Sábado, 28 Abril 2018 12:41

 

Os alunos seguirão com as ocupações, paralisações e manifestações na próxima semana

 

Os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), fortemente mobilizados em todos os campi – Araguaia, Sinop, Rondonópolis, Várzea Grande e Cuiabá, venceram a primeira batalha contra o aumento da refeição no Restaurante Universitário (RU) nessa sexta-feira, 27/04. No entanto, a suspensão do aumento previsto para o mês de maio não foi considerado o suficiente pelo Movimento Estudantil, e as ocupações, paralisações e manifestações devem continuar até que a administração desista definitivamente da proposta.

 

O anuncio de que o aumento seria suspenso foi dado pelo vice-reitor da instituição, Evandro Soares, após a ocupações do prédio da Reitoria, em Cuiabá, na manhã dessa sexta-feira. A mensagem entregue aos estudantes estava numa folha pautada, escrita a mão. “Eu, Evandro Aparecido Soares da Silva, vice-reitor da UFMT, suspendo a implantação da nova política de alimentação da UFMT para o mês de maio de 2018, em atendimento à reivindicação dos estudantes”, leu o vice-reitor.

 

 

A primeira batalha vencida foi comemorada pelos estudantes. No entanto, as mobilizações devem continuar em todos os campi, com aulas suspensas e ocupações até que a administração se comprometa, de fato, a ouvir a comunidade acadêmica. Há uma grande preocupação, pois algumas ações encaminhadas pela Reitoria da UFMT, à exemplo da proposta de aumento e separação dos estudantes entre quem pode ou não pagar o RU, colocam em risco o caráter público da universidade.

 

“Nada garante, não é? Está suspenso para maio, mas aí tem junho, julho, agosto...”, disse a coordenadora do DCE em Rondonópolis, Luana Kawamura.

     

 

Mobilização histórica

 

Durante essa semana, a administração da universidade realizou audiências em todos os campi, e perdeu em todos. Com o apoio declarado dos professores e dos técnicos administrativos, os estudantes realizaram uma mobilização histórica, demonstrando força na organização e nos argumentos contrários aos apresentados pela gestão.

 

Entre as propostas apresentadas pelos estudantes estão a auditoria do contrato com a empresa licitada, e maior autonomia na universidade na gestão do RU.

 

Em Sinop, os alunos paralisaram todas as atividades do campus, e chegaram a reunir mais de mil estudantes na assembleia realizada no dia 24/04, que representa mais de 50% do total de alunos do campus. Na noite de sexta-feira, 27/04, os estudantes decidiram novamente manter a mobilização. “A Reitoria realizou a audiência aqui hoje de manhã e a proposta foi a mesma apresentada nos outros campi. Decidimos agora a noite permanecer em greve”, disse o estudante Pedro Sandmann.

 

Os estudantes de Rondonópolis aprovaram paralisação estudantil, e não haverá nenhuma atividade no campus na próxima semana. Eles entregaram um documento à administração reivindicando a formação de uma comissão local para discutir a questão do Restaurante Universitário. Essa demanda foi acordada na audiência realizada no campus na quarta-feira, 25/04.

 

Audiência em Rondonópolis

No campus do Araguaia a mobilização também permanece. “A gente decidiu manter ocupado até o dia 07, quando haverá uma reunião do Consuni [Conselho Universitário] e a gente vai pedir a suspensão do calendário acadêmico. Depois disso, nós vamos pensar as próximas ações do DCE”, disse o coordenador do DCE, Pedro Rezende.

 

Os estudantes do campus de Várzea Grande intensificaram a mobilização nos últimos dias, e ocuparam o Bloco Didático no campus de Cuiabá, onde terão aulas até que o campus fique pronto [sem data prevista]. O campus é um dos mais prejudicados pelos cortes de recursos, já que os cursos de Engenharia - a maioria dos oferecidos no campus - estão sendo ministrados desde o início sem as condições adequadas.

 

 

Em Cuiabá, os estudantes também pretendem continuar com as ocupações.

      

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Sexta, 27 Abril 2018 12:16

 

                A Universidade pública, gratuita, de qualidade, laica, democrática e socialmente referenciada tem sido ininterruptamente atacada, de maneira a inviabilizá-la, abrindo espaço para os empresários privados, que vendem a educação como uma mercadoria qualquer. Nesse mercado de ofertas privadas, somente tem acesso e permanência, aqueles que têm dinheiro para comprar. E onde a pesquisa e a extensão são orientadas por ‘metas’ adequadas à lucratividade do setor, não aos interesses da sociedade. A educação de qualidade, por consequência, é uma carta de intenções cuja materialidade inexiste, conforme demonstram os números oferecidos pelo próprio Ministério da Educação, responsável pela multiplicação de cursos privados mal avaliados. Defensores e implementadores das agendas que constituem o projeto neoliberal hegemônico no mundo, nossos ‘representantes’ (capitaneados por Temer) têm sido determinados e atuantes (sob as diretrizes do Banco Mundial) no sentido de acabar com a Universidade Pública e tudo que ela representa enquanto educação, pesquisa, extensão e, principalmente, compromisso com referência social, autonomia e qualidade de ensino.

                No caso da UFMT, esses movimentos privatizantes têm sido realizados a conta-gotas, de maneira a criar fatos que justifiquem, mais adiante, o discurso oficial quanto à impossibilidade de medidas alternativas. Assim foi com a terceirização, que foi substituindo seu quadro de servidores por trabalhadores precarizados e mal remunerados, necessários ao lucro das empresas intermediárias, como a exemplo do RU; com a autorização dos Conselhos Superiores para cobrança de cursos de pós-graduação latu senso, os quais se transformaram em significativa fonte de recursos, onde cada unidade-proponente substitui as pressões necessárias à Administração e à União, pelo fundo privado dos alunos pagantes; do REUNI, sob a simpática bandeira de democratização do acesso à sociedade e de expansão dos polos universitários, condicionou o repasse de recursos à adesão das IFE (Instituições Federais de Ensino) ao Programa. Ao final, os recursos adequados não vieram, a qualidade do ensino foi comprometida por falta de professores e estruturas adequadas e, agora, sequer as garantias para permanência dos estudantes que acreditaram na ‘democratização do acesso’ estão asseguradas.

                Entretanto, enquanto a Administração Superior tenta justificar o injustificável, promovendo ‘Audiências Públicas’ em que mais fala do que escuta, e o que fala limita-se à justificação econométrica dos números, os estudantes – de todos os campi – não somente têm apontado inconsistências nos números, nas justificativas, no conteúdo do contrato com empresa de alimentação, na falta de diálogo efetivo e democrático com a própria Reitora; mas, têm feito ações diretas, com ocupações e fechamento de guaritas. Afinal, quando o diálogo sobre os cortes orçamentários limitam-se aos números e recusa-se a discutir qual universidade queremos, de quais princípios não podemos abrir mão para mantê-la pública, gratuita, democrática, laica, de qualidade e socialmente referenciada... somente a luta pode abrir o espaço para o diálogo democrático, horizontal, comprometido com a universidade que os estudantes, técnicos e professores defendem. Resta, agora, que a Reitoria e os pró-reitores exponham qual a universidade que, efetivamente, defendem!

TODO APOIO À LUTA DOS ESTUDANTES PELA MANUTENÇÃO DO RU UNIVERSAL A R$1,00!

Diretoria da ADUFMAT, 27/04/2018.

Terça, 24 Abril 2018 17:45

 

 

Estudantes trancaram entradas dos campi e podem deflagrar greve nos próximos dias

 

Auditoria do contrato com a empresa responsável pela alimentação dos estudantes no Restaurante da Universidade Federal de Mato Grosso. Essa é uma das importantes contrapropostas apresentadas pelos estudantes da instituição, mobilizados há dias contra a intenção de aumentar o valor da refeição apresentada pela Reitoria.

 

Esta semana, a administração da universidade está realizando audiências públicas nos campi para ouvir a comunidade acadêmica. Mesmo que o calendário tenha sido divulgado em cima da hora, a participação nas audiências está sendo intensa, e as intervenções unanimes: não ao aumento; não à quebra da política universal de alimentação; não à divisão dos estudantes entre quem pode ou não pagar. Se, de fato, a gestão Diálogo e Ação tem a intenção de dialogar e ouvir a comunidade acadêmica, a ideia de mexer na política de alimentação do Restaurante Universitário, nestes moldes, já pode ser abandonada. 

 

Na primeira audiência, realizada no campus de Cuiabá nessa segunda-feira, 23/04, os representantes dos técnicos administrativos, professores e estudantes foram categóricos ao afirmar que o ônus dos cortes de recursos impostos pelo governo federal não deve cair sobre os estudantes, bem como a lógica neoliberal não pode avançar na universidade - que já tem parte significativa dos serviços terceirizados.

 

“É assim que se começa a privatizar a universidade pública, pelo restaurante, criando diferenças entre os estudantes”, disse a diretora da Adufmat – Seção Sindical do ANDES, Alair Silveira, durante a audiência. O sindicato já denunciou que a política de divisão dos estudantes é orientada por instituições financeiras internacionais, afim de justificar, mais tarde, a cobrança de mensalidades também nos cursos de graduação.     

 

Em decorrência da insistência da Reitoria, apesar dos apelos, uma das portarias da universidade em Cuiabá amanheceu fechada nessa terça-feira, e os estudantes já discutem a possibilidade de deflagração de greve nos próximos dias. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) deve convocar um Conselho de Entidades de Base ainda esta semana com esse ponto de pauta.

 

 Estudantes ocupam uma das portarias da UFMT em Cuiabá

 

Como as obras do campus da UFMT Várzea Grande não foram concluídas e as aulas são ministradas no campus de Cuiabá, tanto as audiências como as mobilizações dos estudantes estão sendo consideradas conjuntas.

 

Em Sinop, ainda na noite de segunda-feira, uma assembleia histórica reuniu mais de mil estudantes que discutiram e deliberaram pela suspensão do calendário acadêmico. Por lá, a audiência será realizada no dia 26/04.  

 

 Mobilização em Sinop na noite de segunda-feira, 23/04

O campus de Sinop permanece fechado, assim como o de Barra do Garças, onde a audiência foi realizada na manhã dessa terça-feira, 24/04 e, novamente, a comunidade acadêmica apontou a rejeição da proposta apresentada pela Reitoria. “A audiência foi produtiva em termos de conteúdo. Nós estudamos bastante, fomos bem preparados para o debate, questionamos pesadamente. Até mesmo professora que mediou e o pró-reitor local se posicionaram contrários ao aumento”, explicou o coordenador do DCE no Araguaia, Pedro Rezende. De acordo com o estudante, há perspectiva de greve no campus.

 

 

 

Os estudantes da UFMT em Rondonópolis também estão mobilizados e iniciam nessa terça-feira um acampamento. “Nós preparamos faixas e outros materiais para a audiência de amanhã (25/04). Estamos organizando uma mobilização que vai se chamar ‘Galinhada federal: o RU permanece universal’”, disse a coordenadora do DCE local, Luana Kawamura.  

 

 No Araguaia os estudantes realizaram o enterro simbólico do RU

 

Além da auditoria do contrato milionário com a empresa Novo Sabor Refeições Coletivas, do grupo Às - ligado ao Buffet Leila Malouf, os estudantes reivindicam maior autonomia da universidade na condução do RU, por meio de programas de extensão com cursos de Nutrição, Engenharia de Alimentos, Agronomia, entre outros.       

 

Na página do facebook, Em Defesa do RU a 1 Real, há outras informações sobre as mobilizações na UFMT.    

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Sexta, 20 Abril 2018 19:46

 

Essa sexta-feira, 20/04, foi de mobilização nos campi Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Sinop e no Araguaia. Os estudantes fecharam as entradas e permaneceram organizados nas unidades durante todo o dia, reivindicando que não haja alterações na política de alimentação do Restaurante Universitário. Em nota, a instituição divulgou uma agenda de audiências para discutir a questão na próxima semana (leia aqui).       

 

As manifestações do Movimento Estudantil demarcam a rejeição às propostas de aumento apresentadas pela Reitoria da universidade que, essencialmente, divide os estudantes usuários do restaurante em três grupos, de acordo com a renda familiar: os isentos, os parcialmente isentos e os que pagariam a refeição de forma integral.

 

Num primeiro momento, a administração da UFMT apontou para o repasse quase total do valor da refeição aos estudantes pagantes, cerca de R$ 9,00, que junto ao café da manhã ultrapassaria R$ 20,00 diários. Após a reação dos estudantes, uma nova proposta foi ventilada, reajustando o valor de cada prato para algo em torno de R$ 5,00. Mesmo assim, o reajuste é considerado impensável para o Movimento Estudantil. Atualmente os estudantes pagam R$ 0, 25 pelo café da manhã e R$ 1,00 pelas demais refeições.

 

No Araguaia, os discentes chamaram a atenção para o percentual do aumento. “Quatrocentos por cento é muito maior do que o da inflação. A instituição trabalha sobre os pilares do ensino, pesquisa e extensão, mas nós precisamos da permanência para realizar essas atividades. Se nós não tivermos a permanência, a universidade não vai existir”, afirmou o vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes, Lucas Leonel.     

 

 

Os estudantes realizaram uma pesquisa no campus e verificaram que a grande maioria dos alunos não tem renda suficiente para custear refeições diárias acima de dez reais, considerando café da manhã, almoço e janta.  

 

O pró-reitor do campus, professor Paulo Jorge da Silva, afirmou que a demanda dos estudantes é legítima, e que até poderá levar o documento apresentado pelo Movimento à Reitoria. No entanto, evitou qualquer outro tipo de comprometimento, alegando que a decisão será tomada nos espaços institucionais, os conselhos da universidade.  

 

Em Sinop os estudantes pretendem realizar outras manifestações nos próximos dias. “Como a reitoria está fazendo com que os alunos não tenham voz, nós convocamos assembleia geral para debater sobre o RU e, como atingimos quórum mínimo, deliberamos a paralisação geral dos estudantes até quinta-feira, e vamos continuar trancando a guarita. Porém, alguns professores estão dificultando a atuação dos acadêmicos na mobilização. Como o calendário está seguindo normalmente, já estamos com provas acumuladas para a próxima semana. Mesmo assim, iremos continuar até nos ouvirem”, afirmou a estudante do curso de Farmácia, Larissa Mendes.

 

 

Até o início da tarde de sexta-feira, a administração local não havia entrado em contato com o Movimento, de acordo com os representantes estudantis.

 

Em Cuiabá não houve manifestação, mas o DCE realizou uma reunião com a base para definir a agenda de mobilizações da próxima semana.

 

Para a diretoria da Adufmat-Seção Sindical do ANDES, que representa a categoria docente, o rompimento com a principal política de permanência estudantil demonstra que a universidade está tomando posições que colocam em risco o caráter gratuito da instituição. “Dividir os estudantes, apontando aqueles que podem ou não pagar pela refeição dá margem à lógica de que parte dos estudantes também pode pagar mensalidades para estudar. Nós já sabemos que essa é uma orientação do Banco Mundial. Da mesma forma, inserir disciplinas de empreendedorismo em todos os cursos, como a instituição tem sinalizado que pretende fazer, ameaça o formato de instituição pública, gratuita e de qualidade que, para nós, é tão valioso”, afirmou o presidente do sindicato, Reginaldo Araújo.

 

 

Sobre a defesa do RU, leia também:

 

Estudantes da UFMT seguem mobilizados pela manutenção do Restaurante Universitário a R$ 1 e realizam intervenção em encontro de pró-reitores

 

Quinta-feira é marcada por protestos na UFMT contra aumento no Restaurante Universitário

 

Aumento do valor da alimentação no Restaurante Universitário obedece a lógica do Banco Mundial, afirma Adufmat-Ssind

 

 

Outros veículos de comunicação locais acompanharam as manifestações dessa sexta-feira. Clique nos links abaixo para ler:

 

Matéria exibida no SBT

 

Matéria publicada no site Olhar Direto

 

Matéria publicada no G1

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

*Imagens disponibilizadas pelo Movimento Estudantil e Focaia Agência de Jornalismo da UFMT/Araguaia

Sexta, 06 Abril 2018 14:47

 

 

Os pró-reitores reunidos na primeira edição do Encontro Regional Centro-Oeste de 2018, do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), em Cuiabá, foram surpreendidos nessa quarta-feira, 04/04, quando estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), organizados contra o aumento do valor da alimentação do Restaurante Universitário, realizaram uma intervenção no local em que estavam reunidos.

 

Durante o segundo dia do evento programado para discutir questões relacionadas a assistência estudantil, os principais interessados no assunto entraram no auditório do Instituto de Ciências Humanas e Sociais carregando um enorme cartaz e instrumentos de percussão, com o objetivo de obter um posicionamento formal do reitorado.

 

A mensagem dita e escrita pelos estudantes estampava uma luta que, nos últimos anos, tem unificado ainda mais as comunidades acadêmicas de todo o país: “Não aos cortes na Educação”, lia-se em letras garrafais gravadas num papel pardo. “Nós lutamos contra os cortes e contra o congelamento dos recursos destinados aos direitos públicos por 20 anos. Sabemos que o aumento do RU é um reflexo disso, e nós estamos aqui porque queremos uma posição definitiva de vocês, queremos que vocês nos digam de que lado estão”, disse uma das participantes do ato, aluna do curso de Serviço Social.

 

Na semana passada, os estudantes fizeram diversas mobilizações em todos os campi da universidade, e apesar das tentativas da Reitoria, o Movimento Estudantil se mostra irredutível com relação ao aumento. “Não vamos admitir nenhum real a mais”, disse outro estudante aos pró-reitores, que gravaram todo o ato com seus aparelhos celulares.

 

Os manifestantes questionaram, ainda, o valor da alimentação, repassado a uma das maiores empresas do ramo no estado. De acordo com eles, os R$ 11,00, dos quais R$ 10 são custeados pela universidade, não fazem jus à qualidade do alimento. E mais, sugeriram que, em vez de repassar milhões à empresa, a universidade subsidiasse projetos de extensão unindo os cursos de Nutrição, Engenharia de Alimentos, Agronomia, entre outros, para garantir o funcionamento adequado do Restaurante – talvez a um custo menor.

 

 

Apesar do desconforto evidente, os pró-reitores escutaram os estudantes e se colocaram a favor da demanda. A pró-reitora de Assuntos Estudantis da Universidade Federal de Goiás, Maísa Miralva da Silva, foi a primeira a se manifestar nesse sentido. “Tenho absoluta certeza de que aqui não há ninguém contra a universidade pública. Somos todos defensores do projeto de universidade pública, gratuita e de qualidade. Como assegurar isso não é uma luta só nossa [...] Nós temos vários desafios, um deles é fazer com que o dinheiro da assistência estudantil dê conta de atender às necessidades de mais ou menos 70% dos estudantes em cada uma das IFES [Instituições Federais de Ensino Superior]. Porque uma parte entra por cota, e outra parte que entra pela ampla concorrência também tem necessidades sociais. A alimentação, por exemplo, é uma necessidade de todos e que precisa ser viabilizada. Para a gente garantir a alimentação para todos nessa conjuntura, nós vamos ter de cortar de algum lugar. Nós vamos cortar de onde?”, disse a pró-reitora. Após alguns questionamentos, Silva defendeu que todas as propostas sejam estudadas.   

 

Os representantes da administração não responderam à demanda apresentada pelos estudantes no encontro do Fórum, mas ficaram de levar um documento elaborado por eles para instância nacional de discussão.

 

Estavam presentes pró-reitores e técnicos da pasta administrativa de assistência estudantil da UFMT, Universidade Nacional de Brasília (UNB), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).  

 

 Os vídeos do ato e outras informações estão na página dos estudantes no Facebook EM DEFESA DO RU A UM REAL - UFMT

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

          

Quinta, 29 Março 2018 16:29

 

O Movimento Estudantil (ME) da Universidade Federal de Mato Grosso se levantou nessa quinta-feira, 29/03. Manifestações em todos os campi da instituição demonstraram o repúdio dos estudantes ao aumento da refeição no Restaurante Universitário (RU), anunciado pela administração em fevereiro e previsto para maio. Sem diálogo, a gestão age brutalmente contra uma das principais reivindicações históricas do ME: uma política de alimentação acessível a todos.   

 

A Reitoria alega que a mudança ampliará o acesso, já que os estudantes que comprovarem renda familiar de até 1,5 salário estarão isentos de qualquer pagamento. No entanto, os que estiverem fora desse perfil terão de desembolsar quase R$ 10,00 para almoçar ou jantar no Restaurante Universitário. Atualmente o valor de cada uma dessas refeições é R$ 1,00, e o café da manhã R$ 0,25.

 

Mas a preocupação do Movimento Estudantil e também do Movimento Docente vai além. A lógica de separar estudantes que podem ou não pagar abre espaço para a discussão sobre cobrança de mensalidades nos cursos de graduação, como aponta o Banco Mundial.  

 

 

Na manhã dessa quinta-feira, representantes dos Diretórios Centrais dos Estudantes de Cuiabá, Sinop, Rondonópolis e Araguaia participaram de uma reunião com a Pró-reitoria de Assistência Estudantil para tratar do tema. Segundo a representante dos estudantes no Araguaia, Rayani Camargo, a administração vai aguardar uma contraproposta, mas os estudantes não querem aumento algum.

 

“Nós reivindicamos o diálogo, mas vamos resistir para não aumentar. Uma pesquisa socioeconômica que nós realizamos demonstrou que os estudantes não vão conseguir se manter na universidade pagando o RU mesmo com renda superior a estabelecida por eles”, disse a coordenadora do DCE.

 

De acordo com a estudante, a administração chegou a ventilar uma outra proposta, que dividiria os usuários do restaurante em três grupos: o primeiro com gratuidade integral, o segundo parcial, e o terceiro pagaria o valor cheio. O acordado na reunião foi que, na próxima segunda-feira, a administração deverá enviar a todos os DCE’s seus dados e propostas, e em cerca de 20 dias o Movimento Estudantil apresentará sua posição ou contraproposta.

 

 

 

 

Durante todo o dia, vários grupos de estudantes se manifestaram ou dialogaram nos campi da UFMT e, em Cuiabá, realizaram um catracaço denunciando as implicações do aumento.         

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Imagens: participantes dos atos em Cuiabá e Sinop

Sexta, 23 Fevereiro 2018 11:48

 

Nos últimos dias, os estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foram surpreendidos com a ideia, apresentada pela Reitoria da instituição, de aumentar o valor da alimentação no Restaurante Universitário (RU). Embora a discurso tente convencer que a “mudança na política de alimentação” ampliará os benefícios a estudantes com renda de até 1,5 salário mínimo, essa medida, entre outras, denuncia que a lógica de mercado, ditada pelo Banco Mundial, avança na UFMT.

 

“O Governo Federal, de absoluto interesse do Capital, vem aplicando o que o Banco Mundial e outras estruturas têm recomendando, como os cortes e congelamentos de recursos. Isso prejudica as atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, e a própria permanência dos estudantes na instituição. O aumento da refeição do Restaurante Universitário é reflexo disso. É extremamente perigoso aceitar que os estudantes paguem valores diferentes, porque, daqui a pouco, a universidade vai concordar também que há estudantes que podem pagar pelo ensino. Nós somos absolutamente contrários a esse aumento e a esse modelo de estratificação que só legitima o interesse do Governo Federal e vai contra o princípio de universidade pública que nós sempre defendemos”, afirma o diretor da Adufmat-Seção Sindical do ANDES, Reginaldo Araújo.

 

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) discutiu a questão no decorrer da semana, e realizou um Conselho de Entidades de Base (CEB) para deliberar ações concretas que possam impedir a implementação. A entidade é contrária à medida, que põe fim à única política universal de assistência estudantil, e também ao método utilizado pela administração para informar sobre as alterações.

 

“A reitoria, até agora, não dialogou com a ampla maioria dos estudantes, tendo se manifestado apenas por meio de uma nota publicada no site da UFMT. Além disso, não apresentou nenhum dado estatístico de como aconteceria essas mudanças”, afirmou a coordenadora geral do DCE, Anna Carolyna Costa Marques.

 

Além disso, os estudantes ressaltam que esse é o pior momento para qualquer debate do tipo, pois os alunos estão concluindo o semestre letivo e, logo em seguida, sairão de férias.  

 

No final do ano passado, a Adufmat-Ssind já apontou contradições da administração que, a princípio, demonstrava interesse no fortalecimento da universidade pública, mas, na prática, promoveu - e continua promovendo - cursos de empreendedorismo para docentes (leia mais aqui). Essas e outras ações atendem à lógica de aprofundamento das políticas neoliberais, a partir do estrangulamento de direitos sociais, como fizeram os governos federais anteriores e, agora, é imposto de forma mais acelerada pelo Governo de Michel Temer.

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind