio à sovinice dos que buscam o topo dos mais corruptos, a impressão que nos dá é a de haver alguém sempre querendo superar outrem nas ações do subterrâneo nesta terra arrasada chamada Brasil.

Agora, na contraposição de “Pecado Capital”, resgato a composição musical “Casa no Campo”, de Tavito e Zé Rodrix. Nesta, o eu-poético – à lá árcades setecentistas – deseja apenas “...uma casa no campo// Do tamanho ideal, pau a pique e sapê”, onde se possa plantar amigos, discos, livros e nada mais.

Mas esse querer tão genuíno e elevador interno do humano (alma?) é para poucos. Muitos dos querem, hoje, uma casa no campo estão longe de se contentar com algo “do tamanho ideal”; tampouco construído de forma básica.

Ao que tudo indica, muita gente já entendeu que uma casa no campo – e se for em Atibaia e reformada com dinheiro de propina, melhor – também tem lá seu valor mais concreto do que qualquer simbologia próxima de descanso e sossego, desejados pelos antigos que almejavam apenas um locus amoenus, no qual pudesse usufruir do que de melhor a vida nos dá: livros, discos e amigos.  

É, pois, nesse clima desolador de tanta corrupção, que assistimos, há alguns dias, à delação de um companheiro contra outro; de um irmão desconhecendo irmão da mesma legenda, ou do mesmo saco.

E assim, de delação em delação, as construções, mesmo as de mais alto padrão – em atibaias ou em quaisquer praias – vão se desmoronando; ao mesmo tempo, vão corroendo nossas energias, que não podem se esgotar.

 

Sexta, 15 Setembro 2017 11:04

 

 
 
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JUACY DA SILVA*

 

Há pouco poucos meses o Brasil inteiro viu as cenas ridículas de um deputado, na verdade suplente  de deputado federal e ex-assessor de Temer, sobre  quem o Presidente  referiu-se em gravação  realizada por um empresário corrupto, que foi recebido pelo  presidente da República, na calada da noite, como sendo de sua inteira confiança; este senhor foi flagrado  e filmado pela Polícia Federal  saindo correndo de uma pizzaria em São Paulo, com uma mala com R$ 500  mil reais, que, conforme denúncia do Procurador Geral da República, seriam destinados ao atual Presidente.

Mesmo tendo o STF aceito a denúncia  contra o Presidente por corrupção passiva e outros crimes, a Câmara Federal, onde mais de uma centena de deputados também são investigados por corrupção,  acabou salvo pela sua base de apoio na Câmara.

Além de dezenas de deputados federais que o apoiam e estão sendo investigados por corrupção, o Governo Temer tem dez ministros que também estão sendo investigados por corrupção  e outros crimes de colarinho branco.

O ex-governador do Rio de Janeiro, também do PMDB, que  está preso há um bom tempo,  já  foi indiciado em diversos processos e tudo leva a crer  que deverá ser condenado  a muitas décadas de prisão, pelos muitos milhões  de reais que ele e sua quadrilha roubaram  dos cofres públicos, deixando o estado na quase falência  e nas costas dos servidores públicos os resultados desta pilhagem.

Em Mato Grosso,  também  o ex-governador Silval Barbosa que já esteve preso por quase dois anos e só conseguiu ser solto  mediante delação premiada, entregou ao Ministério Público Federal vídeos e gravações  onde diversos deputados  aparecem de forma cínica e criminosa recebendo pacotes de dinheiro, colocando tais pacotes  nos bolsos, como o atual Prefeito de Cuiabá,  em mochila como o outrora presidente do PT e procurador do Estado  e outros deputados/a colocando dinheiro sujo em sacolas, bolsas e caixas de papelão.

Esta delação foi considerada  pelo Ministro Fux, do Supremo Tribunal Federal  como monstruosa e um acinte conta a democracia e o povo de Mato Grosso, tamanha o cinismo e  a desfaçatez  como governantes roubam os cofres públicos.

Há  poucos dias em outra operação da Policia Federal,  foi feita mais  uma devassa, desta vez no Comitê Olímpico brasileiro, onde inclusive seu eterno presidente  e alguns empresários corruptos  “compraram” votos para que o Rio de Janeiro fosse  escolhida como cidade sede  das olimpíadas de 2016, tudo dentro do esquema de roubalheira do ex-governador Sérgio Cabral.

Agora, o último escândalo que abala o Brasil e “choca”  a opinião pública  foi a  descoberta e apreensão de oito malas, dessas de viagem bem grandes e mais diversas caixas de papelão enormes, todas recheadas com notas de cem e cinquenta reais, totalizando a apreensão de nada menos do que 51 milhões de reais, que devem ou deveriam pertencer ao ex-ministro, preso há algum tempo por práticas de tráfico de influência e corrupção, em prisão domiciliar, em seu apartamento luxuoso de Salvador, sem tornozeleira, isto é uma vergonha para o pais e para o povo.

Estamos às vésperas do SETE DE SETEMBRO, nossa data magna em que comemoramos nossa independência, quando o Brasil se livrou do jugo de Portugal, mas que, passados 195 anos, quase dois séculos, ainda não conseguimos nos livrar do jugo da corrupção.

Estamos sendo governados, em todos os níveis de poder, em todas as regiões, abrangendo todos os poderes, a união, os estados e municípios, por políticos, governantes e gestores corruptos, associados com também empresários venais, cínicos e corruptos, verdadeiras quadrilhas que estão destruindo nossas instituições e a esperança do povo.

Talvez a única solução para acabar com a corrupção no Brasil seja a adoção do modelo chines, onde todos os criminosos, inclusive os corruptos, principalmente os governantes e dirigentes do PCC, Partido comunista chines, são fuzilados.

Não podemos permitir que os corruptos dominem o Brasil, espoliem o povo e destruam nossas instituições. Precisamos  ter leis mais severas  para punir esses crimes e criminosos. Deixar  bandidos de colarinho branco, como aconteceu com os irmãos batista  da JBS, que sequer foram presos e receberam  total imunidade para seus crimes tanto por parte do MPF  quanto do STF  é  um tapa na cada do povo, da mesma forma que aposentar compulsoriamente juízes  e conselheiros de tribunais de contas por prática de corrupção,  com aposentadorias de marajás  não é punição, mas sim um incentivo, demonstrando que crimes de colarinho branco é  um “negócio da china”, país onde, aliás, os corruptos recebem  prisões por longas décadas, prisão perpétua com trabalho forçado ou até mesmo a pena de morte.

Algo mais severo tem que ser aplicado aos corruptos brasileiros, o povo e os contribuintes não podem continuar pagando a conta da corrupção.

 

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado  UFMT, mestre  em sociologia, articulista  e colaborador de jornais, sites e outros veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo." target="_blank">O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

Terça, 29 Agosto 2017 10:33

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Dr. Jornalismo/USP; Prof. Literatura/UFMT

 

Contrariando Antônio Vieira, que pedia ao orador do séc. 17 que desenvolvesse apenas um tema por ocasião, neste artigo, tratarei de dois.

O primeiro se refere a uma recente nota inserida no site da UFMT, reforçada em entrevista coletiva de sua reitora sobre a crise financeira da Instituição, ora empreendida pelo governo Temer/PMDB.

Na essência, sem contraposições; ao contrário, até exalto a atitude da magnífica. Falar publicamente de crise nas universidades é ato político legítimo e corajoso; é para poucos. Todavia, respeitosamente, aponto alguns itens que foram esquecidos.

Embora seja dito na nota que, “De 2014 para cá, perdemos 50% dos recursos de capital e 20% de custeio, sem contar a inflação...”, nada é exposto sobre o comportamento político dos governos e reitorias anteriores.

Tais comportamentos – compreendidos e denunciados pelo Sindicato Nacional da categoria (ANDES-SN) – não isentaram ninguém (de Collor a Dilma, e Temer poderá ser o da vez) de enfrentar greves das universidades. Nem Lula/PT – para quem reitores serviram de tapete político – escapou.

Aliás, de Lula – sempre desdenhoso para com os servidores federais e sedento para se perpetuar no poder – se chamou a atenção para a expansão irresponsável que seu governo se nos impunha, subtraindo-nos a autonomia. Seu Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades (ReUNI) e o ENEM são exemplos cabais.

Lula, ao injetar recursos para construção de prédios nas universidades – em geral, mal feitos, muito mais para contemplar interesses de empreiteiras – mandou e desmandou nas federais. Servimos de moeda de troca. Simples assim.  

Pergunto: o que os reitorados e os reitoráveis da época fizeram para cuidar do futuro das instituições? O que fizeram para preservar a Autonomia Universitária, consoante o Art. 207 da Constituição?

Como “o futuro” já é, relembro: a maioria, além de apoiar aquele governo, golpeou/cooptou os conselhos superiores para a imposição dessas expansões.

Na UFMT, vários dos novos cursos e o campus (aliás, sem o vergonhoso acento circunflexo em um termo da Língua Latina) de Várzea Grande, vizinho da capital, mas não só, são exemplos de expansão irresponsável. Aqui, chegou-se ao cúmulo de votar coisas do gênero fora do campus (de novo, sem o circunflexo, pois está no singular). Lembram-se da votação na OAB?

Mais: o que fizeram os magníficos quando Lula e Dilma – de novo, o PT pensando na perpetuação da espécie no poder – canalizaram recursos públicos aos cofres das privadas, por meio do ProUNI, FIES etc.?

Em casos tais, o requinte de maldade desses mandatários foi estupendo, pois todos sabemos que as instituições particulares, com raríssimas exceções, não trabalham com acadêmicos, mas com clientes. Isso diz tudo: diplomas sem lastro e povo iludido, quando não endividado.

Mas sob o manto da inclusão, mesmo que falsa ou capenga, só “ouvimos o silêncio” dos magníficos, que agora precisarão gritar; e gritarão, afinal, Lula não está lá para ouvir.

Nem Dilma, para quem vários magníficos até posaram para foto de sua reeleição. Deu no que deu.

Portanto, apontemos legitimamente a crise. Democraticamente, condenemos Temer, de quem se deve mesmo temer sempre, mas não nos esqueçamos das outras farinhas, pois são todas do mesmo saco. Aliás, bem juntinhos, subiram a mesma rampa. Alguns já rolaram. Outros rolarão.

O segundo tópico é sobre as impactantes imagens das notas de maços de dinheiro em caixas, paletós e mochilas, recebidas por políticos mato-grossenses – e ao que tudo indica, corruptos – durante o governo Silval Barbosa, o delator do cerrado.

De seus delatados, há um que – além de ex-deputado e procurador do Estado – é docente de Direito na UFMT, pelo menos é o que constava na “Apresentação” de sua página virtual em 28/08/2017.  

Da parte da PGE, em nota, já foi admitida a gravidade das cenas, sinalizando com a abertura de Processo Administrativo Disciplinar contra aquele seu procurador.

No Rio, o professor que, nas redes sociais, incitou a violência, empunhando arma para comemorar a vitória de seu time, já recebeu as devidas e necessárias punições, e receberá outras, tão devidas quanto necessárias.

E a UFMT? Continuará no silêncio, fazendo-se passar por quem nada tem a ver com o problema tornado público em todas as mídias?

Nosso silêncio não poderia parecer um tipo de atestado de conivência institucional com a possível corrupção de um professor do seu quadro de efetivos?

Só para lembrar: esse colega foi liberado de suas funções acadêmicas para nos representar na Assembleia Legislativa, após sua eleição a deputado estadual.

Mas sua representação era como as imagens mostraram? Se for, fica por isso mesmo?

Outra lembrança: a despeito de eventual subtração de recursos públicos, que podem ser traduzidos pelos maços enfiados em sua mochila, sua própria liberação já impusera – isso com certeza – custos adicionais à sociedade, uma vez que alguém deve ter lhe substituído em seu Departamento.

Enfim, não estou, aqui, pedindo a condenação pública do colega previamente e sem julgamento, mesmo diante da nitidez das imagens, que constrangem. Estou solicitando que a UFMT se pronuncie, publicamente, no sentido de dar apoio irrestrito às investigações que o caso requer. Se houver condenação, que a Instituição tome as devidas providências no futuro.

De uma coisa, tenho certeza: o silêncio não nos fará bem.

 

Quinta, 17 Agosto 2017 15:38

 

Dizem os livros que Cezar, ao chegar de uma campanha vitoriosa (e dos braços de Cleópatra), desfez seu casamento, devido ao boato que corria em Roma de vários encontros de sua esposa com um homem na sua ausência. Ainda que alegasse ser honesta, pois o homem em questão era um notório homossexual, que eram encontros entre amigos, Cezar não titubeou, e disse: “Para ser a mulher de Cezar, não basta ser honesta, é preciso parecer honesta!”, e o encontro dela gerava suspeitas e comentários, motivo mais do que suficiente para se desfazer um casamento, pelo menos para um Imperador.


Desse evento Maquiavel tirou a máxima, que para o político, não basta que ele seja honesto, é preciso, antes de ser, parecer honesto. A política vive no mundo das aparências, pois é julgada por todos, e são poucos os que estão atentos às ações políticas, e a grande maioria julga os eventos pelos resultados. Por estar o político exposto aos holofotes públicos suas ações estão sendo vistas e julgadas constantemente, e se perde a imagem de honesto, se há suspeitas a respeito de suas ações, ele é obrigado a abandonar seu posto e provar a sociedade civil sua honestidade, para, comprovada sua idoneidade, possa ser reconduzido ao seu cargo. Não há para ele o benefício da dúvida, que pertence a sociedade, que tendo milhões de cidadãos sem suspeitas, não precisa manter um sobre o qual recaia acusações graves.


Na parte do mundo onde a política é razoavelmente decente, qualquer político suspeito é imediatamente retirado do seu cargo. Na maior parte das vezes por iniciativa própria, senão o partido o expulsa, senão o congresso o cassa, eis porque prefere se retirar da vida pública antes que seja penalizado em outras instâncias. Já aqui as coisas são bem mais indecentes. Os políticos acreditam que enquanto não se prova a sua culpa eles são inocentes, que se podem ter suspeitos em cargos eletivos, que na dúvida não podem ser condenados pelos pares ou pela sociedade, o que significa, entre outras coisas, o mais completo desrespeito à opinião pública, uma zombaria da sociedade civil.


Ou seja, o político quer fugir das suas responsabilidades com a sociedade civil e abusar da imunidade parlamentar, que na verdade tem sido invariavelmente sinônimo de impunidade. O político não é um cidadão comum, ele não tem direitos civis apenas, como a grande maioria das pessoas, tem privilégios e regalias do cargo que o obrigam a ter uma conduta exemplar, pois não são apenas ocupantes de cargos públicos, mas exemplos a serem seguidos pela sociedade. Eis porque no mundo decente eles são retirados da vida pública quando recai alguma suspeita, não estão dando bons exemplos a serem seguidos. O benefício da dúvida pertence a sociedade; se a sociedade tem suspeitas sobre o político, na dúvida é melhor escolher outro representante entre tantos bons cidadãos que existem.


Mas, se a nossa sociedade civil quiser, pode fazer justiça com os nossos políticos, e nem é preciso grande esforço e sacrifício, basta não reeleger os políticos atuais, todos eles ocupados apenas em como manter seus postos e suas regalias. De Temer ao mais baixo deputado, estão todos ocupados apenas em sobreviver politicamente, usando e abusando de suas prerrogativas de fazerem leis, que só beneficiam eles próprios. Eis uma forma se fazer a justiça com as próprias mãos, sem violência e sem desrespeitar as leis.


 
Roberto de Barros Freire
Professor do Departamento de Filosofia/UFMT
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Quinta, 18 Maio 2017 10:59

 

Nota política da Diretoria do ANDES-SN

A intensificação da crise do ilegítimo Governo Temer

 

O reingresso na cena política da classe trabalhadora, explicitado na greve geral do dia 28 de abril, acirrou a crise brasileira que vive mais um capítulo protagonizado pelas disputas de poder entre as frações burguesas. Pressionado pela força das movimentações da classe trabalhadora, que alteraram a correlação de forças na direção de dificultar a continuação da aprovação das contrarreformas, sobretudo após a greve geral de 28 de abril, setores da burguesia junto com a mídia corporativa se adiantam para tentar mudar as peças de transmissão de suas demandas em tempos de crise.

 

O ANDES-SN tem levantado a bandeira do “Fora Temer” conjugada com a estratégia da greve geral, apostando e construindo na reorganização da classe trabalhadora como único sujeito social capaz de reverter os rumos desastrosos que o neoliberalismo reforçado pela política de conciliação de classes tem conduzido à sociedade brasileira. Neste momento de instabilidade, não podemos hesitar, temos que estar nas ruas com nossas bandeiras de forma organizada e unitária, reforçando o grito de “Fora Temer”, convocando uma nova Greve Geral mais forte, agora de 48h, e defendendo os direitos da classe trabalhadora.

 

Avaliamos que, nesse momento de acirramento da crise, é fundamental estarmos nas ruas, nos atos pelo Fora Temer e contra as reformas, convocados pelas centrais sindicais e movimentos sociais para essa quinta-feira (18 de maio) em várias cidades do país, seguindo o nosso histórico de unidade de ação. Sobretudo, devemos nos organizar ainda mais para a construção do #OcupeBrasília no dia 24 de maio na direção de ampliar a convocação de uma nova e urgente greve geral!

 

O ANDES-SN e a CSP-Conlutas conclamam aos trabalhadores e trabalhadoras a intensificar as lutas.

 

A hora é agora!

Fora Temer!

Derrotar as contrarreformas trabalhista, da previdência e a terceirização

Nenhum direito à Menos!

 

 

Diretoria nacional do ANDES-SN

Brasília, 18 de maio de 2017

Terça, 10 Janeiro 2017 16:29

 

A reitoria da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) afirmou que a grave crise que afeta o estado pode causar o fechamento da faculdade. De acordo com a reitoria, é necessário efetuar o pagamento dos servidores e liberar recursos para que a instituição possa funcionar.

Em um ofício publicado na página da instituição e endereçado ao governador Luiz Fernando Pezão, a reitoria afirma que, caso isso não aconteça, "as atividades ficarão impossibilitadas nas diversas unidades", incluindo o Hospital Pedro Ernesto e a policlínica Piquet Carneiro.

No documento, assinado pela reitora em exercício Maria Georgina Muniz Washington, a instituição reivindica os pagamentos de novembro, dezembro e o décimo terceiro dos funcionários, além do repasse de bolsas e auxílios.

Em nota, a Secretaria Estadual da Fazenda se posicionou sobre o assunto e disse que os funcionários estatutários da Uerj vêm recebendo os salários junto com os demais servidores, dentro do calendário de pagamento. Neste caso, o pagamento de novembro 2016 está sendo parcelado em cinco vezes. Foram pagas as duas primeiras parcelas nos dias 5 e 6 e serão pagas as demais nos dias 11, 13 e 17.

Sobre os repasses, a secretaria afirmou que seguem sendo feitos à Uerj, mesmo diante da grave crise financeira que o Estado atravessa, mas que, desde o início da crise, a prioridade absoluta tem sido o pagamento dos salários dos servidores do Estado. 

O supercomputador da Uerj, um investimento de cerca de R$ 5 milhões, está desligado. Ele faz parte de uma das pesquisas mais importantes da área da física no país. O aparelho não funciona porque uma peça quebrou.

no break (estabilizador de energia) da máquina precisa ser reposto. Os R$ 450 mil para repor foram aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), mas não foram liberados pelo governo do RJ. Com isso, a Uerj corre o risco de ser descredenciada pelo laboratório suíço que coordena o estudo sobre o nascimento do universo.

De acordo com a Uerj, dos R$ 128 milhões de projetos aprovados pela Faperj desde 2014, o estado só repassou para a universidade R$ 60 milhões. Em 2016, o setor de pesquisas científicas e tecnológicas não recebeu dinheiro algum.

A Faperj culpa a crise econômica. A fundação afirma que está priorizando o pagamento de 5 mil bolsistas e reconhece que cerca de 3,5 mil projetos continuam aguardando o aumento da arrecadação para voltar a receber financiamento da Faperj.

Ao longo de 2016, o governo federal não fez os repasses previstos para a UFRJ no estudo dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Eles usaram verbas de outros projetos para que os estudos não parassem.

 

“Eu imagino que há 20 ou 25 anos não vemos uma crise tão grande na área de ciência e tecnologia no Brasil. Com a falta de investimento e com a necessidade de sustentar o investimento na pesquisa em si e na infraestrutura da universidade”, explicou Rodrigo Brindeiro, diretor do Instituto de Biologia da UFRJ.

 

O governo federal só liberou os pagamentos pendentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no fim do ano passado. O conselho recebeu R$ 500 milhões obtidos pela repatriação. Alguns recursos estavam suspensos desde 2014.

Segundo o presidente da instituição, os recursos para o pagamento de bolsas e de editais está garantido.

“Todos estes receberão os seus recursos devidamente no prazo previsto. O exemplo mais importante são as bolsas no exterior, onde já conseguimos alocar os pagamentos até março de 2017”, explicou Mario Neto Borges, presidente do CNPq.

No Instituto de Biologia da UFRJ, o diretor afirma que a união só liberou 30% da verba prevista para pesquisas importantes.

“Aquilo que não foi executado em 2016 impacta em 2017. Vamos precisar de três a seis meses para recompor essa estrutura”, destacou Rodrigo Brindeiro.

Para a Academia Brasileira de Ciências, a crise ameaça uma geração de jovens mestres e doutores. No Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, de 55 pesquisadores, pelo menos 8 planejam deixar o país.

 

“As pessoas que estão, nesse momento, militando e atuando, os pesquisadores, os jovens professores, estão todos desiludidos e vão buscar outros rumos e caminhos. E esse cenário não contribui em nada como atrativo para as novas gerações de pesquisadores brasileiros. Então, está armado o cenário da destruição”, contou Débora Fogel, pesquisadora da Academia Brasileira de Ciências.
Fonte: G1
Quarta, 20 Julho 2016 17:45

 

 

Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Registram os dicionários que “mediocridade” é a característica dos que se situam entre a abundância e a pobreza; dos que não possuem valor, talento, mérito; dos que são apequenados de ideias e ações. Deveríamos fugir sempre dela, embora essa fuga seja difícil. A “Deusa Mediocridade” insiste em se nos apresentar. Por isso, no Brasil, tudo vai se esvaindo na mesma nuvem de poeira produzida pelo império dos medíocres.

Hoje, para tratar outra vez desse tema, lanço mão do Discurso de Autoridade. Faço-o por meio de Jarbas Vasconcelos: um pernambucano que está há mais de 40 anos na política. Encontrei Vasconcelos no programa de Fernando Gabeira (“Centrão” domina discussões na Câmara), apresentado há pouco pela Globonews.

De início, Gabeira diz o seguinte sobre o “centrão”: “No passado havia um grupo de deputados que ficava no fundo do plenário, num lugar meio escuro. Eram chamados do baixo clero...”.

Depois, o apresentador explica que essa identificação – que faz analogia com a hierarquia da Igreja Católica – pressupunha a existência dos cardeais. Em seguida, diz: “essa realidade mudou”. Aponta como início da mudança a chegada de Severino Cavalcanti à presidência da Câmara Federal.

Após a ascensão de Severino, o baixo clero começou a ocupar as poltronas do meio e as da frente daquela casa; começou a dar as cartas. Estava formado o nosso “centrão” político. O ápice do baixo clero foi encarnado pelo inominável Eduardo Cunha. Seu substituto – a bizarra sombra de Waldir Maranhão – pode ter dado início ao declínio do baixo clero, mas isso ainda longe do fim.

Enquanto essa queda não ocorrer de fato, quem continua a decidir os rumos políticos de nosso país é exatamente essa massa de deputados, para os quais tudo se move conforme seus interesses individuais.

Pois bem. Assim que Gabeira, em seu programa, dá voz a Vasconcelos, o deputado diz que o nível da Câmara é o pior que já conheceu desde os anos 70, quando ali chegou pela primeira vez.

Vasconcelos está no terceiro mandato. Para ele, a mediocridade da Câmara – que tem 513 deputados – chega a tal ponto que, “para reunir de 12 a 15 pessoas para trocar ideias sobre a conjuntura do momento é a coisa mais difícil do mundo”.

Em sua opinião, o estágio de degeneração se evidencia pelos seguintes fatores: “o pouco interesse da população. Soma-se a isso, a eleição, que se tornou corporativa, econômica... Cada um dos que chegam aqui, chega com uma história de interesses e objetivos pessoais: ou de roubar, ou de fazer negócios, ou de ficar aqui apenas para compor um quadro de mediocridades”.

Dentro desse quadro, acaba de ser eleito à presidência daquela casa o deputado Rodrigo Maia, filho do político César Maia. A respeito de seu filho, César disse que Rodrigo “claramente fala ao médio clero, com expectativa e capacidade de ascensão”.

É verdade. Seu primeiro discurso já como presidente empossado da Câmara dos Deputados foi a prova de uma fala de médio para médios; ou seja, de medíocre para medíocres. Faltando-lhe um discurso preparado, do pouco que disse, talvez o mais significativo foi que o filho caçula seja um botafoguense. A que ponto se desceu!

Mas o que é ruim...

E tende a ficar pior mesmo, pois as tais “medidas necessárias para tirarem o Brasil da paralisia”, tão exigidas pela mídia, tendem a ser votadas. A da Previdência é uma delas. O trabalhador pagará por tudo mais uma vez; agora, com um “Congresso destravado”.

Que nos preparemos. Os medíocres continuarão a dar as cartas.

Quinta, 23 Junho 2016 17:37

 

 

JUACY DA SILVA*

 

A cada dia a população é colhida de “surpresa” pelo noticiário dos meios de comunicação de casos e mais casos de corrupção  em todos os Estados, municípios e na Administração  federal. A polícia Federal,  a polícia civil dos vários estados,  o Ministério Público Federal, os GAECOS dos Ministérios Públicos Estaduais, a Justiça Federal  e a Justiça dos Estados estão  abarrotados de processos  onde “autoridades”, com ou sem mandato, estão, foram ou serão investigadas, presas e condenadas por crimes de colarinho branco.


Entre os crimes mais comuns nesses processos  estão: corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de organizações criminosas/quadrilhas,  evasão de dinheiro, tráfico de influência, enfim, roubo. Assim sendo essas autoridades na verdade são ladrões de colarinho branco, gente influente, até há bem pouco tempo “acima de qualquer suspeita”, que, ao roubarem dinheiro público e colocarem importâncias vultuosas  de milhões e bilhões de reais em contas secretas em paraísos fiscais ou outros países, passaram a ser investigados de forma mais  profunda, principalmente a partir da OPERAÇÃO LAVA JATO e a batuta do Juiz Federal Sérgio Moro, em Curitiba.


Todavia, a força tarefa e a ação destemida da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e a Justiça Federal, em Curitiba, não conseguem alcançar ou atingir os chefões  desses esquemas criminosos, pois os mesmos, apesar de que muitos já figuram das listas de bandidos de colarinho branco,  as famosas LISTAS  do JANOT, da   Odebrecht  e outras que surgem a partir dos acordos de delação premiada, por serem protegidos pela excrecência jurídica de que tem “foro especial” ou privilegiado e só  podem ser investigados, presos, julgados e condenados pelo  e com autorização do STF, que tem  um ritmo bem mais devagar do que a Operação Lava Jato em Curitiba,  acabam ficando impunes. 


Até  o momento, apenas o ex-senador e Líder do Governo Dilma no Senado, Delcidio Amaral foi preso e perdeu o mandato, os demais, incluindo vários deputados federais, senadores, com destaque para  os presidentes da Câmara Federal Eduardo Cunha e do Senado, Renan Calheiros, ninguém parece temer as  ações do Procurador Geral da República e do STF, pois continuam discursando no Congresso e andando livremente pelo país, inclusive usando aviões da FAB e desfrutando de todas as mordomias e privilégios que os cargos lhes proporcionam, pagos, claro, com o dinheiro público, oriundo de uma das maiores cargas tributárias do mundo, enquanto os trabalhadores tem que fazer malabarismo para sustentarem a si e suas famílias na linha ou pouco acima da linha de pobreza.


Na manhã  de ontem, quinta feira, 23  de junho de 2016, acordamos com o estardalhaço  da prisão preventiva de um figurão importante do PT e dos Governos LULA e DILMA, o ex-ministro de planejamento e das comunicações Paulo Bernardo, no desdobramento da operação pixuleco/lava jato, agora denominada, nesta fase, de CUSTO BRASIL. A imprensa destaca também o fato do ex-ministro ser esposo da ex-ministra chefe da casa civil de Dilma, senadora aguerrida do PT/PR  Gleisi Hoffman  e que tanto ela quanto seu esposo agora trancafiado na Policia Federal  já  foram indiciados em outro processo que investiga o uso de dinheiro roubado da PETROBRÁS  na Campanha para o Governo do PR em 2010.


Neste meio tempo o STF  por 11 votos  a zero torna o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha em réu por corrupção e outros crimes mais. De forma semelhante há poucos dias foram presos vários  empresários e outros laranjas nas investigações que estão sendo feitas sobre a origem dos recursos usados pelo Candidato Eduardo Campos, falecido em plena campanha.


Da mesma forma no Rio de Janeiro o ex-governador Sérgio Cabral é acusado de receber propina das obras da copa, principalmente do Maracanã, situação que também  existe em diversos estados em que foram construídas obras da fracassada COPA 2014.


Em São Paulo está em andamento investigações sobre corrupção na merenda escolar e também na Companhia dos trens metropolitanos. Em Minas Gerais o já condenado no MENSALÃO, publicitário, queridinho do PT e PSDB,  resolveu abrir o bico sobre o MENSALÃO TUCANO.

/Recentemente  uma Companhia aérea europeia que opera na Argentina, Colômbia e México informou que não vai operar no Brasil devido ao ambiente de corrupção que marca o país.


Finalmente, ao encaminhar ao Congresso o Projeto de Lei de inciativa popular, de combate a corrupção, encabeçado pelo Ministério Público Federal, o procurador que defendia o projeto disse com todas as letras que por ano a corrupção desvia/rouba a bagatela de mais de 200 bilhões de reais.

Com essas  e com outras que ainda estão por vir, não resta dúvida que o Brasil está precisando de passar por uma grande limpeza ética, tanto na administração pública quanto no meio empresarial, antes que o crime organizado amplie seus tentáculos de forma irremediável. Afinal, LUGAR DE CORRUPTO É NA CADEIA, jamais nas estruturas do poder!


*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista de A Gazeta. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Blog http://www.professorjuacy.blogspot.com/ Twitter@profjuacy