Comunicação

Comitê visita haitiano e quer investigação sobre atendimento no Pronto Socorro de Cuiabá

Representantes de entidades ligadas ao Comitê em Defesa dos Direitos do Imigrante em Mato Grosso visitaram, nessa quarta-feira (09/12), o haitiano Elveus Chisner, no Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC). Chisner foi atingido por um tiro no dia 22/11 e está internado pela segunda vez desde então. Durante a visita, o Comitê conversou com o diretor e a coordenadora do HPSMC e falou sobre a possibilidade de solicitar investigação sobre o atendimento. 

O Comitê tem dúvidas sobre os primeiros procedimentos realizados pelo Pronto Socorro. Após ser atingido, Chisner foi atendido e ficou sete dias internado. A bala ficou alojada na coluna e não pode ser retirada, deixando-o paraplégico. No dia 29/11, ele recebeu alta com encaminhamento para sessões de fisioterapia. No entanto, menos de 12 horas depois, voltou ao HPSMC com quadro grave de infecção. 

O diretor do Hospital, Alexandre Martins, disse que o atendimento foi padrão, e que pode ocorrer um quadro de infecção em poucas horas, em casos como o de Elveus. 

A coordenadora do HPSMC, Sônia Araújo, reafirmou que o haitiano foi bem atendido, como qualquer outro paciente que chega ao Pronto Socorro de Cuiabá com necessidade de atendimento de urgência e emergência, e que ele só recebeu alta, no dia 29/11, porque não apresentava mais esse quadro. 

Para o presidente da Adufmat-Ssind, Reginaldo Araújo, é preciso analisar o caso. “Nós vamos solicitar à ouvidoria do Pronto Socorro de Cuiabá uma análise do atendimento prestado, considerando a fragilidade do paciente, que estava com uma bala alojada na coluna e com a locomoção prejudicada. Retornar ao hospital menos de 12 horas depois de receber alta, com quadro grave de infecção, não nos parece normal. Também gostaríamos de saber mais sobre a medicação indicada, que teria sido apenas um analgésico”, explicou. 

O Comitê acredita que racismo e/ou xenofobia podem estar influenciando as relações com imigrantes haitianos em Mato Grosso, e que o caso de Elveus pode ser uma manifestação disso. Por isso, aproveitaram a visita para espalhar mensagens na entrada do hospital, destacando a universalidade do Sistema Único de Saúde, e contra qualquer tipo de preconceito no atendimento público.   

De acordo com o interprete da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Rafael Lira, que tem acompanhado o estado do haitiano, até o momento da visita, na quarta-feira, o quadro de saúde era estável, e a previsão era de que ele recebesse alta na próxima terça-feira (15). No entanto, ele ficou de retornar ao hospital na sexta-feira (11) para saber mais sobre novos exames que foram realizados, e confirmar as informações. 

A embaixada do Haiti no Brasil, em contato com membros do Comitê em Defesa dos Diretos do Imigrante em Mato Grosso, já se movimenta para autorizar a entrada da esposa de Elveus no Brasil. 

Fazem parte do Comitê representantes das seguintes entidades: Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind), Instituto de Saúde Coletiva da UFMT (ISC/UFMT), Organização de Suporte das Atividades dos Haitianos no Brasil (OSAHB), Diretório Central da UFMT (DCE), Faculdade de Nutrição da UFMT, Ouvidoria da Defensoria Pública de Mato Grosso, secretarias estaduais de Educação (Seduc) e Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), assessoria do deputado federal Ságuas Moraes, Juventude Revolução, Levante Popular e Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público em Mato Grosso (Sintep/MT).

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Luana Soutos
Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind