Quarta, 03 Julho 2019 15:51

 

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O Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Roberto Boaventura da Silva Sá

Prof. de Literatura/UFMT; Dr. em Jornalismo/USP

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Sempre que posso, fujo do tema religião como o diabo foge da cruz. Motivo: em tempo de tantas desavenças, a maioria – cristãos ou não – vive sem qualquer feixe de luz; logo, socialmente, é perigosa.

Alguns – mais evoluídos na perversidade do que outros – sequer deixam suas práticas provarem a pequenez de suas almas, desmentindo-os. Seus próprios discursos fazem isso. É a falência do Verbo. Nesse abundante grupo, encontra-se o atual presidente da República, que, no rol de seus desconhecimentos, sequer sabe o porquê de ter se tornado presidente, embora, paradoxalmente, já fale em reeleição!!!

Mas como vejo só maldade naquela apequenada alma, que faz tanta questão de invocar a todo instante o nome de Deus?

No plano das aparências, vejo maldade e amargor em seu sorriso amarrado, sem graça. A criatura parece estar sempre alerta para impor algum tipo de vingança aos seres que não comungam das mesmas ideias suas.

O ódio presidencial ao diferente é tão intenso que o faz esquecer que o outro (o diferente), querendo ou não, é um seu semelhante, um seu igual, pois na tese cristã são todos feitos à imagem de Deus.

Nesse sentido, um de seus semelhantes mais semelhantes é exatamente o conjunto dos trabalhadores sem terra, sem eira, sem beira, sem nada. A quem duvidar, aproxime-se deles. Ao se aproximar, verão que o MST não inicia ação alguma sem antes vivenciar, em grupo, suas místicas. Em outras palavras, referenciar o mesmo Deus presidencial. Que ironia!

Mas por que tanto ódio presidencial contra seres humanos que nada mais têm a perder, a não ser os grilhões que os prendem à miséria dessa existência cheia de malícias e milícias?

Porque não têm propriedades. Porque são pobres. Portanto, o ódio presidencial é de classe. Ele sabe a quem está a serviço. A proposta de Previdência é a prova de sua extrema maldade.

Outro grupo que perturba a alma pequena do presidente da República é formado pela maioria dos que experimentam a vida acadêmica.

Por que esse ódio específico?

Porque em espaços tais, mesmo que muitos cultivem suas religiosidades, a verdade é que poucos são os acreditam no criacionismo. Para a maioria, o evolucionismo tem mais sentido. Todavia, para se aceitar a vigência da ciência é preciso, humanamente, evoluir do sentir para o pensar. Da experimentação do ato de pensar vem a certeza do existir: “penso, logo existo”.

No mais, a existência de muitos que frequentam a vida acadêmica está mais livre de amarras socialmente construídas. A Filosofia, a Sociologia, a Antropologia e todos os “logos” que possam ser abarcados nas universidades parecem ajudar, potencialmente, os seres humanos a serem mais humanos de fato.

Infelizmente, nosso presidente tem demonstrado dificuldades de compreender isso. Imerso em suas limitações, tem atacado as universidades; e de todas as formas. Ataca no plano das questões subjetivas e na objetividade; ou seja, no corte de verbas federais para manutenção das atividades que, aliás, são indispensáveis à sociedade.

Por que as universidades são indispensáveis?

Porque é delas que vêm os médicos, os advogados, os engenheiros... mas acima de todos, os professores, inclusive os de Filosofia, de Antropologia, de Sociologia... E se cada profissional sair das universidades humanizado, tanto melhor para todos.

Mas o presidente não pensa assim. Aliás, penso que ele sequer pensa. Apenas sente; e sente muito ódio de quem pensa, de quem é pobre, de quem é gay, de quem é preto, de quem é indígena, de quem é mulher...

Quinta, 18 Outubro 2018 07:57

 

Na madrugada de terça-feira (16), a travesti Priscila foi assassinada no Largo do Arouche, em São Paulo. Ela estava em um bar quando foi agredida e esfaqueada. Após o ataque, a vítima saiu cambaleando e caiu. Socorrida, morreu a caminho da Santa Casa de Misericórdia da cidade.

De acordo com a Ponte Jornalismo, testemunhas ouviram os agressores gritar o nome do candidato de ultra direita no momento do ataque.

O assassinato de Priscila entra para a lista de crimes motivados pelo discurso de ódio. Em 7 de outubro, primeiro turno das eleições, o mestre de capoeira e compositor Romualdo Rosário da Costa foi assassinado a facadas em Salvador (BA). Quando disse ser eleitor do Partido dos Trabalhadores, ele foi esfaqueado 12 vezes nas costas por um apoiador da ultra direita.

“Pretaiada vai voltar pra senzala”
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi palco de mais um caso de ódio nas instituições de ensino superior. Um dos banheiros da instituição foi pichado: “Pretaiada vai voltar pra senzala”. A UFU sedia, desde sexta-feira (12), o X Congresso Nacional de Pesquisadores Negros (Copene). O evento termina nesta quarta (17).

Na quarta-feira (16), a universidade publicou uma nota em defesa da democracia e dos valores republicanos. “(...) a UFU repudia todo o tipo de manifestação de ódio que possa desrespeitar os direitos fundamentais da sociedade, independentemente de sua classe social, orientação sexual, práticas culturais, escolhas políticas e religiosa”, diz o texto.

A direção do ANDES-SN destaca que o processo eleitoral no Brasil vem revelando os projetos e os grupos favoráveis às ideias protofascistas e neoliberais. Fundamentados no discurso de ódio contra os movimentos negro, indígena, feminista e LGBT, esses grupos favoráveis ao projeto fascista usam da violência para calar quem pensa diferente.

A Diretoria do Sindicato Nacional repudia veementemente os discursos de ódio e a violência utilizada pelos grupos protofascistas contra aqueles que pensam diferente, que defendem a diversidade, a democracia e as conquistas dos Movimentos Sociais.

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Fonte: ANDES-SN (com informações e foto de Ponte Jornalismo)

 

Quinta, 11 Outubro 2018 18:23

 

 

Na noite de terça-feira (9) um estudante da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que vestia um boné do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) foi brutalmente agredido em frente à universidade, em Curitiba. Os agressores gritavam o nome do candidato de extrema direita e atacaram o estudante com garrafadas de vidro na cabeça. Eles também quebraram vidros da Casa do Estudante de Curitiba (CEUC). Longe de ser exceção, ataques de ódio movidos por posições políticas conservadoras têm se tornado regra nas universidades e nas ruas brasileiras.

Na Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), por exemplo, a Associação de Docentes da instituição (Adufpel – Seção Sindical do ANDES-SN), denunciou uma ameaça recebida pelo docente Luciano Agostini. Ele recebeu em e-mail "anônimo", com assinatura falsa, ameaças de uma pessoa que afirma estar envolvida “diretamente na campanha” do mesmo candidato. Na mensagem, a ameaça cita uma suposta “campanha comunista” que o professor estaria fazendo na Universidade. O remetente ainda diz que o próprio candidato está ciente da situação e que, caso eleito, “a teta vai secar e o governo não irá mais financiar pesquisas inúteis”.

Diante da gravidade da situação, o docente, que está em atividade fora do Brasil, encaminhou denúncia aos órgãos competentes da Ufpel. Em memorando enviado à reitoria, salienta a gravidade da denúncia. “Além de ameaçar a mim, enquanto professor da instituição, também faz uma ameaça ampliada para toda a instituição”, pontua. O professor também afirma que nunca fez propaganda eleitoral dentro da instituição, além de nunca ter utilizado material de campanha de qualquer candidato.

Já na Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), a Associação Docente (Adunemat – Seção Sindical do ANDES-SN) divulgou nota de repúdio aos sucessivos ataques que docentes, servidores e estudantes apoiadores da democracia têm sofrido nas dependências da instituição. Segundo a Adunemat-SSind, há uma série de hostilizações, repressões e ameaças praticadas por pessoas que se assumem como apoiadoras da extrema direita.

Também no Mato Grosso, o muro do Instituto de Linguagens da Universidade Federal (UFMT) foi pichado com uma suástica e uma referência ao candidato de extrema direita. Na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), apoiadores de extrema direita entraram na universidade na terça-feira (9) gritando o nome do candidato, arrancando cartazes das paredes e cometendo violências simbólicas e efetivas.

Fora dos muros das universidades, uma estudante lésbica foi agredida por três homens na Cidade Baixa, bairro central de Porto Alegre (RS). Ela usava uma camiseta com a expressão “Ele Não” na noite de segunda-feira (8), os agressores teriam questionado sobre o motivo do uso da camiseta e a atingiram com socos. Na sequência, enquanto dois deles seguraram a vítima, o terceiro fez riscos com um canivete, similares a uma suástica, na região da barriga da jovem. A cruz suástica é símbolo do regime nazista alemão.

Em nota divulgada na quinta-feira (11), o ANDES-SN resgata outros casos de agressões iniciados logo após o término do primeiro turno das eleições. “O ódio e as práticas fascistas invadem as universidades colocando a vida de docentes, discentes, de Técnicos Administrativos/Universitários e do(a)s trabalhadore(a)s terceirizado(a)s”, denuncia a nota.

Para o ANDES-SN, o discurso de ódio e as práticas fascistas tentam intimidar o Movimento Estudantil, Movimento Sindical e o direito da comunidade acadêmica se posicionar politicamente. “O uso da violência tem por objetivo calar a voz dos movimentos sociais e da esquerda no Brasil”, afirma a nota.

“Nós da Direção do ANDES-SN repudiamos esses atos de violência e cobraremos a apuração via nossas Seções Sindicais das agressões motivadas por esses grupos, como também da responsabilização destes pela depredação da Universidade Pública”, conclui.

 

Leia aqui a nota completa

 

Fonte: ANDES-SN (com informações de DCE UFPR, Adufpel-SSind e Adunemat-SSind. Imagens de DCE UFPR e redes sociais)