Terça, 10 Setembro 2019 15:27

 

Pela primeira vez, em 2019, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) participou das atividades relacionadas ao mês da visibilidade lésbica, realizadas no final de agosto. Para a diretoria da entidade, o envolvimento significa mais um passo do sindicato em direção às pautas populares, ampliando os horizontes de sua atuação com vistas à ruptura com o modelo social vigente.   

 

O evento "Amar entre Elas: existimos e resistimos", realizado nos dias 29 e 30/08 no campus da UFMT em Cuiabá, resultou da organização conjunta das entidades Tesouras do Cerrado, ANDES – Sindicato Nacional e ONG Livremente, além da Adufmat-Ssind e militantes independentes. Os debates abordaram temas desde a luta política por reconhecimento e respeito à diversidade até a saúde da mulher lésbica, com a distribuição de cartilhas e outros materiais informativos.

 

Na mesa de abertura, realizada no auditório do Instituto de Saúde Coletiva no dia 28/08, as organizadoras deram as boas vindas a todos os participantes, e relataram dificuldades diárias provocadas pelo preconceito. “Há 19 anos me descobri lésbica. Há 19 anos é horrível ver nos jornais que o preconceito matou mais uma de nós. Há 19 anos eu luto contra isso, mas continua acontecendo”, disse a mediadora da mesa, Marcela Souto, estudante de Serviço Social da UFMT.

 

Além do preconceito social formatado historicamente, a atual conjuntura foi destacada nas intervenções das convidadas e demais participantes.    

 

“Num momento de ascensão fascista, é muito importante ter a coragem de vir aqui, em Mato Grosso, periferia da periferia de um país latino americano, dizer que tem ‘chapeludo’, sim - que tem todo o direito de existir -, mas também tem sapatão, e que os nossos corpos não estão disponíveis para consumo masculino; que nós existimos e resistimos. Como diretora da Adufmat-Ssind, poder dar visibilidade, ampliar essa voz de resistência é cumprir a nossa função como instrumento da luta de classes”, disse a diretora da Imprensa da Seção Sindical do ANDES-SN, Lélica Lacerda.

 

A diretora destacou, ainda, que a luta das mulheres lésbicas também é pela sobrevivência, como a da população negra e periférica, eliminada diariamente pelo Estado burguês sob a justificativa de “acabar com ao tráfico”.

 

A vice- presidente do ANDES-SN, Quelli Rocha, também falou sobre a abertura para discutir as questões sociais relacionadas à sexualidade dentro das organizações sindicais, num exercício de autocrítica. “O sindicato ainda é um instrumento de organização da luta dos trabalhadores que não tem gênero, raça e orientação sexual. É a ideia pasteurizada do militante operário fabril do século XIX, da Europa, que nunca chegou ao Brasil”, disse a docente, acrescentando que tem a expectativa de que o cenário mude e mais mulheres possam expressar sua sexualidade livremente, sem medo de qualquer ataque ou retaliação, seja na rua ou nos espaços políticos que queiram frequentar.

 

A data 29 de agosto foi estabelecida como Dia Nacional da Visibilidade Lésbica para marcar a organização das mulheres que realizaram o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, coordenado pelo Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (COLERJ), em 1996. Sob o tema “Visibilidade, Saúde e Organização” as mulheres debateram sexualidade, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e HIV/AIDS, além de trabalho e cidadania. Desde então, o 29 de agosto é, nacionalmente, um dia de atividades voltadas para temas de interesse de todas as mulheres, independente da sexualidade.

 

Cuiabá já é uma das capitais que registra anualmente a data, geralmente com atrações culturais, em diversos espaços. Por isso, foi justamente assim que a organização do evento realizado na UFMT finalizou as comemorações do mês da visibilidade lésbica em 2019: um sarau cultural reunindo artistas regionais e quem mais estivesse disposto a contribuir com a luta pelo respeito, pelo amor, pela diversidade, pela educação pública, pela arte e pela emancipação da classe trabalhadora.

 

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Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind