Terça, 06 Agosto 2019 13:39

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Fernando Nogueira de Lima

Doutor em Engenharia Elétrica e foi reitor da UFMT

 

Num passado distante, quando os jovens despertavam desejos para a prática do sexo era comum ouvir de um dos membros da família o seguinte alerta: tenha juízo e não se envolva com mulheres casadas. Nem mesmo quando houver aquiescência do marido porque se a relação vier a lume, ele, guiado pela hipocrisia, terá lapsos seletivos de memória e encenando indignação irá para cima de você, disposto a lavar com sangue a honra colocada em suspeição.

 

Lembrei-me do aviso contra o triângulo amoroso consentido, por causa das atitudes e condutas de autoridades, de políticos e de formadores de opinião sempre que o malfeito caracterizado pelo uso indevido do erário público é denunciado. Diante de tanta corrupção, agem como se nunca tivessem desconfiado ou tido conhecimento da existência dessa roubalheira.

 

E haja lapsos seletivos de memória e encenações, revelando que a hipocrisia não se cinge tão-somente às relações amorosas. Basta olhar em volta para constatar que ela abunda espalhando no ar dos poderes constituídos, dos meios de comunicação tradicionais, das redes sociais e do cotidiano da sociedade em geral este, digamos assim, odor fétido, que somos forçados a sentir diariamente. E, entretanto, verdade seja dita: poucos são os que se incomodam com este fedor.

 

Em vez disso, uns se prestam a compartilhar gracejos e inverdades que não contribuem para minorar o mau cheiro. Movidos pelo interesse de perpetuar a fedentina, outros elaboram pautas que superabundam nas interpretações de personagens que invadem nossos lares com o propósito de nos distrair. Há também os donos da verdade e os desejosos de fama virtual - celebridades de ontem e anônimos de hoje, com manifestações que desprezam o bom senso ou até mesmo o senso de ridículo, e ainda assim creem que estão contribuindo para limpar esta sujeira.

 

Protestar em eventos musicais, decerto, não basta para mudar este estado de coisas. A realidade está a exigir um choque de sinceridade, tipo papo reto, que seja capaz de inibir a ação dos que se locupletam com o poder, relativizando até a honestidade como se fosse possível medi-la em escalas. Não sei vocês, mas estou farto de discussões estéreis, de desocupados teleguiados e dos que utilizam o mandato para enganar os incautos, para praticar encenações midiáticas ou para promoção pessoal - com postagens e pronunciamentos vazios de propósitos para o bem comum.

 

Este fazer política, com tanta hipocrisia e tamanha estupidez, a meu sentir, carece de respostas tipo aquela da linda e talentosa atriz que na novela, em horário nobre, mandava para deleite de todos, uns: vai te lascar. E mais, está a justificar atitudes que revelem destemor, dedo em riste e palavras ajustadas a cada situação. É que, fora da barbárie, tem de haver limites racionais para fazer valer esta ou aquela opinião, seja ela em prol da situação ou da oposição, esteja ela calcada em convicções ideológicas ou fincada na areia movediça da imbecilidade ou da conveniência.

 

É provável que os defensores do politicamente correto discordem da adoção dessas atitudes. Eu que não sou partidário de classificações inócuas fico aqui concebendo a hipocrisia que há em autoridades e em políticos que se comportam dentro da atitude dita politicamente correta. Não raro, nas suas falas adornadas por mímicas ou sem gesto algum - nem mesmo facial, explicam, justificam, prometem e tergiversam, mas, na prática, o que estão a dizer é: dane-se o povo.

 

Urge persistir, como anteparo ao espargir da hipocrisia e da alienação em massa, noutras formas de pensar e de agir na perspectiva da consciência desperta que permite distinguir entre o bem e o mal, entre a verdade e a mentira, entre a honestidade e a canalhice. Insistir em apontar na direção errada, depreciar as instituições, imputar o imputável ou negar o inegável só contribui para aumentar os excrementos já espalhados e os prejuízos para a população, decorrentes deles.

 

A continuar nessa toada vigente nos eventos musicais e nos meios de comunicação; nos poderes constituídos e nos desacreditados partidos políticos; nas eleições e no exercício do voto, resta-nos prender a respiração, se conseguirmos e o quanto pudermos, porque, certamente, a podridão continuará escorrendo por debaixo das mal cuidadas pontes da nossa jovem democracia e não haverá, daqui a um tempo, água suficiente para dar descargas e eliminar toda esta putrefação.

 

No mais, embora acredite no poder da mobilização do povo, tenho receio de que essa disputa para apontar se é a dita direita ou a dita esquerda que consegue levar mais gente às ruas esteja fadada a tornar-se, apenas e em vão, uma extensão das posições antagônicas e inconciliáveis estimuladas nas redes sociais. Que tenhamos, pois, a sensatez de não esquecer de que é a quantidade de votos nas urnas e não de pessoas nas ruas, que outorga mandatos populares.

 

 

Sexta, 18 Agosto 2017 15:29

 

A pedido do Prof. Fernando Nogueira de Lima, encaminhamos texto abaixo, direcionado aos professores da Classe Titular.

 

Aos Professores da Classe Titular da UFMT

Caros Colegas,

 

Dias atrás, tomei conhecimento de que a inscrição de candidaturas para a representação docente no CONSEPE, na Classe Titular, tinha sido prorrogada, tendo em vista que não houve inscrições no período regular.

Eu, que já participei daquele Conselho na condição de Presidente quando do exercício do cargo de reitor da UFMT e, por outras vezes, como atualmente o faço, na condição de representante da FAET, bem sei da importância em que se reveste a ação daquela instância colegiada, para o exercício das atividades acadêmicas na instituição.

Por isso mesmo, e entendendo ser imprescindível que a Classe dos professores Titulares esteja devidamente lá representada, decidi por fazer a minha inscrição, colocando-me à disposição para representar essa Classe no Egrégio Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMT.

Ressalto que o fiz, na expectativa de ter o privilégio de representar a Classe que, para além de ser composta por professores com titulação acadêmica máxima, se constitui em parte importante da história da UFMT, pois é formada por abnegados que vivenciaram dificuldades e contribuíram para as inúmeras conquistas ao exercerem, com excelência, ao longo de décadas, as atividades de ensino, pesquisa, extensão e administração na instituição.

Por fim, informo que as eleições dar-se-ão via Portal da UFMT na Internet, no site www.ufmt.br, dias 21 e 22 de agosto (a partir de 0h do dia 21/08 até 23h59min do dia 22/08).

Cuiabá, 13 de agosto de 2017 (Dia dos Pais)

 

Fernando Nogueira de Lima, Dr.

Professor Titular da UFMT