Quarta, 14 Agosto 2019 14:39

 

As ofensivas dos governos têm agitado trabalhadores e estudantes de todo o país. Em Mato Grosso, movimentos sociais organizados aproveitaram a Greve Geral da Educação dessa terça-feira, 13/08, para lançar a Frente em Defesa da Educação Pública e Gratuita (FEDEP-MT). O ato teve início às 8h30, no auditório da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind).

A greve dos trabalhadores da rede estadual de Educação, que durou mais de 70 dias, foi um dos pontos que culminou na unidade de diversas entidades. Numa demonstração de gestão autoritária, o governador Mauro Mendes se recusou a dialogar, preferindo aumentar a violência contra os trabalhadores por meio de perseguições, retaliações, corte do ponto, ameaçando demitir e permitindo, inclusive, o uso da força policial contra os servidores nas manifestações.

"Salve a corajosa e histórica greve dos professores e professoras do estado contra o tirano e abusivo governador Mauro Mendes", destacou o grupo no manifesto de lançamento. 

Outro ponto que resultou na unidade para instituição da Frente foi o corte sistemático de recursos destinados ao ensino superior para, por fim, justificar a implementação do Projeto Future-se, cujo objetivo é entregar as universidades públicas - produtoras de mais de 90% das pesquisas realizadas no país - nas mãos da iniciativa privada. Somente esse ano o Ministério da Educação já retirou R$ 2 bi do orçamento.  

Diante disso, a Frente declarou sua posição “em defesa da responsabilização do Estado pelos cuidados e educação de seu povo; por mais investimentos públicos em escolas e nos professores e professoras, do que em bancos: pagamento imediato do RGA e dos salários cortados; por 10% do PIB para a educação pública, gratuita, laica, de qualidade e socialmente referenciada; por uma educação vinculada às necessidades dos trabalhadores e trabalhadoras e seus filhos, em detrimento do lucro; Por maior oferta de escolas, creches e universidades públicas e gratuitas; Pela não criminalização da ciência, da arte e dos que lutam; e Pelo combate à discriminação de classe, gênero e raça/etnia.”  

Até o momento, fazem parte do FEDEP – MT as seguintes entidades: DCE/UFMT - Diretório Central dos Estudantes da UFMT; UJS – Unidade da Juventude Socialista; Fórum Permanente de Saúde; UNE - União Nacional dos Estudantes; FENET – Frente Nacional dos Estudantes de Ensino Técnico; Unidade Classista; UJC – União da Juventude Comunista; Coletivo Negro; Sintep-MT; Livre-Mente; Intersindical; Sinasefe – Seção Sindical Mato Grosso; Adufmat – Seção Sindical do ANDES; Sintuf - Sindicato dos Servidores Técnico-administrativos. 

 

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Leia, abaixo, a íntegra do MANIFESTO EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA E GRATUITA DE MATO GROSSO (FEDEP-MT)

 

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas (RUBEM ALVES)

Queremos asas às nossas crianças na medida em que possam brincar, aprender e sonhar; asas ao nosso povo para que saiba desenvolver e utilizar conhecimentos e tecnologias que promovam o bem-estar coletivo.

Sonhamos com creches e escolas que possam receber todos os filhos e as filhas dos trabalhadores e das trabalhadoras, de modo que o Estado divida com as famílias os custos de lhes dar o de comer e vestir e estimular o espírito de toda geração do porvir pelo acesso à arte, ciência, esportes e brincadeiras.

Sonhamos com escolas de graça e de qualidade em todos os bairros; universidades públicas e gratuitas em todas as regiões do país para que o filho e a filha da faxineira tenham estudos tão bons quanto os filhos e as filhas dos patrões e fazendeiros, num projeto de redução das desigualdades no nosso país.

Na contramão de nossos sonhos, vemos desencadeados o obscurantismo  e o ódio, necessários às nossas elites, sobre nós trabalhadores e trabalhadoras para nos impor uma sociedade insuportavelmente injusta e exploratória: querem, os donos dos bancos, indústrias e terras, que não haja mais teto, pão e educação para o povo trabalhador. Retiram-nos comida, escolas e nossa identidade, para enriquecerem ainda mais às nossas custas.

Contrariando o pedido das ruas de educação padrão Fifa, os governos têm sistematicamente cortado recursos da educação, num congelamento de recursos que durará 20 anos. Estudantes ocuparam escolas, universidades e as ruas denunciando a Emenda Constitucional 95 proposta pelo Governo Temer, no ano de 2016, que congelou por 20 anos os investimentos sociais. Mas os gritos da educação não foram ouvidos e hoje vivemos os seus efeitos, assistindo professores e professoras empobrecidos e criminalizados, escolas sem merenda e estrutura básica; universidades com corte de luz, salários e bolsas.

Com 20 anos de orçamento congelado, os hospitais e escolas padecem sem recursos e seus profissionais pedem socorro por meio de formas veladas como o suicídio e a depressão; e de forma aberta, como nas greves.

Outra resposta que viola os interesses do povo para satisfazer os interesses dos bancos foi dada: O (ilegítimo) governo Bolsonaro, que se anunciava como a alternativa radical à situação colocada no país, seguiu adotando medidas de austeridade, cortou 30% dos recursos das universidades e 47% dos recursos da educação básica; tudo para pagar juros a bancos.

A sede de lucros ainda maiores são as grades que engaiolam escolas, universidades, nossos corpos e projetos de futuro. Quando o ministro da educação corta 30% das verbas das universidades para pagar os bancos, enriquece ainda mais banqueiros às custas dos filhos e das filhas dos trabalhadores e trabalhadoras, indígenas, negros e negras e quilombolas que não conseguirão estudar sem bolsa, nem pagar para estudar.

Quando o ministro corta 47% dos recursos da educação básica, precariza ainda mais a estrutura das escolas, piora a qualidade da merenda escolar, enquanto empobrece e criminaliza professores; e a gaiola da precariedade das escolas prende os filhos e filhas dos pobres nas piores profissões para se trabalhar.

Quando fecham as creches, deixam as crianças, mães e avós desamparadas num contexto de crise e desemprego. Quando negam educação sexual nas escolas, prendem nas grades do patriarcado os corpos de mulheres e LGBTs violentadas e abusadas sexualmente; quando omitem o debate étnico-racial, naturalizam o sangue retinto e indígena que rega a luta de classes brasileira.

Um povo com dignidade é aquele que vive com bem-estar, protegido pelos serviços públicos, gratuitos e de qualidade.

  • Por mais investimentos púbicos em escolas e nos professores e professoras, do que em bancos: Pagamento imediato do RGA e dos salários cortados!
  • Pelo cumprimento das leis de carreira, e por valorização profissional nas redes municipais.
  • Por 10% do PIB para a educação pública, gratuita, laica, de qualidade e socialmente referenciada!
  • Por maior oferta de escolas, creches e universidades públicas e gratuitas;
  • Por uma educação vinculada às necessidades dos trabalhadores e trabalhadoras e seus filhos, em detrimento dos lucros;
  • Pela responsabilização do Estado pelos cuidados e educação de seu povo;
  • Por uma educação, ciência e tecnologia voltadas ao desenvolvimento e bem-estar de seu povo em detrimento às empresas privadas;
  • Pela não criminalização da ciência, da arte e dos que lutam;
  • Pelo combate à discriminação de classe, gênero e raça/etnia;

 

Num ato de solidariedade entre profissionais da educação e destes com a população negra, indígena, quilombola, mulher, trabalhadora, LGBTs, vimos por meio desta carta lançar a Frente em Defesa da Educação Pública e Gratuita de Mato Grosso.

 

SALVE A CORAJOSA E HISTÓRICA GREVE DOS PROFESSORES E PROFESSORAS DO ESTADO CONTRA O TIRANO E ABUSIVO GOVERNADOR MAURO MENDES!

SÃO TEMPOS QUE REQUEREM CORAGEM DE ROMPER AS GAIOLAS CADA VEZ MAIS APERTADAS PARA OUSAR VOAR!

 

 

 

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind