Segunda, 11 Março 2024 08:02

 

 

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Espaço Aberto é um canal disponibilizado pelo sindicato
para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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Por Marluce Souza e Silva*



 

 

*Professora do Departamento de Serviço Social da UFMT e candidata à Reitoria

Terça, 05 Março 2024 14:53

 

A Adufmat-Ssind convida a categoria docente e toda a comunidade acadêmica da UFMT para as atividades relacionadas ao Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras - 8 de Março - de 2024. 

A partir do tema "Mulheres nas ruas contra o Fascismo e a Ditadura: pela vida das mulheres, por nossos corpos e territórios", a programação em Cuiabá, construída por diversos coletivos de mulheres, inclui dois eventos: Mesa de Análise de Conjuntura na quinta-feira, 07/03, às 19h, no auditório da Adufmat-Ssind. A partir das 21h, a atividade dará espaço a um Sarau Cultural com artistas como Mene e Gê Lacerda; na sexta-feira, 08/03, ato de rua com início na Praça Alencastro (em frente a Prefeitura de Cuiabá), a partir das 17h.

"A ideia é que possamos pensar juntas como anda a realidade social em Mato Grosso e, a partir disso, encaminharmos as possibilidades de ações para avançarmos. Na sexta-feira estaremos nas ruas defendendo nossos direitos, nossos corpos e nossos territórios, contra qualquer ameaça de ditadura e fascismo", afirmou a diretora geral adjunta da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda. 

Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Mato Grosso foi o estado com a maior taxa de feminicídio em 2023, com número 90% superior à média brasileira. 

Sinop

Em Sinop, a subseção convida para a palestra "Como abordar as relações de gênero e a luta por direitos das mulheres na escola". A atividade, também organizada por diversos coletivos, será realizada com duas turmas, em dois horários, às 14h e às 19h, no auditório da Adufmat-Ssind.  

 

 

 

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

 

Terça, 06 Fevereiro 2024 16:05

 

As mulheres historicamente são as mais combativas e radicais nos processos de luta de classes, porque são também as mais afetadas pela exploração e opressão capitalista.
Quando apareceu no horizonte a possível vitória do fascismo nas eleições de 2018, mesmo sob ameaças de morte, estupros corretivos, etc., foram as vozes femininas que foram às ruas bradar "Ele não".
 
Durante o governo fascista que derrotamos, seguimos firmes na luta, nas denúncias, na resistência e fomos nós as maiores oponentes do fascismo nas urnas, quando então, vencemos Bolsonaro nas eleições de 2022.
 
Isso porque pela vivência da vida é possível perceber que somos nós mulheres uma das suas vítimas prioritárias! A extrema direita ameaça nossas vidas com violência política de gênero; atenta contra nossos direitos nas câmaras legislativas; no poder executivo, criou o Ministério da família e dos direitos humanos com a tarefa exclusiva de no atacar; e pelas igrejas fundamentalistas espalham ódio aos nossos direitos (direto a nossa autodeterminação: aborto, divórcio, a orientações sexuais não cisheteronormativa, etc).
 
Isso porque fascismo é a ideologia do capital em estado de putrefação e tem por função criar condições para retirar nossos direitos e expandir os lucros capitalistas. Nos últimos 4 anos, os 5 homens mais ricos do mundo dobraram sua riqueza, fazendo com que 5 bilhões, em sua maioria, negras, LGBTs, empobrecessem.
 
Para empreender o empobrecimento material de determinados setores da sociedade, se faz necessário desumanizá-lo para justificar à sociedade a miséria para eles produzida. Por isso, por exemplo, o deputado Cattani nos comparou a vacas e fomos lá afrontá-lo na ALMT e ele, covardemente, se calou.
 
O fascismo destila intolerancia e ódio para viabilizar a retirada de direitos, ampliando ainda mais a nossa penúria e com ele não temos qualquer possibilidade de aliança. Ao contrário, com o fascismo não se dialoga, se destrói.
 
Por sermos dos segmentos mais violentados pelo capitalismo e sua ideologia fascista, chamamos um 8m de luta autônoma de classe e decidida a, depois de vencermos Bolsonaro nas urnas, derrotarmos o fascismo nas ruas!
 
Participe da reunião!
 
Dia: 06/02/24 (terça-feira)
Horário: 19:30 às 20:30 (Cuiabá)
Presencial na sede da Adufmat-Ssind ou online - solicite o link até às 17h30 por meio dos contatos: (65) 99686-8732 ou (65) 99696-9293. 
 
Fonte: Organização
Segunda, 14 Março 2022 16:09

 

Mulheres de diversas entidades de trabalhadores ocuparam a Reitoria do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), em Cuiabá-MT, na última terça-feira, 8 de março - Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras. Além do simbolismo da data, o ato também foi motivado por uma recente perseguição. Na ocasião, o grupo protocolou um documento (leia aqui) requerendo a obediência aos princípios da Administração Pública: impessoalidade e igualdade.

 

Na presença do reitor Julio César dos Santos, as mulheres cobraram ainda a criação de políticas para o combate ao machismo institucional e estrutural dentro da instituição.  

 

A servidora Priscila Ferrari, psicóloga do IFMT, fez a leitura do documento em solidariedade à professora de Filosofia do campus do IFMT em Alta Floresta, Maria Oseia Bier, que vem sendo envolvida em sucessivos processos administrativos. O último, uma Investigação Preliminar Sumária (IPS), que data de 23/02, tem como base um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) já arquivado, no qual a professora era acusada de “exagerar a sua reação quando se recusou a ceder a palavra a dois coordenadores do IFMT, no momento de sua fala em uma reunião pedagógica”.

 

A época, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica de Mato Grosso (Sinasefe-MT) emitiu uma nota de repúdio, assinada também por outras entidades, considerando a instauração da investigação uma ameaça de desarquivamento do PAD. As entidades também questionaram os critérios nada transparentes para a constituição da comissão investigativa e os motivos utilizados como justificativa para tal processo.

 

Após a exposição dos motivos do manifesto no IFMT pelas trabalhadoras, o reitor assinou o protocolo do documento e firmou o compromisso de realizar uma reunião entre o jurídico do (Sinasefe MT) e o corregedor do IFMT, para esclarecimentos e acesso aos autos do processo, o que é direito de todo servidor que esteja sendo investigado.

 

Também participaram do ato mulheres representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Associação dos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind), Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN), Batuque das Mulheres, Movimento Negro, Coletivo de Mulheres Camponesas e Mulheres Urbanas, que antes haviam se reunido na Praça Rachid Jaudy para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras.

 

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind com informações do Sinasefe.

Quinta, 10 Março 2022 15:03

 

 

Os quase dois anos de quarentena por causa da pandemia de Covid-19 esvaziaram as ruas e os espaços físicos de debates políticos em todo o mundo. No entanto, após a vacinação de quase 80% da população brasileira, e com as atividades ordinárias sendo retomadas, também as ruas, espaços históricos de diálogo com a população, retomaram suas cores.

 

Neste 8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, manifestações em no Brasil e no mundo demonstraram que a data sempre foi e ainda é imprescindível. Os números de feminicídio e de desigualdades registram, ainda que de forma subnotificada, que é preciso transformar radicalmente as sociedades atuais. As dificuldades agravadas pela pandemia só evidenciaram ainda mais isso.

 

Uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência no Brasil durante a pandemia, segundo pesquisa da Datafolha; com relação ao emprego, ao Pnad Contínua, do IBGE, demonstrou que, já em 2020, a taxa de desocupação no país foi de 12,8% entre os homens e de 16,8% entre as mulheres. Dados da ONU mostram que as mulheres realizam mais do que o dobro de trabalhos domésticos não remunerados em relação aos homens, e se fossem pagas, essas horas de trabalho femininas corresponderiam a cerca de US$ 11 trilhões.

 

Em Mato Grosso, as mulheres organizadas iniciaram as atividades alusivas à data no sábado, dia 05. Foi a primeira vez que uma “Plenária Unificada das Mulheres de Luta” reuniu participantes de Cuiabá, Sinop e Barra do Garças em interação virtual. Também foi a primeira vez que mulheres indígenas participaram das atividades. Durante todo o dia, houve troca de informações, debates de ideias e dinâmicas conjuntas, realizadas de forma presencial e virtual.  

  

No dia 08, as ruas de Cuiabá voltaram a ver as cores de diversas bandeiras. Todas elas erguidas pela defesa de mais Educação, Saúde e Assistência Social, pela Reforma Agrária, por mais Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher. Ou seja, por respeito, dignidade, erradicação da fome, por alimentos sem agrotóxicos, contra qualquer tipo de desigualdade e violência.

 

 

Pela vida das mulheres, o ato também demarcou a posição contrária à possível reeleição de Jair Bolsonaro. “Nós avisamos, em 2018, que ‘ele não’. Nós, mulheres, vimos falando que cada vez que um homem branco autoritário pega o poder, somos nós, povo brasileiro, quem paga a conta da crise. E nesse 8 de março em especial, estamos felizes porque a pauta não se restringe à Cuiabá. Fizemos uma plenária unificada de mulheres com participantes de Colíder, Sinop, Barra do Garças, do Xingu. Nós mulheres estamos organizando o estado todo. Se os homens brancos se organizam para nos matar, nós estamos nos organizando para botar o patriarcado abaixo ” disse ao microfone a professora e membro da frente Mulheres na Luta, Lélica Lacerda.

 

Para a diretora da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind), Márcia Montanari, a data é essencialmente um dia de lutas e de resistências. “Nós vivemos num país extremamente machista, onde a violência contra a mulher é algo cotidiano. A gente não pode deixar isso de lado, como se não fosse um problema de todo cidadão, de toda cidadã brasileira, e a Adufmat-Ssind não poderia deixar de caminhar ao lado das mulheres nessa data tão importante. Nós representamos uma base de docentes na qual a grande maioria é formada por mulheres, então nós estamos nessa luta e sempre estaremos. Cada vez mais é necessário evidenciar essa data, trazer mais e mais mulheres para participarem”, afirmou a professora.

 

Ao final do ato, os nomes de 43 mulheres foram ditos um a um, seguidos de um sonoro “presente” de todos os participantes. Eram os nomes das vítimas de feminicídio no estado em 2021, mulheres entre 16 e 50 anos, que perderam suas vidas porque um homem se sentiu no direito e interrompe-las. No total, foram 85 mulheres foram assassinadas em Mato Grosso no último ano, mas a polícia tipificou como feminicídio - isto é, assassinato em virtude do gênero - 43 deles (50,5%).  

 

As palavras de Montanari expressaram, por fim, o sentimento das mulheres que participaram das atividades do 8M, mas também de tantas outras que não puderam, porque estavam trabalhando, em casa ou na rua, ou mesmo das que não quiseram estar no ato, mas sentem cotidianamente as garras do machismo. “O dia da mulher é todos os dias. A gente acorda cedo, trabalha, cuida da casa, dos filhos, das relações. A gente promove a paz em todos os ambientes que estamos. Mas que esse dia seja marcado como um dia de luta e resistência mesmo, não apenas de homenagens, que em outros dias a mulher acaba sendo explorada, violentada de diversas formas. Que hoje seja um dia de luta realmente, para que a mulher seja valorizada todos os dias, em todos os momentos e em todos os espaços”, concluiu.

 

Veja aqui a Galeria de Imagens de algumas atividades do 8M 2022 em Mato Grosso

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Quinta, 03 Março 2022 18:15

 

Ainda é pandemia, mas a necessidade da troca em busca da sobrevivência é cada dia mais indispensável. Nesse segundo ano de tantas perdas e dificuldades, as atividades do 8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, será de encontros virtuais e presenciais em Mato Grosso.

 

Com o título “Pela Vida das Mulheres”, a programação inclui, pela primeira vez, interações intermunicipais. No sábado, dia 05 de Março, a “Plenária Unificada das Mulheres de Luta” reunirá participantes de Cuiabá, Sinop e Barra do Garças. O evento será durante todo o dia, das 8h às 19h, nas sedes da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) em Cuiabá e Sinop e do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep) em Barra do Garças.

 

No dia 08, às 8h, as mulheres se reunirão na Praça Rachid Jaudy, centro de Cuiabá, para o ato “Pela Vida das Mulheres: Bolsonaro Nunca Mais!”. Será obrigatório o uso de máscaras e higienização das mãos com álcool gel.

 

Em Sinop haverá um ato simbólico com cruzes que remetem ao número de feminicídios cometidos no estado no último ano. O local ainda está sendo definido. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública, 85 mulheres foram assassinadas em 2021, mas foram tipificados como feminicídio - isto é, assassinato feminino em virtude do gênero - 43 dos casos (50,5%).  

 

Confira, abaixo, a convocação feita pela comissão organizadora do “Pela Vida das Mulheres”:

 

Diante da escalada de violência política contra as mulheres de luta de Mato Grosso, decidimos que nossa resposta será a intensificação da nossa articulação.

 

Para tanto, chamamos as mulheres de luta de Mato Grosso para uma plenária unificada.

 

Nosso objetivo é nos conhecer e nos articularmos em estratégias coletivas de resistência e luta, além da construção de uma pauta unificada de políticas públicas para as mulheres.

 

Venham conosco!

 

Mulheres são como água e crescem quando se juntam!

 

 

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 09 Março 2021 12:34

Imagens: Heitor Gomes/ Adufmat-Ssind

 

Avenidas Marielle Franco e Olga Benário. Rua Sônia Guajajara. Praças Patrícia Galvão (Pagu) e Elza Soares. Quem passou pelo centro de Cuiabá nessa segunda-feira, 8 de março, teve a honra de transitar por esses locais. Praças, ruas e avenidas da cidade tiveram, pelo menos por algumas horas, nomes de mulheres revolucionárias que fizeram história no estado, no país e no mundo.

 

Essa foi a intervenção de coletivos feministas organizados para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras - apesar da pandemia. O ato "Pela Vida das Mulheres: por auxílio emergencial, vacinação em massa, empregos e vida digna", que teve início às 8h na Praça Maria Taquara e terminou na Praça rebatizada Tereza de Benguela (até então, Alencastro), reivindicou vacina para todos e pelo SUS, a volta imediata do auxílio emergencial e vida digna.

 

“Hoje foi um dia muito importante, em que nós reunimos representantes de diversas entidades e coletivos de mulheres e rebatizamos os espaços públicos. Praticamente todas as ruas de Cuiabá têm nomes de homens, alguns deles militares, ditadores. Então, o 8 de Março promoveu simbolicamente a tomada de poder das mulheres, rebatizando a avenida Getulio Vargas, que virou Olga Benário [uma vítima do Getúlio, entregue aos nazistas em 1936], a Praça Alencastro virou Praça Tereza de Benguela [líder quilombola no estado, no século XVIII], e assim por diante. Por fim, substituímos os bustos das personalidades históricas de Mato Grosso que estão na Praça Alencastro por fotos de mulheres revolucionárias e camisetas do nosso ato, representando a tomada do poder das mulheres para uma sociedade radicalmente diferente, em que a vida seja a preponderância das nossas preocupações e investimento dos nossos recursos, e não os interesses de meia dúzia de homens ricos e mimados, acostumados com privilégios e a regerem a vida de uma nação inteira submetida aos seus interesses mais mesquinhos e vis”, explicou a diretora de Comunicação da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda.      

 

Para a docente, a data tem ganhado muita força pela internacionalização, e atraído a classe trabalhadora para a luta organizada até mais que do que o primeiro de maio. “É muito potente esse ato, porque a gente está na rua lutando e tem certeza de que, em todas as partes do mundo, há mulheres nas ruas lutando por causas importantes, que convergem. A gente bota nossa vida em risco para agitar essa data, porque a gente entende que precisa de uma mudança radical da sociedade, e são as mulheres que mais sofrem com a forma como essa sociedade está hoje”, acrescenta.

 

As políticas genocidas adotadas pelos governos brasileiros têm demonstrado a banalização da vida. Chegando a registrar quase duas mil mortes diárias por mais de uma vez, o Brasil continua a promover um extermínio interno, e a representar uma ameaça externa. Um ano após o anúncio da pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 266 mil pessoas já perderam a vida no país oficialmente – sem contar os casos não confirmados -, e o chefe de Estado brasileiro além de não investir na política de vacinas, considera que o pavor da morte e a dor de quem perdeu familiares são, em suas palavras, “mimimi”.  

 

Nesse momento, não há vagas na nas Unidades de Tratamento Intensivo em praticamente todas as regiões do país, a precarização sistemática do SUS reflete sobre a enorme demanda por atendimento, e o Governo Federal resiste em garantir o auxílio emergencial para milhares de desempregados. São as mulheres, especialmente as chefes de família, que mais sofrem com este cenário. Em setembro de 2020, a taxa de desemprego entre as mulheres era de 16,9%, enquanto entre os homens era de 11, 8%. Boa parte das mulheres empregadas trabalha na área da Saúde – chegaram a ser 65% no ano passado, segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS). Ou seja, as mulheres estão mais expostas à doença, considerando também que são a maioria da força de trabalho na área da limpeza e alimentação. Além de tudo isso, os números de feminicídio e violência doméstica aumentaram expressivamente – em Mato Grosso, aumentou em 300% os casos de estupro, que alguns jornais denominaram “atos sexuais sem permissão”.

 

São as mulheres que mais estão sofrendo com a pandemia. São as mulheres que se organizam, historicamente, para reivindicar profundas mudanças sociais. As mulheres fizeram e fazem história no Brasil e no mundo, demonstrando que suas demandas não são “mimimi”. No 8 de Março de 2021, num mundo arrasado por questões sanitárias, mais uma vez, as mulheres apontam a necessidade de construir um outro percurso para a história.     

 

GALERIA DE IMAGENS 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind

Terça, 09 Março 2021 08:47

 

  

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para que os docentes manifestem suas posições pessoais, por meio de artigos de opinião.
Os textos publicados nessa seção, portanto, não são análises da Adufmat-Ssind.
 
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JUACY DA SILVA*

 

Para conquistarem seus direitos as pessoas, individual ou coletivamente, precisam lutar com coragem, determinação, consciência dos objetivos a serem alcançados continuamente, só assim avançam rumo a uma vida digna e a uma sociedade justa e igualitária. Com as mulheres esta caminhada não pode ser diferente.

Nenhuma conquista é fruto da concessão, da dadiva ou da forma amorosa dos opressores, dos poderosos ou donos do poder, mas sim, da luta permanente que, as vezes, custa a vida de muitas pessoas. Lutar contra todas as formas de opressão é o único caminho para a libertação total.

Pela importância das mulheres em todas as sociedades e culturas ao longo da história, pelo trabalho realizado em casa, quase sempre não reconhecido, no cuidado com os filhos, em suas trajetórias de vida, de luta e de contribuição para o desenvolvimento das sociedades, da ciência, da tecnologia, das letras e das artes e de tantas outras áreas, não precisaria existir um dia especial para marcar esta trajetória, todos os dias deveriam ser dias das mulheres.

No entanto a realidade não é bem assim, a mulher para conquistar seu espaço sempre precisou de ir `a luta e isto muitas vezes tem lhe custado muito, inclusive a própria vida, como acontece com o crescimento da violência, seja física, psicológica, simbólica ou patrimonial, incluindo formas aterrorizantes como o elevado número de estupros e ultimamente com um crescimento exponencial do feminicídio em inúmeros países e, inclusive, no Brasil.

Não bastassem essas formas mais visíveis de violência e que colocam em risco a integridade física, moral, psicológica ou emocional da mulher, ainda a mesma tem sido sujeita a diversas formas de preconceitos, machismo, assédio moral e sexual, até mesmo em espaços em que jamais poderíamos imaginar cenas como as mostradas recentemente na Assembleia Legislativa de São Paulo quando um deputado foi flagrado e filmado apalpando os seios de uma “colega” deputada.

No caso, o mais estarrecedor foi a “punição”, que o Conselho de Ética daquela Casa de Leis impôs ao parlamentar tarado, apenas suspensão temporária de 3 meses com a regalia do recebimento do salário e demais vantagens do cargo, o que não deixa de ser um reforço ao espirito machista e de corpo do conselho de ética do referido parlamento.

O Dia Internacional da Mulher foi criado pela ONU em 1975, para que possa ser um momento de comemorarmos as vitórias alcançadas pelos diversas movimentos, principalmente das mulheres e também de outros movimentos sociais e políticos, para comemorar tais conquistas, realizar um balanço da situação da mulher a cada ano nos diversos países e uma reflexão em relação aos próximos passos para que as futuras gerações de mulheres possam viver em sociedades e um mundo justo, igualitário, sem opressão, onde todas as pessoas, independente do sexo ou gênero e de outras características como cor, forma de se vestir ou de externar sua religiosidade possam ser tratadas com respeito e dignidade.

Muito antes de a ONU voltar seu olhar para a questão da mulher, desde o inicio da século XX, na década de 1910, durante a Conferência das Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, a líder socialista alemã, Clara Zetkin apresentou uma proposta que foi aprovada, para que fosse instituído um dia especial para celebrar anualmente as lutas e vitórias das mulheres quanto aos direitos trabalhistas, outros direitos civis, incluindo o direito de votarem e serem votadas, como forma de ocuparem posições e cargos nas estruturas de poder.

Um ano antes, em fevereiro de 1909, tanto nos EUA quanto em diversas países europeus ocorreram várias manifestações de massa nas ruas de diversas cidades como maneira de protestar contra formas discriminatórias e desiguais como as mulheres eram tratadas nesses países, principalmente no ambiente de trabalho.

No inicio de 1917, quando a Rússia passava por um período de grande agitação politica, grandes manifestações de ruas, as mulheres  socialistas e comunistas também tiveram um papel de destaque nesses movimentos que levaram `a eclosão da Revolução Bolchevique em outubro daquele ano e a implantação de um regime socialista/comunista naquele país.

Entre 1919 e o inicio da Segunda Guerra Mundial as lutas sociais e politicas se intensificaram na Europa e em diversas outros países e no seio delas também o movimento das mulheres, com suas pautas específicas, como o direito ao voto secreto e melhores condições de trabalho, igualdade de salário e outras mais que tiverem um grande impacto em conquistas futuras.

Durante o período da Segunda Guerra e no pós Guerra, com o advento da Guerra Fria, o movimento feminino, a luta das mulheres esteve muito identificado com pautas ideológicas e politicas, sem perder de vista suas especificidades e em vários países isto serviu para repressão por parte de governos conservadores que eram aliados do machismo e da exclusão das mulheres.

Com a instituição do DIA INTERNACIONAL DA MULHER pela ONU em 1975, a luta pelos direitos das mulheres passa a ser reconhecido internacionalmente e ganha mais um fôlego, passando a ter uma pauta mais abrangente incluindo os direitos civis, políticos, econômicos, culturais e sociais e também, um destaque para as questões do racismo, do machismo, da desigualdade e da violência contra as mulheres.

A cada ano a ONU estabelece um tema para servir de base para a reflexão durante as comemorações do DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Em 2021 o tema escolhido pela ONU é “A mulher na liderança: conquistando um futuro igual em um mundo de COVID-19”.

Apesar da luta pelos direitos da mulher e diversas conquistas legais, o Brasil ainda está muito longe de ser uma referência neste aspecto. Segundo relatório da ONU, em 2016, nosso país ocupava a 92a. posição no ranking da desigualdade de gênero entre 191 países. Para a ONU este índice reflete as diferenças de gênero nos seguintes aspectos: a) empoderamento da mulher, tanto nos espaços públicos quanto privados; b) participação da mulher no mercado de trabalho; c) salário, renda e benefícios; d) nível de vida; e) situação de abandono e dependência econômica, financeira e patrimonial e, f) nível educacional.

No Brasil, além do DIA INTERNACIONAL DA MULHER, através da Lei 12.987, de 25 de Julho de 2014,  sancionada pela Presidente Dilma, foi também instituído o DIA DA MULHER NEGRA, a ser comemorado no dia de nascimento de Tereza de Benguela, líder quilombola, que viveu em Mato Grosso, no Século XVIII, em Vila Bela da Santíssima Trindade.

Neste contexto, devemos relembrar que as mulheres não representam uma “minoria” como muitas pessoas imaginam, mas sim a MAIORIA da população brasileira. Em 2020 a composição da população do Brasil era de 212,6 milhões de habitantes, sendo 48,2% homens (102,5 milhões de habitantes) e 51,8% mulheres (110,1 milhões de pessoas). Apenas para destacar, cabe ressaltar que do universo demográfico  do Brasil, as mulheres Negras representam 28% da população total (59,5 milhões de mulheres afrodescendentes) e este contingente representa 54,0% do universo feminino em nosso país.

Apesar das mulheres representarem mais da metade da população do Brasil e também representarem 52,5% do eleitorado brasileiro em 2020, a participação da mulher em cargos eletivos, como Câmaras Municipais, prefeituras, assembleias legislativas estaduais, governadores, deputados federais, senadores e Presidentes da República é insignificante e pouco representativa.

O empoderamento da mulher, um dos objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU, para 2030 ainda está muito longe de ser realizado no Brasil e, dificilmente, nesta década será atingido. Do total de 9 mil vereadores eleitos em 2020, apenas 16% são mulheres, em 2016 eram 13,5%; ou seja, um crescimento de apenas 2,5% em quatro anos. Isto significa que, mantendo-se este mesmo cenário, as mulheres só vão conseguir ter a representatividade que o conjunto eleitoral indica em 54 anos, ou seja, nas eleições municipais de 2072 ou 2076.

Quanto `as mulheres Negras o “progresso” em relação ao empoderamento politico, a começar pelas câmaras municipais, o caminho e muito mais complexo, difícil e mais longo, considerando que, mesmo representando em torno de 30% do eleitorado brasileiro, são apenas 6,3% da composição das câmaras municipais e muito menos nas demais instâncias de poder.

Nas eleiçôes de 2020, em 948 municípios não foi eleita  nenhuma mulher para o legislativo municipal e em 1.800 municípios, incluindo alguns de porte médio ou até mesmo capital, apenas uma mulher foi eleita para a respectiva câmara municipal.

Em Cuiabá, capital de Mato Grosso, por exemplo, nas eleições municipais de 2016 nenhuma mulher foi eleita e em 2020 apenas duas vereadoras foram eleitos, em um universo de 25 vereadores, o mesmo pode ser observado em diversas municípios de porte grande, incluindo capitais, onde existe uma sub-representação das mulheres.

Quando se trata das prefeituras a sub-representação das mulheres é maior, ou seja, o desafio ainda é maior. A mesma sub-representatividade pode ser observada quanto às Assembleias Legislativas onde a participação feminina é muito pequena, como no caso de Mato Grosso, onde há décadas apenas uma ou as vezes duas deputadas são eleitas em cada legislatura para um total de 24 deputados estaduais.

No caso das eleições municipais de 2020, foram eleitos 651 prefeitas que representam 12% do total de municípios, sendo que das 96 maiores cidades/municípios do Brasil apenas 9 serão administradas por mulheres e das 26 capitais, apenas uma (Palmas, Tocantins) elegeu uma prefeita.

Também a representação feminina no Congresso Nacional, apesar de alguns avanços e alguns retrocessos, ainda é muito diminuta. Na Câmara Federal na atual legislatura tem assento 75 deputadas (14,6% daquela Casa de Leis) e no Senado 11 senadoras (13,6%), cabendo uma ressalva que a única senadora eleita por Mato Grosso em 2018, teve o mandato casado e, em seu lutar, um homem passou a ocupar aquela cadeira, portanto hoje são apenas 10 senadoras (a representatividade feminina caiu para 12,3% no Senado). Esta situação coloca o Brasil na 140a. posição no ranking da participação feminina no Legislativo Nacional, entre 191 países , segundo a UIP/ONU em 2020.

Além do aspecto do empoderamento politico das mulheres, cabe um destaque quanto `a participação da mulher em cargos de Gerente e Diretor em grandes empresas e conglomerados econômicos e financeiros, tanto privados quanto públicos. No caso do Brasil, apesar de diversas discursos enaltecendo a conquistas de espaços por mulheres nesses grandes conglomerados, percebe-se , na verdade uma redução. Em cargos de gerência em 2011 a presença feminina era de 39,5%; em 2016 foi de 37,8% e em 2020 caiu para 35%.

De forma semelhante, apesar de representar 52,6% da população ativa no Brasil, conforme dados do IBGE, em 2020 as mulheres representavam 53,4% da população desocupada; 53,7% da população subocupada; 55,2% da população subutilizada e 65,3% da população fora do mercado de trabalho.

O índice de desemprego entre as mulheres durante o ano de 2019 e primeiro trimestre de 2020 foram sempre acima dos índices correspondentes dos homens. No primeiro trimestre de 2019 desemprego Mulheres 14,9% , homens 10,9%; segundo trimestre de 2019 Mulheres 13,1%; homens 9,2% e no primeiro trimestre de 2020, antes da pandemia, mulheres 14,5% e homens 10,4%

Outro aspecto que demonstra o quanto o Brasil ainda esta longe de ser uma sociedade justa e mais igualitária, principalmente na questão de gênero, em 2020 o rendimento médio das mulheres era de 24,7% inferior ao rendimento médio dos homens.

Este fosso, distanciamento em termos de gênero, se mantém a despeito de outras características como cor e nível educacional. O maior distanciamento é entre uma mulher negra e um homem branco, em que a mulher negra ganha, em média, 85,1% a menos do que o homem branco. Mesmo a mulher branca ganha em media 37,9% a menos do que o homem branco e também a mulher negra ganha, em média, 26,5% a menos do que o homem negro, ocupando cargos e funções similares ou iguais.

Quando a variável é o nível educacional, a mulher sem instrução ganha 11,6% a menos do que o homem sem instrução e este desnível se acentua, por incrível que pareça, `a medida que o nível educacional se eleva, chegando a situação de que a mulher com nível superior completo ganha, em média 112,6% a menos do que o homem que tem nível superior completo. Não foi possível conseguir dados oficiais com os cruzamentos dos níveis educacionais versus cor e gênero.

No contexto do universo do trabalho em relação `a questão de gênero, cabe destacar que 92,1% dos empregados domésticos são mulheres e dessas, 94,1% são Negras e afrodescendentes. Esta é a ocupação que menos remunera as trabalhadores e onde boa parte dos direitos trabalhistas não são respeitados e cujo salário médio é de apenas um salário mínimo, que não é suficiente sequer para sustentar uma moradia com 4 ou 5 pessoas, como preceitua a legislação que instituiu o salário mínimo no Brasil na década de 1940.

Deve-se destacar também que a presença de mulheres, empregadas domésticas que são “chefes” de família é bem acentuada neste setor e isto também está umbilicalmente relacionada à condição de pobreza e outras formas de exclusão, onde a presença da mulher, principalmente, da mulher negra é uma constante, refletindo características de um período desumano de nossa história que foi a escravidão, cujas consequências ainda estão presentes no Brasil do Século XXI.

Dois outros aspectos fundamentais para melhor se refletir sobre a realidade do universo feminino em nosso país são as questões da saúde da mulher e da violência contra a mulher.

Mais de 75% da população brasileira depende, única e exclusivamente, do SUS para seus cuidados com a saúde e com toda a certeza este percentual é bem maior entre as mulheres, principalmente as mulheres Negras, que são as que recebem os menores e piores salários ou mesmo apoio de programas sociais.

Na questão da saúde da mulher, podemos tomar como exemplo a questão do câncer, onde o câncer de mama é um dos problemas mais sérios para as mulheres, com milhares de novos casos por ano e milhares de mortes a cada ano, por falta de diagnósticos precoces e tratamento adequado.

Segundo dados do INCA, entre 2020 e 2022 deverão ser diagnosticados por ano 316,3 mil novos casos de câncer entre as mulheres, sendo que a maior incidência é de câncer de mama, com 66.280 mil novos casos, ou 29,7% deste total.

Além das restrições de exames e consultas médicas durante o peróodo da pandemia do coronavírus para diversas outros problemas de saúde a população em geral e as mulheres em particular ainda enfrentam o sucateamento e caos em que de longa data caracteriza a saúde publica no Brasil.

Ora, para que o câncer de mama seja detectado é fundamental a existência de mamógrafos. Em 2020 o SUS tinha apenas 1,3 mamógrafo para cada 100 mil habitantes e, mesmo assim, a distribuição desses se concentrava, muito além da representatividade populacional, em estados das regiões Sudeste e Sul;  só o Estado de São Paulo tinha 402 mamógrafos enquanto toda a região norte tinha apenas 145, com destaque para o Estado do Amapá onde existiam apenas dois mamógrafos para o estado todo, ou seja, 0,36 mamógrafo para cada 100 mil habitantes. Esta é a condição quando se refere a um aspecto da saúde da mulher, o mesmo acontecendo em todas as dimensões desta realidade feminina, em se tratando de grandes massas de mulheres empobrecidas e excluídos social, econômica e politicamente.

Outro aspecto que sempre tem estado na “ordem do dia”, tanto no dia-a-dia do noticiário quanto e, principalmente, nas reflexões do DIA INTERNACIONAL DA MULHER é a questão da violência que tem se perpetuado ao longo de décadas.

Neste sentido gostaria de refletir sobre duas formas cruéis e abomináveis de violência contra a mulher que são o estupro e o feminicídio.

Segundo dados do site Gazeta Web e também da Folha/UOL de 11/09/2019, em 2018 ocorreram 66 mil estupros no Brasil e ainda de acordo com o Ministério Público do Paraná (MP/PR) matéria de 09/03/2020,  onde foi constatado que em 53,8% dos estupros as vítimas são de crianças e adolescentes (meninas) com até 13 anos de idade.

Ressalta-se que existe uma subnotificação dos casos de estupros e tentativas de estupros estimando-se que os registros representam apenas 20% da realidade, principalmente porque em 91,7% das cidades/municípios brasileiros não existe sequer uma Delegacia da Mulher e a falta desta estrutura de apoio inibe as vitimas de registrarem as ocorrências. Na realidade podemos estimar que a cada ano ocorrem em torno de 330 mil estupros no Brasil.

Em 2018 foram registrados 1.206 feminicídios, número que também não representa a totalidade dos casos, sendo que 60% das vitimas eram mulheres Negras ou afrodescendentes; 58% tinham entre 20 e 39 anos e, em 90% dos réus eram maridos, ex-maridos, namorados ou ex-namorados  que cometeram o feminicídio pelo simples fato da vítima ser mulher e o agressor julgar-se proprietário/dono da mulher e de seu corpo.

Apesar da existência de leis de proteção `a mulher, com destaque para a Lei Maria da Penha, a realidade ainda está bem distante para garantir não apenas os direitos das mulheres no papel, mas também a sua integridade física e a vida dessas mulheres vitimas de violência.

Enfim, enquanto muitas pessoas oferecem flores, belas mensagens em homenagem `as mulheres pelo DIA INTERNACIONAL DA MULHER, imagino eu, que é fundamental, imperiosa podermos realizar uma reflexão permanente e não apenas em um dia sobre a realidade em que vive a mulher brasileira, em suas várias dimensões, o que podemos e devemos fazer para que passamos, realmente, unir esforços e definirmos politicas públicas capazes, de fato, de promover a igualdade de gênero e o respeito à dignidade a todas mulheres.

Enquanto milhões de mulheres forem excluídos, social, econômica, cultural e politicamente, centenas de milhares continuarem sofrendo violência ou não usufruindo de todos os direitos que constam de nossa Constituição Federal e demais disposições legais, enquanto as mulheres, principalmente as mulheres pobres e negras continuarem como cidadãs de segunda classe, não podemos nos ufanar e dizer que vivemos em um pais na forma de um Estado de direito, com democracia verdadeira, com justiça, justiça social e igualdade para todos!

Este é, a meu ver, o significado do DIA INTERNACIONAL DA MULHER.

*JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT, sociólogo, mestre em sociologia, colaborador de alguns veículos de comunicação. Email O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Twitter@profjuacy

 

Segunda, 08 Março 2021 10:21

 

 

 

FORA BOLSONARO E MOURÃO!

 

Em todo mundo as mulheres irão cerrar seus punhos e gritar contra a opressão e a exploração capitalista. No Brasil não será diferente. Neste 8 de março de 2021 as máscaras, que nos protegem da contaminação da Covid 19, não irão abafar a nossa voz e a nossa luta. Mulheres trabalhadoras de diferentes raças, etnias, orientação sexual e territórios estarão mobilizadas nas redes sociais e nas ruas (onde for sanitariamente possível) para exigir o Fora Bolsonaro e Mourão, já!

 

Sabemos que para nossa classe sobreviver é necessário e urgente derrubar este governo e a sua política capitalista de morte. O projeto socioeconômico planejado e consciente de Bolsonaro e sua corja combina, de forma violenta, o ataque aos direitos historicamente conquistados pela luta e a negação da ciência. Sua aliança com os setores fundamentalistas e conservadores que mercantilizam a fé do povo e se fazem presente, especialmente no parlamente brasileiro, ameaçam e ferem a existência dos segmentos mais explorados e oprimidos da nossa classe, especialmente as mulheres negras e pobres. O Estado mostra, sem máscaras, a sua face burguesa priorizando o lucro e não as vidas.

 

Os dados científicos e a “vida como ela é” escancaram o agravamento das desigualdades sociais, raciais, regionais e de gênero em um país que desde a invasão europeia, em 1500, foi se constituindo com estruturantes pilares racistas, machistas, xenófobos e LGBTfóbicos. A crise sanitária acirrou a crise econômica, política e social. As notícias falam do aumento da pobreza, do desemprego, do trabalho informal sem proteção social, sem direitos, da violência policial que assassina crianças e jovens negros/as da periferia. Falam do aumento do feminicídio, da violência contra as mulheres, falam de cerca de 260 mil vidas ceifadas, negligenciadas pelo Estado. Na vida real, cotidiana, sentimos na pele o rebaixamento dos salários, a perda da renda, o aumento do gás, da comida, do adoecimento, do horror.

 

A violência obstétrica e a falta de investimentos públicos na política de atenção à saúde mulher fazem com que faltem leitos, medicação gratuita, acompanhamento pré-natal, vacinas. E fazem com que o Brasil lidere em número de óbitos de mulheres gestantes e puérperas pela Covid-19. Enquanto isso, o governo persegue o direito mínimo de aborto legal existente no país, condenando milhares de mulheres à prisão e à morte.

O país também lidera o ranking mundial em assassinatos de mulheres trans e travestis, com aumento dos crimes de ódios contra a população LGBTQIA+, assim como o crescimento da violência policial e encarceramento da população negra. Na política genocida desse governo, os povos indígenas e quilombolas seguem sendo exterminados, com a expulsão de seus territórios, crimes ambientais, o assassinato de suas lideranças e a deteriorização das suas condições de vida.

 

A crise sanitária também colocou no centro do debate a necessidade de sempre defendermos os serviços públicos (saúde, educação, previdência, assistência social, dentre outros). Nossa luta exige a revogação da Emenda Constitucional nº95, que ao congelar os recursos das políticas sociais por 20 anos, impede a população de ser atendida com qualidade e na perspectiva do direito. É urgente a revogação das reformas trabalhista e da previdenciária se queremos nos manter vivas e em marcha na construção de dias melhores. É urgente também barrarmos a proposta de reforma administrativa que se configura na total destruição dos serviços e dos servidores/as públicos/as. Derrotar o projeto privatista é questão de vida ou morte para nossa classe.

 

As mulheres também são aos maiores usuárias dos serviços sociais públicos, especialmente dos programas/projetos da assistência social. Nesse sentido, a volta do auxílio emergencial é fundamental para garantir comida nas mesas das famílias brasileiras, sobretudo, daquelas chefiadas pelas mulheres. Mesmo sendo uma renda aquém das necessidades básicas da população, o fim do auxílio emergencial levou um terço da população para a pobreza.

 

O contexto da pandemia tornou mais evidente a importância do Sistema Único de Saúde (SUS). Embora o maior número de mortes pela Covid 19 tenha sido de homens, é fato, que são as mulheres que mais sentiram os impactos da pandemia ao terem intensificado o seu trabalho, o trabalho doméstico não remunerado e o trabalho com os cuidados de crianças, idosos, e familiares doentes. São as mulheres que estão na linha de frente do combate à Covid. As mulheres estão em maior número dentre os trabalhadores da saúde e seguem se arriscando todos os dias à negação dos seus direitos, à violência machista, ao vírus.

 

Assim, as bandeiras pela popularização da vacina, pela quebra das patentes, pelo investimento público no SUS e na pesquisa científica serão erguidas neste 8 de março. Também levantaremos a bandeira de que o retorno presencial das aulas ocorra somente após a vacinação de todas/os. A escola é lugar de vida e não de morte.

 

Por tudo isso, é que devemos construir esse 8 de Março com muito peso e muita luta, de norte a sul do país, com o conjunto das trabalhadoras à frente, mas convocando os homens trabalhadores a também se somarem na luta contra o machismo, contra o governo e contra o capitalismo!

 

Acesse em PDF (Manifesto Mulheres – 8M2021 – CSP Conlutas)

 

 

 

Fonte: CSP-Conlutas

Sexta, 06 Março 2020 16:52

 

O Ato será às 16h, na Praça Ulisses Guimarães (em frente ao shopping Pantanal), e contará com diversas atrações culturais locais  

 

O 8 de Março tem se consolidado como Dia Internacional de Luta das Mulheres, e não apenas um dia especial para as mulheres. Em todo o mundo, as manifestações têm sido cada vez mais politizadas, conscientes de que ainda há muita coisa a mudar. As vitórias femininas são, sim, motivos de orgulho. No entanto, sobreviver aos altos índices de feminicídio, à objetificação, ao mercado de trabalho desigual e às jornadas triplas não são vitórias a serem comemoradas, tal qual um jogo. Esses obstáculos, definitivamente, não devem mais existir na vida das mulheres.

 

Para denunciar a persistência desse cenário, agravado pela atuação desastrosa de um governo de ideias retrógradas, as mulheres de Cuiabá irão às ruas neste domingo, junto a milhares de outras trabalhadoras do mundo. A organização local é do coletivo Mulheres na Luta, que constrói cotidianamente atividades para pautar temas feministas em diferentes espaços, além de mobilizações. A Adufmat-Ssind é uma das entidades que contribui com a organização do 8 de Março, junto ao coletivo.

 

“O local foi escolhido pela simbologia. A Praça Ulisses Guimarães leva o nome de quem promulgou a Constituição Federal de 1988, que é diariamente rasgada pelos governos, massacrando direitos, e essa mesma praça foi o local do ato “Ele Não”, realizado em 2018. Ocupar essa praça vai ser uma demonstração de que as mulheres não cederão ao militarismo e à violência”, explica a diretora da Adufmat-Ssind, Lélica Lacerda.

 

“Este ano, nós, mulheres aqui de Mato Grosso, iremos participar do 8M internacional. Como a gente não poderia deixar de fazer, vamos pisar o pé na rua, levar nossa voz à rua. Porque depois da Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista e agora Reforma Administrativa, nós não poderíamos deixar de ir às ruas dizer que nós queremos a revogação das reformas, somos contra a Reforma Administrativa, que têm atingido a vida dos trabalhadores, mas diretamente a vida das mulheres. Além disso, as taxas de feminicídio têm crescido assustadoramente de 2018 a 2020, e isso a gente precisa mostrar, a gente precisa dizer para todos”, afirmou Patrícia Acs, do Mulheres na Luta.

 

Acs destacou ainda a importância da atividade nos últimos anos, sua capacidade de agregar mulheres de todo o mundo e movimentar politicamente a partir das pautas e discussões dos últimos 8 de março. “O 8M 2020 vem com toda a força, toda a resistência que nós mulheres temos mantido nessa luta”, acrescentou.  

 

Agenda

 

A programação do chamado 8M já começou. Nessa sexta-feira, 06/03, mulheres foram ao Posto de Saúde do bairro Jardim Renascer para uma Roda de Conversa sobre o protagonismo das mulheres.

 

Também na sexta e na quinta-feira foi realizado o Encontro de Mulheres pela Vida: discussão sobre feminicídio e violência contra a mulher, no auditório do Museu Rondon/UFMT, às 18h.

 

No sábado, 07/03, às 8h, haverá a Marcha Rosa – MT Mama, com o tema “Quem tem câncer não pode esperar”, justamente num momento em que o Hospital do Câncer anuncia que não atenderá mais pacientes por falta de recursos. A concentração será na Praça Alencastro.

 

Dia 08/03, Ato às 16h, na Praça Ulisses Guimarães, com diversas atrações culturais.

 

Entre as atrações culturais, devem se apresentar Nay Silva, Lua Brandão, Nega K. Bulosa, Luisa Lamar, Karola Nunes, Josi Crispim, Carla Vecchia, Hend, Aline Fauth, Anne Duarte, Renata Crizanto e Cena Livre.

 

Ainda no dia 08/03, também às 16h, a Adufmat-Ssind expõe o painel “Não somos números”, na edição desse ano do Samba das Pretas. Serão exibidas imagens de mulheres conhecidas pelo trabalho na arte, na ciência, na política, entre outros, além de mulheres que foram vítimas de feminicídio no estado.  

 

No dia seguinte, 09/03, as mulheres se reunirão no Auditório da Adufmat-Ssind, às 19h, para avaliar o ato e continuar a organizar as próximas atividades.

 

Para marcar mais um ano sem respostas sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes, as mulheres programam um evento no dia 14/03. O ato “Quem Matou Marielle Franco e Anderson Gomes?” ainda tem local e horário a definir.

 

No dia 27/03, haverá nova Roda de Conversa sobre o protagonismo das mulheres, dessa vez no Posto de Saúde do bairro Pedregal.

 

Manifesto

 

Para marcar o 8M 2020, o coletivo Mulheres na Luta divulgou um manifesto, disponível abaixo na íntegra.

 

MANIFESTO PELA VIDA DAS MULHERES


No dia 8 de março, voltaremos às ruas mais uma vez!

Nas pequenas vilas, distritos, municípios e grandes metrópoles; nas casas, nas fábricas, locais de estudo, nas vielas e ruas, onde houver uma mulher, haverá, como sempre, luta, resistência e reivindicação! Os tons de nossas vozes, mais uma vez, se erguerão contra os retrocessos do conservadorismo e reacionarismo que mais se sub-servem do sistema patriarcal para nos retirar direitos políticos, sociais, culturais e econômicos, expondo nossa frágil democracia. Estamos no estado do agronegócio, e este é um dos estados que mais matam mulheres. O estado do agro atinge a vida das mulheres quando o dinheiro público, que deveria ser investido em serviço público para melhor atender à população, escorre pelo ralo das isenções fiscais bilionárias dadas ao agronegócio; o estado do agronegócio mata mulheres quando privilegia o agrotóxico em detrimento da vida de mulheres e crianças; mais mata mulheres quando o poder público ignora nossas vidas e não investe seriamente em políticas públicas contra violência às mulheres e os feminicídios.

Como nos anos anteriores, no dia 8 de março, também comemoraremos as conquistas que se consolidam com sufrágio, participação política, com a relativa autonomia sexual e reprodutiva, com acesso ao trabalho. Mas, buscaremos, sobretudo, fazer deste dia um grande dia de mobilização e articulação de mulheres de todas as idades, regionalidades, sexualidades, raças e identidades de gênero/ sexual e de diferentes setores da sociedade em torno de pautas comuns e que nos são muito caras.

Nossas bandeiras se levantam pela luta contra a violência doméstica, de gênero e estrutural, que nos têm feito “alvos” em nossos próprios lares; pela legalização e descriminalização do aborto, que, a cada 1 minuto, é feito de forma clandestina e é o 5º maior causador de mortes  maternas no Brasil; pela equiparação e equidade salarial que, dada a desigualdade, precariza nossas condições de trabalho, emprego e renda; pela aposentadoria digna e justa, pois, no ciclo de vida que exige maior cuidado e intervenção do Estado, somos expostas à marginalização social e econômica, que através das jornadas contínuas e ininterruptas  de trabalho, associadas ao cuidado/doméstico, ou seja, trabalho não remunerado, imputa-nos uma redução na qualidade e expectativa de vida. Assim, lutamos pela revogação da reforma da previdência e trabalhista e nos posicionamos contra a reforma administrativa, que fragilizará ainda mais os direitos sociais que, hoje, sucateados, são, equivocadamente, apresentados como “benefícios”. Lutamos por uma vida digna, cada vez mais difícil com o aumento do custo de vida; vivenciamos o aumento da comida, do gás, da carne, energia, da água, do aluguel, daquilo que é necessidade básica na vida das mulheres mais vulneráveis economicamente. Uma vida digna significa uma vida sem as grandes dívidas feitas para manter o básico do dia a dia, dívidas geradas por um mercado que visa ao lucro acima das vidas humanas; uma vida digna é ter garantidos os direitos à Saúde e Educação públicas e de qualidade; ter uma vida digna é ter acesso às creches públicas, uma vez que, em Mato Grosso, apenas 30% da demanda é contemplada pelo poder público; ter uma vida digna é ter resguardado o direito a salários que não estejam desgastados, a uma previdência mais justa e condições de trabalho mais humanas – o que não nos é oferecido, principalmente, no setor das empresas terceirizadas, em que as mulheres são maioria e os salários e direitos são os mais precarizados.  

Temos o direito de viver uma vida livre de qualquer tipo de violência, agressão física, violação e abusos sexuais, mas o Estado Brasileiro, através do atual governo (Jair Bolsonaro), e sua prática machista, racista, misógina e LGBTfóbica, nos expõem e nos colocam num “lugar frágil” e, por isso, vulnerável. A recente fala misógina do presidente em relação à denúncia de uma jornalista de um jornal de grande circulação nacional o coloca como nosso inimigo número 1. Temos um governo que, com seu discurso, justifica e incentiva a violência contra as mulheres, uma vez que prega o machismo em seus pronunciamentos e o aplica em suas políticas de redução de direitos – “mulheres devem ganhar menos porque engravidam”; “mulheres podem ser estupradas”; “homens de outros países podem vir ao Brasil fazer sexo com as brasileiras”, como se fôssemos apenas carne, objeto, sexual. E é nessa mesma linha que se colocam as arbitrariedades da ministra Damares, que, por meio de discursos que querem se fazer de alucinantes, aliena toda a população daquilo pelo que verdadeiramente lutam os movimentos feministas e de mulheres. Embora os índices de feminicídios e violência contra as mulheres estejam aumentando de modo assustador, temos uma ministra que tenta negar essa violência e a nossa necessidade de igualdade; temos um governo que tenta destruir os direitos que conquistamos com muita luta.

Nossa saída é nossa organização e nossa luta! E é isso que queremos mostrar neste 8 de março!

Não podemos mais esperar! Contra a violência mantida pelo estado patriarcal! Por direitos! Por uma vida digna! Pela vida de todas nós!

“Pela vida das mulheres: contra a violência e autoritarismo, por direitos e uma vida digna!”

                                                                                                        

Cuiabá, 8M 2020

Mulheres de Mato Grosso na Luta!

 

 

 

 

Luana Soutos

Assessoria de Imprensa da Adufmat-Ssind